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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, outubro 19, 2013
PF também vai investigar ex-diretor propineiro da CPTM
Pensava-se que eram "somente" US$ 6,8 mi os valores das propinas pagas
pela Alstom aos governantes do PSDB. De acordo com a justiça Suíça,
estes valores ja estão em US$ 836 mil, ou, R$ 1,2 bilhão
Com a no caso, sendo aberta uma verdadeira "caixa de Pandora", com a
vinda à tona desse escândalo. Trata-se de uma verdadeira formação de
quadrilha e pagamento de propina em licitações para a compra de
equipamentos, a construção e a manutenção de linhas de trem e metrô em
São Paulo. O negócio é bilionário. Os cabeças da trama já começam a
aparecer. E não são peixes pequenos, não. A coisa toda chega até a
todos os governadores do PSDB. É um salve-se quem puder. Mas, os meus
queridos leitores perguntam: Algum tucano vai parar na cadeia?
Jornal O Estado de São Paulo dessa sexta feira (18): Polícia Federal
recebe papéis da Suíça que mostram depósitos de US$ 836 mil na conta de
João Zaniboni, que atuou na estatal nos governos Covas e Alckmin
A Polícia Federal vai investigar o engenheiro João Roberto Zaniboni,
ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) nos
governos dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin, entre 1999 e 2003. A
investigação tem base em documentos bancários que há uma semana o
Ministério Público Federal encaminhou à PF.
Estão entre os papéis extratos da conta Milmar, no Credit Suisse de Zurique, por meio da qual Zaniboni recebeu depósitos no valor global de US$ 836 mil, supostamente dinheiro oriundo de corrupção por favorecimento à multinacional Alstom.
Os documentos originais chegaram ao Brasil em fevereiro de 2011, endereçados ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) - braço do Ministério da Justiça a quem cabe o papel de autoridade central para rastrear fortunas ilícitas de cidadãos brasileiros em paraísos fiscais.
No entanto, a PF nunca recebeu aquelas provas contra Zaniboni - o que só ocorreu há uma semana - que poderiam ser incluídas no inquérito 222/2008, investigação sobre pagamento de propinas a políticos do PSDB e ex-dirigentes de estatais paulistas, a partir dos anos 90, no setor de energia.
Como já relatou o caso Alstom, com indiciamento criminal de onze alvos, a PF decidiu encartar o dossiê Zaniboni nos autos de outro escândalo, o inquérito Siemens, multinacional alemã que fechou acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), também vinculado à pasta da Justiça.
As peças que só agora estão em poder da PF são as mesmas que aportaram no Brasil há 2 anos e 8 meses, com exceção a um detalhe - não consta da papelada uma importante providência que a Suíça havia solicitado já naquela época: diligência de buscas e apreensão na residência de Zaniboni.
A PF avalia que agora a medida já não faz nenhum sentido, uma vez que tornou-se pública a vinculação do ex-diretor da CPTM com suposta corrupção.
Além de fazer minucioso relato sobre a movimentação financeira de Zaniboni, o Ofício Federal de Justiça da Suíça, amparado em procedimento de investigação do Ministério Público da Confederação (MPC), indicou os caminhos e a origem dos recursos da conta Milmar. São citados os consultores Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira, que teriam atuado como lobistas da Alstom.
Na ocasião, o DRCI enviou o dossiê Zaniboni ao MPF/SP. Desde então, os documentos ficaram sob responsabilidade do procurador da República Rodrigo de Grandis, que acompanha o inquérito Alstom.
A Suíça atribui a Zaniboni e aos Teixeira prática de corrupção e lavagem de dinheiro. Os investigadores de Genebra estão convencidos de que o ex-diretor de operações e manutenção da CPTM recebeu dinheiro de propina para atender a interesses da multinacional francesa.
Na mesma época, 20 de dezembro de 2002, em que assinou termo de aditamento a um contrato com a Alstom - instrumento que elevou de R$ 19,4 milhões para R$ 23,6 milhões o custo de "prestação serviços de revisão geral com fornecimento de materiais de 29 trens" -, Zaniboni recebeu "numerosos pagamentos" na conta de Zurique.
Segundo a investigação, a Alstom fez remessas para duas offshores sediadas no Uruguai, controladas pelos lobistas Teixeira que, por seu lado, fizeram transferências para a conta Milmar. A suspeita é de que Zaniboni teria recebido recursos também de outras fontes - a Suíça localizou "pagamentos isolados", entre maio e dezembro de 2000, em favor do então diretor da CPTM.
Nessa quinta-feira, 17, o procurador Rodrigo de Grandis confirmou que não encaminhou para a PF os documentos de Genebra. Ele ressaltou que o Ministério Público Federal tem realizado diligências diretamente e junto ao Poder Judiciário.
Estão entre os papéis extratos da conta Milmar, no Credit Suisse de Zurique, por meio da qual Zaniboni recebeu depósitos no valor global de US$ 836 mil, supostamente dinheiro oriundo de corrupção por favorecimento à multinacional Alstom.
Os documentos originais chegaram ao Brasil em fevereiro de 2011, endereçados ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) - braço do Ministério da Justiça a quem cabe o papel de autoridade central para rastrear fortunas ilícitas de cidadãos brasileiros em paraísos fiscais.
No entanto, a PF nunca recebeu aquelas provas contra Zaniboni - o que só ocorreu há uma semana - que poderiam ser incluídas no inquérito 222/2008, investigação sobre pagamento de propinas a políticos do PSDB e ex-dirigentes de estatais paulistas, a partir dos anos 90, no setor de energia.
Como já relatou o caso Alstom, com indiciamento criminal de onze alvos, a PF decidiu encartar o dossiê Zaniboni nos autos de outro escândalo, o inquérito Siemens, multinacional alemã que fechou acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), também vinculado à pasta da Justiça.
As peças que só agora estão em poder da PF são as mesmas que aportaram no Brasil há 2 anos e 8 meses, com exceção a um detalhe - não consta da papelada uma importante providência que a Suíça havia solicitado já naquela época: diligência de buscas e apreensão na residência de Zaniboni.
A PF avalia que agora a medida já não faz nenhum sentido, uma vez que tornou-se pública a vinculação do ex-diretor da CPTM com suposta corrupção.
Além de fazer minucioso relato sobre a movimentação financeira de Zaniboni, o Ofício Federal de Justiça da Suíça, amparado em procedimento de investigação do Ministério Público da Confederação (MPC), indicou os caminhos e a origem dos recursos da conta Milmar. São citados os consultores Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira, que teriam atuado como lobistas da Alstom.
Na ocasião, o DRCI enviou o dossiê Zaniboni ao MPF/SP. Desde então, os documentos ficaram sob responsabilidade do procurador da República Rodrigo de Grandis, que acompanha o inquérito Alstom.
A Suíça atribui a Zaniboni e aos Teixeira prática de corrupção e lavagem de dinheiro. Os investigadores de Genebra estão convencidos de que o ex-diretor de operações e manutenção da CPTM recebeu dinheiro de propina para atender a interesses da multinacional francesa.
Na mesma época, 20 de dezembro de 2002, em que assinou termo de aditamento a um contrato com a Alstom - instrumento que elevou de R$ 19,4 milhões para R$ 23,6 milhões o custo de "prestação serviços de revisão geral com fornecimento de materiais de 29 trens" -, Zaniboni recebeu "numerosos pagamentos" na conta de Zurique.
Segundo a investigação, a Alstom fez remessas para duas offshores sediadas no Uruguai, controladas pelos lobistas Teixeira que, por seu lado, fizeram transferências para a conta Milmar. A suspeita é de que Zaniboni teria recebido recursos também de outras fontes - a Suíça localizou "pagamentos isolados", entre maio e dezembro de 2000, em favor do então diretor da CPTM.
Nessa quinta-feira, 17, o procurador Rodrigo de Grandis confirmou que não encaminhou para a PF os documentos de Genebra. Ele ressaltou que o Ministério Público Federal tem realizado diligências diretamente e junto ao Poder Judiciário.
*osamigosdopresidentelula
A lorota da polarização PT x PSDB
Dirceu e a
lorota da “polarização”
Outra lorota é o tripé da Tucarina, que, de fato, quer dizer mais juros – PHA
O Conversa Afiada publica artigo do Blog do Dirceu que desmonta o bláblá da Tucarina:
A lorota da polarização PT x PSDB
Muito papel e muita conversa da mídia oposicionista sobre as eleições de 2014. A primeira é sobre o fim da polarização PT x PSDB, que estaria ocorrendo agora por causa da candidatura Eduardo Campos-Marina Silva. Ora, essa polarização não existiu em 1989 e nem nas eleições de 2002 e 2010.
Só existiu na de 2006, quando no 1º turno Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 41,6% e Lula (PT), 48,6%. Em 2002, José Serra (PSDB) teve 23%; Anthony Garotinho (então no PSB) teve quase 18%, e Ciro Gomes (então PPS) chegou a 12%. Em 2010, Serra teve 32,6% na 1ª etapa e Marina, 19%.
Essa conversa sobre a polarização, portanto, serve para esconder que, desde 1994, o que existe é a disputa entre dois projetos políticos para o país: um de centro esquerda liderado pelo PT, e o outro de centro direita sob a batuta do PSDB.
São projetos distintos sobre o papel do Estado, dos bancos e empresas públicas, sobre como crescer e a quem beneficiar, sobre a distribuição de renda, a educação e a saúde pública, a política industrial e a externa, a defesa comercial de nossa economia.
Aliados ao projeto derrotado
O fato relevante nesta eleição nacional de 2014 é que dois ex-aliados e responsáveis pelo projeto que levou o presidente Lula ao governo e o país a extraordinárias conquistas econômicas e sociais estão agora aliados ao projeto derrotado que vigorou lá nos anos 90, comandado pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, mas está derrotado desde 2002 pelos presidentes Lula e Dilma Rousseff.
Basta ver hoje na mídia e nos últimos dias a concordância entre Aécio Neves (PSDB), Marina e Campos (PSB-Rede) sobre o tripé macroeconômico, bem na linha do capital financeiro. E também alinhados em todas as outras críticas ao governo Dilma, com Marina “costeando o alambrado”, como dizia o ex-governador Leonel Brizola, rumo a se alinhar com a direita.
Fora o fato de que algumas críticas não passam de falácias ou hipocrisia pura, como a do aparelhamento do Estado e acordos no Legislativo – Marina falou em “chantagem”. Como se em Minas, São Paulo e Pernambuco não fosse igual, os governos tucanos e de Campos não administrassem mediante coalizão com partidos às vezes antagônicos entre eles.
Não passam de falácias e hipocrisias, também, essas críticas sobre os atrasos de obras ou essas mentiras como a que o país deixou de ser prioridade para o Investimento Estrangeiro Direto (IED). Ora, neste ano, somos o 4º maior destino desses investimentos. Resta ver, agora, se Marina-Eduardo Campos vão continuar sua caminhada rumo ao projeto de centro-direita…
Clique aqui para ir à TV Afiada e acompanhar denúncia do Boechat e do Aldo Rebelo.
*PHA
Dom Eugênio, agente duplo
Dom Eugênio, agente duplo
Documentos inéditos provam a colaboração do primaz com a ditadura
Dom Eugênio foi usado pelos militares como garoto de recados e recusou apoio a perseguidos CNBB |
Em 1976, sob a égide do Ato Institucional nº 5 e cercada por denúncias de torturas, prisões, desaparecimentos e mortes de presos políticos, como a do jornalista Vladimir Herzog, a ditadura começava a ruir em meio à transição “lenta, gradual e segura” anunciada pelo general Ernesto Geisel. A Igreja Católica, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cobrava do governo informações e esclarecimentos sobre os abusos e condenava o caráter arbitrário do regime militar.
Acuados, os generais buscavam minar o ímpeto das lideranças católicas
dentro da própria CNBB. Contaram, para isso, com uma das figuras mais
influentes do clero: o cardeal e então arcebispo do Rio de Janeiro, dom
Eugênio Salles. É o que revelam documentos oficiais obtidos por CartaCapital junto
ao Arquivo Nacional em Brasília. Em relatório de 14 de março de 1976, o
I Exército do Rio de Janeiro relata ao Serviço Nacional de Informações
(SNI) como o cardeal conseguiu conter os esforços da própria CNBB de
lançar uma campanha contra a repressão. Ao se referir ao “clero
católico”, o documento dizia: “A CNBB pretendia fazer declarações sobre
as atuais prisões, envolvendo elementos do PCB, no RJ/RJ. Dom Eugênio
Salles conseguiu esvaziar o movimento da CNBB. Irah a Roma ET, no seu
retorno ao país, farah declarações favoráveis”.
A evidência fica clara em outro documento do SNI, também parte do
acervo do Arquivo Nacional. A carta da CNBB, endereçada ao general
Ernesto Geisel em 24 de setembro de 1975, pedia esclarecimentos sobre o
paradeiro de presos políticos. Preocupada em obter esclarecimentos
“alviçareiros ou trágicos, mas definitivos” sobre casos de militantes
desaparecidos, a entidade dizia ao então ditador: “Permanece, no
entanto, um determinado número de desaparecimentos para os quais ainda
não se obteve informações satisfatórias. (...) Até esta data, no
entanto, os esclarecimentos não foram satisfatórios. Isto é motivo de
desespero para as famílias dos desaparecidos e de angústia para nós
pastores”. O então presidente da CNBB, Aloísio Lorscheider, termina a
carta com uma súplica: “Gostaríamos de receber melhores esclarecimentos,
bem como qualquer retificação, sobre imprecisão dos dados ou fatos aí
contidos”.
Diante da pressão, os militares usavam dom Eugênio – arcebispo primaz
do Brasil desde 1968 – como uma espécie de garoto de recados, de acordo
com o documento do I Exército do Rio de Janeiro ao SNI, de 1976. À
época da prisão de jornalistas ligados ao PCB, como Oscar Maurício de
Lima Azêdo e Luiz Paulo Machado, foram coletados depoimentos de outros
profissionais de imprensa, como Fichel Davit Chargel e Ancelmo Gois, por
meio dos quais seriam reveladas operações do PCB no Rio. Com tais
informações nas mãos, os militares pressionaram o fotógrafo Luiz Paulo
Machado para que redigisse uma carta de repúdio ao comunismo, a fim de
demonstrar arrependimento pela militância. A existência da carta de
próprio punho, ressalta o documento oficial, era para ser mantida sob
“alta compartimentação” (sigilo).
Apesar da carta escrita na madrugada de 13 para 14 de março, os
militares queriam mais. Pediram, como relata o documento da Operação
Grande-Rio – que visava “buscar intimidar ou desencorajar livre
manifestação subversiva VG especialmente por meio de prisões de
subversivos selecionadas por suas atuações destacadas” –, que dom
Eugênio conversasse com a mulher do fotógrafo, Elaine Cintra Machado,
para sugerir procurar o comandante do I Exército e obter informações
sobre o detido. Era de extrema importância, no entanto, que o arcebispo
deixasse transparecer o mínimo sobre a relação próxima que tinha com os
militares. “Dom Eugênio Salles, por solicitação do CMT do I EX,
fazendo transparecer ser iniciativa sua, aconselhou a Elaine que
procurasse o CMT do I EX, dando a crer, também que soh o Exército
poderia cooperar com ela.”
O objetivo seria pressioná-la, a fim de conseguir “o apoio ET a
cooperação de Elaine”, como sugere o relatório sobre os procedimentos a
serem tomados com a militante denunciada pelo marido como “responsável
pelo movimento financeiro do PCB, no RJ”. A intenção era “desencadear
de imediato uma ação psicológica sobre a esposa de Luiz Paulo Machado,
Elaine Cintra Machado, com base na “carta-repúdio”.
Fotógrafo que trabalhou na revista Placar, pela qual fez a
clássica foto de Pelé com uma mancha de suor em formato de coração,
depois da partida contra o México, em 1970, no Maracanã, e no jornal O Globo,
Luiz Paulo Machado vinha sendo monitorado pelo regime, assim como
dezenas de jornalistas ligados ao PCB. No fim da década de 1960 e início
dos anos 1970, estudou marxismo e leninismo em Moscou, na escola de
formação da Liga Leninista da Juventude, o Komsomol, onde fez amigos de
militância a quem depois ofereceu refúgio na casa de seu pai, o
comandante Paulo Santana Machado, no Rio.
Machado foi solto mais tarde por falta de provas, por intervenção do
então presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) Prudente de
Moraes Neto. Procurado por CartaCapital, Machado explicou que prefere não falar sobre esse período de sua vida.
Discurso. Líder ecumênico metodista e coordenador do Grupo de
Trabalho da Comissão Nacional da Verdade que investiga o papel das
igrejas durante a ditadura, Anivaldo Padilha reconhece que a figura de
dom Eugênio é controversa: além de ter atuado a mando dos militares,
chegou a negar ajuda a militantes, inclusive os católicos. “Dos
pronunciamentos dele, não me lembro de nenhum explicitamente apoiando a
ditadura, mas lembro de muitos outros criticando setores de oposição,
especialmente a esquerda.”
Da mesma visão compartilha dom Angélico, bispo auxiliar do cardeal dom
Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo cuja trajetória foi
marcada pela proteção aos militantes e que, inclusive, mais de uma vez
esteve com o então ministro-chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e
Silva, para lhe entregar listas com nomes de desaparecidos. “Do que
conheço a respeito da atuação do cardeal dom Eugênio, a não ser em casos
isolados, ele realmente não se confrontou com a ditadura”, avalia.
Não são poucos os casos nos quais dom Eugênio foi chamado a ajudar e a
fazer frente ao regime militar e não deu ouvidos. Um dos mais famosos é
o da estilista Zuzu Angel, cujo filho Stuart foi torturado e morto pelo
Serviço de Inteligência da Aeronáutica. Ao procurar dom Eugênio, bateu
com a cara na porta. Sua filha, a colunista social Hildegard Angel, em
mais de uma ocasião disse que o cardeal “fechou os olhos às maldades
cometidas durante a ditadura, fechando seus ouvidos e os portões do
Sumaré aos familiares dos jovens ditos ‘subversivos’ que lá iam levar
suas súplicas, como fez com minha mãe”.
A omissão, o silêncio e a compra das versões dadas pelos militares para
acobertar torturas e mortes nas prisões por dom Eugênio acabavam sendo
respaldados pela mídia, com quem o cardeal mantinha ótimas relações –
vale lembrar que ele escrevia artigos para O Globo e Jornal do Brasil com certa regularidade.
Em audiência da CNV no Rio, ex-presos políticos destacaram a postura
ambígua de certos setores da Igreja durante o regime militar. Atuante no
movimento social da Igreja Católica, a pernambucana Maria Aída Bezerra
procurou o então arcebispo do Rio para ajudar a amiga Letícia Cotrim,
que estava detida. “A conversa não foi boa. Não deu certo. Ele não
acreditava que a comunidade cristã dele estava sendo perseguida e não
quis intervir. Ele nos considerava subversivos e era contra cristãos de
esquerda”, declarou em seu depoimento na sessão do dia 17 de setembro.
A proximidade com a ditadura passava também por uma forte amizade com
Antonio Carlos Magalhães, governador da Bahia e pessoa de muita
influência durante o regime. Uma amizade que chegava ao ponto de os dois
serem vistos, mais de uma vez, tomando banho de mar juntos.
O cardeal, naturalmente, tem seus defensores, que negam as acusações e
dizem que dom Eugênio prestou ajuda a militantes refugiados de países
do Cone Sul. A ajuda tinha como base uma parceria com o
Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que
fornecia a verba a ser administrada pela Cáritas. Além do aluguel pago
aos militantes, a Igreja Metodista oferecia no Colégio Bennett, na zona
sul do Rio, um espaço de aulas para os filhos dos refugiados, enquanto
esperavam pelo asilo político. Mas o asilo a refugiados, explica o
bispo emérito da Igreja Presbiteriana, Paulo Ayres, deu-se mais por uma
questão política do que ideológica. “Ele foi procurado pelo
Alto-Comissariado da ONU para que o Brasil servisse como uma passagem
para eles. Esse apoio aos militantes foi institucional”, lembra Ayres.
“Não há dúvida de que dom Eugênio esteve muito mais próximo do governo
militar do que dos católicos favoráveis à resistência.”
Assessor de imprensa de dom Eugênio por mais de 40 anos, Adionel Carlos
da Cunha discorda. “Desconheço completamente qualquer ação do dom
Eugênio nesse sentido (de colaboração com os militares). Pelo contrário, a ação dele foi de conseguir salvar mais de 5 mil militantes”, conta.
Trajetória. Um dos nomes cogitados para suceder ao papa João
Paulo I, em 1978, o arcebispo nascido em Acari, no Rio Grande do Norte,
em 8 de novembro de 1920, foi próximo do Vaticano como nenhum outro
cardeal brasileiro. Ao longo de seus quase 60 anos de episcopado e mais
de 40 de cardinalato, nomeou 22 bispos e 215 padres. Sempre foi um
ferrenho opositor à Teologia da Libertação.
Para dom Angélico, a posição de dom Eugênio era clara: “Não era uma
postura dúbia. Basta analisar historicamente”, disse, ao lembrar que a
ditadura foi construída pelas “classes conservadoras, os grandes
interesses econômicos e o apoio da CIA”. “Vivíamos em meio à polarização
indevida entre o mundo livre e o mundo comunista. E muitos na Igreja
temiam essa onda comunista.”
Marsílea Gombata
No CartaCapital
*comtextolivre
sexta-feira, outubro 18, 2013
Lula recebe o Prêmio Interamérica 2013
Nesta
quinta-feira (17), o Congresso das Américas sobre Educação
Internacional (CAEI), no México, concedeu o Prêmio Interamérica 2013 ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Paulo Speller, secretário de
Educação Superior do Ministério da Educação e ex-reitor da Universidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, representou o
ex-presidente na cerimônia
Lula enviou um vídeo de agradecimento e
declarou: “recebo essa distinção com muita emoção, porque ela reconhece
os grandes avanços que o Brasil experimentou na educação na última
década. Um conjunto de conquistas e realizações promovidas em meu
governo e no da presidenta Dilma Rousseff permitiu que começássemos a
reverter umas das mais terríveis marcas da injustiça social: a exclusão
dos mais pobres da escola e da dificuldade do conhecimento e da
formação”.
Durante a mensagem Lula lembrou algumas conquistas de seu governo, foram
14 novas universidades e mais de 120 extensões, 290 novas escolas
técnicas e o Programa Universidade Para Todos, o Prouni, que facilitou o
acesso de mais de um milhão e trezentos mil brasileiros e brasileiras
ao ensino superior. E além disso, milhões desses estudantes se
beneficiaram da expansão do crédito estudantil, com o FIES, que é hoje o
maior programa de financiamento estudantil do mundo.
A trajetória de Lula foi reconhecida em numerosas ocasiões no âmbito
internacional. Entre outros, Lula recebeu o Prêmio para a Paz 2008 da
Unesco; Estadista Global 2010 do Fórum Mundial de Davos; Homem do Ano
2009, Le Monde; Personalidade do Ano 2009, El País; Prêmio Indira Gandhi
para Paz, Desarmamento e Desenvolvimento, 2010; World Food Prize, 2011;
Prêmio Norte-Sul; Doutorado Honoris Causa, outorgado por universidades
brasileiras, o Grupo Coimbra (Portugal) e o Institut d’études politiques
de Paris.
China vai “desamericanizar” o mundo
China vai “desamericanizar”
o mundo
China passou a trocar dólar por ouro
O Conversa Afiada reproduz afiado artigo do professor Luiz Felipe Alencastro no UOL:
O “shutdown” americano e os avanços da China
O impasse no Congresso sobre o orçamento americano e a interrupção das atividades não essenciais da administração federal (“shutdown”), inquieta o mundo inteiro. De fato, o “shutdown” junta-se à incerteza sobre a autorização do Congresso ao aumento do teto da dívida pública que deve ocorrer até a proxima quinta-feira (17). Caso contrário, o governo dos Estados Unidos estará técnicamente numa situação de calote.
Diante da crise, Christine Lagarde, diretora do FMI, declarou numa entrevista à rede americana NBC que o fracasso das negociações no Congresso poderá gerar “perturbações maciças no mundo inteiro”, com o risco de uma nova recessão nos Estados Unidos.
No outro quadrante do planeta, a China também lançou advertências. Num comunicado difundido pela agência oficial Xinhua, e publicado no jornal Global Times, afiliado ao cotidiano People’s Daily, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, o governo de Beijing atacou as turbulências geradas pelo conflito entre o Congresso e a Casa Branca.
Num recado curto e grosso o comunicado chinês sentencia: “Talvez tenha chegado a hora deste mundo confuso começar a pensar num mundo desamericanizado”. Num tom duro, o comunicado continua: “Em vez de honrar seus deveres como uma potência de liderança responsável, …Washington abusa de seu status de superpotência e introduz mais caos no mundo, transferindo os riscos financeiros para o exterior, fomentando tensões regionais … e deslanchando guerra indesejadas sob a cobertura de mentiras vergonhosas”.
A imprensa americana e européia registrou a agressividade do discurso oficial chinês. No entanto, outra notícia relativa às manobras financeiras da China passou meio despercebida. Segundo o blog Zero Hedge, especializado nos assuntos financeiros americanos e mundiais, a China tem realizado compras elevadas de ouro nos últimos anos.
Subindo cerca de 100 toneladas por mês, o estoque de ouro da China passou da sexta posição mundial em 2009, para a segunda posição, situando-se apenas abaixo do total do estoque de ouro dos Estados Unidos. Há dois anos, citando fontes diplomáticas vazadas no Wikileaks, o mesmo blog observava que o aumento dos estoques de ouro na China alimentava a estratégia chinesa de tornar sua moeda nacional, o renminbi, a nova moeda de reserva internacional.
Em outras palavras, a China não está somente questionando a liderança mundial americana. Ela está se dotando de todos os instrumentos – diplomáticos, econômicos, financeiros, tecnológicos e militares – para desafiar os Estados Unidos no momento que julgar oportuno.
Clique aqui para ler “China quer substituir o dólar”
*PHA
quinta-feira, outubro 17, 2013
Jornal Nacional' omite prêmio importante do Bolsa Família
Vai rindo... Quanto mais manipula, mais despenca a audiência... |
O principal telejornal da TV Globo está demonstrando um parcialismo
político e antipopular cada vez mais despudorado. Na edição de
terça-feira (15), não mostrou a principal notícia sobre mais um êxito de
uma política pública que combate um dos problemas históricos do Brasil,
a pobreza. O Programa Bolsa Família ganhou um prêmio internacional
comparável a vencer uma Copa do Mundo na erradicação da pobreza.
Marcelo Neri e Tereza Campello anunciam prêmio recebido pelo Bolsa Família. Globo foi, mas não noticiou Sérgio Amaral-MDS |
O prêmio foi concedido pela principal instituição que promove a
seguridade social no mundo e atua em 157 países, a Associação
Internacional de Seguridade Social (ISSA). É uma premiação rara, pois é
concedida somente de três em três anos. Segundo a ISSA, o Bolsa Família é
uma experiência pioneira na redução da pobreza e modelo para demais
países. Tanto a notícia é relevante que ela foi – como tinha de ser –
destaque em outras redes de televisão. Jornalismo básico.
O expurgo da notícia pelo principal telejornal do país não chega a ser
surpresa para quem acompanha a linha editorial das organizações Globo.
Em sintonia com setores da oposição tucana que desdenha do programa
social, o jornal O Globo já publicou diversos artigos e editoriais
contrários ao Bolsa Família.
Nos telejornais, em geral, o programa só merece espaço no noticiário
quando ocorre algum problema, como na recente onda de boatos mentirosos
sobre o seu fim, que levou a uma corrida dos beneficiários para fazerem
saques antecipados. Na TV há mais sobriedade nas críticas do que no
jornal impresso, mas não faltam casos de dar voz excessiva aos críticos,
enquanto censura opiniões favoráveis e premiações importantes como
esta.
Mas os problemas de parcialidade do Jornal Nacional não ficaram só aí na
edição daquela terça-feira. O telejornal também não divulgou a pesquisa
eleitoral do Vox Populi que não foi muito favorável aos candidatos de
oposição, o que seria mais do agrado dos donos da emissora. A sondagem
mostrou que a oposição como um todo encolheu com a exclusão de uma das
candidaturas, ou de Marina Silva (PSB) ou de Eduardo Campos (PSB) que,
agora, no mesmo partido não poderão concorrer simultaneamente.
Para complicar a situação da oposição, quando Marina Silva é testada
como candidata no lugar de Eduardo Campos, ela fica em segundo lugar, na
frente de Aécio Neves (PSDB), com números semelhantes aos que já tinha
antes. As intenções de votos que eram para Campos parecem migrar para
Dilma em maior quantidade, em vez de ir para Marina. No cenário em que
Campos é candidato no lugar de Marina, as intenções de votos dela são
diluídas entre os outros candidatos, e Campos continua em um
desconfortável terceiro lugar com cerca de metade das intenções de votos
de Aécio Neves. Esse resultado pode aumentar desavenças dentro do PSB. A
ilusão de que Aécio e Campos subiram alguns pontos a estatística
explica: com apenas três candidatos para dividir o bolo de intenções de
votos, a fatia de cada um fica maior do que se houvessem quatro.
Ah! Como se não bastasse ainda teve mais um capítulo da novela
requentada das investigações sobre o PCC, parecendo querendo diluir a
pauta das propinas pagas pela Sie mens e Alstom a autoridades dos
governos tucanos de São Paulo. Aliás o noticiário policial dominou a
pauta.
Mas teve até uma matéria sobre propina paga na Suíça para um diretor da
CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Uau! Finalmente uma
notícia desfavorável ao governo tucano paulista? Ledo engano. A
reportagem termina poupando o PSDB e o governador Geraldo Alckmin,
encerrando com o apresentador William Bonner lendo uma nota oficial do
PSDB sobre o assunto, em vez do tradicional "procuramos ouvir o
governador Geraldo Alckmin, mas sua assessoria disse que ele não se
manifestaria".
No Blog da Helena
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