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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, maio 06, 2012
Veja e o “tema proibido” na Folha
Por Altamiro Borges
Numa atitude corajosa, a ombudsman da Folha, Suzana Singer,
decidiu criticar o silêncio de boa parte da mídia sobre as ligações do bicheiro
Carlinhos Cachoeira com a revista Veja. Aos poucos, o conluio mafioso vai se
desfazendo. E há boatos de que novas revelações surgirão em breve, forçando a
convocação dos capos do Grupo Abril para depor na CPI do Cachoeira.
Quando as paredes da Veja falam
Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:
Doze anos atrás, um colega, que - por razões mais do que óbvias - preferiu ficar no anonimato, entregou todo esquema de manipulação da revista Veja já àquela época. O caso teve alguma repercussão na incipiente internet, mas logo, como tudo nesta vida, caiu no esquecimento. É com a memória do brasileiro que a Editora Abril conta mais uma vez para se safar da mais nova safadeza. Se depender da blogosfera progressista e dos sujinhos, acho que muito há a ser lembrado. Para nós, a brincadeira está só começando... Veja a riqueza de detalhes do texto abaixo:
Doze anos atrás, um colega, que - por razões mais do que óbvias - preferiu ficar no anonimato, entregou todo esquema de manipulação da revista Veja já àquela época. O caso teve alguma repercussão na incipiente internet, mas logo, como tudo nesta vida, caiu no esquecimento. É com a memória do brasileiro que a Editora Abril conta mais uma vez para se safar da mais nova safadeza. Se depender da blogosfera progressista e dos sujinhos, acho que muito há a ser lembrado. Para nós, a brincadeira está só começando... Veja a riqueza de detalhes do texto abaixo:
Ir às ruas pela liberdade de expressão
Por Leonardo Severo, no sítio da CUT:
Colocar o bloco na rua para garantir a liberdade de expressão como um
direito de todos. Esta, segundo a coordenadora do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, é a síntese do
Seminário realizado pela entidade nesta sexta-feira (4), na capital
paulista, para debater a campanha por um novo marco regulatório para o
setor.
*AltamiroBorges
Quando eclodiu o escândalo, logo que caiu a máscara de probidade do então senador pelo DEM de Goiás, Demóstenes Torres, vazou uma informação que a Veja e o resto da grande mídia insistiram em ignorar, que havia mais de 200 telefonemas trocados entre o editor Policarpo Júnior e a quadrilha de Cachoeira, sobretudo com o próprio.
Mas não fica por aí. Como se viu recentemente, a Polícia Federal não se limitou a grampear telefones. Fez, também, filmagens, tirou fotos, seguiu os envolvidos no escândalo.
Até o momento, conversas isoladas ao telefone, envolvendo vários atores, têm sido garimpadas no que já vazou das investigações, mas há muito mais. Não é segredo para muitos que o que já vazou é menos da metade do que foi apurado. O que está oculto é considerado um segredo de Estado.
Por exemplo: será que ninguém notou que ainda não vazaram os grampos em que Policarpo foi flagrado? Nem uma conversa inocente sobre o clima ou sobre futebol. Ou seja: essas conversas flagradas pela PF, pelo visto, são dinamite pura.
Outra evidência da gravidade das relações da Veja com Cachoeira e seu bando reside no fato de que nem o pouco que já vazou apareceu em um só veículo da grande imprensa, muito menos em jornais e telejornais, com exceção da Record.
Enquanto o PIG diz que as relações eram “institucionais”, que jornalista ter contato com bandidos seria “normal”, esconde o que todos que têm acesso à internet já sabem.
Já imaginaram se aparecesse no Jornal Nacional uma gravação em que a quadrilha discorre sobre em que seção da Veja Cachoeira deve “mandar” que Policarpo publique matéria para atingir uma “associação” que estaria incomodando os criminosos ou na qual um dos bandidos diz ao outro onde deve se reunir com o editor da revista?
Diante do segredo extremo sobre a parte ainda oculta do inquérito, pode-se compreender declarações recentíssimas do relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha(PT-MG), sobre a cada vez mais provável convocação ao menos de Policarpo. Entre quinta e sexta-feira, Cunha falou várias vezes sobre o assunto.
Falou sobre a convocação de Policarpo ao jornalista da Folha Fernando Rodrigues (sem citar especificamente o jornalista da Veja) e ao Jornal da Record (citando Policarpo). Abaixo, os vídeos.
Odair Cunha fala à Folha sobre Veja/Cachoeira
Odair Cunha fala ao Jornal da Record sobre Veja/Cachoeira
Mas não ficou por aí. Na última sexta-feira, o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que depois de deflagrar a cruzada contra o sistema financeiro privado e a cobrança de juros elevados no País, o governo da presidente Dilma Rousseff poderá colocar em discussão o polêmico tema do marco regulatório da comunicação.
Para coroar o conjunto de indícios de que parte da classe política sabe muito mais sobre o envolvimento da imprensa com o crime organizado do que pode supor nossa vã filosofia, não vamos nos esquecer do que a mídia mesma vem alardeando, que o ex-presidente Lula seria um dos grandes entusiastas da CPI do Cachoeira por julgar que “pega a oposição”.
Com base em fontes mais do que bem informadas, posso garantir que não é só a oposição que a CPI pega. Na verdade, se a arrogância dos impérios de mídia e da oposição que eles protegem não fosse tão grande, saberiam que, primeiro, Lula não é um tolinho que estimula uma investigação e depois se arrepende, como andam dizendo. E, segundo, que quando o RELATOR da Comissão fala em convocar ao menos um jornalista, tem bons motivos para isso.
Por alguma razão, aliás, lembrei-me da entrevista que o ator global José de Abreu concedeu a este blog no fim do ano passado, na qual relatou que Roberto Civita estaria decidido a derrubar o governo Dilma. Será que haveria alguma coisa nesse sentido nas conversas entre o “Poli” e a quadrilha de Cachoeira guardadas a sete chaves?
Tudo, na vida, tem sua hora. A verdade não é exceção. Que a Veja e seus defensores na mídia e entre a classe política não se enganem, a hora da verdade chegará para setores da imprensa e suas relações com o crime organizado. A sociedade saberá as razões para o ataque interminável a governos que mudaram o país. Será a hora do espanto.
*Eduardo Guimarães é jornalista, colaborador do Portal Vermelho, "blogueiro sujo" e editor do Blog da Cidadania.
Transformado em menos de um mês em zumbi político, Torres agoniza pelos corredores do Senado, agora sob risco de ser cassado. Mas não deve naufragar sozinho, se as investigações da Polícia Federal forem aprofundadas. Novos documentos, gravações e perícias que integram o relatório da Operação Monte Carlo, revelados com exclusividade por CartaCapital, apontam uma total sinergia entre o esquema do bicheiro, o senador e o governo de Marconi Perillo.
Em uma interceptação telefônica de 5 de janeiro de 2011, os agentes federais registraram uma conversa entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza, vulgo Baixinho. Na conversa, o bicheiro, a partir de um telefone em Miami, recebe a notícia de que um de seus indicados para o governo de -Goiás, identificado apenas por Caolho, acabou preterido, sem maiores explicações e aparentemente sem o conhecimento do governador. Segundo homem na hierarquia e braço operacional de Cachoeira, Souza administrava e operava o sistema de contabilidade da quadrilha. Também era responsável pelo pagamento de boa parte das propinas a agentes públicos, em troca de proteção e informação.
“Marconi, hora que souber disso (sic), vai ficar puto”, reclama o bicheiro, no telefonema a Souza. E acrescenta, a seguir: “Já mandei avisar ele (sic)”. Mas adiante, revela, por duas vezes, a ordem dada ao senador Torres para entrar no caso e falar diretamente com o governador. “O Demóstenes já está ligando para ele”, garante Cachoeira.
Mais adiante, no mesmo grampo, o bicheiro pede a Souza para tomar providências e entrar em contato com Eliane Gonçalves Pinheiro, chefe de gabinete do governador. Ela chegou ao cargo no início do ano passado, depois das eleições de 2010, na qual foi responsável -pela arti-culação do tucano para que prefeitos do PP aderissem à campanha do PSDB ao governo estadual. Até então, era ligada ao ex–secretário extraordinário de Assuntos Estratégicos de Goiás Fernando Cunha, importante liderança tucana no estado, falecido em novembro de 2011. Segundo as investigações da PF, uma filha de Cunha é casada com um irmão de Cachoeira.
Outra interferência direta do bicheiro no governo, revelada nos grampos da PF, tem relação com a atuação do coronel Vicente Ferreira Filho, comandante do 3º Comando Regional da Polícia Militar, em Anápolis. Souza refere-se à preocupação de um certo “Ananias”, provavelmente um dos prepostos da jogatina na cidade, com a atuação do oficial. “O Ananias está demonstrando preocupação com o Vicente em Anápolis, hein”, avisa.
Cachoeira informa então a providência tomada. “Já mandei (inaudível), inclusive vai falar com Marconi, hoje à tarde”, diz o bicheiro. Em seguida, tranquiliza o auxiliar sobre a possibilidade de o coronel da PM atrapalhar os negócios em Anápolis, segundo a transcrição da PF. “Não vai, não. Esse comandante pra nóis (sic), ainda vai ser bom. Cê vai ver (sic).” Não há, contudo, nenhuma acusação contra o coronel nos autos da Operação Monte Carlo.
Ciente da encrenca em que está metido, Perillo decidiu usar como desculpa a desincompatibilização do atual secretário de Meio Ambiente, Leonardo Vilela, candidato do PSDB à prefeitura de Goiânia, para mexer na equipe e apagar os rastros de Torres e Cachoeira em seus domínios. Assim, a amiga do bicheiro, Eliane Pinheiro, chefe de gabinete de Perillo, deverá deixar o cargo em breve, sob a improvável promessa de mudar de função. Outro que deve sair e colocar as barbas de molho é o secretário de Infraestrutura, Wilder Morais. Suplente de Torres, poderá assumir a vaga no Senado caso o titular venha a ser cassado.
Será uma vingança e tanto. A mulher de Morais, Andressa, o abandonou no ano passado para viver com Cachoeira. O drama matrimonial chegou a servir de desculpa para o senador Torres -justificar os 298 telefonemas que trocou com o bicheiro nos últimos seis meses. Morais também tomou medidas preventivas e afastou Leandro Gomes Candido do cargo de secretário-executivo da pasta. Candido é marido de uma irmã de Andressa.
Outro da lista é o secretário da Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, indicação pessoal de Torres. Baldy é genro do empresário Marcelo Limírio, sócio do senador do DEM em uma faculdade em Goiás. Ex-dono do Laboratório Neo Química, em Anápolis, segunda maior cidade do estado, o secretário mantém ainda uma sociedade com Cachoeira na ICF, empresa fornecedora de testes para laboratórios. Um deles, o Vitapan, de propriedade do bicheiro, era utilizado para lavagem de dinheiro do esquema de jogatina, segundo informações da PF.
“É assustador o alcance dos tentáculos da organização criminosa”, escreveu em 23 de fevereiro deste ano o juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da Vara Federal de Anápolis, responsável pela condução processual do inquérito. Segundo o magistrado, “para dar suporte à exploração ilegal de máquinas caça-níqueis, bingos de cartelas e jogo do bicho em Goiás” a quadrilha de Cachoeira montou um incrível esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, contrabando, corrupção, -pe-culato, prevaricação e violação de sigilos.
Ainda de acordo com Lima, o grupo de Cachoeira era altamente “profissionalizado, estável, permanente, habitual, estruturado, montado para cometer crimes graves”. Para tal, mantinha uma “estrutura organizacional e piramidal -complexa” que funcionava graças a uma “estrutura estável, entranhada no seio do estado com, inclusive, a distribuição centralizada de meios de comunicação para o desenvolvimento das atividades, com o objetivo de inviabilizar a interferência das agências sérias de persecução”.
Logo após ser preso, o juiz determinou que Cachoeira fosse transferido para um presídio federal de Mossoró (RN) porque, na petição à Justiça Federal, os procuradores do caso temiam que ele continuasse a comandar o esquema criminoso de dentro de uma prisão de -Goiás. “Em mais de uma década, Carlinhos Cachoeira dedicou-se a comprar informações e proteção de agentes do estado vendíveis. Em outras palavras, tornou a sociedade e o próprio estado mais vulneráveis ao crime”, escreveu Lima.
Os números listados na Justiça Federal falam por si só do tamanho da investigação que une os negócios de Cachoeira com a rotina do governo de Goiás. Ao todo foram identificados como integrantes da quadrilha do bicheiro 43 agentes públicos. Desses, seis delegados da Polícia Civil, 30 policiais militares, dois delegados da PF, um administrativo da PF, um policial rodoviário federal, dois agentes da Polícia Civil e dois servidores municipais. A Monte Carlo gerou 36 volumes de interceptação telefônica, 14 volumes de inquérito policial, três volumes de sigilo bancário e fiscal, além de uma centena de relatórios produzidos pela PF.
Procurado por CartaCapital, o governador Perillo respondeu, via assessoria de imprensa, não possuir nenhuma ligação com o bicheiro. Sobre indicações de Cachoeira para cargos no governo, saiu-se com essa: “Que eu tenha sido informado, não”. Também negou ter havido pressão de Demóstenes Torres para a nomeação de apadrinhados do bicheiro no governo estadual. Por fim, negou ter iniciado uma reforma no secretariado. Seriam “apenas substituições pontuais de auxiliares que serão candidatos nas próximas eleições”.
Enquanto isso, a agonia de Torres parece não ter fim. Na sexta-feira 23, -CartaCapital revelou em seu site que a Polícia Federal sabia desde 2006 de suas ligações com Cachoeira. Três relatórios assinados pelo delegado Deuselino Valadares dos Santos, então chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Superintendência da PF em Goiânia, revelam que Torres tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino, calculada em aproximadamente 170 milhões de reais nos últimos seis anos. A informação consta de um Relatório Sigiloso de Análise da Operação Monte Carlo, sob os cuidados do Núcleo de Inteligência Policial da Superintendência da PF em Brasília.
Valadares foi um dos 35 presos em 29 de fevereiro na esteira da operação. Nas interceptações telefônicas feitas pela PF com autorização da Justiça, ele é chamado de Neguinho pelo bicheiro. Por estar lotado na delegacia de repressão a crimes financeiros, era responsável pelas operações policiais da Superintendência da PF em todo o estado. Ao que tudo indica, foi cooptado para a quadrilha após descobrir os esquemas de Cachoeira, Torres e mais três políticos goianos também citados por ele na investigação: os deputados federais Carlos Alberto Lereia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT).
Em outro grampo da PF, revelado agora por CartaCapital, de 13 de março de 2011, Cachoeira conversa com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, sargento da reserva da Aeronáutica, também preso durante a Operação Monte Carlo. Ele era responsável por obter informações sigilosas de interesse da quadrilha de Cachoeira em troca de um pagamento mensal de 5 mil reais. No grampo, Dadá manda o bicheiro “tranquilizar” Torres. Falava possivelmente da investigação da PF sobre o esquema criminoso.
A informação, proveniente de uma mulher não identificada na conversa, é tachada de “exagerada” pelo araponga da Aeronáutica. “Investigações a baixo nível, entendeu, só a termos de conhecimento”, diz Dadá. “Então, excelente, vou passar para o GORDINHO a informação”, diz o bicheiro. O apelido, segundo a PF, era o código para se referir ao senador do DEM nas conversas entre os dois. Até 2009, Torres pesava 103 quilos. Perdeu 30 quilos após se submeter a uma cirurgia de redução do estômago.
Uma série de outras reportagens divulgada nos últimos dias complicou ainda mais a vida do senador. O jornal O Globo publicou transcrições de interceptações telefônicas nas quais Torres pede ao bicheiro, com quem se comunicava por meio de um aparelho de rádio registrado em Miami, 3 mil reais para pagar despesas de táxi aéreo.
O diário carioca revelou ainda que o parlamentar do DEM usou de seu prestígio para tentar remover, em 2009, um dos principais agentes de uma das investigações sobre a exploração ilegal de máquinas caça-níqueis e videopôquer chefiada por Cachoeira. Tratava-se do policial federal José Luiz da Silva. Torres solicitou ao então secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, a transferência do agente de Anápolis, área de atuação de Cachoeira, para Goiânia.
Uma reportagem do Jornal -Nacional jogou mais cal sobre a cova do senador, que já admitiu estar “morto politicamente” por causa das denúncias. Trechos de interceptações da Monte Carlo revelam que Cachoeira, em conversa com o contador Giovani Pereira da Silva, pode ter repassado mais de 3 milhões de reais ao senador do DEM.
É possível que em breve venha à tona outra faceta do grupo: o uso de meios de comunicação para atacar adversários. Sabe-se das boas relações de Cachoeira com jornalistas de Brasília, em especial o diretor da sucursal da revista Veja, Policarpo Jr. Segundo blogs da internet, a Polícia Federal teria interceptado mais de 200 telefonemas entre o jornalista e o bicheiro durante o curso das investigações.
Nos inquéritos aos quais CartaCapital teve acesso, Policarpo Jr. é citado mais de uma vez. Em um grampo de 8 de julho de 2011, Cachoeira instrui o sargento Jairo Martins, da PM de Brasília, -para -estancar as informações repassadas ao jornalista. O bicheiro teria se chateado com algum texto publicado na revista. Martins é um famoso araponga brasiliense, acostumado a prestar serviços clandestinos no submundo da comunidade de informações. Foi ele quem, por exemplo, gravou o vídeo em que o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho aparece a embolsar 3 mil reais de propina. Indicado pelo PTB, Marinho foi o estopim do escândalo do chamado mensalão.
O futuro de Torres depende da Pro-curadoria-Geral da República e do Congresso Nacional. Desde 2009, sem nenhuma explicação plausível, o procurador-geral Roberto Gurgel mantinha engavetado um relatório da PF referente à Operação Las Vegas, de 2008, na qual a ligação entre Cachoeira e o senador era -explicitada pela primeira vez em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça de Goiás. Diante da pressão provocada pelas revelações da Operação Monte Carlo, Gurgel foi obrigado, na quarta-feira 28, a dar seguimento à denúncia, enviada ao Supremo Tribunal Federal.
No Congresso, o destino de Torres está nas mãos do líder do PMDB, Renan Calheiros, e do presidente do Senado, José Sarney, que precisam recompor o Conselho de Ética do Senado. O órgão está acéfalo desde setembro de 2011, razão pela qual ainda não se pode apreciar a representação contra Torres apresentada na quarta-feira 28 pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL). Segundo Rodrigues, está claro que Cachoeira mantém relações “amplas, gerais e irrestritas” com Torres e outras autoridades.
Tão logo o impasse burocrático seja resolvido, o processo de cassação do senador goiano, dado como certo até pelos aliados mais próximos, vai ser iniciado. Torres renunciou à liderança do DEM no Senado e corre risco de ser expulso do partido.
*Leandro Fortes é jornalista e blogueiro.
Fonte: Carta Capital.
Entenderam?
Entendi a enganação. Esse é o tipo de esforço argumentativo inútil.
A hora do espanto
Somando fatos, pode-se concluir que a revista Veja e seus rottweilers
travestidos de “colunistas” e “blogueiros” abusam da sorte. Pelo que já
vazou sobre o conjunto da obra da Operação Monte Carlo, os teleguiados
de Roberto Civita e o próprio estão metidos até o pescoço no esquema de
Carlos Cachoeira.
Por Eduardo Guimarães*
Por Eduardo Guimarães*
Quando eclodiu o escândalo, logo que caiu a máscara de probidade do então senador pelo DEM de Goiás, Demóstenes Torres, vazou uma informação que a Veja e o resto da grande mídia insistiram em ignorar, que havia mais de 200 telefonemas trocados entre o editor Policarpo Júnior e a quadrilha de Cachoeira, sobretudo com o próprio.
Mas não fica por aí. Como se viu recentemente, a Polícia Federal não se limitou a grampear telefones. Fez, também, filmagens, tirou fotos, seguiu os envolvidos no escândalo.
Até o momento, conversas isoladas ao telefone, envolvendo vários atores, têm sido garimpadas no que já vazou das investigações, mas há muito mais. Não é segredo para muitos que o que já vazou é menos da metade do que foi apurado. O que está oculto é considerado um segredo de Estado.
Por exemplo: será que ninguém notou que ainda não vazaram os grampos em que Policarpo foi flagrado? Nem uma conversa inocente sobre o clima ou sobre futebol. Ou seja: essas conversas flagradas pela PF, pelo visto, são dinamite pura.
Outra evidência da gravidade das relações da Veja com Cachoeira e seu bando reside no fato de que nem o pouco que já vazou apareceu em um só veículo da grande imprensa, muito menos em jornais e telejornais, com exceção da Record.
Enquanto o PIG diz que as relações eram “institucionais”, que jornalista ter contato com bandidos seria “normal”, esconde o que todos que têm acesso à internet já sabem.
Já imaginaram se aparecesse no Jornal Nacional uma gravação em que a quadrilha discorre sobre em que seção da Veja Cachoeira deve “mandar” que Policarpo publique matéria para atingir uma “associação” que estaria incomodando os criminosos ou na qual um dos bandidos diz ao outro onde deve se reunir com o editor da revista?
Diante do segredo extremo sobre a parte ainda oculta do inquérito, pode-se compreender declarações recentíssimas do relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha(PT-MG), sobre a cada vez mais provável convocação ao menos de Policarpo. Entre quinta e sexta-feira, Cunha falou várias vezes sobre o assunto.
Falou sobre a convocação de Policarpo ao jornalista da Folha Fernando Rodrigues (sem citar especificamente o jornalista da Veja) e ao Jornal da Record (citando Policarpo). Abaixo, os vídeos.
Odair Cunha fala à Folha sobre Veja/Cachoeira
Odair Cunha fala ao Jornal da Record sobre Veja/Cachoeira
Mas não ficou por aí. Na última sexta-feira, o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que depois de deflagrar a cruzada contra o sistema financeiro privado e a cobrança de juros elevados no País, o governo da presidente Dilma Rousseff poderá colocar em discussão o polêmico tema do marco regulatório da comunicação.
Para coroar o conjunto de indícios de que parte da classe política sabe muito mais sobre o envolvimento da imprensa com o crime organizado do que pode supor nossa vã filosofia, não vamos nos esquecer do que a mídia mesma vem alardeando, que o ex-presidente Lula seria um dos grandes entusiastas da CPI do Cachoeira por julgar que “pega a oposição”.
Com base em fontes mais do que bem informadas, posso garantir que não é só a oposição que a CPI pega. Na verdade, se a arrogância dos impérios de mídia e da oposição que eles protegem não fosse tão grande, saberiam que, primeiro, Lula não é um tolinho que estimula uma investigação e depois se arrepende, como andam dizendo. E, segundo, que quando o RELATOR da Comissão fala em convocar ao menos um jornalista, tem bons motivos para isso.
Por alguma razão, aliás, lembrei-me da entrevista que o ator global José de Abreu concedeu a este blog no fim do ano passado, na qual relatou que Roberto Civita estaria decidido a derrubar o governo Dilma. Será que haveria alguma coisa nesse sentido nas conversas entre o “Poli” e a quadrilha de Cachoeira guardadas a sete chaves?
Tudo, na vida, tem sua hora. A verdade não é exceção. Que a Veja e seus defensores na mídia e entre a classe política não se enganem, a hora da verdade chegará para setores da imprensa e suas relações com o crime organizado. A sociedade saberá as razões para o ataque interminável a governos que mudaram o país. Será a hora do espanto.
*Eduardo Guimarães é jornalista, colaborador do Portal Vermelho, "blogueiro sujo" e editor do Blog da Cidadania.
A mídia, a direita e o jornalismo de esgoto
Ao ler a Carta Capital que está nas bancas
neste sábado sinto-me com a alma lavada. Não só pela capa, brilhante,
que coloca a foto de Robert Civita com o título “Nosso Murdoch" (vocês
vão ver logo o porquê), mas pela profundidade e pertinência, pela forma
inteligente como coloca o debate sobre a questão da mídia e do
jornalismo no Brasil. Começo por uma citação de Lorde Puttnam, membro do
Partido Trabalhista inglês e que foi presidente da comissão do
Parlamento que analisou a Lei de Comunicação de 2003. Lorde Puttnam
escreve exatamente sobre como os políticos transformaram-se em reféns
de uma mídia que, praticando um tipo de jornalismo de esgoto, graças à
fragilidade da regulação e à tibieza dos próprios políticos, acabaram
facilitando o trabalho de Murdoch e fortalecendo a direita...
Ao ler a Carta Capital
que está nas bancas neste sábado sinto-me com a alma lavada. Não só
pela capa, brilhante, que coloca a foto de Robert Civita com o título
“Nosso Murdoch (vocês vão ver logo o porquê), mas pela profundidade e
pertinência, pela forma inteligente como coloca o debate sobre a questão
da mídia e do jornalismo no Brasil.
Começo por uma citação de Lorde Puttnam, membro do Partido Trabalhista inglês e que foi presidente da comissão do Parlamento que analisou a Lei de Comunicação de 2003. Não vou transcrever todo o artigo, publicado originalmente no The Observer, sob o título “Pelo bom jornalismo” , que merece ser lido por todos os que têm interesse no fortalecimento da democracia brasileira.
Lorde Puttnam escreve exatamente sobre como os políticos transformaram-se em reféns de uma mídia que, praticando um tipo de jornalismo de esgoto, graças à fragilidade da regulação e à tibieza dos próprios políticos, acabaram facilitando o trabalho de Murdoch e fortalecendo a direita.
Dois trechos do artigo de Lord Puttnam
O primeiro, que situa o problema: “Nos últimos 30 anos o império Murdoch tentou minar e desestabilizar governos eleitos e reguladores independentes, em nome de uma agenda política que, enquanto se ocultava por trás da cortina de fumaça da ortodoxia do livre-mercado, não é nada menos que uma tentativa sofisticada de maximizar o poder e a influência da News Corporation e sua agenda populista de direita”.
O segundo, onde buscar a solução: “Eu afirmaria que a lei da concorrência, em um setor ágil como a mídia, deve ser capaz de levar em conta e fazer julgamentos com base em um domínio do mercado “altamente provável”, assim como “real”. Isso exige uma clara estrutura regulatória que incentive e na verdade permita o florescimento da pluralidade da mídia. Não podemos, por exemplo, legislar pelo bom jornalismo, mas podemos legislar pelas condições sob as quais o melhor jornalismo é nutrido e sustentado. Podemos criar estruturas em que cada nova tecnologia se torne um incentivo à diversidade, e não um instrumento de sua erosão”.
Os esgotos, lá e aqui
O texto de Lord Puttnam é o coroamento da edição que Carta Capital faz envolvendo os escândalos da mídia lá e aqui. Lá, o assunto está em andamento. Não adiantou Murdoch fechar seu jornal de fofocas, o News of the World. Ele foi obrigado a prestar um depoimento de 10 horas devido ao chamado inquérito Levenson (utilização ilegal de escutas telefônicas). No depoimento saíram comprometidas figuras como os ex-secretário de estado para a Cultura, Jeremy Hunt, o ex-primeiro ministro Tony Blair, assim como os atuais primeiros ministros da Inglaterra, David Cameron, e da Escócia, Alex Salmond. Não é pouca coisa!
Aqui, em reportagem de Cynara Menezes, com o título “Os desinformantes”, explica-se, afinal, por que a capa com Roberto Civita como o “nosso Murdoch”. A reportagem traz à luz as engrenagens de um sistema em que a revista de maior circulação do país se prestou a promover os interesses do bicheiro Carlos Cachoeira. Traz, de forma mais esmiuçada, o que já mostramos aqui: a troca de telefonemas entre o chefe da sucursal da revista em Brasília e a turma de Cachoeira; como se montaram reportagens de capa como aquela de 31 de agosto de 2011 em que se pretendeu juntar minha imagem à de um mafioso, com minha foto e o título “O poderoso chefão”; a entrevista nas páginas amarelas com o senador Demóstenes Torres, ação dentro da estratégia de transformá-lo, quem sabe, em ministro do STF (sic); e como Cachoeira era transformado pela revista em um verdadeiro pauteiro e editor: além de indicar os conteúdos de notas e reportagens, era consultado também sobre onde deveriam ser publicadas, se na coluna Radar, ou então na Veja.online ou, quem sabe e outro espaço mais ‘nobre’...
Um ‘olho’ revelador
Ao lado da reprodução da capa com minha foto e da abertura da entrevista de Demóstenes Torres, a edição de Carta Capital traz o seguinte ‘olho’: “Denúncias sem sustentação serviram para acuar os adversários do esquema criminoso”.
A frase em destaque explica minha alma lavada. Até agora nenhuma publicação jornalística havia feito a relação. Para mim, que tenho uma história de militância política de esquerda, que tenho uma vida pública e um patrimônio moral a defender – minha própria vida –, é importante que a verdade apareça no ambiente do jornalismo, que tem suas técnicas e sua ética própria, que só pode prestar o serviço à sociedade quando exercita a busca pela verdade.
Veja, um caso sério. Mas não único
Complementa o foco da edição de Carta Capital nos problemas da mídia e do jornalismo brasileiros os textos do editor especial da revista publicado sob o título “Veja, um caso sério”, e o editorial de Mino Carta, que pergunta: “Por que a mídia nativa fecha-se em copas diante das relações entre Carlinhos Cachoeira e a revista Veja?” (leia a íntegra)
O próprio Mino responde: porque o jornalismo brasileiro sempre serviu à casa-grande, mesmo porque seus donos moravam e moram nela. Quanto a isso, ninguém precisa se perder em explicações mais detalhadas.
Mas até quando continuará assim? Os parlamentares que integram a CPMI podem ajudar a jogar luz nos mecanismos de como a mídia e a direita (que, não por acaso, se confunde com os moradores da casa grande) se servem do mau jornalismo para esconder a verdade. E podem começar convocando a direção da Veja para explicar como foi armado o conluio com a turma de Carlos Cachoeira. Será um bom começo para se pensar sobre o que e como fazer para, a exemplo do que diz Lorde Puttnam na Grã Bretanha, criar por aqui também “uma clara estrutura regulatória que incentive e na verdade permita o florescimento da pluralidade da mídia”.Zé Dirceu.
Começo por uma citação de Lorde Puttnam, membro do Partido Trabalhista inglês e que foi presidente da comissão do Parlamento que analisou a Lei de Comunicação de 2003. Não vou transcrever todo o artigo, publicado originalmente no The Observer, sob o título “Pelo bom jornalismo” , que merece ser lido por todos os que têm interesse no fortalecimento da democracia brasileira.
Lorde Puttnam escreve exatamente sobre como os políticos transformaram-se em reféns de uma mídia que, praticando um tipo de jornalismo de esgoto, graças à fragilidade da regulação e à tibieza dos próprios políticos, acabaram facilitando o trabalho de Murdoch e fortalecendo a direita.
Dois trechos do artigo de Lord Puttnam
O primeiro, que situa o problema: “Nos últimos 30 anos o império Murdoch tentou minar e desestabilizar governos eleitos e reguladores independentes, em nome de uma agenda política que, enquanto se ocultava por trás da cortina de fumaça da ortodoxia do livre-mercado, não é nada menos que uma tentativa sofisticada de maximizar o poder e a influência da News Corporation e sua agenda populista de direita”.
O segundo, onde buscar a solução: “Eu afirmaria que a lei da concorrência, em um setor ágil como a mídia, deve ser capaz de levar em conta e fazer julgamentos com base em um domínio do mercado “altamente provável”, assim como “real”. Isso exige uma clara estrutura regulatória que incentive e na verdade permita o florescimento da pluralidade da mídia. Não podemos, por exemplo, legislar pelo bom jornalismo, mas podemos legislar pelas condições sob as quais o melhor jornalismo é nutrido e sustentado. Podemos criar estruturas em que cada nova tecnologia se torne um incentivo à diversidade, e não um instrumento de sua erosão”.
Os esgotos, lá e aqui
O texto de Lord Puttnam é o coroamento da edição que Carta Capital faz envolvendo os escândalos da mídia lá e aqui. Lá, o assunto está em andamento. Não adiantou Murdoch fechar seu jornal de fofocas, o News of the World. Ele foi obrigado a prestar um depoimento de 10 horas devido ao chamado inquérito Levenson (utilização ilegal de escutas telefônicas). No depoimento saíram comprometidas figuras como os ex-secretário de estado para a Cultura, Jeremy Hunt, o ex-primeiro ministro Tony Blair, assim como os atuais primeiros ministros da Inglaterra, David Cameron, e da Escócia, Alex Salmond. Não é pouca coisa!
Aqui, em reportagem de Cynara Menezes, com o título “Os desinformantes”, explica-se, afinal, por que a capa com Roberto Civita como o “nosso Murdoch”. A reportagem traz à luz as engrenagens de um sistema em que a revista de maior circulação do país se prestou a promover os interesses do bicheiro Carlos Cachoeira. Traz, de forma mais esmiuçada, o que já mostramos aqui: a troca de telefonemas entre o chefe da sucursal da revista em Brasília e a turma de Cachoeira; como se montaram reportagens de capa como aquela de 31 de agosto de 2011 em que se pretendeu juntar minha imagem à de um mafioso, com minha foto e o título “O poderoso chefão”; a entrevista nas páginas amarelas com o senador Demóstenes Torres, ação dentro da estratégia de transformá-lo, quem sabe, em ministro do STF (sic); e como Cachoeira era transformado pela revista em um verdadeiro pauteiro e editor: além de indicar os conteúdos de notas e reportagens, era consultado também sobre onde deveriam ser publicadas, se na coluna Radar, ou então na Veja.online ou, quem sabe e outro espaço mais ‘nobre’...
Um ‘olho’ revelador
Ao lado da reprodução da capa com minha foto e da abertura da entrevista de Demóstenes Torres, a edição de Carta Capital traz o seguinte ‘olho’: “Denúncias sem sustentação serviram para acuar os adversários do esquema criminoso”.
A frase em destaque explica minha alma lavada. Até agora nenhuma publicação jornalística havia feito a relação. Para mim, que tenho uma história de militância política de esquerda, que tenho uma vida pública e um patrimônio moral a defender – minha própria vida –, é importante que a verdade apareça no ambiente do jornalismo, que tem suas técnicas e sua ética própria, que só pode prestar o serviço à sociedade quando exercita a busca pela verdade.
Veja, um caso sério. Mas não único
Complementa o foco da edição de Carta Capital nos problemas da mídia e do jornalismo brasileiros os textos do editor especial da revista publicado sob o título “Veja, um caso sério”, e o editorial de Mino Carta, que pergunta: “Por que a mídia nativa fecha-se em copas diante das relações entre Carlinhos Cachoeira e a revista Veja?” (leia a íntegra)
O próprio Mino responde: porque o jornalismo brasileiro sempre serviu à casa-grande, mesmo porque seus donos moravam e moram nela. Quanto a isso, ninguém precisa se perder em explicações mais detalhadas.
Mas até quando continuará assim? Os parlamentares que integram a CPMI podem ajudar a jogar luz nos mecanismos de como a mídia e a direita (que, não por acaso, se confunde com os moradores da casa grande) se servem do mau jornalismo para esconder a verdade. E podem começar convocando a direção da Veja para explicar como foi armado o conluio com a turma de Carlos Cachoeira. Será um bom começo para se pensar sobre o que e como fazer para, a exemplo do que diz Lorde Puttnam na Grã Bretanha, criar por aqui também “uma clara estrutura regulatória que incentive e na verdade permita o florescimento da pluralidade da mídia”.Zé Dirceu.
O crime no poder
Restritas ao noticiário local de Goiânia, as informações sobre uma
“minirreforma” no secretariado do governador de -Goiás, Marconi Perillo
(PSDB), são o primeiro sinal de que suas ligações com o esquema
-conjunto do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e do bicheiro Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, prometem levar a crise para dentro
do governo goiano.
Transformado em menos de um mês em zumbi político, Torres agoniza pelos corredores do Senado, agora sob risco de ser cassado. Mas não deve naufragar sozinho, se as investigações da Polícia Federal forem aprofundadas. Novos documentos, gravações e perícias que integram o relatório da Operação Monte Carlo, revelados com exclusividade por CartaCapital, apontam uma total sinergia entre o esquema do bicheiro, o senador e o governo de Marconi Perillo.
Em uma interceptação telefônica de 5 de janeiro de 2011, os agentes federais registraram uma conversa entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza, vulgo Baixinho. Na conversa, o bicheiro, a partir de um telefone em Miami, recebe a notícia de que um de seus indicados para o governo de -Goiás, identificado apenas por Caolho, acabou preterido, sem maiores explicações e aparentemente sem o conhecimento do governador. Segundo homem na hierarquia e braço operacional de Cachoeira, Souza administrava e operava o sistema de contabilidade da quadrilha. Também era responsável pelo pagamento de boa parte das propinas a agentes públicos, em troca de proteção e informação.
“Marconi, hora que souber disso (sic), vai ficar puto”, reclama o bicheiro, no telefonema a Souza. E acrescenta, a seguir: “Já mandei avisar ele (sic)”. Mas adiante, revela, por duas vezes, a ordem dada ao senador Torres para entrar no caso e falar diretamente com o governador. “O Demóstenes já está ligando para ele”, garante Cachoeira.
Mais adiante, no mesmo grampo, o bicheiro pede a Souza para tomar providências e entrar em contato com Eliane Gonçalves Pinheiro, chefe de gabinete do governador. Ela chegou ao cargo no início do ano passado, depois das eleições de 2010, na qual foi responsável -pela arti-culação do tucano para que prefeitos do PP aderissem à campanha do PSDB ao governo estadual. Até então, era ligada ao ex–secretário extraordinário de Assuntos Estratégicos de Goiás Fernando Cunha, importante liderança tucana no estado, falecido em novembro de 2011. Segundo as investigações da PF, uma filha de Cunha é casada com um irmão de Cachoeira.
Outra interferência direta do bicheiro no governo, revelada nos grampos da PF, tem relação com a atuação do coronel Vicente Ferreira Filho, comandante do 3º Comando Regional da Polícia Militar, em Anápolis. Souza refere-se à preocupação de um certo “Ananias”, provavelmente um dos prepostos da jogatina na cidade, com a atuação do oficial. “O Ananias está demonstrando preocupação com o Vicente em Anápolis, hein”, avisa.
Cachoeira informa então a providência tomada. “Já mandei (inaudível), inclusive vai falar com Marconi, hoje à tarde”, diz o bicheiro. Em seguida, tranquiliza o auxiliar sobre a possibilidade de o coronel da PM atrapalhar os negócios em Anápolis, segundo a transcrição da PF. “Não vai, não. Esse comandante pra nóis (sic), ainda vai ser bom. Cê vai ver (sic).” Não há, contudo, nenhuma acusação contra o coronel nos autos da Operação Monte Carlo.
Ciente da encrenca em que está metido, Perillo decidiu usar como desculpa a desincompatibilização do atual secretário de Meio Ambiente, Leonardo Vilela, candidato do PSDB à prefeitura de Goiânia, para mexer na equipe e apagar os rastros de Torres e Cachoeira em seus domínios. Assim, a amiga do bicheiro, Eliane Pinheiro, chefe de gabinete de Perillo, deverá deixar o cargo em breve, sob a improvável promessa de mudar de função. Outro que deve sair e colocar as barbas de molho é o secretário de Infraestrutura, Wilder Morais. Suplente de Torres, poderá assumir a vaga no Senado caso o titular venha a ser cassado.
Será uma vingança e tanto. A mulher de Morais, Andressa, o abandonou no ano passado para viver com Cachoeira. O drama matrimonial chegou a servir de desculpa para o senador Torres -justificar os 298 telefonemas que trocou com o bicheiro nos últimos seis meses. Morais também tomou medidas preventivas e afastou Leandro Gomes Candido do cargo de secretário-executivo da pasta. Candido é marido de uma irmã de Andressa.
Outro da lista é o secretário da Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, indicação pessoal de Torres. Baldy é genro do empresário Marcelo Limírio, sócio do senador do DEM em uma faculdade em Goiás. Ex-dono do Laboratório Neo Química, em Anápolis, segunda maior cidade do estado, o secretário mantém ainda uma sociedade com Cachoeira na ICF, empresa fornecedora de testes para laboratórios. Um deles, o Vitapan, de propriedade do bicheiro, era utilizado para lavagem de dinheiro do esquema de jogatina, segundo informações da PF.
“É assustador o alcance dos tentáculos da organização criminosa”, escreveu em 23 de fevereiro deste ano o juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da Vara Federal de Anápolis, responsável pela condução processual do inquérito. Segundo o magistrado, “para dar suporte à exploração ilegal de máquinas caça-níqueis, bingos de cartelas e jogo do bicho em Goiás” a quadrilha de Cachoeira montou um incrível esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, contrabando, corrupção, -pe-culato, prevaricação e violação de sigilos.
Ainda de acordo com Lima, o grupo de Cachoeira era altamente “profissionalizado, estável, permanente, habitual, estruturado, montado para cometer crimes graves”. Para tal, mantinha uma “estrutura organizacional e piramidal -complexa” que funcionava graças a uma “estrutura estável, entranhada no seio do estado com, inclusive, a distribuição centralizada de meios de comunicação para o desenvolvimento das atividades, com o objetivo de inviabilizar a interferência das agências sérias de persecução”.
Logo após ser preso, o juiz determinou que Cachoeira fosse transferido para um presídio federal de Mossoró (RN) porque, na petição à Justiça Federal, os procuradores do caso temiam que ele continuasse a comandar o esquema criminoso de dentro de uma prisão de -Goiás. “Em mais de uma década, Carlinhos Cachoeira dedicou-se a comprar informações e proteção de agentes do estado vendíveis. Em outras palavras, tornou a sociedade e o próprio estado mais vulneráveis ao crime”, escreveu Lima.
Os números listados na Justiça Federal falam por si só do tamanho da investigação que une os negócios de Cachoeira com a rotina do governo de Goiás. Ao todo foram identificados como integrantes da quadrilha do bicheiro 43 agentes públicos. Desses, seis delegados da Polícia Civil, 30 policiais militares, dois delegados da PF, um administrativo da PF, um policial rodoviário federal, dois agentes da Polícia Civil e dois servidores municipais. A Monte Carlo gerou 36 volumes de interceptação telefônica, 14 volumes de inquérito policial, três volumes de sigilo bancário e fiscal, além de uma centena de relatórios produzidos pela PF.
Procurado por CartaCapital, o governador Perillo respondeu, via assessoria de imprensa, não possuir nenhuma ligação com o bicheiro. Sobre indicações de Cachoeira para cargos no governo, saiu-se com essa: “Que eu tenha sido informado, não”. Também negou ter havido pressão de Demóstenes Torres para a nomeação de apadrinhados do bicheiro no governo estadual. Por fim, negou ter iniciado uma reforma no secretariado. Seriam “apenas substituições pontuais de auxiliares que serão candidatos nas próximas eleições”.
Enquanto isso, a agonia de Torres parece não ter fim. Na sexta-feira 23, -CartaCapital revelou em seu site que a Polícia Federal sabia desde 2006 de suas ligações com Cachoeira. Três relatórios assinados pelo delegado Deuselino Valadares dos Santos, então chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Superintendência da PF em Goiânia, revelam que Torres tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino, calculada em aproximadamente 170 milhões de reais nos últimos seis anos. A informação consta de um Relatório Sigiloso de Análise da Operação Monte Carlo, sob os cuidados do Núcleo de Inteligência Policial da Superintendência da PF em Brasília.
Valadares foi um dos 35 presos em 29 de fevereiro na esteira da operação. Nas interceptações telefônicas feitas pela PF com autorização da Justiça, ele é chamado de Neguinho pelo bicheiro. Por estar lotado na delegacia de repressão a crimes financeiros, era responsável pelas operações policiais da Superintendência da PF em todo o estado. Ao que tudo indica, foi cooptado para a quadrilha após descobrir os esquemas de Cachoeira, Torres e mais três políticos goianos também citados por ele na investigação: os deputados federais Carlos Alberto Lereia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT).
Em outro grampo da PF, revelado agora por CartaCapital, de 13 de março de 2011, Cachoeira conversa com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, sargento da reserva da Aeronáutica, também preso durante a Operação Monte Carlo. Ele era responsável por obter informações sigilosas de interesse da quadrilha de Cachoeira em troca de um pagamento mensal de 5 mil reais. No grampo, Dadá manda o bicheiro “tranquilizar” Torres. Falava possivelmente da investigação da PF sobre o esquema criminoso.
A informação, proveniente de uma mulher não identificada na conversa, é tachada de “exagerada” pelo araponga da Aeronáutica. “Investigações a baixo nível, entendeu, só a termos de conhecimento”, diz Dadá. “Então, excelente, vou passar para o GORDINHO a informação”, diz o bicheiro. O apelido, segundo a PF, era o código para se referir ao senador do DEM nas conversas entre os dois. Até 2009, Torres pesava 103 quilos. Perdeu 30 quilos após se submeter a uma cirurgia de redução do estômago.
Uma série de outras reportagens divulgada nos últimos dias complicou ainda mais a vida do senador. O jornal O Globo publicou transcrições de interceptações telefônicas nas quais Torres pede ao bicheiro, com quem se comunicava por meio de um aparelho de rádio registrado em Miami, 3 mil reais para pagar despesas de táxi aéreo.
O diário carioca revelou ainda que o parlamentar do DEM usou de seu prestígio para tentar remover, em 2009, um dos principais agentes de uma das investigações sobre a exploração ilegal de máquinas caça-níqueis e videopôquer chefiada por Cachoeira. Tratava-se do policial federal José Luiz da Silva. Torres solicitou ao então secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, a transferência do agente de Anápolis, área de atuação de Cachoeira, para Goiânia.
Uma reportagem do Jornal -Nacional jogou mais cal sobre a cova do senador, que já admitiu estar “morto politicamente” por causa das denúncias. Trechos de interceptações da Monte Carlo revelam que Cachoeira, em conversa com o contador Giovani Pereira da Silva, pode ter repassado mais de 3 milhões de reais ao senador do DEM.
É possível que em breve venha à tona outra faceta do grupo: o uso de meios de comunicação para atacar adversários. Sabe-se das boas relações de Cachoeira com jornalistas de Brasília, em especial o diretor da sucursal da revista Veja, Policarpo Jr. Segundo blogs da internet, a Polícia Federal teria interceptado mais de 200 telefonemas entre o jornalista e o bicheiro durante o curso das investigações.
Nos inquéritos aos quais CartaCapital teve acesso, Policarpo Jr. é citado mais de uma vez. Em um grampo de 8 de julho de 2011, Cachoeira instrui o sargento Jairo Martins, da PM de Brasília, -para -estancar as informações repassadas ao jornalista. O bicheiro teria se chateado com algum texto publicado na revista. Martins é um famoso araponga brasiliense, acostumado a prestar serviços clandestinos no submundo da comunidade de informações. Foi ele quem, por exemplo, gravou o vídeo em que o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho aparece a embolsar 3 mil reais de propina. Indicado pelo PTB, Marinho foi o estopim do escândalo do chamado mensalão.
O futuro de Torres depende da Pro-curadoria-Geral da República e do Congresso Nacional. Desde 2009, sem nenhuma explicação plausível, o procurador-geral Roberto Gurgel mantinha engavetado um relatório da PF referente à Operação Las Vegas, de 2008, na qual a ligação entre Cachoeira e o senador era -explicitada pela primeira vez em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça de Goiás. Diante da pressão provocada pelas revelações da Operação Monte Carlo, Gurgel foi obrigado, na quarta-feira 28, a dar seguimento à denúncia, enviada ao Supremo Tribunal Federal.
No Congresso, o destino de Torres está nas mãos do líder do PMDB, Renan Calheiros, e do presidente do Senado, José Sarney, que precisam recompor o Conselho de Ética do Senado. O órgão está acéfalo desde setembro de 2011, razão pela qual ainda não se pode apreciar a representação contra Torres apresentada na quarta-feira 28 pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL). Segundo Rodrigues, está claro que Cachoeira mantém relações “amplas, gerais e irrestritas” com Torres e outras autoridades.
Tão logo o impasse burocrático seja resolvido, o processo de cassação do senador goiano, dado como certo até pelos aliados mais próximos, vai ser iniciado. Torres renunciou à liderança do DEM no Senado e corre risco de ser expulso do partido.
*Leandro Fortes é jornalista e blogueiro.
Fonte: Carta Capital.
Ombudsman rompe cerco da Folha sobre a mídia
Na coluna “Tema proibido”, Suzana Singer diz que relação entre Veja e
Carlos Cachoeira pode até ser legal, mas talvez não seja eticamente
aceitável; jornalista cobra que jornal divulgue todos os diálogos que
envolvam meios de comunicação
Brasil 247 – O bloqueio dos grandes veículos de
comunicação à discussão das relações entre a quadrilha de Carlos
Cachoeira e a mídia foi quebrado pela Folha de S. Paulo, na edição que
circula neste domingo (em São Paulo, o jornal é distribuído a partir do
fim da tarde dos sábados). A responsável por isso foi a jornalista
Suzana Singer, ombudsman do jornal, que acaba de ter renovado o seu
mandato para criticar livremente a Folha e demais meios de comunicação
nas páginas do jornal de maior circulação do País.
Em seu texto, chamado “Tema proibido”, Suzana fala da rapidez dos
jornais, portais e televisões em levantar qualquer fato concernente a
governadores, senadores, deputados policiais e empresários, mas critica o
“silêncio reverente no que tange à própria mídia”.
Para exemplificar, Suzana publicou um diálogo entre Carlos Cachoeira e
um diretor da Delta, Cláudio Abreu, que consta do inquérito e fala sobre
uma reportagem na Folha de S. Paulo, mas que vinha sendo ignorado pela
própria Folha. Na conversa, Abreu fala sobre uma possível influência no
jornal. “Quem é o cara da Folha que manteve contato? Porque nós ´tamo´
bem com a Folha. ´Tamo´trabalhando lá...”. Em sua defesa, o jornal
afirmou que, depois desse diálogo, o jornal publicou duas reportagens
criticas à Delta, indicando que a influência, se existia, não foi
exercida.
O caso Veja
No tocante à revista Veja, Suzana Singer faz uma crítica sutil, mas
contundente. E diz o óbvio: discutir o tema não significa censurar ou
coibir a liberdade de expressão. “Permitir-se ser questionado, jogar luz
sobre a delicada relação fonte-jornalista, faz parte do jogo
democrático”.
Suzana afirma que, até agora, não foram comprovadas ilegalidades no
comportamento da revista. No entanto, diz ela, isso não significa que a
conduta da maior revista semanal do País seja “eticamente aceitável”.
Leia um trecho do seu artigo deste domingo:
“Do que veio a público até o momento, não há nada de ilegal no
relacionamento Veja-Cachoeira. O paralelo com o caso Murdoch, que a
blogosfera de esquerda tenta emplacar, soa forçado, porque, no caso
inglês, há provas de crimes, como escutas ilegais e a corrupção de
policiais e autoridades.
Não ser ilegal é diferente, porém, de ser eticamente aceitável. Foram
oferecidas vantagens à fonte? O jornalista sabia como as informações
eram obtidas? Tinha conhecimento da relação próxima de Cachoeira com o
senador Demóstenes? Há muitas perguntas que só podem ser respondidas se
todas as cartas estiverem na mesa.
É preciso divulgar os diálogos relevantes que citem a imprensa (...).
Grampos mostram que a mídia fazia parte do xadrez de Cachoeira. Que essa
parte do escândalo seja tratada sem indulgência, com a mesma dureza com
que os políticos têm sido cobrados.”
Em países livres, democráticos e de imprensa livre, não devem existir tabus ou temas proibidos. Suzana Singer está de parabéns.
Reinaldo Azevedo não se cansa de ser canalha
Reinaldo Cabeção Azevedo continua na sua cruzada para convencer seus
leitores imbecis, idiotizados e analfabetos que a revista Veja não é
parceira de Carlinhos Cachoeira, que Poli não cometeu nenhum deslize ao
se associar a um contraventor para derrubar ministro e governo
legitimamente eleito e aprovado por mais de 96% dos brasileiros.
Ocorre que todas as vezes que Cabeção tenta convencer seu Exército de
jumento quadrado, se enrola todo, a emenda sai sempre pior que o soneto.
No artigo de ontem, reproduzido num desses sites que há por aí, Cabeção se superou.
Reinaldo inicia o texto dizendo:"a imprensa independente — aquela
que não é financiada com dinheiro público nem é subordinada a uma rede
criminosa montada na Internet".
É muito ridículo, não? Cabeção diz que a Veja é independente porque não é
financiada com recursos públicos.Pois é, eu não editei nada, ele afirma
isso categoricamente.Dá para levar a sério um vagabundo desses?
Reinaldo Cabeção, prestenção:Vou repetir de novo.A Veja não só é
financiada com recursos públicos para fazer propaganda dos governos
federal, estaduais e municipais, a Veja foi financiada pelo governo
Serra, além das peças publicitárias, com R$ 34 milhões de reais para
distribuir assinaturas da revista para os estudantes paulistanos.Tenho
até dó dos coitados! Que exemplo de jornalismo para esses alunos de São
Paulo.
Reinaldo não para por aí.Vai mais longe.
Para justificar que o fato de um jornalista se associar a um
contraventor é algo perfeitamente normal, Azevedo justifica com um caso
envolvendo o impoluto Gilmar Mendes, diz ele:
"Ontem, o Estadão Online publicou um texto de Ricardo Brito, da Agência
Estado, cujo título era: “Grupo de Cachoeira tentou interferir em habeas
corpus”. O busílis era o seguinte: o prefeito de Piraquê (TO), Olavo
Júlio Macedo, estava preso, e a turma o queria solto. Gleyb e Eney, dois
homens do esquema do contraventor, conversam a respeito do caso e dizem
que será julgado o habeas corpus. Muito bem. Transcrevo em vermelho um
parágrafo da reportagem. Leiam com atenção. Volto em seguida:
"Às 15h30 daquele dia, Gleyb disse, em telefonema a um interlocutor não
identificado pela PF, que estava no Senado para se encontrar com
Demóstenes Torres (sem partido-GO), suspeito de envolvimento com
Cachoeira. Às 16h44, o integrante do grupo de Cachoeira afirmou, em nova
ligação, que iria passar em um ministério e no Supremo".
"Um minuto depois, Gleyb pergunta, numa ligação para Eney, se há “mais
alguma coisa” para conversar. O advogado responde que é preciso manter
contato no Supremo, visando liberar o prefeito cujo habeas corpus estava
com Gilmar Mendes".
O que o trecho sugere? O óbvio! Que Demóstenes e o tal
Geyb foram falar com Gilmar Mendes em favor do prefeito. Isso se deu no
dia 9 de junho do ano passado. O senador ainda era uma referência de
severidade e correção até para seus adversários. Ouvido, o ministro diz
que ninguém foi procurá-lo. MAS ATENÇÃO! SE ALGUÉM O PROCUROU OU NÃO,
ISSO É IRRELEVANTE. O RELEVANTE VEM AGORA!!!
GILMAR MENDES NEGOU DUAS VEZES A CONCESSÃO
DE HABEAS CORPUS AO TAL PREFEITO! No dia 29 de junho e no dia 5 de
dezembro de 2011. Muito bem! Agora faço a pergunta essencial para que
avaliemos os riscos que estamos correndo com certo tipo de apuração e reportagens que andam na praça — mesmo na imprensa que tem compromisso com a seriedade. Lá vai:
E SE GILMAR MENDES TIVESSE RECONHECIDO MOTIVOS TÉCNICOS, JURÍDICOS, PARA CONCEDER O HABEAS CORPUS?
Agora
o ministro estaria lascado, e aquela fala serviria como evidência de
que ele estaria trabalhando para o grupo de Carlinhos Cachoeira. Por
sorte, ele entendeu duas vezes que o pedido de habeas corpus era
descabido.
Entenderam?
Entendi a enganação. Esse é o tipo de esforço argumentativo inútil.
Primeiro, Gilmar Mendes negou os pedidos de Habeas Corpus porque quem
pediu foi um prefeitinho de interior, se fosse gente da laia de Daniel
Dantas ele teria concedido, não esquecer dos dois HC concedidos na
calada da noite.
Em segundo lugar, ainda que Gilmar Mendes tivesse concedido, esse fato
não serviria como evidência de que ele estaria trabalhando para o grupo
de Carlinhos Cachoeira.De forma alguma.Não consta nos grampos da PF que
Gilmar Mendes usava telefone exclusivo Nextel para não ser pego nos
grampos, que trocou 200 telefonemas com a gangue de Cachoeira, que era
chamado de Gi ou coisa que o valha pela gangue cachoeirana.
Reinaldo Azevedo encerra o artigo com um apelo dramático:
"É bom botar essa bola no chão. Jornalistas decentes só querem a
verdade. E têm de ter claro que há vigaristas querendo apenas as
instituições — para destruí-las".
Só sendo gozação de Reinaldo Azevedo.Azevedo é tão decente que foi
comprado por Geraldo Alckimin para defender seu governo.A Nossa Caixa
bancou por vários anos a revista Primeira Leitura, de Reinaldo Azevedo.
Reinaldo Azevedo é uma canlha, um vagabundo da pior espécie, isso sim.
*Oterrordonordeste
François Hollande, Sciences Po graduate (class of 1978), is elected French president.
François Hollande, Sciences Po graduate (class of 1978), is elected French president. He is the fourth French president in a row to have been educated at Sciences Po.
O RESGATE DE UMA ERA
Ao
dar posse ao novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, a presidente
Dilma Rousseff elogiou a tradição trabalhista e resgatou um personagem
(Jango) vilipendiado tanto pela direita quanto por uma certa tradição
intelectual "esquerdista" e uspiana para a qual o movimento operário
pré-1964 se resumiu à manipulação populista das massas.
Um dia de desagravo a Vargas, Janto e Brizola
Da Carta Maior
Em seu discurso de despedida do Senado, em dezembro de
1994, o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso anunciou o fim da Era
Vargas. Foi generosamente elogiado pelas corporações midiáticas, saudado pelos
bancos, aplaudido pelo capital estrangeiro, incensado, enfim, pelo dinheiro
grosso e seus áulicos de escrita fina.
Era preciso sedimentar o estigma maniqueísta para legitimar o projeto
conservador. Foi o que se fez e ainda se faz. Não escapa ao observador atento a
entrevista 'oportuna' de FHC à Folha esta semana para advertir a Presidenta em
corajosa ofensiva contra os bancos para a redução dos juros."Vá devagar,
não se brinca (sic) com o mercado financeiro", protestou o tucano. É
coerente. Pelos quase dez anos seguintes seu governo negociaria barato o
patrimônio público construído, na verdade, por décadas de lutas de toda a
sociedade brasileira. A nova referência autossuficiente da economia, da
sociedade e da história seriam os livres mercados --sobretudo o capital
especulativo que não presta contas a ninguém.
Inclua-se nesse arremate a Vale do Rio Doce, mas também algo de incomensurável importância simbólica: a auto-estima da população, seu discernimento sobre quem tem o direito e a competência para comandar o destino de uma sociedade e do desenvolvimento. Entorpecida a golpes do tacape midiático, essa consciência seria desqualificada para a entronização dos 'mercados desregulados' como o portador autossuficiente do futuro e da eficiência. Em suma, era a vez do 'Brasil não caipira'.
Três vitórias seguidas do PT resumem o escrutínio da população sobre os resultados desse ciclo de desmonte da esfera pública, endividamento da Nação e depreciação da cidadania em dimensões profundas, talvez ainda não suficientemente avaliadas; por certo, não superadas em suas usinas realimentadoras.
Seria preciso, porém, uma crise capitalista igual ou pior que a de 1929 para sacudir de vez a inércia ideológica e o interdito histórico que recusavam admitir nas conquistas sociais e econômicas do ciclo iniciado em 2003, um fio de continuidade com tudo aquilo antes execrado e sepultado como anacrônico e populista.
Lula cutucou-os não poucas vezes; no fígado da intolerância histórica em certas ocasiões , como quando anunciou a autossuficiência do petróleo em 2006, e disse: " a seta do tempo não se quebrou". E o demonstraria na prática pouco depois, com a regulação soberana do pré-sal, fazendo das encomendas da Petrobrás uma alavanca industrializante capaz de fixar um novo divisor produtivo.
Conquistas acumuladas em décadas de luta pelo desenvolvimento seriam assim resgatadas de um reducionismo a-histórico, desmentido nos seus próprios termos pelo colapso planetário das premissas esfareladas na crise de 2008.
Coube nesta 5ª feira à Presidenta Dilma Roussef acrescentar a essa espiral dialética um discurso pedagógico. Na cerimônia de posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, nomes e agendas que a soberba conservadora se propôs um dia a banir da história brasileira, retornaram com orgulho e reconhecimento à narrativa de um governo soberano que, desde 2003, com tropeços e hesitações, aos poucos se liberta daqueles que ainda evocam o direito de cercear o passo seguinte da história brasileira. Esse tempo acabou e Dilma,ontem, fez do seu réquiem um desagravo à história da luta pelo desenvolvimento.Palavras da Presidenta Dilma Rousseff:
"O desemprego no Brasil está hoje nos mais baixos patamares de nossa história - 6,5% em março. Trata-se de um contraste gritante(...) o mundo perdeu 50 milhões de vagas formais de emprego, pulverizadas pela crise econômica, por políticas de austeridade exagerada, pela redução de direitos e precarização da legislação trabalhista. Nós navegamos na contramão dessa tendência (...)
A partir do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve uma mudança (...) Nós mudamos a nossa forma de conceber o desenvolvimento e definimos um processo de desenvolvimento com inclusão social (...) Somente nesses últimos 15 meses do meu governo, nós geramos 2 milhões e 440 mil empregos formais (...)
Inclua-se nesse arremate a Vale do Rio Doce, mas também algo de incomensurável importância simbólica: a auto-estima da população, seu discernimento sobre quem tem o direito e a competência para comandar o destino de uma sociedade e do desenvolvimento. Entorpecida a golpes do tacape midiático, essa consciência seria desqualificada para a entronização dos 'mercados desregulados' como o portador autossuficiente do futuro e da eficiência. Em suma, era a vez do 'Brasil não caipira'.
Três vitórias seguidas do PT resumem o escrutínio da população sobre os resultados desse ciclo de desmonte da esfera pública, endividamento da Nação e depreciação da cidadania em dimensões profundas, talvez ainda não suficientemente avaliadas; por certo, não superadas em suas usinas realimentadoras.
Seria preciso, porém, uma crise capitalista igual ou pior que a de 1929 para sacudir de vez a inércia ideológica e o interdito histórico que recusavam admitir nas conquistas sociais e econômicas do ciclo iniciado em 2003, um fio de continuidade com tudo aquilo antes execrado e sepultado como anacrônico e populista.
Lula cutucou-os não poucas vezes; no fígado da intolerância histórica em certas ocasiões , como quando anunciou a autossuficiência do petróleo em 2006, e disse: " a seta do tempo não se quebrou". E o demonstraria na prática pouco depois, com a regulação soberana do pré-sal, fazendo das encomendas da Petrobrás uma alavanca industrializante capaz de fixar um novo divisor produtivo.
Conquistas acumuladas em décadas de luta pelo desenvolvimento seriam assim resgatadas de um reducionismo a-histórico, desmentido nos seus próprios termos pelo colapso planetário das premissas esfareladas na crise de 2008.
Coube nesta 5ª feira à Presidenta Dilma Roussef acrescentar a essa espiral dialética um discurso pedagógico. Na cerimônia de posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, nomes e agendas que a soberba conservadora se propôs um dia a banir da história brasileira, retornaram com orgulho e reconhecimento à narrativa de um governo soberano que, desde 2003, com tropeços e hesitações, aos poucos se liberta daqueles que ainda evocam o direito de cercear o passo seguinte da história brasileira. Esse tempo acabou e Dilma,ontem, fez do seu réquiem um desagravo à história da luta pelo desenvolvimento.Palavras da Presidenta Dilma Rousseff:
"O desemprego no Brasil está hoje nos mais baixos patamares de nossa história - 6,5% em março. Trata-se de um contraste gritante(...) o mundo perdeu 50 milhões de vagas formais de emprego, pulverizadas pela crise econômica, por políticas de austeridade exagerada, pela redução de direitos e precarização da legislação trabalhista. Nós navegamos na contramão dessa tendência (...)
A partir do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve uma mudança (...) Nós mudamos a nossa forma de conceber o desenvolvimento e definimos um processo de desenvolvimento com inclusão social (...) Somente nesses últimos 15 meses do meu governo, nós geramos 2 milhões e 440 mil empregos formais (...)
Jango (esq.) e Leonel Brizola |
É assim, muito significativa, a circunstância que traz ao cargo de ministro um
jovem que representa, inclusive, no sobrenome Brizola, uma história de mais de
meio século de lutas sociais, de defesa do interesse nacional e de conquistas
de direitos por parte dos trabalhadores brasileiros. Não bastasse levar o
sobrenome Brizola, o novo ministro do Trabalho carrega consigo a história do
seu tio-avô João Goulart, ex-presidente da República. Em 1953 - vejam os
senhores que coincidência -, também aos 34 anos, também jovem e determinado,
Jango foi empossado ministro do Trabalho do governo democrático de Vargas. Foi
Jango quem deu à pasta do Trabalho grande peso político e grande dimensão.
Assim, nomear como ministro do Trabalho e Emprego Carlos Daudt Brizola Neto reforça, em meu governo, é o reconhecimento da importância histórica do Trabalhismo na formação do nosso país" (Presidenta Dilma na posse do ministro do Trabalho, Brizola Neto)
Assim, nomear como ministro do Trabalho e Emprego Carlos Daudt Brizola Neto reforça, em meu governo, é o reconhecimento da importância histórica do Trabalhismo na formação do nosso país" (Presidenta Dilma na posse do ministro do Trabalho, Brizola Neto)
Postado por Saul Leblon
Postado por Cláudio Camargo
*MilitânciaViva
Chuíça (*) é líder no tráfico.
Virada é a roubada cultural
Saiu no Estadão:
Tráfico chega a 5 flagrantes/hora em SP e é o crime que mais cresce desde 2000
Nº de apreensões é 4 vezes maior do que há 12 anos, mas há droga à vontade em circulação
William Cardoso,
de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO – O tráfico de drogas
é o crime que mais cresceu nos anos 2000 no Estado de São Paulo. O
número de flagrantes feitos pela polícia paulista é hoje quatro vezes
maior do que há 12 anos. Foram cinco casos por hora no primeiro
trimestre, graças a uma rede de distribuição cada vez mais pulverizada,
que atrai pelo lucro fácil jovens e idosos, homens e mulheres, sem
distinção.
Especialistas são unânimes em
afirmar que há droga à vontade em circulação. “É evidente que a
repressão aumentou, mas também deve ter aumentado a quantidade de
drogas. Não se pode dizer que é apenas a ação da polícia a responsável
pelo crescimento no número de flagrantes, porque aí poderia ter
aumentado o preço. São as duas coisas”, diz o pesquisador em Segurança
Guaracy Mingardi.
A queda significativa no preço
deixa claro que há mais entorpecente em circulação do que a polícia
consegue apreender. Sobra droga nas mãos dos traficantes.
Segundo a polícia, o preço da
cocaína caiu pelo menos 30%, tanto no varejo quanto no atacado. O quilo
da pasta custava no mercado nacional entre R$ 10 mil e R$ 12 mil no
início dos anos 2000. Hoje, está entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. A “versão
comercial” da droga, aquela que chega ao consumidor final, sai
atualmente por algo entre R$ 4 mil e R$ 5 mil o quilo.
Para o coordenador do
Observatório de Segurança Pública da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Luís Antonio Francisco de Souza, o mercado de drogas não segue
necessariamente a mesma lógica dos demais, porque há um cálculo das
perdas – pelo fato de ser algo ilegal. Mesmo assim, o aumento na
quantidade de entorpecentes é sensível. “A droga está mais disseminada,
porque ficou mais barata e porque os traficantes fazem seu cálculo de
risco (sobre quando colocá-la no mercado).”
Além disso, a participação do
tráfico sobre o total de boletins de ocorrência registrados nas
delegacias paulistas cresceu três vezes em 12 anos – respondia por 0,44%
dos BOs em 2000 e, hoje, alcança 1,38%.
O comércio da droga se expandiu
sem fronteiras por São Paulo. Os flagrantes cresceram em todas as
direções do Estado. Na Região Metropolitana, o aumento foi de seis vezes
em 12 anos. Na capital, o número de flagrantes se multiplicou por 3,6
no mesmo período. No outro extremo, nos municípios do interior do
Estado, o crescimento foi de 3,75 vezes, favorecido sobretudo pela
disseminação do crack no campo, principalmente nos canaviais
(…)
O amigo navegante há de se lembrar como a Rede Globo ajudou a estigmatizar o Rio como o centro mundial da droga e do tráfico.
Era para atingir os governos trabalhistas, especialmente o do Brizola.Tratava-se de uma peripécia mirabolante dos Kamel e Mervais.
São Paulo consumia mais carros, pastas de dente e helicópteros que o Rio, e o Rio consumia mais droga que São Paulo.
Agora, está aí a Chuíca (*), nua em pelo.
E olha que na Secretaria de Segurança do Rio os numeros sobre a Segurança em São Paulo são levados tão a sério quanto os da circulação da Veja.
Ainda no Estadão, o amigo navegante poderá ler sobre a catastrófica Virada Cultural concebida pelo Padim Pade Cerra e neste sábado extinta por seu herdeiro, o Kassab:
Adolescente morre durante a Virada Cultural e dois são baleados, informa Polícia Militar
A madrugada da 8ª edição da
Virada Cultural de São Paulo deixou um saldo trágico. Segundo
informações da Polícia Militar, uma menina de 17 anos morreu com
suspeita de overdose de cocaína. A adolescente passou mal, foi socorrida
no posto médico móvel instalado nas proximidades da Avenida São João e
os médicos a encaminharam para o Pronto Socorro da Santa Casa de
Misericórdia, onde ela já chegou morta.
Além disso, o major da PM
Carlos Alberto informou que durante os eventos da Virada Cultural um
agente da Polícia Federal disparou em direção a um táxi e, por isso, foi
abordado por policiais militares. O agente teria revidado a ação dos
PMs, houve troca de tiros e ele ficou ferido no abdómen.
Esse mesmo agente teria
atirado, ainda segundo a PM, em um jovem, que também ficou ferido e foi
hospitalizado. O agente da Polícia Federal será autuado em flagrante por
resistência à prisão e tentativa de homicídio.
(…)
Alex Atala é vaiado após confusão para comer galinhada no Minhocão
As pessoas que aguardaram até
cinco horas na fila –que chegou a 300 metros– para comer a galinhada do
chef Alex Atala ficaram decepcionadas porque ele deixou o local quando
finalmente o espaço no Minhocão foi aberto para a entrada do público.
(…)
À meia noite, ao invés de
entrarem de 20 em 20 pessoas, como estava previsto, a multidão invadiu o
local e se aglomerou em frente à barraca –que estava decorada com
pôsteres de “Veta Dilma”, em referência ao código florestal votado no
dia 25 de abril.
Mauricio Schwartz, da
organização do evento, afirmou que todas as pessoas que pegaram uma das
500 senhas que haviam sido distribuídas iriam comer da galinhada.
Enquanto a organização buscava uma maneira de vender os pratos, o
público vaiava.
Cecília Russo, professora
aposentada, 74, nunca comeu no restaurante do Atala. Ela conseguiu pegar
a senha número um, e estava na fila desde as 22h. “Vim para prestigiar o
Atala, ele é o quarto melhor do mundo e o gosto da galinhada faz jus ao
prêmio. Veio muito mais gente que o esperado, por isso está essa
confusão.”
(*) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo é: dinâmico como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
O crime da Veja. O que
leva Robert(o) em cana
O ansioso blogueiro encontra blogueira suja na Padaria Aracaju, onde o Alberto explica a crise do Euro melhor que a Urubóloga.
– O que você precisa explicar direitinho, ansioso blogueiro, é qual é o crime da Veja.
– Qual deles, pergunta o ansioso blogueiro à blogueira suja.
– Por exemplo, a Veja levou grana ?
– Do Cachoeira ?
– É. A Veja levou grana do Cachoeira ?
– Não, diretamente, não. Assim, de pegar o dinheiro numa mala e esconder num apartamento no Jardim Paulista, não. Desse jeito, não.
– Então, qual é o crime ?, ela pergunta, mais ansiosa que o ansioso.
– O primeiro crime é transformar a Veja num instrumento do crime organizado.
– Isso é crime ?
– E você ainda pergunta ? A Veja era a arma que o Cachoeira apontava para a fronte dos que prejudicassem os negocios dele e do Demóstenes.
– É o crime de cumplicidade.
– De co-autoria. A Veja sabia que o Cachoeira era um criminoso, e dava curso a ações criminosas do Cachoeira e prosseguiu no crime.
– E qual o interesse do Robert(o) Civita nisso ?
– Vários. Primeiro, ajudar a derrubar o Lula e a Dilma. E ele é visceralmente reacionário e entreguista.
– Calma, ansioso blogueiro. Use expresões mais sutis.
– Tá certo. Reacionário e entreguista.
– Sim, mas isso não é crime.
– O crime é usar as reportagens da Veja como gazua.
– Gazua ? O que é isso ?
– Gazua é um gancho, de ponta chinfrada, que os assaltantes usam para abrir portas, cofres e saquear.
– Caramba, isso é muito forte.
– Forte foi o saque. A Editora Abril caminha para a extinção. É um dinossauro. Só quem faz dinheiro ali naquela árvore é o galho podre da Veja. Por isso, o Robert(o) e os filhos já picaram a mula da Editora Abril e foram para o negócio da Educação.
– Então a Veja é a gazua dos novos negócios.
– Exatamente ! Funciona assim: ou dá ou meto você na capa da Veja.
– Uma chantagem.
– Bingo ! O Cachoeira fornecia o material que dava a forma, a dimensão da gazua.
– Como assim ?
– Ou você faz o que eu quero ou faço com você o que o Cachoeira fez com o José Dirceu.
– Mas, a vítima entendia, sabia que se tratava de uma gazua ?
– Minha cara, gazua não tem ombro.
Pano rápido.
Paulo Henrique Amorim
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