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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 21, 2011

O Kassab que inaugura é o mesmo Kassab que destrói

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A prefeitura de São Paulo está expedindo convites para a reinauguração do teatro Décio de Almeida Prado, no chamado “quarteirão da cultura”, no bairro do Itaim. Ele estava fechado para reformas que custaram, em duas etapas, R$ 605 mil. O telhado, parte do piso, da cenotecnia e os aparelhos de som foram renovados. O teatro ganhou um novo piano de cauda. Mas, apesar do anúncio da reinauguração estar em convites impressos pelo cerimonial da secretaria da Cultura, é muito provável que o prefeito Gilberto Kassab não apareça para a reabertura, marcada para esta sexta-feira, 19h00. Pelo medo de sofrer constrangimentos.
Dez dias atrás, o mesmo Kassab anunciou que o equipamento será demolido, assim como todos os outros presentes na área de 22 mil metros quadrados que ele já tem autorização da Câmara Municipal para desapropriar. A construtora JHSF, do empresário José Auriemo, já está realizando estudos, sob autorização da Prefeitura, para compensar uma provável vitória em processo licitatório com a instalação de creches municipais em outros bairros. Com isso, Kassab teme ser pressionado pelos moradores da região, que certamente irão à reinauguração para protestar contra a decisão anunciada.
“Nosso sentimento é de indignação por essa perversidade que o prefeito está cometendo com o bairro e os moradores da região”, diz o presidente da associação dos moradores do Itaim Bibi, Marcelo Motta. “Apoiamos todas as ações judiciais e organizaremos novas manifestações contra essa iniciativa”. Uma abaixo-assinado com cerca de 20 mil nomes foi feito para exigir que a Prefeitura suspenda a decisão de desapropriar o quarteirão. Nele, além do teatro Décio de Almeida Prado, há uma creche, uma escola municipal, um posto de saúde e uma biblioteca. Todo o conjunto pode ser vendido por R$ 200 milhões.
reproduzido do Brasil 247
osto de saúde e uma biblioteca. Todo o conjunto pode ser vendido por R$ 200 milhões.
*Brasilmobilizado

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