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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 18, 2011

SBT corta depoimentos reais em "Amor & Revolução"

Uma novela que pretendia retratar os fatos reais do golpe militar virou uma história suja e nojenta capitulada pelos seus diretores, acovardados pelo dono da emissora SBT, Silvio Santos.
Um dos maiores chamarizes de "Amor & Revolução" (SBT), os depoimentos reais de pessoas que viveram de perto os anos de ditadura militar no Brasil, foi cortado da novela, sem maiores explicações.
O SBT não está exibindo mais os depoimentos que iam ao ar no final de cada capítulo da trama.
Procurado, o autor da novela, Tiago Santiago, diz não saber o motivo do corte. Os depoimentos inéditos gravados serão jogados fora.
Já o SBT diz que resolveu tirar os depoimentos porque não conseguia nenhum militar ou ex-militar para falar sobre o assunto. A rede vinha exibindo desde então apenas depoimentos de pessoas da oposição na época, o que, na opinião da direção da emissora, não é correto nem justo. Para não ficar só com um lado da história, o canal resolveu abolir os depoimentos.
Vale lembrar que na época da estreia de "Amor & Revolução", em abril, o SBT anunciou que faria de tudo para ter um depoimento da presidente Dilma Rousseff (PT) entre os que iriam ao ar. Militante política na época, Dilma chegou ser presa, mas não gravou nada para a novela.
A história dessa novela
Desde o início e a preparação dessa novela, o autor Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury, convidaram alguns dos nossos companheiros para um workshop, para um bate-papo. Um dos nossos companheiros convidados, saiu com dúvidas sobre a firmeza do diretor e autor.
O companheiro Alípio Freire se recusou a dar depoimento e Izaías Almada em artigo contundente já denunciava.
Ainda ficava uma outra questão: se seguissem a regra, o escrito, condizendo a história real poderia ser uma contribuição efetiva para aquela fase dramática do Brasil.
Assim foram convidando os resistentes e sobreviventes, em todo o Brasil, da luta contra a ditadura para prestar depoimentos da época vivida.
Centenas de companheiros, foram até o SBT narrar a luta vivida.
Eu mesmo estive lá nos estúdios , sem ônus, para falar da nossa luta. Foi,ainda, dado o compromisso que nos dariam uma cópia como garantia da nossa fala e que não distorceriam o depoimento.
Desde o início houve reação por parte dos militares compromissados com a ditadura, chegando a ir à juízo. O que não resultou em nada.
Depois as pressões e os boatos sobre as questões financeiras em que Silvio Santos estava envolvido.
O fato é que os primeiros , quase dez capítulos, aproximou-se do real. Os depoimentos, nem todos foram respeitados a fala na íntegra. Os cortes distorciam. Até ai se justificava as falhas da direção por desconhecer ou ingenuidade.
À partir dai outras pressões na emissora SBT e o "pito" do SS aos diretores e autor, começou a dar uma nova configuração a novela.
Se nem dramaturgia de nível existia, a história passou a ser distorcida e os fatos chegaram às ráias da sujeira mais baixa e o nojo do enredo.
O golpe se limitou e, continua, até agora, a casa do general Lobo e seus problemas familiares.
O jornal que é um arremedo do Correio Brasiliense - da época - e sua proprietária passou a ser um antro de lesbianismo com a jornalista-advogada.
Sabendo da história desse jornal e o comportamento da sua proprietária. O apresentado difama uma mulher que depois do golpe passou a ter uma atitude política irrepreensível. Teve que sair do Brasil obrigada pelos militares. Veja há anos passado em novela da Globo esse fato.
Os padres progressistas e combatentes, na novela são retratado como perturbados sexuais.
A juventude da luta armada, na época, pessoas séria e compromissadas com a luta, na novela são praticantes de orgias sexuais. Veja a festa de aniversário nos últimos capítulos.
A primeira guerrilha no Brasil, a da Serra do Caparaó, no último capítulo, passa como se fosse um pic-nic, com cachoeiras, e sexo implícito.
A mulher de um guerrilheiro-comandante praticando traição amorosa com um garoto.
Enfim, poderia me alongar nessas observações.
O fato é que a partir do segundo "pito" do SS ao diretor e autor, a novela passou a ser uma mentira desmerecendo e denegrindo a memória dos que lutaram contra a ditadura. Tudo virou um grande e nojento espetáculo de sexo lesbiânico, gay e de traição.
Ao final, decidiram "jogar fora" os depoimentos de centenas de companheiros, a única coisa que dava credibilidade a novela.
Foi a capitulação covarde do autor Santiago e do diretor Boury às ordens do suspeito de corrupção Silvio Santos.
Esse é o lixo da história, uma novela chamada "Amor e Revolução".
Vanderley Caixe - dirigente das Forças Armadas de Libertação Nacional. Um dos depoentes.
*comtextolivre

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