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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 21, 2011

Raça X ou Y

















Nós Brasileiros, não precisamos de gente denfendo raça "x" ou "y" fazendo parecer que todos os males do mundo é de culpa alheia.
Defender uma cor é racismo, é segregar... temos que defender a união da raça "humana", independente da cor da nossa pele.
Nao seja um reclamão, na contramão da integração das pessoas.

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*etniabrasileira

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Pronto. Acabei de reler o Novo Testamento. Não há NENHUMA orientação de Jesus para que seus discípulos toquem a campanhia da minha casa, domingo de manhã, para oferecer a palavra do Senhor e, é claro, pedir uma grana. Sendo assim, no próximo domingo, vou soltar os cachorros em cima e lançar sobre os crentes uma dúzia de ovos frescos. Aleluia!


Via FB de Leandro Fortes
*soabrasil
Impunidade nojenta!

Por: Eliseu
http://vmulher5.vila.to/interacao/5308298/rodeio-de-gordas-e-a-impunidade-5678-1.jpg

Parece que as belezas desse belo País tropical - terra do futebol, samba, das mais belas mulheres do mundo - o cérebro dos cidadãos se congelou. Quando falo cidadão, é porque a responsabilidade do que acontece por esse País afora é nossa. Os políticos só roubam descaradamente e nada fazem pelo povo, porque esse povo que os colocou no poder não os fiscaliza, não os retiram de lá quando não prestam. E a grande maioria nada vale.

São tantos escândalos que pipocam a toda hora que fica difícil enumerá-los: É merenda escolar superfaturada e desviada, medicamentos idem, estradas que matam porque nunca são consertadas nem sinalizadas, crimes comuns que não são punidos, e por aí vai.

As nossas jurássicas leis que precisavam ser endurecidas com urgência, teve o caminho inverso, facilitando ainda mais a vida dos bandidos e aprendizes de bandidos, estimulando a violência.

No interior de São Paulo, onde pai e filho foram agredidos por um grupo de sete pessoas(?) que os confundiram com um casal homossexual, - como se isso justificasse a agressão – a Polícia Civil já identificou dois integrantes do grupo que espancou pai e filho, tendo um deles a orelha decepada. Até agora, porém, eles continuam em liberdade.

Em depoimento na terça (19), um homem de 25 anos confessou ter participado da agressão, mas negou que o motivo tenha sido discriminação sexual. O delegado titular do 1º Distrito Policial, Fernando Zucarelli, pediu a prisão preventiva do agressor, que foi negada pela Justiça.

Isso faz lembrar o recente caso em Formosa-GO, que teve uma postagem nesse blog com o título "Dono da casa faz armadilha, e ladrão leva a pior!", em que a vítima já não mais tolerava ser assaltada sem que providências fossem tomadas, que resolveu ele mesmo a situação, matando o ladrão. Aí a lei se manifesta com todo o seu rigor. Mas para com a vítima.

Parece esse o caminho que o Brasil está seguindo, onde teremos que resolver nossas pendengas na base do tiro, como no velho oeste americano, já que a justiça não quer, ou não pode se manifestar.

E a população, também os bem remunerados e corruptos políticos continuam dormindo em berço esplêndido!
*ocarcará

Avião dos EUA é abatido espionando instalação nuclear no Irã

 

O Irã anunciou nesta quarta-feira (20) que abateu um avião não-tripulado de espionagem dos EUA sobre sua instalação nuclear de Fordu. Na terça (18) o país confirmou a instalação de uma nova geração de centrífugas de enriquecimento de urânio.

"Um avião de espionagem não-tripulado dos EUA que voava sobre a cidade sagrada de Qom, perto da instalação de enriquecimento de urânio de Fordu, foi abatido pelas unidades de defesa aérea da Guarda Revolucionária", disse o deputado Ali Aghazadeh Dafsari ao Clube dos Jovens Jornalistas, ligado à TV estatal iraniana.

"O avião... estava tentando coletar informações sobre a localização da instalação", disse ele, sem dar mais detalhes nem informar quando o incidente aconteceu.

Na terça-feira (18), a chancelaria iraniana deu a entender que confirmava o teor de uma reportagem divulgada na semana passada pela Reuters, mostrando que o Irã estava instalando mais dois modelos avançados das centrífugas usadas para refinar urânio. Teerã diz que seu objetivo é apenas gerar energia com fins pacíficos e medicinais.

Em janeiro, o Irã já havia anunciado o abate de dois aviões ocidentais de reconhecimento, não tripulados, no golfo Pérsico. O Pentágono negou a notícia, mas admitiu que alguns aviões de espionagem haviam caído no passado, por problemas mecânicos.

Os EUA e Israel ameaçam o uso da força militar para destruir instalações nucleares iranianas, e Teerã alerta que reagiria atacando o Estado judeu e alvos norte-americanos na região do Golfo.

Analistas dizem que a retaliação iraniana poderia vir também pelo fechamento do estreito de Ormuz, pode onde passa cerca de 40% do petróleo comercializado no mundo.

*Terra Magazine

*amoralnato

Reduto italiano em SP apoia escolha de negra como Miss Itália no Mundo


A brasileira Silvia Novais, modelo de 24 anos, 1,77 m e 55 kg, que se tornou alvo de ataques racistas na internet após ter sido eleita na semana retrasada Miss Itália no Mundo 2011, recebeu o apoio de italianos e de seus descendentes que vivem no Brasil, nesta quarta-feira (20).
Para saber o que a comunidade italiana em São Paulo pensa da polêmica, a reportagem foi ao bairro da Bela Vista, no Bixiga, na região central de São Paulo, um dos principais redutos italianos.
“Muito bonita”, disse João Batista Nalo, de 88 anos, ao ver a foto de Silvia. “Eu não tenho preconceito nenhum. Principalmente com mulher. É bonita. Ela é muito bonita”, afirmou o aposentado Victor Griecco.
Donato Rapolli, neto de italiano e herdeiro de uma das cantinas mais antigas de São Paulo, assistiu ao concurso pela TV e torceu pela brasileira.
Maria Carmagnano tem Itália e Portugal no sangue. É casada com um espanhol. A família se encantou com a beleza de Silvia, e se revoltou ao saber das reações racistas à vitória dela no concurso. “Sabe o que digo? Inveja pura”, disse a aposentada. O marido disse que a brasileira merecia ganhar o concurso em qualquer lugar do mundo.
Na opinião de todos as pessoas ouvidas na Bela Vista, é justamente a miscigenação que faz a beleza de Silvia e de tantos outros brasileiros.
O cabeleireiro Gil Santos, que é negro e mora no Bixiga, disse que é pernambucano com mameluco e que, por isso, saiu “essa belezura”.
“Lá o concurso, a eleita é eleita pelo público, é o televoto que tem lá. Então, os italianos votaram em mim”, disse a miss Silvia, explicando como foi feita a sua escolha.
Site nacionalista (Foto: Reprodução)Site que se intitula nacionalista branco possui comentários racistas contra miss 

Ataques racistas


Os elogios dos moradores do Bixiga são bem diferentes dos comentários logo acima. Silvia passou a sofrer ataques racistas de grupos de intolerância pela internet desde que venceu o concurso na Europa como a mais bela descendente de italianos. Seu bisavô materno nasceu em Florença, mas isso não impediu que ela escapasse do preconceito, como mostrou o G1em matéria publicada na terça-feira (19).
Logo após superar outras 39 candidatas na final, no dia 3 de julho, em Reggio Calabria, Sul da Itália, Silvia teve sua foto como miss reproduzida em um fórum de discussão do Stormfront, site internacional de nacionalistas brancos, com alguns adeptos de Adolf Hitler e contrários à escolha dela como miss. Abaixo da imagem da baiana com a coroa e a faixa, foram feitas diversas ofensas racistas. Num dos insultos, ela foi xingada em inglês de “negra nojenta”. Também há comentários em português e em italiano.
Em outro post do site Stormfront, um participante, que disse morar em São Paulo, chamou Silvia de “criada” de Nero (imperador romano, considerado tirano por alguns historiadores). “Isso é beleza italiana? Se fosse na Roma antiga, essa 'italianinha' seria uma criada de Nero!”, escreveu um integrante da comunidade.
“Nunca assim cara a cara ninguém me falou: ‘você é negra, você não merecia. Sempre foi pelo site, sempre pela internet”, disse Silvia.
Silvia já está com um advogado, mas ainda não sabe se vai entrar com processo contra a página da internet onde foram colocados os comentários. Ela, no entanto, não esconde que se incomoda com o racismo.
“O mundo que a gente vive é mundo miscigenado, Brasil cheio de raças... essa mistura maravilhosa e acho que é uma ignorância. Não me abalo. Isso me fortalece mais pra quebrar barreira e querer vencer. Racismo é uma coisa que não deveria existir.”
Neonazistas


A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo, investiga o Stormfront (frente de tempestade) por suspeita de ser uma comunidade neonazista que recruta brasileiros.
G1 não conseguiu localizar os responsáveis pelo Stormfront para comentar o assunto. No site, há citações e fotos de oficiais de Hitler, suásticas e símbolos nazistas. Também há um recado em inglês que informa os visitantes sobre o conteúdo que vão encontrar: "Somos uma comunidade de nacionalistas brancos. Há milhares de organizações que promovem os interesses, valores e patrimônio de não brancos. Promovemos o nosso. Você está convidado a navegar nos nossos 7 milhões de postos, mas você deve se registrar antes de postar em qualquer fórum, exceto aqueles designados como aberta a convidados”.


  1. Atores italianos participam de sessão de fotos com Silvia em Roma, em frente à Basílica de São Pedro (Foto: AP/Miss Italy in the World)
Atores italianos participam de sessão de fotos com Silvia em Roma, em frente à Basílica de São Pedro (Foto: AP/Miss Italy in the World) *cappacete

quarta-feira, julho 20, 2011


Se vale para o trem, porque não vale para a web?

A Agência Nacional de Transportes Terrestres baixou hoje uma determinação para que as empresas privadas que abocanharam a concessão de nossas ferrovias sejam obrigadas, no caso de não as estarem utilizando com toda a sua capacidade, a ceder para outras empresas o uso da ferrovia em qualquer circunstância, naturalmente pagando pelo uso da infraestrutura.
A resolução protege os direitos do usuário, que contrata as concessionárias para o transporte de suas cargas e institui penalidades, por exemplo, para o atraso nas entregas.
A decisão é corretíssima, pois se tratam de concessões públicas, cujo objetivo maior é prestar serviços.
Agora, porque a mesma regra não se aplica aos outros serviços públicos?
Porque a Anatel não obriga as concessionárias de telefonia a cederem suas redes físicas, a preços determinados, para que outras prestadoras possam oferecer os serviços de voz e, sobretudo, de internet através delas.
O mecanismo do unbundling, que é este compartilhamento das redes físicas, permitiria a qualquer empresa oferecer conexões de banda larga e ampliaria a competição, sem exigir tanto investimento.
João Maria de Oliveira, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea e um dos responsáveis pelo estudo “Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil” define bem porque isso é justo, em entrevista à revista Teletime:
“A infraestrutura não é da concessionária, a infraestrutura é pública; ela (a concessionária) usa a infraestrutura”
E ele explica porque as redes físicas, mesmo as implantadas após a privatização, não são propriedade privada:
(…)o investimento em infraestrutura ela repassa todo para o serviço. Essa definição de serviço público e serviço privado já distorce toda a discussão posterior. Nós caracterizamos os países que estão na ponta em termos de utilização da tecnologia e com preços baixos, e olhamos o que é comum entre eles. Então você começa a ver que em comum existem esses dois aspectos.
Primeiro: o mercado é aberto, quem quiser entra. Não existem restrições. Se uma empresa estrangeira que não opera no país quiser vir operar, ela opera.
Segundo: a infraestrutura deve ser necessariamente compartilhada, porque isso é o que garante um nível de competitividade. Políticas de livre acesso, em particular de desagregação de redes, existem no Japão, Dinamarca, Holanda, Noruega, Suécia, França, Grã-Bretanha e Nova Zelândia. Aí você tem algumas outras características em alguns países e outros não. Regras de livre acesso aplicam-se à transição para a próxima geração tecnológica, particularmente fibra, no Japão, Coreia do Sul, Suécia, Holanda, França, Grã-Bretanha, todo o mercado comum europeu na realidade, e Nova Zelândia. Essas coisas a gente não tem. Se a gente não tem e esses países têm, está faltando isso a nós.

Está mesmo e esse compartilhamento é apenas uma decisão política, que de investimento só demanda aquele de controle e fiscalização.
Atividades que não parecem ser muito “a praia” da Anatel.






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Lula a empresários: não reclamem da China, compitam

Só saiu no ” Valor Econômico” o que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu a cerca de 200 empresários durante jantar em na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que formem “grupos de trabalho” para acabar com os gargalos dos setores em que atuam, da mesma forma que seu governo fez com as empresas de energia e petróleo, e levem os projetos ao governo federal.
Hoje, na matéria da Folha sobre as dificuldades do setor têxtil sobre a competição com o chineses, o presidente da  mostra que há essa disposição de diálogo e busca de soluções.
Em artigo publicado no pé da matéria, foi bom ler este tipo de atitude sendo tomado pelo setor, nas palavras do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Aguinaldo Diniz Filho.
“A desoneração da folha de pagamentos e a unificação da alíquota do ICMS para mercadorias importadas foram as boas notícias que a indústria têxtil e de confecção recebeu do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Também foi instituído grupo técnico a fim de analisar propostas para ampliar a competitividade setorial: intensificar fiscalização do comércio de importados e criar linhas de financiamento.(…)delineiam-se novas perspectivas, viabilizadas pelo diálogo e o entendimento entre sociedade e governo. Pode-se vislumbrar até mesmo um contra-ataque, mirando o universo de consumo das economias com as quais temos hoje desvantagem no comércio bilateral.”
É isso o que Lula propôs aos empresários. “O Brasil precisa deixar de reclamar da concorrência dos produtos chineses e buscar formas de concorrer com eles”.
É claro que os juros altíssimos do país e o câmbio sobrevalorizado são muito negativos para este e para outros setores da economia.
Mas se quisermos ficar só de “chororô” e não apontar as ações concretas para resolver nossos problemas de competitividade, vamos ficar para trás.
O Governo tem o dever de proteger a indústria nacional. Mas uma das formas de fazê-lo é estimular a inovação e a qualidade, além de reduzir os efeitos danosos dos juros e do câmbio.
Ouça um trecho da fala de Lula, clicando na seta abaixo da foto.
*noTijolaço

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Charge do Dia

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Cristina e Dilma

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner têm muitas coisas em comum. Algumas são grandes e significativas, outras parecem pequenas e irrelevantes. Mas não são.
Entre várias coisas em comum e algumas diferenças, Argentina e Brasil compartilham, hoje, uma característica relevante de seu sistema político: os dois países são governados por mulheres, ambas eleitas para dar continuidade a administrações populares.
Cristina Kirchner e Dilma Rousseff já participavam dos governos anteriores, cada uma à sua maneira. A brasileira era a principal ministra e peça fundamental do governo Lula. Sua colega argentina, a esposa de Nestor Kirchner, que a escolheu como sucessora em 2007, depois de avaliar que as perspectivas de sua própria reeleição eram incertas (fora os problemas de saúde pelos quais passava e que acabaram por levar a seu precoce falecimento em 2010).
Cristina, como Dilma, é a primeira mulher eleita presidente de seu país. Mas não é a primeira a ter papel central no governo.
Contrariando a modernidade da cultura argentina em tantas dimensões (arte, literatura, ciência, humanidades, etc.), Cristina é a terceira esposa de um líder político a ter essa função no país. Eva e Isabel, suas duas antecessoras, foram casadas com Juan Domingo Perón.
Evita nunca teve cargo no governo (salvo a Presidência da Fundação Eva Perón) e morreu (em 1952) sem disputar a vaga de vice-presidente na chapa encabeçada pelo marido na eleição de 1951, apesar dos apelos das bases peronistas. Mas foi a figura mais decisiva da vida política de seu país por um largo período, sem a qual Perón não teria se tornado quem foi. Isabelita é que foi candidata a vice de Perón, na sua volta à Argentina em 1973, e o sucedeu quando ele morreu. Ficou, no entanto, menos de dois anos no poder, sendo deposta por um golpe militar.
Embora Cristina tivesse carreira política própria (pois tinha sido o equivalente a deputada estadual e a deputada federal por sua província, assim como senadora por três mandatos), ela muito dificilmente chegaria à Presidência da Argentina se não fosse casada com Nestor. Seja na eleição, no governo e até morrer, ele era bem mais que o "primeiro-cavalheiro" do país.
Embora alguns vejam analogias entre ela e Dilma nesse aspecto, argumentando que Lula seria equivalente a Nestor Kirchner no papel de "inventor" da candidatura da brasileira e "tutor" de seu governo, a ausência de qualquer vínculo familiar e não político entre eles é mais decisiva. O que é acessório na relação entre Lula e Dilma (a diferença de gênero) é essencial na relação marido/mulher que existia entre Nestor e Cristina.
Ambas têm muitas coisas em comum. Algumas são grandes e significativas, outras parecem pequenas e irrelevantes. Mas não são.
As duas gostam, por exemplo, de ser chamadas "presidentas". Mas externaram a preferência de maneiras completamente distintas.
Ainda na campanha, Cristina deixou mudos seus simpatizantes quando interrompeu um comício em que a palavra de ordem "Cristina presidente" era entoada por milhares de pessoas. Enraivecida, deixou claro que considerava a expressão uma manifestação de machismo. Com o dedo em riste, disse a todos que teriam que se acostumar com a nova forma e repetiu "presidenta" esticando a pronúncia do "a" final, como um mantra: "presidentaaa".
Consta que, nos primeiros tempos na Casa Rosada, seu cerimonial devolveu centenas de correspondências endereçadas com a grafia que repudiava. Nas entrevistas, não responde se for tratada como "presidente".
Aqui, a mídia procura ridicularizar quem faz como Dilma pede. Que não é qualquer atentado ao vernáculo: todos os principais dicionários registram "presidenta". É por pura antipatia que nossos jornais insistem em lhe negar o direito de escolher o tratamento.
Cristina, face à permanente intransigência da grande imprensa contra seu governo, tem respondido com retaliações diretas e indiretas. A Ley de Medios que seu governo propôs (e que o Parlamento aprovou por larga maioria) procura romper os oligopólios de comunicação e franquear o acesso de entes públicos e comunitários à radiodifusão.
Há quem diga que seria bom para a Argentina se Cristina aprendesse algumas coisas com Dilma (a educação e a paciência, por exemplo). Mas a recíproca talvez valha: e se Dilma tivesse mais de Cristina, o que diria muita gente por aqui?
Marcos Coimbra, Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
*comtextolivre

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