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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, abril 19, 2013
Brasil e mais 46 países prestigiam Nicolás Maduro
Já
em Caracas, a presidente Dilma Rousseff decidiu comparecer à posse de
Nicolás Maduro, agora à tarde, para fortalecer o reconhecimento
brasileiro à lisura do processo eleitoral venezuelano;
representante dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, pressionou o
chanceler Antonio Patriota, pedindo para que o Brasil questionasse as
eleições do último domingo.
Brasil 247 -
Ao lado de outros 46 chefes de Estado, a presidente Dilma Rousseff
prestigia, agora à tarde, a posse de Nicolás Maduro como presidente da
Venezuela. Antes da sua decisão de embarcar a
Caracas, o Brasil foi pressionado pelos Estados Unidos a não reconhecer
o novo governo venezuelano. A pressão foi feita por Susan Rice,
representante norte-americana na ONU, ao chanceler Antonio Patriota,
conforme relatou a jornalista Monica Bergamo.
Leia abaixo:
PAPEL PICADO
A
Venezuela foi tema do almoço entre Susan Rice, representante permanente
dos EUA na ONU, e o chanceler brasileiro Antonio Patriota, anteontem,
em Brasília. Ela defendeu anecessidade de
recontagem dos votos para que Nicolás Maduro seja reconhecido como
vencedor por outros países. Os diplomatas brasileiros rechaçaram. E até
citaram eleições nos EUA que foram questionadas.
PICADO 2
Um
dos diplomatas lembrou que, em 2000, mesmo com acusações de fraude na
eleição de George W. Bush, o Brasil reconheceu prontamente o resultado
--o Itamaraty diz que cabe aosistema interno
de cada país resolver esse tipo de questão e que os outros não poderiam
"meter a colher". Naquele ano, Bush foi declarado vencedor depois de a
Suprema Corte negar recontagem manual de votos na Flórida.
SOPA
A
Venezuela então saiu do cardápio e o almoço continuou em clima ameno.
Susan Rice saboreou um frango grelhado com vegetais feito especialmente
para ela. O prato principal do dia era ensopado de galinha-d'angola.
do BLOG DO SARAIVA
Posted: 18 Apr 2013 06:12 PM PDT
Há 130 anos, no dia 19 de julho de 1893, numa pequena aldeia de Bagdádi, na Geórgia, nascia Vladimir Vladimirovitch Maiakovski. Filho de Vladimir Konstantinovitch e Aleksandra Aleksieievna – ambos camponeses pobres –, Maiakovski tinha duas irmãs mais velhas: Liudmila e Olga.
A infância miserável – sobretudo após a transferência forçada de sua família para Moscou, após a morte de seu pai, em 1906 – e o contato precoce com o movimento revolucionário que despontava na Rússia marcariam para sempre a vida de Maiakovski.
Nessa época, todo o Império Russo foi sacudido pelas lutas sociais. Em 1905, após o massacre da polícia czarista a milhares de trabalhadores – também conhecido como o “Domingo Sangrento” – explodiram em vários cantos do País manifestações de operários, camponeses e soldados exigindo o fim da monarquia e a instauração de uma República Democrática. Era a Revolução de 1905. Maiakovski, com apenas 12 anos, que então já acompanhava os acontecimentos políticos através de jornais e panfletos socialistas, integrou-se ativamente às manifestações.
A partir daí, o jovem Maiakovski passa a ler vorazmente a literatura marxista. Em 1908, abandona o ginásio e entra para a ala bolchevique do Partido Operário Social-Democrata da Rússia (POSDR). Executa tarefas de propaganda em círculos operários. Chegou a ser eleito para o comitê municipal de Moscou. Era conhecido como camarada Constantin.
Maiakovski é preso pela primeira vez em 1908 numa tipografia clandestina, mas logo depois é liberado. Após se envolver na libertação de um conjunto de militantes do Partido que cumpriam pena, é preso novamente em 1909. Seu cárcere dura onze meses. Na prisão, lê muito, principalmente os clássicos da literatura – Dostoievski, Tolstoi, Gogol, Pushkin – e escreve poemas.
Desatai o futuro!
Ao sair da prisão, decide aprofundar seus conhecimentos em arte. Entra, então, para a Escola de Belas Artes de Moscou para estudar pintura. Lá conhece o pintor e poeta David Burliuk e, juntamente com outros artistas, lança, em 1912, o manifesto “Bofetada no gosto público”, criando o movimento cubo-futurista russo.
Revolta contra as amarras do passado, destruição do culto estéril dos clássicos, busca por inovações nas formas de expressão artística eram as características fundamentais do movimento. Seus integrantes foram fortemente criticados, até serem expulsos da Escola de Belas Artes. O futurismo russo diferenciava-se muito do futurismo surgido na Itália, sob a direção de Marinetti. Enquanto este passou a defender abertamente a guerra imperialista (e tempos depois o fascismo de Benito Mussolini), os futuristas russos abraçaram, quase em uníssono, a vitoriosa Revolução de Outubro de 1917, incorporando-se à construção da nova sociedade. O próprio Maiakovski foi quem disse: “Aderir ou não aderir? Esta questão não se colocava para mim (nem para os outros futuristas moscovitas). Era a minha revolução. Eu fui ao Smolny. Trabalhei em tudo que me vinha às mãos”. Seus versos de luta eram cantados pelos soldados do Exército Vermelho enquanto ocupavam o Palácio de Inverno: “Come o ananás, mastiga a perdiz,/Teu último dia está chegando, burguês!”.
A arte é indústria, o artista é operário
Maiakovski trabalhou febrilmente pela Revolução. Seu objetivo maior era forjar uma arte renovada, tanto na forma como no conteúdo, capaz de elevar a cultura geral das massas e prepará-las para os enormes desafios da nova pátria soviética. No poema “O poeta-operário”, afirma que a arte é um trabalho, uma produção que deve ter um sentido concreto, imediato, um valor social útil, tal como a produção dos bens materiais da sociedade. Por isso, defendia a opinião de que o artista revolucionário deve encarar-se como um trabalhador, um operário das artes, “a esculpir a tora da cabeça humana” e a “pescar homens vivos”. Somente assim conseguirá fundir-se com o povo e transformar sua obra artística em produtos de consumo úteis para os trabalhadores.
Sua poesia expressa muito bem essa confiança e a admiração inquebrantável pela Revolução, como parteira do novo mundo e do novo homem, livres da exploração. “Nossa Marcha”, “À Esquerda”, “Versos sobre o passaporte soviético”, “Nós, os Comunistas”, “150 milhões”, “A plenos pulmões” são apenas alguns exemplos. É dele também o épico “Vladimir Ilitch Lênin”, poema com mais de três mil versos em homenagem ao chefe maior da Revolução, falecido em 1924. Maiakovski não cansava de repetir, nas palestras e recitais que fazia por toda a União Soviética e nos países que percorreu: “Sem o comunismo não existe amor”.
O poeta solar resplandece!
Além da poesia, escreveu ensaios teóricos, peças de teatro e roteiros para cinema. Atuou – a maioria das vezes como ator principal – e ajudou a conceber os cenários e figurinos das montagens de seus textos. Durante a guerra civil, entre 1918 e 1921, esteve à frente da Rosta (sigla em russo da Agência Telegráfica Russa), pintando inúmeros cartazes de agitação e propaganda. Em todas essas obras promovia a emulação socialista, incitando o povo a impulsionar a produção econômica e a lutar contra os inimigos, internos e externos, da revolução e contra os resquícios da moral burguesa, como o individualismo e o burocratismo. Manteve contatos estreitos e projetos paralelos com outros grandes nomes da arte soviética, como Máximo Gorki, Serguei Eisenstein e Dziga Vertov, o compositor Shostakovitch e o dramaturgo Meyerhold.
A todos!…Eu morro, não culpeis disso a ninguém.E nada de falatórios. O defunto tinha horror a isso.Mamãe, minhas irmãs, meus camaradas, perdoem-me, isto não é um meio (não o aconselho a ninguém), mas para mim não há outra saída.Lili, ama-me.Camarada governo, minha família é Lilia Brik1, mamãe, minhas irmãs e Verônica Votoldnovna Polonskaia: Se tu lhes torna a vida possível, obrigado.Os poemas começados dai-os aos Brik. Neles reencontrarão.Como se diz:“O incidente está encerrado”o barco do amorquebrou-se contra a vida cotidianaestou quite com a vidaInútil passar em revistaAs doresAs desgraçasE os erros recíprocos.Sede felizes!V.M.
Com estas trágicas palavras, Vladimir Maiakovski despedia-se do mundo. Suicidou-se com um tiro no peito em 14 de abril de 1930, com quase 38 anos.
A comoção foi geral. Morria um dos artistas mais proeminentes, versáteis, entusiasmados e populares da história soviética e “o melhor, o mais talentoso poeta da nossa era soviética”, nas palavras de Stálin. Seu funeral contou com a presença de aproximadamente 150 mil pessoas. Em “A extraordinária aventura acontecida a Vladimir Maiakovski”, escrita em 1920, descreve-se um fabuloso encontro: o poeta desafia o sol a descer do céu para fazer-lhe uma visita. Este aceita o convite e os dois logo se tornam amigos. Por fim, fazem o pacto de brilhar eternamente, cada um à sua maneira, com seus “feixes de luz e versos”, para eliminar as trevas do mundo. Neste belíssimo poema, Maiakovski resume a essência revolucionária de sua vida e sua obra, inteiramente dedicadas à alvorada comunista da humanidade, que ainda nos dias atuais povoa a esperança e a luta dos homens e mulheres em todo o globo:
Jonatas Henrique, Belo HorizonteIluminar para sempreIluminar tudoAté os últimos dias da eternidadeIluminar!O resto não importa.Tal é o meu lema,Igual ao do sol.
*AverdadeNotas:1 Lília Brik (1891-1978): escritora russa, casada com o pintor Óssip Brik. Maiakovski conheceu o casal em 1915 e desde então o poeta manteve um romance conturbado com Lilia. “A Flauta-Vértebra”, “Amo”, “A propósito disto”, “Guerra e Paz – Dedicatória”, “Minha Pequena Lília: Para servir de carta”, são alguns dos escritos dedicados a ela.Bibliografia:- MAIAKÓVSKI, Vladimir. Maiakovski: vida e poesia. São Paulo: Martin Claret, 2006. 218p.- SCHNAIDERMAN, Boris. A poética de Maiakovski. São Paulo: Perspectiva, 1971. 300p. (Debates, 39)- RIPELLINO, Angelo Maria. Maiakovski e o teatro de vanguarda. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1986. 281p. (Debates, 42)
quinta-feira, abril 18, 2013
Entre a foice e o martelo: Marx vive
Por Pável Blanco Cabrera
Se
a obra de Marx se limitasse ao Manifesto do Partido Comunista ou a O
Capital seria já uma realização gigantesca. Mas é muito mais
ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada descoberta
científica, cada argumento levantado por ele arma os explorados e
todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe
dominante, a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente,
assimilar a dialética, é uma obrigação para os revolucionários
que aspiram a mudar o mundo.
As
contribuições de Karl Marx são atuais; a sua obra, elaborada em
conjunto com o seu íntimo camarada F. Engels, desenvolvida e
enriquecida por V. I. Lenine, é o guia para a emancipação do
proletariado e de toda a humanidade.
Marx
foi um homem de teoria e ação; com ele, a dissociação entre ser
e pensar, velho problema da filosofia, foi superada pela primeira
vez, pois, como afirmou nas Teses sobre Feuerbach, não se trata
apenas de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.
A
sua obra não se limita ao Manifesto do Partido Comunista, ou a O
Capital, é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho;
cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele, arma
os explorados e todas as classes oprimidas contra os exploradores,
contra a classe dominante, a classe burguesa. Estudar a sua obra
integralmente, assimilar a dialéctica, é uma obrigação para os
revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
Surpreende
a atualidade da sua conclusão científica, ao estudar o modo de
produção baseado na propriedade privada e no trabalho assalariado,
de que o «sórdido segredo da exploração capitalista é a
mais-valia».
O
marxismo é o materialismo dialéctico, o materialismo histórico, a
economia política, o socialismo científico, e deve ser
integralmente assimilada pelos trabalhadores do mundo. Houve
tendências positivistas, dogmáticas, mecanicistas, que, pondo de
parte o materialismo dialéctico, corromperam a teoria
revolucionária.
Marx
integrou de forma contundente no seu trabalho a ditadura do
proletariado, a violência revolucionária como parteira da história,
a classe trabalhadora como sujeito da História, coveira do
capitalismo. Quão surpreendente é que alguns dos que se dizem seus
seguidores neguem qualquer um desses elementos essenciais. Marx
voltaria a sua pena afiada contra esses “acadêmicos” que o
negam, que procuram suavizá-lo, convertendo-o em “teoria crítica”,
anulando o seu carácter subversivo, partidário, determinado a não
se deixar acorrentar às paredes da universidade. Que falácia a dos
que querem limitá-lo a um democrata, um humanista, um sonhador. O
Prometeu de Tréveris foi um homem de partido, um militante, um
conspirador e escreveu, não para a carreira, não para obter um
mestrado ou um doutoramento, mas para dar elementos à luta de
classes. Não fez da academia o abrigo confortável, assumiu as
consequências de ser revolucionário profissional: a perseguição,
o exílio, a fome.
Quanto
dano fazem aqueles que negam a teoria nos fatos, esses pragmáticos
que não têm a disciplina e a abnegação que o estudo e a produção
teórica requerem, mas também aqueles que produzem uma “teoria”
que não contribui nada, procurando emendar o marxismo-leninismo,
que, pelo ego, procuram publicar textos ininteligíveis para a nossa
classe. Há que enriquecer o marxismo, estreitamente vinculado ao
conflito social, ao fortalecimento dos partidos comunistas, tendo em
conta a evolução da ciência, as experiências do proletariado.
Marx
e Engels sempre observaram a necessidade de o proletariado se tornar
classe, mas também o carácter internacionalista da sua luta; a
senha lançada no início da Revolução de 1848 está tão viva como
sempre: Proletários de todos os países, uni-vos! Para enfrentar o
capital internacional, o imperialismo eufemisticamente chamado de
globalização ou mundialização. Não importa se é mexicano, ou
alemão, ou americano, venezuelano, colombiano, cubano ou grego, hoje
a luta dos trabalhadores é contra o poder dos monopólios, classe
contra classe; hoje, a luta é entre capital e trabalho.
Na
Crítica ao Programa de Gotha e em vários outros textos, Marx
definiu uma alternativa anticapitalista, o socialismo-comunismo, não
andou pela rama do taticismo. Desde o Manifesto insistiu, com
Engels, que os comunistas devem apresentar-se com o seu programa, com
franqueza, sem o esconder, dados os limites históricos do
capitalismo. Hoje alguns dizem-se marxistas, mas quando se fala sobre
a alternativa ao capitalismo, chamam-lhe pós-capitalismo, ou dizem
que é uma questão para discussão posterior. Marx deu-lhe nome e
conteúdo, chama-se socialismo-comunismo e é baseado na ditadura do
proletariado, na socialização dos meios de produção.
Marx
continua em vigor nos dias de hoje, em que a economia segue ciclos
descobertos por ele e está em crise. Em vão o mataram tantas vezes,
pois sempre regressa à consciência da classe operária e de todos
os oprimidos.
Marx,
o comunista, o homem de Partido, jornalista de classe e democrata, o
revolucionário, o internacionalista, o homem da teoria e da prática,
Marx vivo.
*Primeiro
Secretário do Partido Comunista do México
Traduzido por André Rodrigues P. da Silva
Publicado originalmente em ODiário.info
Traduzido por André Rodrigues P. da Silva
Publicado originalmente em ODiário.info
Posted 22 hours ago by Carlos Everardo Silva
*centrodosocialismo
Maduro aos Estados Unidos: “Não nos importa seu reconhecimento”
Do Portal Vermelho
“Não nos importa seu reconhecimento”, assinalou nesta quarta-feira (17) o presidente eleito venezuelano, Nicolás Maduro, dirigindo-se aos Estados Unidos, depois que este país condicionou o reconhecimento à recontagem dos votos.
“Não reconheçam nada, não nos importa seu reconhecimento. Nós decidimos ser livres e vamos ser livres e independentes, com vocês ou sem vocês”, disse Maduro.
O secretário estadunidense de Estado, John Kerry, anunciou nesta quarta-feira que Washington não está disposto a reconhecer a vitória de Maduro nas eleições de domingo, enquanto não se faça a recontagem de votos na Venezuela.
A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, em visita ao Brasil na quarta-feira, defendeu a mesma opinião e revelou a mesma disposição de ingerência nos assuntos internos da Venezuela. O chanceler brasileiro Antonio Patriota refutou a diplomata norte-americana e reafirmou a posição do governo da presidenta Dilma Rousseff de reconhecer o resultado da eleição venezuelana.
Com agências
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=211309&id_secao=7
A volta do filho (de papai) pródigo ou a parábola do roqueiro burguês
Nem todo direitista é derrotista, mas todo derrotista é direitista. Reparem no capricho do léxico: as duas palavras são quase idênticas. Ambas têm dez letras, soam similares e até rimam. Se você tem dúvida se alguém é de direita observe essas características. Começou a falar mal do Brasil e dos brasileiros, a demonstrar desprezo por tudo daqui, a comparar de forma depreciativa com outros países, é batata. Derrotista/direitista detectado.
Temos hoje no Brasil duas personalidades célebres pelo derrotismo explícito e pelo direitismo não assumido: os roqueiros Lobão e Roger Moreira, do Ultraje a Rigor. Eu ia citar também Leo Jaime, outro direitoso do rock nacional, mas não posso classificá-lo como um derrotista típico –fora isso, no entanto, cabe perfeitamente no figurino que descreverei aqui. Os três são cinquentões: Lobão tem 55, Roger, 56 e Leo, 52.
Da geração dos 80, Lobão sempre foi meu favorito. Eu simplesmente amo suas canções. Para mim, Rádio Blá, Vida Bandida, Vida Louca Vida e Decadence Avec Elegance são clássicos. Além de Corações Psicodélicos, em parceria com Bernardo Vilhena e Julio Barroso, ai, ai… Adoro. E não é porque Lobão se transformou em um reacionário que vou deixar de gostar. Sim, Lobão virou um reaça no último. Alguém que voltasse agora de uma viagem longa ao exterior ia ficar de queixo caído: aquele personagem alucinado, torto, jeitão de poeta romântico, que ficou preso um ano por porte de drogas, se identifica hoje com a direita brasileira mais podre.
Não me importa que Lobão critique o PT ou qualquer outro partido. O que me entristece é ele ter se unido ao conservadorismo hidrófobo para perpetrar barbaridades como a frase, dita ano passado, em tom de pilhéria: “Há um excesso de vitimização na cultura brasileira. Essa tendência esquerdista vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização a quem seqüestrou embaixadores e crucificam os torturadores, que arrancaram umas unhazinhas”. No twitter (@lobaoeletrico), se diverte esculhambando o país e os brasileiros, sempre nos colocando para baixo. “Antigamente éramos um país pobre e medíocre… terrível. Hoje em dia somos um país rico e medíocre… pior ainda”, escreveu dia desses.
Os anos não foram mais generosos com Roger Moreira, do Ultraje. O cara que cantava músicas divertidíssimas como Nós Vamos Invadir Sua Praia, Marylou ou Inútil virou um coroa amargo que deplora o Brasil e vive reclamando de absolutamente tudo com a desculpa de ser “contra os corruptos”. É um daqueles manés que vivem com a frase “imagine na Copa” na ponta da língua para criticar o transporte público, por exemplo, sem nem saber o que é pegar um ônibus. Os brasileiros, segundo Roger, são um “povo cego, ignorante, impotente e bunda-mole”. Sofre de um complexo de vira-lata que beira o patológico. Ao ver a apresentação bacana dirigida por Daniela Thomas ao final das Olimpíadas de Londres, tuitou, vaticinando o desastre no Rio em 2014: “Começou o vexame”. Não à toa, sua biografia na rede social (@roxmo) é em inglês.
Muita gente se pergunta como é que isso aconteceu. O que faz um roqueiro virar reaça? No caso de ambos, a resposta é simples. Tanto Roger quanto Lobão são parte de um fenômeno muito comum: o sujeito burguês que, na juventude, se transforma em rebelde para contrariar a família. Mais tarde, com os primeiros cabelos brancos, começa a brotar também a vontade irresistível, inconsciente ou não, de voltar às origens. Aos poucos, o ex-revoltadex vai se metamorfoseando naqueles que criticava quando jovem artista. “Você culpa seus pais por tudo, isso é um absurdo. São crianças como você, é o que você vai ser quando você crescer” –Renato Russo, outro roqueiro dos 80′s, já sabia.
O carioca Lobão, nascido João Luiz Woerdenbag Filho, descendente de holandeses e filhinho mimado da mamãe, estudou a vida toda em colégio de playboy, ele mesmo conta em sua biografia. O paulistano Roger estudou no Liceu Pasteur, na Universidade Mackenzie e nos EUA. Nada mais natural que, à medida que a ira juvenil foi arrefecendo –infelizmente junto com o vigor criativo– o lado burguês, muito mais genuíno, fosse se impondo. Até mesmo por uma estratégia de sobrevivência: se não estivessem causando polêmica com seu direitismo, será que ainda falaríamos de Roger e Lobão? Eu nunca mais ouvi nem sequer uma música nova vinda deles. O Ultraje, inclusive, se rendeu aos imbecis politicamente incorretos e virou a “banda do Jô” do programa de Danilo Gentili.
Enfim, incrível seria se Mano Brown ou Emicida, nascidos na periferia de São Paulo, se tornassem, aos 50, uns reaças de marca maior. Pago para ver. Mas Lobão e Roger? Normal. O bom filho de papai à casa torna. A família deles, agora, deve estar orgulhosíssima.
*socialistamorena
Joaquim Barbosa é o nosso Tatcher
Do Diário do Centro do Mundo - 18 de abril de 2013
Raras vezes alguém atraiu tanta raiva como JB com sua continuada inclemência.
Paulo Nogueira
Saulo Jagger, meu amigo, me fez uma pergunta: quem é nosso Thatcher? Ele ficara impressionado com a alegria irreprimível que se espalhara pelo Reino Unido com a notícia da morte de Margaret Thatcher.
Na amostra mais formidável deste ódio, as pessoas levaram uma música velhíssima do Mágico de Oz ao topo da parada de sucessos ao comprá-la obsessivamente: Ding Dong! The Witch is Dead.
Não soube o que responder na hora. A resposta mais óbvia não era a melhor: Serra. As malvadezas de Serra, como o célebre atentado da bolinha de papel, não são bastantes para credendiá-lo a um ódio nacional tão forte como o dedicado pelos britânicos a Thatcher. Até porque ele não teve poder suficiente para causar estragos.
Mas agora ficou claro para mim quem é nosso Thatcher: é Joaquim Barbosa.
Muitas garrafas de uísque ou de cachaça haverão de ser abertas para comemorar a notícia de sua morte, por mais anos se passem depois que ele saia dos holofotes. No caso de Thatcher, foram cerca de 25 anos.
O que me trouxe o nome de JB à mente para a pergunta de Saulo foi o gesto de abjeta mesquinharia dele de negar mais prazo de recursos aos réus do mensalão.
Ora, a cada dia que passa, crescem as dúvidas em relação ao caso. E estamos falando em penas de vários anos de cadeia.
Mesmo juízes do Supremo que condenaram os réus admitiram que se deve dar mais prazo para os recursos.
Mas Barbosa não: permaneceu agarrado a sua monumental falta de grandeza.
A quem ele agrada assim? À justiça? Talvez não, tantas são as dúvidas em relação ao julgamento.
À Globo?
Com certeza. Mas sabemos todos quais são os reais interesses da Globo: basta olhar para a lista de bilionários da revista Forbes.
Tenho para mim que Barbosa imagina que a bajulação que recebe da Globo, ou da Veja, é suficiente para garantir um bom lugar na posteridade.
Mas é uma ilusão.
Murdoch louvou Thatcher em todos os momentos: em sua chegada ao poder, durante os dias de primeira ministra e na vida pós-Downing Street.
Mas não foi Murdoch que prevaleceu no julgamento popular da era Thatcher. A condenação veio da voz rouca das ruas, que empresa de mídia nenhuma controla, por maior que seja – e o império de Murdoch faz o dos Marinhos parecer a Gazeta de Pinheiros.
Barbosa é a negação do brasileiro tolerante, cordial, simpático, magnânimo. E exerce o poder que lhe caiu no colo num acaso lastimável com uma severidade e uma impiedade que parecem muito acima de sua competência como magistrado.
É o nosso Thatcher.
Paulo Nogueira. Jornalista Paulo Nogueira baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
*Saraiva
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