Foi-se o tempo em que a homofobia só escutava eco e aplausos. Agora tem vaia
Foto: internet
Por Miguel Rios
O que
dói no homofóbico é a derrota que se amplia. De goleada. Dói é a torcida
adversária comemorar mais alto, enquanto ele, defasado, sai de fininho
do estádio. Sai de nariz em pé, mas de alma cabisbaixa. Resta-lhe passar
recibos com aquele discurso de Facebook já desmascarado, embalado
naqueles quadradinhos de diagramação tosca. Arde nele ver famílias
LGBTTs cada vez mais aí, sem timidez, sem medo, com direitos, aceitas,
felizes.
Dói no homofóbico é perceber que deu em nada empurrar um hipócrita oportunista na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Chateou o outro lado e aumentou a vontade e a perseverança de ir à luta. Protesto dia a dia.
Enche ele de ódio ver o Conselho Nacional de Justiça dar mais um passo à frente. Casamento civil aprovado. Aquela histeria de fim da família, de apocalipse antecipado, cansou, provou ser papo burro, de fanático. Vários países foram na mesma direção e nenhuma notícia de que a população enveadou, sapatizou, se acabou.
Previsões fracassadas, superadas. Tanto quanto as de que o divórcio destruiria a estrutura das pessoas, de que casamentos inter-raciais manchariam a integridade da nação. As pessoas se adaptaram, sobreviveram, miscigenaram, seguiram suas vidas. Descobriram novas formas de amar, de se relacionar.
Agride o homofóbico saber que uma transexual é diretora de escola infantil no Paraná, eleita pela comunidade, e vai, muito bem obrigada, no cargo. Que os alunos a enxergam como educadora e, tudo bem, trans.
Arde ainda mais ver que os amigos héteros dos gays continuam héteros. Os simpatizantes, os que ele julgava mal assumidos, são cada vez mais em número, em engajamento, sem interesse algum em troca-troca, somente brodagem, consciência. Dói no homofóbico notar que o isolamento é algo tão dele.
Amedronta um homofóbico que em breve deve surgir a campanha: Salve um homofóbico da própria heterofobia. É ele quem teme pelo fim de sua orientação.
Apenas ele a acha uma farsa, sem força para resistir à libertação das outras. Somente ele crê que a humanidade será extinta, que há uma apologia ao arco-íris, que um kit antipreconceito escolar é uma conspiração gay para hipnose coletiva das crianças brasileiras.
Tira o tapete enxergar que o jeito hétero de andar, de vestir, de falar, de se portar deixou de ser o correto e único. Se um cara usa saia, vai para a faculdade e é vítima de chacota, outros caras, dos mais diversos, se unem e usam saia juntos para defendê-lo.
Dói no homofóbico é perceber que deu em nada empurrar um hipócrita oportunista na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Chateou o outro lado e aumentou a vontade e a perseverança de ir à luta. Protesto dia a dia.
Enche ele de ódio ver o Conselho Nacional de Justiça dar mais um passo à frente. Casamento civil aprovado. Aquela histeria de fim da família, de apocalipse antecipado, cansou, provou ser papo burro, de fanático. Vários países foram na mesma direção e nenhuma notícia de que a população enveadou, sapatizou, se acabou.
Previsões fracassadas, superadas. Tanto quanto as de que o divórcio destruiria a estrutura das pessoas, de que casamentos inter-raciais manchariam a integridade da nação. As pessoas se adaptaram, sobreviveram, miscigenaram, seguiram suas vidas. Descobriram novas formas de amar, de se relacionar.
Agride o homofóbico saber que uma transexual é diretora de escola infantil no Paraná, eleita pela comunidade, e vai, muito bem obrigada, no cargo. Que os alunos a enxergam como educadora e, tudo bem, trans.
Arde ainda mais ver que os amigos héteros dos gays continuam héteros. Os simpatizantes, os que ele julgava mal assumidos, são cada vez mais em número, em engajamento, sem interesse algum em troca-troca, somente brodagem, consciência. Dói no homofóbico notar que o isolamento é algo tão dele.
Amedronta um homofóbico que em breve deve surgir a campanha: Salve um homofóbico da própria heterofobia. É ele quem teme pelo fim de sua orientação.
Apenas ele a acha uma farsa, sem força para resistir à libertação das outras. Somente ele crê que a humanidade será extinta, que há uma apologia ao arco-íris, que um kit antipreconceito escolar é uma conspiração gay para hipnose coletiva das crianças brasileiras.
Tira o tapete enxergar que o jeito hétero de andar, de vestir, de falar, de se portar deixou de ser o correto e único. Se um cara usa saia, vai para a faculdade e é vítima de chacota, outros caras, dos mais diversos, se unem e usam saia juntos para defendê-lo.
Dói no
homofóbico surrar, quebrar lâmpadas na cara e presenciar socorro,
testemunhas a favor da vítima, prisão e processo. Magoa saber que não é
mais a última voz, que comunga com o pensamento geral, o vingador dos
bons costumes.
Não é mais o superior e inquestionável. Tem revide. Tem cobrança. Tem gente, muita gente, falando contra do outro lado. Têm até grandes marcas abraçando a causa: American Express, Coca-Cola, Itaú, Smirnoff, Halls. Acabou a solidão e a conformação do homo oprimido de que “o mundo é assim mesmo, sou o errado, nada posso fazer”.
O homofóbico estrebucha diante dos LGBTTs que deixaram de ser domesticados, pacatos, submissos. Espanta-se por seu comportamento de tirano bonzinho não enganar mais.
Aquela frase “eu não sou preconceituoso, mas...” já está manjada, desacreditada. O “mas” denuncia. A maciez que vem antes é balela, mero escudo decorativo para esconder a face raivosa e fazer de conta que o que vem depois é sensatez, um conselho para a melhor convivência. O que vem depois? Coisa do tipo: “gays não deveriam expor as pessoas à sua conduta”, “tanta exibição só prejudica que as famílias compreendam os homossexuais”. Traduzindo: “se ajoelhe e me reconheça como o maioral”.
O homofóbico se coça por gays e lésbicas terem entendido que liberdade é conquista e não doação. Que se ficassem acomodados aos bons modos héteros, não sairiam do canto, seriam sempre os injustiçados e roubados, aqueles a quem se dá bom dia, que até se aperta a mão, mas que nunca se deixa perto das crianças por muito tempo. As migalhas de carinho e aceitação ganharam o real sentido do “Unhum! Me engana que eu gosto. Senta lá, Cláudia”.
A urticária homofóbica aumenta quando a teoria da ditadura gay é varrida para o lixo. Quem humilhou primeiro? Quem ditou primeiro as regras? Não busca em uma criança sua orientação sexual. Determina-se: menino é macho, menina é fêmea. A ditadura do “meu filho nunca, prefiro morto”.
Não é mais o superior e inquestionável. Tem revide. Tem cobrança. Tem gente, muita gente, falando contra do outro lado. Têm até grandes marcas abraçando a causa: American Express, Coca-Cola, Itaú, Smirnoff, Halls. Acabou a solidão e a conformação do homo oprimido de que “o mundo é assim mesmo, sou o errado, nada posso fazer”.
O homofóbico estrebucha diante dos LGBTTs que deixaram de ser domesticados, pacatos, submissos. Espanta-se por seu comportamento de tirano bonzinho não enganar mais.
Aquela frase “eu não sou preconceituoso, mas...” já está manjada, desacreditada. O “mas” denuncia. A maciez que vem antes é balela, mero escudo decorativo para esconder a face raivosa e fazer de conta que o que vem depois é sensatez, um conselho para a melhor convivência. O que vem depois? Coisa do tipo: “gays não deveriam expor as pessoas à sua conduta”, “tanta exibição só prejudica que as famílias compreendam os homossexuais”. Traduzindo: “se ajoelhe e me reconheça como o maioral”.
O homofóbico se coça por gays e lésbicas terem entendido que liberdade é conquista e não doação. Que se ficassem acomodados aos bons modos héteros, não sairiam do canto, seriam sempre os injustiçados e roubados, aqueles a quem se dá bom dia, que até se aperta a mão, mas que nunca se deixa perto das crianças por muito tempo. As migalhas de carinho e aceitação ganharam o real sentido do “Unhum! Me engana que eu gosto. Senta lá, Cláudia”.
A urticária homofóbica aumenta quando a teoria da ditadura gay é varrida para o lixo. Quem humilhou primeiro? Quem ditou primeiro as regras? Não busca em uma criança sua orientação sexual. Determina-se: menino é macho, menina é fêmea. A ditadura do “meu filho nunca, prefiro morto”.
Atitude de menino boa é coçar o saco, falar de futebol e de mulher nua.
Boa menina é virginal, meiga e louca para casar, comandar o lar
É uma trilha retilínea, férrea. E o trem, que atropelou por muito tempo, ainda atropela, ainda ofende, proíbe, espanca e mata. Não se é morto, expulso de casa, achincalhado na rua por ser hétero, já por ser homo... Ditadura de quem mesmo?
Mas o homofóbico quer inverter e falsear realidades, se fazer de vítima, de perseguido, de tolhido em sua expressão. Quem disse que ele não pode falar? Ele não pode é falar sozinho, ser a última palavra como quer e se acostumou a ser. Têm respostas. Respostas que lhe irritam os ouvidos.
Foi-se o tempo em que a homofobia só escutava eco e aplausos. Agora tem vaia. Tem frustração e gozação pelas fajutas tentativas de orgulho hétero, atos de nenhuma coragem, nenhuma contestação, de uma luta sem metas, sem valia, com beijaços públicos também conhecidos como cotidiano.
O homofóbico se dói pelo descrédito que ele próprio fabrica. Ele se machuca por recalque, esse misto de ódio e paranoia, de placar contrário aos 45 do segundo tempo. Jogo perdido. A dorzinha dele é contusão boba, quando não fingida, para impressionar o juiz. Catimba. Cartão amarelo e Gelol resolvem.
*Mariadapenhaneles