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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 16, 2012

A França, o Papa e a Laicidade


O Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, cardeal Rino Fisichella, falou no “direito de Deus”, o contrapoder antidemocrático que gostaria de sobrepor ao sufrágio universal. No mesmo dia, o Papa aproveitou as felicitações hipócritas ao novo presidente francês para lhe solicitar «respeito pelas «tradições espirituais», uma afronta a um país sem mácula no respeito pela liberdade religiosa.
«A República [Francesa] assegura a liberdade de consciência » e «garante o livre exercício dos cultos» (Art.º 1) mas «não reconhece, não remunera nem subvenciona nenhum culto» (art.º 2 ) da lei de11 de Dezembro de 1905, texto que Pio X condenou e que os dois últimos pontífices se esforçaram por remover.
A França não esqueceu, na hora do voto, as piruetas de Sarkozy para atrair votos dos crentes, sobretudo dos católicos, tradicionalmente conservadores e certamente teve em conta os recados do Vaticano e do episcopado contra François Hollande.
Na última terça-feira, o novo presidente francês manifestou a sua intenção de reafirmar “em todas as circunstâncias” os “princípios intocáveis da laicidade” do país, comprometendo-se também na luta “contra o racismo, o antissemitismo e todas as discriminações”. Não fez mais do que reiterar o respeito pela lei e pelos compromissos assumidos durante a campanha.
A laicidade tem poupado a França às humilhações que os dignitários religiosos gostam de impor a quem tem legitimidade democrática e, desde 1905, tem sido um instrumento útil para defender a cidadania do comunitarismo e a liberdade da exótica vontade divina que, jamais, seja qual for a religião que a interprete, se conforma com as leis humanas.
A laicidade é a forma justa de tratar todas as convicções de igual forma e de combater a subversão que o proselitismo procura. Mais do que um direito, é uma necessidade para os Estados conterem o proselitismo de religiões concorrentes.
O Estado é incompetente para se pronunciar sobre assuntos da fé e não deve encarregar-se de promover a difusão de qualquer credo particular.
A França, no que diz respeito à laicidade, é um modelo que devia servir de exemplo aos outros países. Os franceses, vítimas do genocídio provocado pela cruzada contra os albigenses, têm na laicidade a arma que impede o Vaticano de impor a sua iconografia nas escolas, tribunais, repartições e outros edifícios públicos e, sobretudo, a coerência para se defenderem do fascismo islâmico fomentado nas madraças e mesquitas.
A laicidade é filha dileta da República. Viva a República.
*DiarioAteista
Tucana racista: Estudante é condenada por ofensa a nordestinos no Twitter

Estudante é condenada por tuitar contra nordestinos
A Justiça Federal de São Paulo condenou a estudante Mayara Penteado Petruso a 1 ano, 5 meses e 15 dias de prisão pelo crime de racismo.

O crime da estudante foi ofender nordestinos por meio da rede social Twitter. A ofensa foi publicada no dia 31 de outubro de 2010, logo após a vitória eleitoral da petista Dilma Rousseff sobre o tucano José Serra. Os maiores índices de votação de Dilma na ocasião foram registrados na região Nordeste.

"Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a Sp: mate um nordestino afogado!", escreveu a estudante em sua página.

A pena contra ela foi convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa. A decisão foi tomada pela juíza da 9ª Vara Federal Criminal em São Paulo, Mônica Aparecida Bonavina Camargo.

Em sua defesa, Mayara admitiu a publicação da mensagem e disse que foi motivada pelo resultado das eleições presidenciais.

Ela afirmou que não tinha a intenção de ofender, que não é preconceituosa e que não esperava tamanha repercussão. De acordo com o processo, Mayara disse estar envergonhada e arrependida.

A reportagem procurou o advogado dela na tarde desta terça-feira, mas não foi atendida.
Estudante de direito em uma universidade da capital paulista, Mayara perdeu o emprego em um escritório de advocacia após o episódio. Ela também mudou de cidade e abandonou o curso.

"O que se pode perceber é que a acusada não tinha previsão quanto à repercussão que sua mensagem poderia ter. Todavia, tal fato não exclui o dolo", afirma a juíza na decisão.
A juíza estabeleceu a pena abaixo do mínimo legal, já que Mayara sofreu consequências com a infração. "Foram situações extremamente difíceis e graves para uma jovem", diz Bonavina Camargo.
*Mariadapenhaneles

Arquivo vivo da Ditadura Militar, delegado Cláudio Guerra sofre atentado na última madrugada

do Pragmatismo Político
Senador Paulo Paim pede proteção ao delegado Cláudio Guerra, que confessou assassinatos e a incineração de presos políticos durante a ditadura em ‘Memórias de Uma Guerra Suja’. Ele teve a casa cercada por 3 homens. Um deles ameaçou atirar. Guerra é um arquivo vivo da ditadura e quer depor na Comissão da Verdade
delegado cláudio guerra suja ditadura
Delegado Cláudio Guerra é um dos principais arquivos vivos da ditadura militar e dos raros dispostos a contribuir com a Comissão da Verdade
O senador Paulo Paim (PT-RS) subiu à tribuna da tarde desta quarta-feira 16 para denunciar um atentado ocorrido nesta madrugada contra o ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) Cláudio Guerra. Segundo Paim, três homens cercaram a casa de idosos no interior do Espírito Santo, onde o delegado estava, e um deles ameaçou atirar.
O ataque ocorre no mesmo dia em que foram empossados os sete membros da Comissão da Verdade, instalada para investigar os crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura militar, e semanas depois do lançamento do livro “Memórias de uma guerra suja”, dos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, no qual Guerra confessa o assassinato e a incineração de presos políticos – e a participação em atentados a bomba como o do Riocentro, denunciando, inclusive, os nomes de comparsas.
Ao Portal IG, Paim destacou a “tentativa de homicídio” (assista ao vídeo abaixo). “Achei da maior gravidade. Ele tinha sido convocado para fazer um depoimento na Comissão de Direitos Humanos amanhã (quinta-feira) pela manhã, assim como os autores do livro. Provavelmente eles não virão amanhã”, disse.
“Fiz o registro na tribuna do Senado para que o Ministério da Justiça e o nosso ministro deem toda a segurança. Os crimes cometidos são fatos, são reais, ele reconhece. Agora, ele pode ser um instrumento fundamental para a Comissão da Verdade, que foi instalada hoje. No livro ele diz que se dispõe a depor na Comissão da Verdade. É um arquivo vivo dos crimes da ditadura, por isso tem de haver segurança”, completou.
*GilsonSampaio

Mulher de Robert Kennedy Jr. é encontrada morta nos EUA
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Mary Kennedy aparece com Robert Kennedy Jr. em Nova York nesta foto de arquivo. Foto: AP
Mary Kennedy aparece com Robert Kennedy Jr. em Nova York nesta foto de arquivoFoto: AP




Mary Kennedy, a segunda mulher de Robert Kennedy Jr., foi encontrada morta nesta quarta-feira na sua casa em Bedford, Estado de Nova York, informou a imprensa local. "Lamentamos profundamente a morte de nossa querida irmã Mary, cujo radiante e criativo espírito fará muita falta", afirmou a família em comunicado publicado pela ABC News.
A polícia confirmou em nota que uma pessoa foi encontrada morta na casa de Mary Kennedy, 52 anos, mas se negou a identificá-la "até que a família fosse informada". O comunicado da polícia afirmou ainda que há uma investigação em curso.
Robert Kennedy Jr., 58 anos, é filho de Ethel e Robert Kennedy, que foi assassinado em Los Angeles em 1968 quando tentava a candidatura democrata para a presidência dos Estados Unidos, que anteriormente foi obtida por seu irmão, John F. Kennedy, assassinado em 1963. Mary e Robert Kennedy Jr. separaram-se em 2010, após 16 anos de casamento. Tiveram quatro filhos juntos. Robert Kennedy Jr. é apresentador de rádio e advogado especializado em questões ambientais.
*Terra

Deleite - Legião Perfeição /+Chico

Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...

Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...


Perfeição
Legião Urbana

Emiliano: Veja na CPI.
Por que não ?



O Conversa Afiada reproduz texto de Emiliano José:

Veja na CPI, por que não?


Emiliano José*


O Estado democrático não confere privilégios a ninguém. Não deveria. Digo isso a propósito dessa discussão sobre a eventual convocação do jornalista Policarpo Júnior à CPI do Cachoeira – e a depender das averiguações, do próprio Roberto Civita, o todo-poderoso da Editora Abril, a mão que balança o berço da revista Veja. Do meu ponto de vista, se houver, como há, claros indícios de participação da publicação nos propósitos criminosos de Carlinhos Cachoeira, não há atalhos possíveis para evitar a convocação de um deles, ou de ambos. O jornalista Luís Nassif tem insistido que se esqueça Policarpo Júnior porque o mandante de tudo é Roberto Civita.


É evidente que a discussão sobre o relacionamento dos jornalistas com a fonte não é simples. Lembro-me de um livro que li há muito tempo, de Yves Mamou, em que ele desenvolve a tese de que, longe de os jornalistas manipularem as fontes, são estas que os manipulam. É uma formulação que, em minha opinião, está muito próxima da verdade – ele trata no livro tanto do mundo dos negócios quanto do território da política.


Não há e não pode haver ingenuidade nessa relação, que é sempre um intercâmbio, uma troca. Há, sempre, um toma lá, dá cá – perigoso, tenso, delicado, sensível. E, nesse jogo, o jornalista pode esforçar-se para defender os interesses da sociedade, e não são todos que conseguem esse feito. Há aqueles que se submetem à fonte, aos interesses exclusivos da fonte, e aí, é claro, a notícia verdadeira, ou mais próxima da verdade, é sacrificada. E isso, como sabemos, não é raro.


Essa relação, nos dias de hoje, não pode ser pensada em termos individuais, como se o problema se circunscrevesse apenas à relação entre a fonte e o jornalista. Hoje, os jornalistas saem às ruas com a pauta pronta, com a ideia de provar uma hipótese elaborada na redação. São os editores que guiam os repórteres na sua relação com as fontes, mesmo que cada um tenha suas singularidades. Alguém pode imaginar um repórter de Veja cismando de pesquisar, aprofundar as denúncias contidas no livro do Amauri Júnior sobre as privatarias tucanas? Ora, ora, claro que não. A relação é mediada desde cima – a orientação editorial é que comanda a pauta e a relação fonte-jornalista, e o faz com mão de ferro, que ninguém se engane.


Dito isso, volto a nossa revista. Sabidamente, Veja se dedica, de modo militante, e sem nenhum escrúpulo, a combater o projeto político que o PT comanda no Brasil desde 2003. É uma revista filosófica e politicamente de direita – e nisso não haveria, em tese, nenhum mal. Bastava que fizesse isso observando algumas lições de manuais do jornalismo, que não chutasse tanto, não mentisse de modo tão desavergonhado, não fosse tão irresponsável e, agora podemos dizer, tão murdochiana. Sua visão tão sectariamente partidária – no amplo sentido da palavra, de ter um lado do qual não abre mão – faz com que mande às favas quaisquer escrúpulos e use quaisquer métodos, inclusive criminosos. O que fez Rupert Murdoch senão valer-se da arapongagem? E a Inglaterra soube reagir aos crimes daquele cidadão e suas empresas.


O que fez a revista nessa relação com sua fonte, Carlinhos Cachoeira? Poderia dizer que nos últimos anos tornou-se refém dela. Isso, no entanto, seria pouco. Veja terceirizou a pauta – é fácil perceber, pelo pouco que ainda sabemos, as muitas pautas que a fonte criminosa encomendou à revista, e foi prontamente atendida. Ou como a fonte atendeu a pedidos da revista para usar seus arapongas e construir matérias, verdadeiras ou falsas, muito mais falsas que verdadeiras. Pelas escutas divulgadas, a fonte comemorou tantas vezes o que Veja fazia, tudo previamente combinado. Muitas vezes comemorou com o senador Demóstenes Torres.


E é claro que Veja sabia quem era Carlinhos Cachoeira, a natureza de seus negócios, quem eram seus arapongas criminosos, quem era o senador Demóstenes Torres. Que justificativa há para tal, vá lá, conivência? Que justificativa há para tão íntima convivência? Que justificativa há para acobertar tantos crimes, inclusive contra o erário, que Veja, nos casos que seleciona, no mais das vezes sem critério, diz defender?


A CPI, instrumento que Veja sempre defendeu, é um instrumento do Estado de Direito. É um espaço democrático. Por que o medo da CPI? É só a revista se apresentar, se convocada, e provar que os mais de duzentos telefonemas trocados entre seu jornalista e Carlinhos Cachoeira atenderam aos critérios do bom jornalismo, aos interesses da sociedade. Ou não. E, se não, enfrentar as consequências. Simples assim.


* Artigo publicado orginalmente no site da revista Teoria e Debate. Emiliano José é professor-doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia, jornalista, escritor e suplente de deputado federal(PT/BA).

PHA

Uma CPI de pernas curtas com sintomas de anencefalia

Interferência direta do STF revela a falácia de independência entre os poderes da República
"A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral."Marquês de Maricá
Extraído do blog Brasil da Corrupção
Anote aí: essa CPI do Cachoeira tem todos os sintomas de um feto anencefálico que não resistirá à luz do dia. Que o diga o egrégio senador Pedro Simon, que jogou no lixo da esclerose a aura de vestal dos bons costumes ao escrevinhar no GLOBO (o que não é sua praia) a defesa prévia de intocáveis – o procurador geral e jornalistas que devem explicações como qualquer mortal – revestindo seus argumentos inusitados do verniz da boa intenção e até de epítetos axiomáticos.
.
Da sua lavra saiu a mesma fumaça da cortina que encobre o processo de cerceamento dos trabalhos de uma investigação parlamentar que se aceita como uma balela. Qualquer passo fora do acordado será estigmatizado com o anátema do diversionismo destinado a esvaziar o julgamento sensacional do que já foi julgado em prosa e versos nos mesmos palanques que o bravo senador gaúcho vê montarem na encenação de uma nova farsa em que, como observou, “os papéis foram bem distribuídos”, segundo seu raciocínio: “há também entre os membros da CPI quem se dedica a acusar jornalistas, numa clara ação de vindita que libera mágoas e ódios em acontecimentos passados”.
A este respeitado e celebrado prócer de carreira bem sucedida não ocorreu discutir o que consubstancia a independência e harmonia entre os poderes, nos termos sucintos do artigo segundo da sagrada Constituição republicana.
Nem lhe passou pela cabeça questionar a hermenêutica que levou um ministro dessa exibida suprema corte a interferir nos trabalhos da CPI para garantir ao principal indiciado, colarinho branco revestido em ouro, o “direito” de só depor depois de conhecer as acusações produzidas contra ele noutra esfera, a do Poder Executivo, como se a inquirição parlamentar estivesse apensada e condicionada forçosamente à investigação policial que, aliás, já havia sido abusivamente brecada em 2009 por um ato insustentável de um procurador que se acha acima do bem e do mal.
Não precisa ser advogado para saber que o traseiro não tem nada a ver com as calças. Mas a penca de causídicos que povoa esse parlamento acocorado engoliu a seco o pito do pináculo de um Judiciário que legisla todo santo dia, fazendo restar a quem tinha esse ofício a desabonadora senda do tráfico de influência na sombria cerimônia do “dá lá, toma cá”.
Quando li o título e a assinatura da matéria na página de opinião do GLOBO, nesta terça-feira, 15 de maio de 2012, imaginei que era desse constrangimento que o senhor Pedro Jorge Simon, professor de Direito, iria verberar na defesa da liberdade processual da CPI, cuja agenda independe do que se fez alhures, embora essa, com sua ânsia palanqueal, tenha sido montada como uma carroça diante dos bois: vai investigar o investigado por alguns delegados teimosos que, calados numa operação batizada de “Vegas”, romperam o cerco com outra, a “Monte Carlo”, matando várias coelhos com duas cajadadas.
Qual nada! O octogenário plêiade nem se tocou diante desse constrangimento dos seus pares, porque, com toda a experiência acumulada, sabe muito mais do que eu o que se passa por debaixo dos panos.
Carlos Augusto de Almeida Ramos, que este mês festejou na cadeia temporária seus bem vividos 49 anos, não é um Anizio Abraão qualquer, embora seja seu parceiro, irmão, camarada. E tenha começado sua intrépida carreira com o know-how levado para Goiás pelo pai, que foi da máfia do Castor.
Suas práticas foram tão ousadas que reduziram a cinzas própria lenda de Grigoriy Yefimovich Rasputin, o mago russo que embeveceu a tzarina Alexandra Feodorovna e deu as cartas em Petrogrado até às vésperas dos sete dias que abalaram o mundo, no outono conturbado de 1917.
Rasputin valia-se dos dotes da mistificação e da devassidão, oferecendo seu talento bandido a um império em decadência. Carlos Augusto, o Cachoeira, aprendeu a cercar pelas sete e a distribuir benesses a brancos e pardos, com o que alastrou incólume seu próprio império criminoso pelos meandros de todos os podres poderes, sendo certo que, à parte do jogo sujo que move a CPI, muito se teria a conhecer, fosse honesta a sua propositura e cirúrgico o seu proceder.
Não é demais relembrar o defeito de nascença dessa investigação parlamentar. Em geral, as congêneres fazem suas próprias descobertas e, em havendo lisura, as reúnem em relatórios destinados ao Ministério Público, que dá continuidade com a abertura do processo devido.
Essa se inspirou no samba do crioulo doido, pegou o bonde andando e chamou a si, para efeito artístico, o que a Polícia Federal já descobriu em dose dupla. Trata-se, portanto, de uma comissão sob desconfiança, que terá de garimpar com coragem e faro canino para usar o já apurado como bússola e ir onde os policiais não puderam chegar. E para mexer em qualquer vespeiro, indiferente à mau querência dos portadores de dotes avantajados.
Do contrário, essa CPI tem tudo para ser uma farsa, ao sabor dos cascateiros, transformando-se em antro de acordos dos cavalheiros de rabo preso.
Mal começou, aliás, e já mostrou essa fatalidade torpe e hipócrita. Quando o procurador Roberto Gurgel se disse minado pelos réus do “mensalão”, as entrelinhas de sua peroração portavam um recado.
Ele poderia estar lembrando também que daqui a pouco vai estar com o chicote nas mãos e na crista da onda. Muitos dos que o estão incomodando com a cobrança sobre o breque inexplicável que deu sobrevida à quadrilha do mago anapolino terão parceiros nos bancos dos réus e, quem sabe, da astúcia de cada um dependerá a catilinária na sua hora e vez.
Até prova em contrário, pelos defeitos de nascença, em contraste com os alvos principais e periféricos, temos muito pouco a esperar dessa CPI de medíocre coreografia.
Há toda uma cadeia de interesses armada para contigenciá-la, para limitar ao quarteirão o seu espaço investigatório, ao contrário do que aconteceu na CPI dos Correios, que atravessou o rubicão, farejou em outras paragens e só não chegou a derrubar um governo ou a impedir sua reeleição porque faltou autoridade moral aos que desejavam tal desfecho.
Será de uma pobreza frustrante se essa CPI ficar no que já está fazendo a Comissão de Ética do Senado em relação ao preposto do delinquente naquela casa. E se ciscar só no entorno dos negócios mais explicitamente ilegais já apontados. Essa organização criminosa, com a máfia italiana, tem tentáculos muito mais corrosivos nas frentes consentidas – e a construtora Delta não é seu único braço legal.
Também não ficará bem para o Congresso – e nisso o governador Marcondes Perillo tem razão – se cingir-se apenas aos mal feitos de uma única empreiteira, quando se sabe das traquinagens de outras muito mais ousadas.
Por que não resgatar os autos da “Operação Castelo de Areia”, que pôs na cadeia por alguns dias diretores da poderosa Camargo Corrêa, mas que o STJ demoliu com uma penada, sob a alegação de que houve escutas ilegais?
Por que não se avança no sentido de uma legislação de tolerância zero contra os corruptores que permanecem no proscênio, lépidos e fagueiros, em deslumbrantes farras parisienses, mesmo depois de desmascarados na fita, como aconteceu com a Locanty, Rufolo e outras terceirizadas, pilhadas oferecendo grana a granel a um suposto funcionário público?
Por quê? Ora, não precisa ser jornalista para concluir que num país de maus hábitos aceitos pela população como elementos culturais inevitáveis qualquer coisa não ultrapassa às muretas da conveniência, dos acordos compensatórios e da cristalização da impunidade como regra no trato com a coisa pública – regra cada vez mais pétrea e mais intocável.
O resto é matéria para vender jornal e dar audiência à mídia eletrônica.
*GilsonSampaio

Perdeu. Perdeu, milico torturador

GilsonSampaio
De: EEUU
Para: Comissão da Verdade
Com carinho.
Enfim, os EEUU poderão prestar um serviço de qualidade para o país.
Eis que de repente, não mais do que de repente, entra em campo o Arquivo de Segurança Nacional do império com o poder de escancarar o cofre-forte da ditadura.
Dona Comissão da Verdade, não dá mais para fazer de conta, o nome de seus/suas ilustres componentes está a beira do mesmo pântano pútrido em que se encontra a mídia vassala, corrupta e golpista.
Perdeu, milico. Perdeu, milico torturador. Perdeu, viuvinha da ditadura.
EUA podem ajudar Brasil a abrir 'caixa de Pandora' do regime militar
Pablo Uchoa
Da BBC Brasil em Washington

Peter Kornbluh (Foto: Divulgação)
Peter Kornbluh diz que Brasil deu passo histórico com criação da Comissão da Verdade
Os Estados Unidos devem ajudar o Brasil a abrir a "caixa de Pandora" do seu regime militar, contribuindo com a Comissão da Verdade que inicia os seus trabalhos nesta quarta-feira, disse à BBC Brasil um especialista americano em obter acesso a arquivos confidenciais históricos.
Peter Kornbluh, diretor de documentação sobre o Brasil no National Security Archive (Arquivo Nacional de Segurança), uma organização sem fins lucrativos vinculada à Universidade George Washington, acredita que o Brasil deu um passo histórico com a criação da Comissão, após o qual será impossível retroceder.

"Uma vez que a caixa de Pandora do passado for aberta, será muito difícil fechar a tampa novamente", diz, referindo-se aos segredos que podem ser revelados pela primeira vez, e que dariam início a um segundo debate no país, desta vez sobre justiça.
Kornbluh, um especialista em "abrir caixas de Pandora" usando a lei de acesso à informação americana, crê que as informações guardadas nos EUA podem ser valiosas principalmente diante da relutância das Forças Armadas brasileiras em abrir seus arquivos.
Sob pressão para ajudar no trabalho de comissões da verdade na região, ele diz, o governo americano tem liberado evidências ainda que atestem suas "políticas externas desabonadoras, reprováveis e imorais do passado", afirma Kornbluh.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil – O que o sr. acha da criação de uma Comissão da Verdade no Brasil?
"(Entre os documentos) pode haver relatórios detalhados sobre operações como a do Araguaia, que reportem a repressão que ocorreu."
Peter Kornbluh – É um momento significativo, de reconhecimento da história brasileira. Apesar de a Comissão em si não poder processar ninguém – o que é uma grande concessão aos militares – a verdade que será desenterrada por ela pode ser muito poderosa. Uma vez que a caixa de Pandora do passado for aberta, será muito difícil fechar a tampa novamente. Estou otimista que a Comissão levará à Justiça ao desvendar os crimes contra os direitos humanos cometidos durante o regime militar.
BBC Brasil – O que, na sua opinião, pode potencialmente ser revelado pela primeira vez a partir dos trabalhos da Comissão?
Kornbluh – No trabalho de historiadores e pesquisadores de direitos humanos, você não sabe o que não sabe. Embora pareça que muitos dos crimes durante as operações militares sejam conhecidos, se a Comissão da Verdade fizer valer a nova legislação de liberdade de acesso à informação e usar a cláusula desta lei para liberar documentos relativos aos direitos humanos, pode mudar a forma como a sociedade brasileira percebe o seu próprio passado.
BBC Brasil – O sr. mencionou a concessão feita de saída pela Comissão da Verdade no Brasil no sentido de não processar ninguém. Mas a comissão do Chile também começou com várias concessões e , mais tarde, houve condenações de militares no país.
Fotos de desaparecidos durante o regime militar (Agência Brasil)
Fotos de desaparecidos durante o regime militar
Kornbluh – A Comissão da Verdade também teve as mesmas restrições, vamos chamar assim, da brasileira. Estava significativamente restrita pela sombra da ditadura de Pinochet e pela ameaça de uma violênciarenovada por parte dos militares. Só foi estabelecida após Pinochet deixar claro que ela não poderia identificar perpetradores de crimes contra os direitos humanos. Mas o relatório extraordinário de dois volumes da Comissão se tornou base para uma discussão nova no Chile, sobre a busca pela verdade. E no fim, como todos sabem, o próprio Pinochet foi indiciado por crimes contra os direitos humanos. Levou anos, foi preciso muita paciência, mas como uma sociedade civilizada, o Chile caminhou da verdade para a Justiça. Os brasileiros também têm sido pacientes. O poder da informação que a Comissão brasileira gerar pode levar a um novo movimento por reconhecimento, prestação de contas e justiça.
"Há também muito mistério sobre como o ex-presidente João Goulart morreu, na Argentina, em 1976."
BBC Brasil – Como o sr. acha que as informações contidas nos arquivos americanos podem ajudar nessa tarefa?
Kornbluh – Um dos resultados mais claros do envolvimento americano em países latino-americanos na época é que os EUA tinham muitos conselheiros de contrainsurgência na região. As autoridades americanas documentaram o papel do Brasil contra a esquerda – não apenas brasileira, mas argentina, uruguaia , chilena – e o papel do Brasil na Operação Condor, uma colaboração liderada pelo regime de Augusto Pinochet no Chile com todos os regimes do Cone Sul. Entre os documentos de rotina do Departamento de Defesa, deve haver relatórios sobre a infraestrutura e as unidades das forças de segurança brasileira que podem ajudar a relacionar quem eram os responsáveis por determinadas regiões onde ocorreram abusos de direitos humanos. Além disso, pode haver relatórios operacionais detalhados e específicos sobre operações de contrainsurgência, operações como a do Araguaia, que reportem a repressão que ocorreu.
BBC Brasil – Há disposição dos EUA para abrir esses arquivos?
Kornbluh – Os documentos da natureza que estamos falando não são abertos rotineiramente. Os que são considerados altamente confidenciais – que são baseados em fontes dentro do regime militar brasileiro, ou os relatórios de inteligência preparados pela CIA – não são liberados rotineiramente e é preciso uma petição baseada na lei de acesso à informação. Mas hoje, apesar de todo o apoio dos EUA aos regimes autoritários da América Latina na época, a política americana para a região é de fortalecimento de instituições de direitos humanos e da democracia. Os EUA já ajudaram outros países – Guatemala, Peru, Equador – que tiveram comissões da verdade, praticando aquilo que eu chamo de "diplomacia dos documentos", revendo e liberando rapidamente os arquivos em seu poder para uso dessas comissões.
BBC Brasil – O sr. acredita que o mesmo ocorreria no caso brasileiro?
Kornbluh – Nossa organização espera trabalhar com a Comissão da Verdade brasileira para formular requerimentos detalhados junto ao governo americano de documentos cruciais, da mesma forma que assistimos comissões no Peru, Equador, Guatemala, El Salvador, etc.
BBC Brasil – Esses processos de revisão do passado podem levar a alguma autocrítica dos EUA sobre o seu envolvimento nos regimes autoritários latinoamericanos?
"Como uma sociedade moderna, (o Brasil) precisa não deixar pedra sobre pedra. Uma destas pedras é a falta de cooperação das Forças Armadas brasileiras."
Kornbluh – Preciso lembrá-lo que o governo americano tem liberado documentos e evidências de seu envolvimento em políticas externas desabonadoras, reprováveis e imorais do passado. Depois que o general Pinochet foi preso em Londres (em 1998), o governo Clinton, sob pressão de organizações como a nossa, e organizações de direitos humanos e de vítimas no Chile, concordou em liberar muitos documentos, incluindo centenas de registros operacionais da CIA para derrubar o governo de Salvador Allende e ajudar Pinochet a consolidar o seu regime. Não é como se tivéssemos autoridades americanas tentando esconder o papel dos EUA no passado. Mas sejamos claros, não é esse o objetivo da Comissão (brasileira) nesse momento. Não é expor o papel dos EUA no golpe no Brasil em 1964: é reunir documentos que possam descrever a repressão durante o período militar.
BBC Brasil – Há algum episódio ao qual o sr. particularmente gostaria de ter acesso?
Kornbluh – Eu pessoalmente gostaria de ver todas as comunicações telegráficas americanas no caso (da morte do jornalista) Vladimir Herzog e os relatórios do Departamento de Defesa sobre as operações de contrainsurgência e repressão contra os militantes da guerrilha do Araguaia. Há também muito mistério sobre como o ex-presidente João Goulart morreu, na Argentina, em 1976. Mas o mais importante é que o Brasil está respondendo a um processo ante a Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o caso do Araguaia e, para cumprir as exigências da Corte como uma sociedade moderna, precisa não deixar pedra sobre pedra. Uma destas pedras é a falta de cooperação das Forças Armadas brasileiras. Há no Brasil um setor militar resistente, que se recusa a abrir seus arquivos, dizendo repetidamente que destruiu toda a documentação que seria útil à Comissão da Verdade. Eu, pessoalmente, não acredito nisso. Na experiência de outros países, onde houve afirmações semelhantes, os documentos terminaram reaparecendo. E certamente se os documentos não reaparecerem, alguns documentos americanos devem prover informação valiosa.

Proponho que a Síndrome de Estocolmo seja renomeada para Síndrome de Paulista.


Mais um acidente ferroviário em São Paulo. Viva o Serra. Viva o Alckmin. Viva a tucanalhada privatista.
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Síndrome de Estocolmo é uma criação psicanalítica para explicar o fenômeno de quando a vítima se apaixona/simpatiza pelo algoz.
Proponho que a Síndrome de Estocolmo seja renomeada para Síndrome de Paulista.  Sim. O fenômeno paulista é mais repleto de significados do que o sueco, afinal, são mais de 20 anos de sequestro dos paulistas pela forças mais reacionárias do estado na figura da tucanalhada coadjuvada pelos demos.
- política de transporte público inexistente,
- educação pública motivo de chacota pelo país,
- polícia matadora,
- saúde de péssima qualidade,
- pedágios com preços escorchantes,
- enchentes anuais,
- políticas higienistas,
- coleção interminável de casos de corrupção não apurados,
- parceria com a mídia venal em troca de silêncio,
- judiciário repleto de escândalos,
- parceria com o mercdo imobiliário …
Com um pouco mais de esforço a lista se tornaria enfadonha leitura e, ainda assim, a paulistada insiste na identificação com o algoz tucanodemo.
Tem solução?
Com a palavra os psicanalistas, psicólogos, psiquiatras, sociólogos, cientistas sociais, Fundação Cobra Coral, pastores evangélicos, exorcistas católicos, pais de santo …
*GilsonSampaio