A grande mídia como organização criminosa
Caso Murdoch: o controle da sociedade pela mídia
Com a detenção da ex-editora do News of the World, Rebekah Brooks, neste domingo,em Londres, já são oito jornalistas do grupo Murdoch recolhidos à prisão de Londres. Todos associados ao crime de corrupção e interceptação de comunicações de um amplo universo de mas de 4 mil pessoas, incluindo-se celebridade, políticos e cidadãos comuns.
Nos EUA, o FBI começa esta semana a investigar denúncias de espionagem de veículos do grupo Murdoch, proprietário, entre outros, da rede Fox News e do Wall Street Jounal, além da Business Week. O braço norte-americano das investigações poderá desnudar as ligações políticas e operacionais entre a extrema direita republicana e o canal Fox News, dirigido pelo ex-assessor de imprensa de Nixon e Bush (pai), Roger Ailes. Nos anos 70, Ailes foi o autor de um estudo sugestivamente intitulado: ‘Como Colocar o Partido Republicano na Mídia'. Na presidência da Fox, Ailes notabilizou-se por demonstrar na prática ‘como colocar o Tea Party na agenda da mídia'.
A manipulação grosseira dos fatos e o ódio racista banalizado através do noticiário da Fox animou, digamos assim, setores mais obscurantistas da classe média americana a associarem Obama ao comunismo, ademais de colocarem em dúvida a nacionalidade americana do democrata.
Na esfera econômica, a contrapartida desse jornalismo que se notabiliza por combates idéias e defender interesses destruindo reputações e alvejando biografias, é o atual extremismo orçamentário republicano. Aqui, o que se pretende é imobilizar Obama impondo-lhe uma agenda de cortes em gastos sociais em plena campanha presidencial de 2012.
A mídia brasileira tem optado por uma abordagem no mínimo insuficiente -para dizê-lo com indulgência-- dos desdobramentos que o escândalo do ‘News of the World' coloca no tocante às relações entre o dinheiro, a democracia e o direito à informação.
Diz Bernardo Kuscinski, que introduziu a crítica política da mídia no país, em comentário sobre o artigo do historiador Timothy Ash, publicado hoje no Estadão: "o artigo de Ash aponta para a profundidade e a gravidade do que se passa na democracia inglesa, que virou refém do Murdoch e da grande midia." Em resumo, a elite britânica e todas as pessoas de perfil público viviam em estado de medo da mídia. (Ash) compara esse medo ao vivido na Rússia. É a grande mídia agindo como organização criminosa. Há algo de parecido no comportamento de VEJA.... (sintomático, ainda) o olho escolhido pelo Estadão, que não reflete o principal do artigo..."
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