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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 03, 2012

Lula critica países ricos e medidas de austeridade

Ao discursar em seminário sobre cooperação do Brasil com a África, que marcou as comemorações dos 60 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura crítica aos países ricos pelo comportamento diante da crise internacional. Ele protestou contra medidas de austeridade dos países europeus que tiram direitos dos trabalhadores.
"Punem as vítimas da crise e distribuem prêmios para os responsáveis por ela. Há algo muito errado nesse caminho", afirmou Lula para uma plateia de empresários e autoridades, neste que foi seu primeiro discurso oficial, após o tratamento de câncer na laringe.
"Ao sistema financeiro, todo apoio. E aos trabalhadores e aposentados, nenhum socorro", afirmou o presidente, na fala que durou cerca de 20 minutos. Antes de começar a discursar, Lula lembrou: "Faz sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar".
Curado de um câncer na garganta, contra o qual fez tratamento nos últimos meses, o presidente entrou no palco do BNDES com o auxílio de uma bengala. Seu pronunciamento foi aplaudido de pé pela plateia.
"As crises sempre são respondidas da mesma forma pelos países desenvolvidos: com medidas de austeridade para os trabalhadores e distribuição de benefícios para o sistema financeiro, que causou a crise", afirmou Lula. "Olho para trás e vejo que os governantes ainda não resolveram problemas da crise de 2008. Há medo de regular o sistema financeiro", completou.
Lula exaltou as relações de cooperação entre o Brasil e o continente Africano, que ganharam grande impulso em seu governo. "Em lugar de ficarmos paralisados com a crise internacional, que não foi criada nem por brasileiros nem por africanos, precisamos estreitar relações. O Atlântico não mais nos separa, nos une nas mesmas fronteiras, nos banhamos nas mesmas águas", afirmou.
Ele elogiou as medidas que vêm sendo tomadas pelos governos africanos para enfrentar o atual cenário econômico. "Os regimes da África estão propondo medidas para aumentar o investimento e o consumo interno. A hora é de ousadia", explicou o ex-presidente.
"Distribuição de renda é a marca da África do século 21. O continente consolida a passos largos a democracia, apesar de alguns problemas que podem existir", salientou.
O ex-presidente também mostrou otimismo em relação à economia brasileira. "Esta geração de empresários está vivendo uma época de oportunidades jamais vista. O Brasil está preparado para se tornar uma das maiores potências do mundo. E não estamos falando apenas de PIB (Produto Interno Bruto), mas de distribuição de renda. E possibilidades de fazer negócios com países de todo o mundo, não apenas com Estados Unidos e Europa, como era antigamente", disse.
Nesta sexta-feira, Lula recebe o título de doutor honoris causa de cinco universidades cariocas - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Rio (UERJ) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O evento terá a presença da presidente Dilma Rousseff (PT).
*comtextolivre

Morte de Augusto Boal completa três anos


*Telesur

Ditadura tentou matar Brizola e culpar Igreja Católica

Assassinato não aconteceu, mas Cláudio Antônio Guerra revela que se disfarçou de padre durante ação contra ex-líder de esquerda

Foto: AEBrizola entre Franco Montoro e Ruth Escobar cantam o Hino Nacional no Comício Pró-Diretas, em 1984
O ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Político Social) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra, revela no livro “Memórias de uma Guerra Suja” que se disfarçou de padre para tentar assassinar Leonel Brizola, fundador do PDT e um dos líderes da resistência contra a ditadura militar. O disfarce era uma estratégia para responsabilizar a Igreja Católica pelo atentado.
Segundo Guerra, a operação foi comandada pelo coronel de Exército Freddie Perdigão (Serviço Nacional de Informações - SNI) e pelo comandante Antônio Vieira (Centro de Informações da Marinha - Cenimar). “Os militares também andavam muito aborrecidos com a Igreja Católica, que estava se alinhando à esquerda, pela abertura política”, afirma Guerra. Perdigão e Vieira também estavam à frente do atentado ao Riocentro.
Guerra levava também uma pasta com um revólver calibre 45. A arma era a preferida dos cubanos. A intenção também era ligar o governo de Fidel Castro ao assassinato. “Eu me lembro do boato de que Fidel Castro estava aborrecido por Brizola ter ficado com o dinheiro enviado por Cuba para financiar a guerrilha do Caparaó (o primeiro movimento de luta armada contra a ditadura militar). Os militares estimulavam esses boatos nos quartéis e entre nós”, revela Guerra. “Com o retorno de Brizola, os comentários sobre o dinheiro de Fidel apareciam aqui e ali”.
“O objetivo (do atentado) era implicar a Igreja Católica – resolveríamos dois problemas de uma vez só – e envolver os cubanos, insatisfeitos com a suspeita de desvio de verba para a guerrilha do Caparaó; daí a arma calibre 45”, aponta. “O objetivo, como sempre, era tumultuar o processo de redemocratização do Brasil”, reafirma o ex-delegado em depoimento ao jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo Netto no livro que acaba de ser publicado pela editora Topbooks.
Plano
Ex-delegado do DOPS fala sobre atentado contra Brizola
 
A tentativa de assassinato ocorreu quando Brizola morava em Copacabana, no Rio de Janeiro. A data é incerta. Guerra conta que foi entre “a chegada dele do exílio, em 1979 e antes da demissão do chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva” em 1981. O ex-delegado afirma no livro que se hospedou no Hotel Apa, na rua República do Peru. O hotel existe até hoje. Ele se registrou com identidade e CPF falsos, concedidos pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro na época. “Quando precisava incorporar um personagem para realizar uma missão, eles forneciam tudo: CPF, identidade, tudo”, relata.
O ex-delegado revela no livro “Memórias de uma Guerra Suja” foi até a porta do prédio onde Brizola montado na garupa de uma moto conduzida pelo tenente Molina, um militar do Cenimar. Normalmente o líder de esquerda saía de casa “um pouco antes do meio-dia”, pelas informações do SNI repassadas ao ex-delegado do DOPS. Naquele dia, Brizola não desceu e o atentado foi abortado. “Havia o interesse da comunidade de informações em eliminar Brizola, só que depois houve um retrocesso, uma mudança”, afirma Guerra.
Brizola sofreu uma tentativa de assassinato no Hotel Everest, no Rio de Janeiro, em 18 de janeiro de 1980, quatro meses depois de chegar do exílio. Uma bomba foi deixada na porta do apartamento do líder de esquerda mas desativada em seguida.
*Colaborou Adriano Ceolin, iG Brasília

*NINA

Posse Ministro Brizola Neto

A regulamentação da profissão de motorista



Da Agência Senado
Sancionada regulamentação da profissão de motorista
Em 45 dias, os motoristas profissionais brasileiros terão uma regulamentação própria de suas atividades, com garantias como descanso mínimo de 30 minutos a cada 4 horas de trabalho. Proposta originalmente no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 319/2009, a regulamentação consta da Lei 12.619/2012, publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (2).
As regras sancionadas valem para profissionais que atuem no transporte de passageiros e de cargas. A presidente Dilma Rousseff vetou incisos que incluíam na categoria motoristas atuantes em outras áreas e até operadores de trator.
A lei estabelece intervalo mínimo de uma hora para refeição, repouso diário de 11 horas a cada 24 horas e descanso semanal de 35 horas. Foram vetados dispositivos que permitiam flexibilizar esses limites. Pela regulamentação, ficam proibidas, ainda, remunerações condicionadas à distância percorrida, ao tempo de viagem e à quantidade de produtos transportados.
A presidente vetou a possibilidade de sanção penal para quem autorizar motoristas que não cumprirem o descanso diário mínimo a iniciar viagem com duração de mais de um dia. Segundo parecer do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral da União (AGU), o dispositivo, que inseria um artigo no Código de Trânsito Brasileiro, “estabelece tipo penal de forma imprecisa”.
Pela nova lei, os motoristas profissionais têm garantidos acesso gratuito a programas de formação e aperfeiçoamento profissional; atendimento de saúde; isenção de responsabilidade por prejuízos patrimoniais causados por terceiros; e proteção do Estado contra ações criminosas.
Deveres
A lei também impõe uma série de deveres aos motoristas, como manter-se atento às condições de segurança do veículo; conduzir com perícia, prudência e zelo; e respeitar os tempos mínimos de descanso. Além disso, os profissionais são obrigados a se submeter a testes e a programas de controle de uso de drogas e de bebida alcoólicas, instituídos pelo empregador.
A elevação do limite de pontuação por infrações para a suspensão da habilitação, no caso dos motoristas profissionais, foi vetada pela presidente da República. Enquanto a regra geral é de suspensão a partir dos 20 pontos, o projeto estipulava 30 pontos para a categoria, o que contrariaria a “responsabilização igualitária” de todos os usuários de veículos, segundo Dilma.
Apresentado em 2009 pelo então deputado federal Tarcísio Zimmermann, o PLC 319/2009 foi aprovado no Senado em dezembro do ano passado, na forma de substitutivo em que se buscou um consenso entre as posições das empresas de transporte e dos trabalhadores. Devido às mudanças, o projeto retornou à Câmara, sendo aprovado em abril passado, sem novas alterações.
*NAssif

Super quinta eleitoral no Reino Unido testa governo e oposição


Em meio à segunda recessão desde 2009 e com uma série de escândalos que sacudiram a coalizão conservadora-liberal democrata, Londres, Liverpoll e Salford elegem prefeito e outros 181 municípios britânicos tem que renovar o mandato de cinco mil conselheiros. Uma derrota contundente deixaria o governo e sua estratégia de ajuste fiscal contra as cordas, mas a super-quinta eleitoral será também um teste para seu rival trabalhista, o líder da oposição, Ed Miliband. O artigo é de Marcelo Justo, direto de Londres.

Londres - Após dois anos de governo, o primeiro ministro David Cameron enfrenta sua maior prova eleitoral nesta quinta-feira. Em meio à segunda recessão desde 2009 e com uma série de escândalos que sacudiram a coalizão conservadora-liberal democrata, Londres, Liverpoll e Salford elegem prefeito e outros 181 municípios britânicos tem que renovar o mandato de cinco mil conselheiros. Uma derrota contundente deixaria o governo e sua estratégia de ajuste fiscal contra as cordas, mas a super-quinta eleitoral será também um teste para seu rival trabalhista, o líder da oposição, Ed Miliband.

Londres é a disputa mais importante. A favor de Cameron conta o fato de que o candidato conservador, o atual prefeito Boris Johnson, tem um alto índice de popularidade e vem mantendo distância do governo central. Em uma campanha muito marcada pela personalidade dos candidatos, Johnson conseguiu manter sua aura de excêntrico conservador, com maneirismos de classe alta e uma linguagem colorida próxima dos setores mais populares.

O candidato trabalhista, Ken “vermelho” Livingstone, uma das figuras mais idiossincráticas da política britânica, perdeu parte de sua popularidade devido a revelações sobre suas declarações de imposto de renda. Não caiu bem no eleitorado saber que um político apelidado de “vermelho”, que atacou a sonegação fiscal dos ricos, utilizava uma empresa semifictícia para pagar o imposto corporativo, muito menor que o de ganhos pessoais, por suas bem remuneradas colunas jornalísticas.

O impacto desta revelação foi demolidor para Livingstone que, desde fevereiro, está tentando reverter a vantagem aberta por Johnson no ápice do escândalo. No final de março, o governo nacional deu a ele uma ajuda involuntária com o orçamento anunciado pelo ministro de Finanças, George Osborne. Rebatizado pela imprensa como “o imposto da vovó”, e “orçamento dos ricos”, devido ao corte de impostos para os milionários e a redução de renda de aposentadorias, cristalizou a percepção de um governo de ricos que não entendia o impacto do ajuste que estava sendo implementado pela coalizão.

A este espetacular gol contra se agregaram a partir daí uma lista de desatinos que transitam entre a corrupção e a incompetência: o escândalo das escutas telefônicas do grupo Murdoch, um ministro da Cultura na corda bamba, caos nos aeroportos, uma ministra do Interior questionada e o anúncio da semana passada que a economia havia entrado em recessão.

Com esse pano de fundo, a mensagem de Livingstone tornou-se mais nacional do que local. Esta semana, ele apresentou dois grandes posters de David Cameron e Boris Johnson pintados como marcianos com o slogan “os tories (conservadores) vivem em outro planeta”. O líder trabalhista Ed Miliband, que joga muito nesta campanha eleitoral, atacou a estratégia de Johnson: “Ele quer que as pessoas pensem que ele não é conservador. Não aparece em público com David Cameron e em seu programa há apenas alguma referência a seu próprio partido. Mas é um típico prefeito conservador que aumentou o preço das passagens, cortou serviços e apoiou os ricos de Londres”, disse Miliband.

Nas últimas pesquisas, os trabalhistas conseguiram reduzir a diferença para cerca de dois pontos e tentam agora recuperar o voto trabalhista indeciso que poderia se inclinar pela abstenção ou aceitar que Boris Johnson é um “conservador diferente”.

As matemáticas “políticas” de uma eleição com tantas frentes são complicadas. Uma vitória em Londres pode salvar o cada vez mais atribulado primeiro ministro David Cameron. Mas, se a esta vitória, se somar uma desastrosa eleição nos 181 municípios e nas outras duas prefeituras, será difícil evitar a percepção de um veredito em nível nacional sobre a coalizão.

Para Ed Miliband, os números também podem resultar ambíguos e traiçoeiros. Em uma tentativa de minimizar as expectativas, o trabalhismo disse que pretende ganhar cerca de 300 vereadores a mais do que nas últimas eleições, mas os analistas políticos assinalam que os trabalhistas precisam que esse número chegue a 700 para que possam voltar a pretender o poder em nível nacional.

Uma derrota em Londres seria um veredito não só sobre Livingstone, mas sobre o próprio Miliband. E se os nacionalistas escoceses ganharem no município de Glasgow, totem do trabalhismo desde o início do século XX, o golpe seria ainda mais devastador. Dado que a popularidade de Miliband (21%) está muito abaixo da de seu próprio partido em nível nacional (40%), crescerá a percepção de que o atual líder é mais um obstáculo do que um caminho para aproveitar a impopularidade da coalizão.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
*Turquinho

O PiG não tem mais o monopólio da informação

Se não fosse a blogosfera progressista todos malfeitos dos demotucanos passariam em branco.Observe que quando a Delta entrou no circuito do Esquema Cachoeira o PiG foi logo atrás do Portal da Transparência, criado no governo Lula, para ver o quanto o governo federal contratou com a referida empresa de trambicagem.Constatou-se que o governo federal contratou cerca de R$ 800 milhões com a Delta.Agora, por força de trabalho formiguinha da blogosfera suja, descobre-se que o Estado de São Paulo contratou um bilhão de reais com a Delta, a maior parte dele no governo de Zé bolinha de papel. E veja que foi um estado que fez contratos de tal monta, imagine se esses tucanos corruptos governassem o Brasil.Iriam contratar, certamente, trilhões de reais.Os tucanos por dinheiro é como  mulher por orgasmo:quanto mais tem mais ela quer.O PiG tem que colocar na cabeça que não tem mais o monopólio da informação, que não adianta esconder os podres dos demotucanos malditos e corruptos porque a blogosfera descobre.
*Oterrordonordeste

Assassinato foi o melhor momento do governo Obama

*O Esquerdopata

O Ópio das multidões



A Informação que hoje nos servem é assim a modos como o novo ópio. E é também, em boa medida, uma Informação censurada e autocensurada. Pelos interesses políticos de quem manda e pelos interesses económicos que serve.


(Isto apesar de um assessor de longa data do professor Cavaco ter lamentado, ainda recentemente, que "uma informação não domesticada constitui uma ameaça com a qual nem sempre se sabe lidar").

O autor deste lamento, que fez vida nos jornais e chegou à Direcção do Diário de Notícias e que com o seu punho assinou editoriais do matutino lisboeta, é caso exemplar da dependência económica e política da Imprensa portuguesa actual e dos servidores atentos e reverenciais que a dirigem.

Eduardo Galeano, escritor, jornalista e humanista uruguaio, diz que o Mundo é hoje dominado por uma "ordem criminosa". Uma ordem criminosa cujas "corporações controlando os governos de quase todo o planeta, dispondo também de instituições como o FMI, a OMC e o Banco Mundial para defender os seus interesses" leva a que hoje "500 empresas detenham mais de 50% do PIB Mundial, sendo que muitas delas pertencem a um mesmo grupo".

Uma ordem criminosa, que se apoderou da Imprensa mundial e a coloca aos serviços das suas estratégias ideológicas, económicas e financeiras.

Assim, acontece com a generalidade da chamada Comunicação Social, também ela na mão de endinheirados, ou endividados, que embora muitas vezes sejam apenas meros testas-de-ferro, são zelosos cumpridores das ordens dos verdadeiros patrões.

E isso explica várias coisas. Como estas que aqui se deixam:
  • O despedimento cirúrgico de jornalistas seniores, respeitados entre a classe e com capacidade interventiva e reivindicativa;
  • A opção por jovens jornalistas pagos com baixos salários ou pagos à peça, sem capacidade interventiva e reivindicativa. – Sem memória também;
  • O pagamento milionário a algumas "damas" e a alguns "cavalheiros" para que assistam à missa dominical do prof. Marcelo ou à novena do dr. Marques Mendes, à quinta-feira; (Nota: Isto enquanto o desemprego de jornalistas se agrava, sendo que, segundo o Sindicato dos Jornalistas, nos últimos cinco anos (2007-2011), deram entrada na Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas (CPAFJ) 566 novos pedidos de subsídio de desemprego, num total de 694 processos. Mais: os OCS são dominados por dois/três grupos económicos – Controlinveste/Impresa/Cofina/Impala, na chamada imprensa cor de rosa, pelo que jornalista caído em desgraça jamais, como dizia o outro, voltará ao exercício da profissão.)
  • Ou, também, para que os "Prós" sempre derrotem os "Contras" que se manifestam contra o PU (Pensamento Único) que domina o mundo, o país, e teima em dominar as nossas vidas.
A Imprensa, escrita, televisiva, radiofónica e muito daquela que hoje por aí vagueia impõe a Censura, pois promove a autocensura.

E manipula "inocências e consciências".

Vendendo a imagem de "vamps" e e "vips", das suas festas e carros; servindo-nos um qualquer fiúza a dizer que iria dar espumante aos sem-abrigo de uma terra esventrada pelo desemprego; dando tempo de antena e páginas inteiras a uma qualquer irmã do Cristiano Ronaldo; ou a qualquer similar indigente mental.

(sendo que tal overdose de tão criminosa mediocridade, a que não são alheios, também, os muitos programas sobre futebol, tem consequências nefastas sobre as pessoas, nomeadamente sobre os mais jovens, que assim são formatados para que cresçam sem massa crítica e sujeitos a manipulações de inocências e consciências.) 

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Como tão bem anunciou Sofia de Melo Breyner.

E se esqueçam, também dos 100 anos do nascimento de Alves Redol e Manuel da Fonseca ou dos 103 de Soeiro Pereira Gomes, símbolos maiores do neo-realismo.

Ou que nada digam sobre o facto de Américo Amorim entupir as contas fiscais da sua holding com pensos higiénicos e destaquem em letras garrafais que "60 mil recebem rendimento mínimo e não mexem palha", como ainda há dias titulava, esquecendo os rendimentos máximos de quem nada faz, o matutino que já se preocupou com os mais desfavorecidos.

Imprensa alternativa – Imprensa contra poder

Num mundo dominado pela ordem criminosa de que nos fala Galeano, fazer uma Imprensa séria, alternativa, uma Imprensa de contra poder. E não de quarto poder, como alguns defendiam e que, prova-o a história e os factos, acabou no quarto do poder. Poder que dela se serve a seu bel-prazer.

Ou seja: precisamos de um jornalismo de contra poder, que mude o mundo e nos faça reflectir, que nos dê uma outra visão e contrarie o Pensamento Único que nos domina.

(Mas essa é, hoje, uma tarefa financeira quase impossível. Nomeadamente quando essa outra Imprensa é feita em suporte de papel. Explico: nenhum jornal de contrapoder sobreviverá através da sua venda; nenhum patrão o apoiará financeira e publicitariamente; nenhuma acompanhante de mais ou menos luxo, como agora se diz, trocará o "RELAX" do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias por um jornal assim).

Sobretudo na Europa, nesta Europa dominada por mercados e mercadores que a encaminham para o maior retrocesso civilizacional de que há memória.

A Internet é, pelo menos por agora, um suporte alternativo, bem como a Informação que nos chega da América Latina.

Nomeadamente com o nascimento da Telesur – rede de televisão criada em 2005 na Venezuela como contraponto à hegemonia das grandes redes privadas de TV, tais como a CNN e a Univisón.

Ou, também, e entre nós pela leitura dos sítios:
- o diario.info;
- resistir.info.
 Por exemplo.

Mussolini e Clara Petacci são pendurados pelos pés, na praça principal de Milão, Itália,
após terem sido fuzilados


Pois só assim ficaremos a saber a razão que levou o farmacêutico Dimitris Christoulas a suicidar-se, com um tiro, junto ao parlamento grego.

Eis a carta do herói da Praça Syntagma:
"O governo de ocupação aniquilou-me literalmente qualquer possibilidade de sobrevivência dado que o meu rendimento era inteiramente proveniente de uma pensão que eu, sem qualquer apoio de ninguém nem do Estado, financiei durante 35 anos.


Porque a minha idade me impede de assumir uma acção radical (se não fosse isso, se um cidadão decidisse lutar com uma Kalashnikov, eu seria o primeiro a segui-lo), não me resta nenhuma solução excepto colocar um fim decente à minha vida antes de ser forçado a procurar comida nos caixotes do lixo e de ser um peso para os meus filhos.


Eu acredito que a juventude sem futuro brevemente se erguerá [literalmente: "empunhará armas"] e enforcará todos os traidores nacionais de cabeça para baixo, como os Italianos fizeram a Mussolini em 1945".
Uma carta que dá para pensar a que ponto chegou esta Europa e um dos berços da Civilização.

 fonte: resistir.info