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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 13, 2014

GOLPE DE 64: REVOLUÇÃO PARA QUEM?


Chico Vigilante
CHICO VIGILANTE
Para os que tramaram e derrubaram João Gloulart para garantir os interesses americanos no país, com o apoio dos mesmos que hoje criticam as medidas dos governos petistas pelo fim das desigualdades sociais no Brasil e na América Latina
Há 50 anos o Brasil passou por uma experiência nefasta, que atrasou por décadas o desenvolvimento social do país e as reformas em andamento em 1964.
Neste mês, alguns cidadãos reunidos em clubinhos e sites de extrema direita devem estar se preparando para comemorar o 31 de março, sem perceber que pra eles só resta a lata de lixo da história. Neste momento é necessário deixar claro: revolução de 64 é denominação da direita. Para nós, o que aconteceu foi um golpe militar-civil, que durante 21 anos pisoteou a Nação.
Que continuem hoje a babar e a estrebuchar, conspirando contra os governos petistas eleitos democraticamente. Enquanto os cães ladram a caravana do avanço social, político e econômico não pára.
Num momento em que a mídia comercial só fala em mensalão e numa crise na qual torcem que o Brasil caia, é interessante relembrar que o golpe de 64 foi o maior mensalão de todos os tempos, bem como abriga similaridades impressionantes entre o ontem e o hoje.
Documentos inéditos e oficiais, amparados em depoimentos de acadêmicos norte-americanos e brasileiros, revelam como, sob o pretexto do avanço comunista em Cuba, no Brasil e na América Latina, os Estados Unidos vieram ao Brasil e compraram, literalmente, deputados, senadores, governos estaduais e, acima de tudo, meios de comunicação, para participar da estratégia americana de derrubar o governo João Goulart e os avanços sociais que ele representava.
Baseado em vasto material a respeito, Camilo Tavares, filho de um exilado político da ditadura, o jornalista Flávio Tavares, dirigiu um dos mais sérios documentários sobre a questão: O Dia que durou 21 anos, de 2011, produção da TV Brasil que tem como ponto de partida a crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, até o ano de 1969, com osequestro do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick.
Na década de 60, empresas norte-americanas concessionárias de serviços como energia ou telefonia tinham suas concessões vencendo, em um quadro onde não tinham cumprido as exigências do Brasil para que se instalassem definitivamente aqui. Era direito do governo brasileiro, portanto, renová-las ou não. Mas os norte-americanos, obviamente, não aceitariam um não como decisão.
As televisões norte-americanas, de então, apresentavam longos programas sobre o risco de o Brasil se insurgir contra seus interesses. E alertavam que “para onde o Brasil for a América Latina irá junto”.O próprio presidente Kennedy falava abertamente aos americanos que seu governo “não aceitaria” uma decisão eleitoral do povo brasileiro que contrariasse os interesses dos EUA..
A estratégia norte americana era ampla. Tentaram comprar o povo brasileiro – e os de outros países da América Latina – despejando na região quantidades imensuráveis de dinheiro através de um programa que intitularam “Aliança para o Progresso”.
Sob recomendação do embaixador norte americano no Brasil, Lincoln Gordon, os Estados Unidos decidiram também que era necessário organizar as forças militares e políticas contra o governo e realizar uma campanha de “enfraquecimento” e de “desestabilização” do governo federal. Para esse fim, a arma mais importante foi a imprensa.
Veículos como os jornais O Estado de São Paulo e O Globo, receptáculos de quantidades inconcebíveis de dólares desembolsados pelos Estados Unidos, passaram a fazer campanha anticomunista relatando os “horrores” da União Soviética, de Cuba, etc, e afirmando que o mesmo estava prestes a acontecer no Brasil. Parlamentares beneficiados passaram a votar no Congresso como queria o presidente… dos Estados Unidos.
Os recursos chegavam aos destinatários por meio de uma trama criminosa. O distribuidor ianque, que corrompeu a imprensa, parlamentares e governadores de Estado como Carlos Lacerda, chamava-se Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES). Escritórios dessa agência do golpe foram abertos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, onde agiam, ampla e abertamente.
O combate midiático aos governos petistas e ao tamanho do Estado que se vê hoje era a mesma tática utilizada em 1964. Esses veículos passaram a verter, dia após dia, acusações e críticas de “descalabro administrativo” e de “corrupção” contra o governo brasileiro. Não passava um único dia sem que inúmeras matérias nesses veículos, entre outros, fossem despejadas sobre a população.
Informações falsas ou manipuladas eram plantadas na mídia, que, como hoje, pouco admitia opiniões divergentes ou dava destaque a desmentidos. E, quando o fazia era de forma totalmente desproporcional. Sem falar que muitos assuntos eram simplesmente vetados.
A grande mídia de então inundava com propaganda contra o governo, cinemas, jornais, rádios, novelas. Não havia como escapar de coberturas como as que o Jornal Nacional fez diariamente contra o governo Lula e continua fazendo contra o governo Dilma.
Qualquer semelhança com o que se passa hoje não é mera coincidência.No Brasil de hoje, a luta das elites contra a reforma agrária, a campanha para provar que em breve viveremos um apagão energético, que a inflação está fora do controle ou que o crescimento está abaixo do esperado, fazem parte da estratégia da direita para manter seus privilégios, onde quer que seja que eles se fundamentem ou se encontrem.
A defesa feita hoje pelos governos petistas de aproximação com países como Cuba, Venezuela, Equador, Argentina, Uruguai, etc e de integração latino americana como única saída para o desenvolvimento e a eliminação da pobreza no continente é criticada pela imprensa de direita assim como foi à época dos ex-presidentes Janio Quadros e João Goulart.
Dentro de um programa de desenvolvimentismo, a Política Externa Independente (PEI) – nome pelo qual ficou conhecida a política externa dos governos de Jânio Quadros e João Goulart – tinha como princípio básico uma atuação independente frente à bipolaridade EUA-URSS existente na época, visando proporcionar ao Brasil os benefícios de uma ampliação do comércio internacional. Este posicionamento era inaceitável paro o governo americano.
O mesmo ocorre hoje em relação à posição do governo brasileiro de decidir pelo financiamento da construção do Porto de Mariel, em Cuba, onde trabalharão conjuntamente centenas de empresas brasileiras e chinesas, criando empregos para brasileiros, gerando divisas para o país, desenvolvendo a região e aumentando o comercio com a China, o gigante dos Brics.
Segundo San Tiago Dantas, chanceler do período parlamentarista do governo João Goulart, “a instabilidade das instituições democráticas no hemisfério (...) tem origem no subdesenvolvimento econômico (...) Se quisermos acautelar a democracia americana dos riscos políticos que a ameaçam, nossas atenções terão de concentrar-se em medidas de promoção do desenvolvimento e da emancipação econômica e social.
Em artigo para a revista Foreign Affairs expondo a nova política externa do desenvolvimentismo, ou seja, a adoção de uma política exterior que pudesse fomentar o desenvolvimento econômico do país e da América Latina, Quadros afirma que “(...) nossa situação econômica coincide com o dever de formar uma frente unida na batalha contra o subdesenvolvimento e todas as formas de opressão”.
O ex-presidente João Goulart, cujos restos mortais estão sendo analisados por dois laboratórios internacionais para definir sua causa mortis, preferiu partir para o exílio porque não queria derramamento de sangue em seu país. Documentos oficiais americanos indicam que navios da frota americana foram posicionados nas costas brasileiras, próximos ao Espírito Santo, numa operação denominada Brother Sam, para o caso de haver resistência interna por setores do exercito brasileiro ou da sociedade civil.
Cinquenta anos depois, quando Lula, Dilma, Chavez, Mujica dentre outros dizem a mesma coisa, que os países da América Latina só serão grandes nações se se unirem e acabarem com a desigualdade social, são criticados pelos mesmos grupos de comunicação que ajudaram a derrubar Goulart, que chamavam a reforma agrária de coisa de comunistas, que defendiam e continuam defendendo os interesses das oligarquias, do sistema financeiro, das elites nacionais e das multinacionais instaladas no país. Só não vê quem não quer.

Golpe de 64: dois importantes eventos nesta quinta-feira - Confiram a programação abaixo (clique na imagem para ampliar):

 DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA: MÉXICO ANUNCIA PACOTE DE MEDIDAS E IMPÕE UM GOLPE HISTÓRICO NA TELEVISA


Se no Brasil o debate em torno da democratização da mídia permanece relegado a segundo plano, no México o panorama do mercado já começou a mudar. O Instituto Federal de Telecomunicações – a autoridade reguladora local – desferiu um golpe histórico no monopólio do grupo Televisa, dono de 70% do mercado mexicano das teles. O conglomerado será obrigado a adotar diversas medidas em favor da concorrência.
As obrigações da Televisa incluem a proibição de oferecer programação exclusiva com altos níveis de audiência, como torneios de futebol nacionais, Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos. A empresa também deverá compartilhar sua infraestrutura com outros competidores através de uma tarifa pública a ser fixada em negociação com o órgão regulador.
A decisão se tornou conhecida no mesmo dia em que o Diário Oficial do país publicou a licitação para duas novas cadeias de televisão abertas nacionais, antiga reivindicação da indústria para democratizar o panorama televisivo do México, até hoje nas mãos da Televisa e da TV Azteca, que controla os 30% restantes do mercado.
A ação do Instituto Federal de Telecomunicações encontra guarida em lei decretada pelo presidente Enrique Peña Neto em junho de 2013. O órgão autônomo foi criado naquele ano com o objetivo de dar e revogar concessões públicas no setor, assim como de coibir práticas que possam ser caracterizadas como monopolistas. A nova legislação prevê sanções a empresas tipificadas como “agentes predominantes”, que controlam mais de 50% do mercado e que, por seu próprio peso, impõem suas regras de negócio à concorrência.

Em tempo: o site do El País também tratou do assunto: 


A agência reguladora de telecomunicações obriga a empresa a compartilhar sua infraestrutura com outras companhias e a proíbe de transmitir com exclusividade eventos como Copas e Olimpíadas
O mais importante grupo de meios de comunicação em língua espanhola, o Grupo Televisa, recebeu um duro golpe em seu país de origem. A agência reguladora mexicana declarou oficialmente a empresa como sendo o agente econômico preponderante do setor televisivo, o que a obriga a adotar várias medidas para reduzir seu poder em prol dos concorrentes. A Televisa controla atualmente 70% do seu mercado.
A decisão foi conhecida no mesmo dia em que o Instituto Federal de Telecomunicações (Ifetel) publicou no Diário Oficial da Federação a licitação de duas novas redes nacionais de TV aberta. Trata-se de uma antiga reivindicação do setor, a qual pode causar uma reviravolta no panorama televisivo do país, até agora nas mãos da Televisa e da TV Azteca (que controla os 30% restantes).
As medidas com as quais a Televisa terá de arcar, informadas pela própria empresa em comunicado à Bolsa mexicana, incluem a proibição de oferecer com exclusividade conteúdos “que no passado geraram altos níveis de audiências”, como torneios nacionais de futebol, finais de Copas do Mundo ou Olimpíadas. A empresa também deverá compartilhar sua infraestrutura com outros concorrentes através de uma tarifa pública e negociada, a qual, caso não haja acordo entre as partes, será fixada em última instância pelo organismo regulador.
(…)

Em tempo2: o Brasil será o país mais atrasado da América Latina? !

    Reaça é reaça e ponto !!!


Sete lições que já deveríamos ter aprendido sobre o golpe de 1964 e sua ditadura

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Há 50 anos, o Brasil foi capturado pela mais longa, mais cruel e mais tacanha ditadura de sua história.

Meio século é mais que suficiente tanto para aprendermos quanto para esquecermos muitas coisas.

É preciso escolher de que lado estamos diante dessas duas opções.

1ª. LIÇÃO: AQUELA FOI A PIOR DE TODAS AS DITADURAS

No período republicano, o Brasil teve duas ditaduras propriamente ditas. Além da de 1964, a de 1937, imposta por Getúlio Vargas e por ele apelidada de "Estado Novo".

A ditadura de Vargas durou oito anos (1937 a 1945). A ditadura que começou em 1964 durou 21 anos.

Vargas e seu regime fizeram prender, torturar e desaparecer muita gente, mas não na escala do que ocorreu a partir de 1964.

Os torturadores do Estado Novo eram cruéis. As sessões descritas no livro "Olga", de Fernando Morais, doem só de ler.

Mas nada se compara em intensidade e em profissionalismo sádico ao que se vê nos relatos colhidos pelo projeto "Brasil, nunca mais" ou, mais recentemente, pela Comissão da Verdade.

Em qualquer aspecto, a ditadura de 1964 não tem paralelo.

2ª. lição: QUALIFICAR A DITADURA SÓ COMO “MILITAR” ESCAMOTEIA O PAPEL DOS CIVIS

Foram os militares que deram o golpe, que indicaram os presidentes, que comandaram o aparato repressivo e deram as ordens de caçar e exterminar grupos de esquerda.

Mas a ditadura não teria se instalado não fosse o apoio civil e também a ajuda externa do governo Kennedy.

O golpismo não tinha só tanques e fuzis. Tinha partidos direitosos; veículos de imprensa agressivos; empresários com ódio de sindicatos; fazendeiros armados contra Ligas Camponesas, religiosos anticomunistas. Todos tão ou mais golpistas que os militares.

Sem os civis, os militares não iriam longe. A ditadura foi tão civil quanto militar. Tinha seu partido da ordem; sua imprensa dócil e colaboradora; seus empresários prediletos; seus cardeais a perdoar pecados.


3ª. LIÇÃO: NÃO HOUVE REVOLUÇÃO, E SIM REAÇÃO, GOLPE E DITADURA

Ernesto Geisel (presidente de 1974 a 1979) disse a seu jornalista preferido e confidente, Elio Gaspari, em 1981:

"O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução".

Quase ninguém usa mais o eufemismo “revolução” para se referir à ditadura, à exceção de alguns remanescentes da velha guarda golpista, que provavelmente ainda dormem de botinas, e alguns  desavisados, como o presidenciável Aécio Neves, que recentemente cometeu a gafe de chamar a ditadura de “revolução” (foi durante o 57º Congresso Estadual de Municípios de São Paulo, em abril de 2013).

Questionado depois por um jornal, deu uma aula sobre o uso criterioso de conceitos: “Ditadura, revolução, como quiserem”.

A ditadura foi uma reação ao governo do presidente João Goulart e à sua proposta de reformas de base: reforma agrária, política e fiscal.

4ª. LIÇÃO: A CORRUPÇÃO PROSPEROU MUITO NA DITADURA

Ditaduras são regimes corruptos por excelência. Corrupção acobertada pelo autoritarismo, pela ausência de mecanismos de controle, pela regra de que as autoridades podem tudo.

A ditadura foi pródiga em escândalos de corrupção, como o da Capemi, justo a Caixa de Pecúlio dos Militares. As grandes obras, ditas faraônicas, eram o paraíso do superfaturamento.

Também ficaram célebres o caso Lutfalla (envolvendo o ex-governador Paulo Maluf, aliás, ele próprio uma criação da ditadura) e o escândalo da Mandioca.

5ª. LIÇÃO: A DITADURA ACABOU, MAS AINDA TEM MUITO ENTULHO AUTORITÁRIO POR AÍ
 
O Brasil ainda tem uma polícia militar que segue regulamentos criados pela ditadura.


A Polícia Civil de S. Paulo, em outubro de 2013, enquadrou na Lei de Segurança Nacional (LSN) duas pessoas presas durante protestos.

A tortura ainda é uma realidade presente, basta lembrar o caso Amarildo.

Os corredores do Congresso ainda mostram um desfile de filhotes da ditadura - deputados e senadores que foram da velha Arena (Aliança Renovadora Nacional, que apoiava o regime).

6ª. LIÇÃO: BANALIZAR A DITADURA É ACENDER UMA VELA EM SUA HOMENAGEM
 

Há duas formas de se banalizar a ditadura. Uma é achar que ela não foi lá tão dura assim. A outra é chamar de ditadura a tudo o que se vê de errado pela frente.


O primeiro caso tem seu pior exemplo no uso do termo "ditabranda" no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro de 2009.

Para a Folha de S. Paulo, a última ditadura brasileira foi uma branda (“ditabranda”), se comparada à da Argentina e à chilena.

A ditadura brasileira de fato foi diferente da chilena e da argentina, mas nunca foi “branda”, como defende o jornal acusado de ter emprestado carros à Operação Bandeirantes, que caçava militantes de grupos de esquerda para serem presos e torturados.

Como disse a cientista política Maria Victoria Benevides, que infâmia é essa de chamar de brando um regime que prendeu, torturou, estuprou e assassinou?

A outra maneira de se banalizar a ditadura e de lhe render homenagens é não reconhecer as diferenças entre aquele regime e a atual democracia. Para alguns, qualquer coisa agora parece ditadura.

A proposta de lei antiterrorismo foi considerada uma recaída ditatorial do regime dos “comissários petistas” e mais dura que a LSN de 1969. Só que, para ser mais dura que a LSN de 1969, a proposta que tramita no Congresso deveria prever a prisão perpétua e a pena de morte.

O diplomata brasileiro que contrabandeou o senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil comparou as condições da embaixada do Brasil na Bolívia à do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), a casa de tortura da ditadura.

Para se parecer com o DOI-CODI, a Embaixada brasileira em La Paz deveria estar aparelhada com pau de arara, latões para afogamento, cadeira do dragão (tipo de cadeira elétrica), palmatória etc.

Banalizar a ditadura é como acender uma vela de aniversário em sua homenagem.

7ª. LIÇÃO: JÁ PASSOU DA HORA DE PARAR COM AS HOMENAGENS OFICIAIS DE COMEMORAÇÃO DO GOLPE

Por muitos e muitos anos, os comandantes militares fizeram discursos no dia 31 de março em comemoração (isso mesmo) à “Revolução” de 1964.

A provocação oficial, em plena democracia, levou um cala-a-boca em 2011, primeiro ano da presidência Dilma. Neste mesmo ano também foi instituída a Comissão da Verdade.

A referência ao 31 de março foi inventada para evitar que a data de comemoração do golpe fosse o 1º. de abril – Dia da Mentira.

A justificativa é que, no dia 31, o general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, em Minas Gerais, começou a movimentar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro.

Se é assim, a Independência do Brasil doravante deve ser comemorada no dia 14 de agosto, que foi a data em que o príncipe D. Pedro montou em seu cavalo para se deslocar do Rio de Janeiro para as margens do Ipiranga, no estado de São Paulo.

A palavra golpe tem esse nome por indicar a deposição de um governante do poder. No dia 1º. de abril, João Goulart, que estava no Rio de Janeiro, chegou a retornar para Brasília. Em seguida, foi para o Rio Grande do Sul e, depois, exilou-se no Uruguai  mas só em 4/4/1964. Que presidente é deposto e viaja para a capital um dia depois do golpe?

O Almanaque da Folha é um dos tantos que insistem na desinformação:
“31.mar.64 — O presidente da República, João Goulart, é deposto pelo golpe militar”. Entende-se. Afinal, trata-se do pessoal da ditabranda.

O que continua incompreensível é o livro “Os presidentes e a República”, editado pelo Arquivo Nacional, sob a chancela do Ministério da Justiça, trazer ainda a seguinte frase:

“Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu”.

De novo, o conto da Carochinha do 31 de março.

Ainda mais incompreensível é o livro colocar as juntas militares de 1930 e de 1969 na lista dos presidentes da República.

A lista (errada) é reproduzida na própria página da Presidência da República como informação sobre os presidentes do Brasil.

Nem os membros das juntas esperavam tanto. A junta governativa de 1930 assinava seus atos riscando a expressão “Presidente da República”.

No caso da junta de 1969, o livro do Arquivo Nacional diz (p. 145) que o Ato Institucional nº. 12 (AI-12) "dava posse à junta militar" composta pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Ledo engano.

O AI-12, textualmente: “Confere aos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar as funções exercidas pelo Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva, enquanto durar sua enfermidade”. Oficialmente, o presidente continuava sendo Costa e Silva.

Há outro problema. Uma lei da física, o famoso princípio da impenetrabilidade da matéria, diz que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo – que dirá três corpos.

Não há como três chefes militares ocuparem o mesmo cargo de presidente da República. Que república no mundo tem três presidentes ao mesmo tempo?

O que os membros da Junta de 1969 fizeram foi exercer as funções do presidente, ou seja, tomar o controle do governo. O AI-14/1969 declarou o cargo oficialmente vago, quando a enfermidade de Costa e Silva mostrou-se irreversível.

Os três comandantes militares jamais imaginaram que um dia seriam listados em um capítulo à parte no panteão dos presidentes. A Junta ficaria certamente satisfeita com a homenagem honrosa e, definitivamente, imerecida.

Que história, afinal, estamos contando?

Uma história que ainda não faz sentido.

Uma história cujas lições ainda nos resta aprender.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Na democracia, até os sociopatas têm voz

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Como é que essas pessoas têm a cara de pau de pedir intervenção militar num país em que há mais de 20 anos as instituições estão funcionando perfeitamente?
A moça do SBT e a turma do coturno nem mereceriam, tal o grau de insensatez, desonestidade, desinformação e estupidez de sua proposta, uma linha sequer de comentário.
Ganham destaque, todavia, porque, de certa forma, são úteis didaticamente, servem ao menos como exemplo de que, numa democracia, até os seres mais abjetos têm direito a expor suas obscenidades.
Numa ditadura eles estariam conspirando à sombra – e nunca saberíamos que cara eles têm.
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BRIZOLA E DARCY RIBEIRO: SAMBÓDROMO NO RIO E DEPOIS IMITADO EM TODO O BRASIL.
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THIETRE MIGUEL - RIO DE JANEIRO-RJ




quarta-feira, março 12, 2014

 Estudo técnico denuncia “atentado” do governo do PSDB ao Cantareira


Ao contrário do que a mídia e a oposição fazem em relação aos reservatórios das hidrelétricas, a equipe deste blog não torce para que falte água em São Paulo. Mas, também ao contrário do que fazem a mídia e a oposição, a equipe deste blog não tenta esconder e manipular a realidade.

Vejam, a imprensa faz alarde com qualquer redução dos reservatórios das hidrelétricas no país, pregando e torcendo pelo racionamento de energia. Faz editorial atrás de editorial atacando o governo federal por causa de um risco que o governo já esclareceu ser inexistente.

Mas quando é com os amigos tucanos, a mídia é outra. No máximo publica a notícia bem escondida. É o que fazem a Folha e o Estadão de hoje.

Ontem, o Consório PCJ, que reúne prefeituras, empresas e entidades de mais de 40 cidades, denunciaram “equívocos de planejamento e ações” no sistema Cantareira feito pela Sabesp, comandada pelos tucanos há 20 anos. A informação está num estudo técnico divulgado pelo grupo.

O Cantareira abastece diretamente quase 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e outros 5,5 milhões no interior.

O Consórcio PCJ diz que a Sabesp optou por não reduzir a dependência do Cantareira e de atentar contra a vida útil do sistema.

“Infelizmente, cometeu-se um erro histórico de planejamento e optou-se pela segunda grande alternativa apontada pelos estudos, que foi a construção do sistema Cantareira”, afirma o consórcio.

O grupo diz que a estatal paulista continuou tirando água do sistema no mesmo ritmo mesmo sabendo do risco para a vida útil do Cantareira, em dezembro, janeiro e fevereiro, levando os reservatórios a níveis “altamente críticos”.

O nível de armazenamento do Cantareira está em 16%, um dos menores da história. O consórcio acrescenta que há uma “falsa impressão” de que a região está “protegida e que possui um sistema interligado que garante seu abastecimento”.

Está aí, portanto, uma grave denúncia de um estudo técnico feito por dezenas de cidades. E a notícia é dada com discrição pelos jornais. O Estadão até que deu chamada no pé da primeira página, mas, como fez a Folha, não cita o PSDB nenhuma vez. Parece que a Sabesp, como já dissemos aqui, não tem comando, não é submetida ao governo estadual.

No Blog do Zé
*comtextolivre

    VEJAM: Pela primeira vez, quatro países da América Latina será governada por mulheres...




Então, hoje é quando assume pela segunda vez em frente do Chile socialista Michelle Bachelet, que retornará à presidência depois de um período de Sebastián Piñera de quatro anos.
Pela primeira vez, quatro países da América Latina será governada por mulheres, enquanto
Pela primeira vez, quatro países da América Latina será governada por mulheres, enquanto
Pela primeira vez, quatro países da América Latina será governada por mulheres, enquanto
Nicarágua, Panamá, Chile , Argentina, Costa Rica e Brasil são os únicos presidentes latino-americanos que foram eleitos nas urnas , embora outras mulheres latino-americanas têm mantido o escritório em seus países por sucessão constitucional ou costume do Parlamento ou esquemas transição facto.

No entanto, nenhuma mulher foi ditador na América Latina , onde, especialmente nos anos 70 e 80 abundavam regimes autoritários. Com o novo Bachelet socialista em La Moneda de terça-feira até a próxima Maio eo fato de que, pela primeira vez quatro mulheres vai governar em uma época na região será dado.

Os outros três são Cristina Kirchner, Dilma Rousseff, do Brasil, e Laura Chinchilla na Costa Rica. Este último vai deixar o cargo em maio quem ganhar o segundo turno das eleições presidenciais de 6 de abril.

A primeira mulher latino-americana que foi eleito presidente em 1990, foi o nicaragüense Violeta Barrios , mais conhecida como Violeta Chamorro, o último dos quais foi seu marido, o jornalista Pedro Joaquín Chamorro , assassinado pela ditadura de Somoza.

Argentina, no entanto, foi o primeiro país do mundo governado por uma mulher, Isabel Martinez , que foi vice-presidente em 1974, quando seu marido, o presidente Juan Domingo Perón , morreu e, de acordo com a Constituição, que caiu para tomar seu lugar.

Rousseff pode voltar a ser eleito no Brasil e, embora ainda não tenha sido oficializada sua candidatura, seus correligionários do Partido dos Trabalhadores certeza que eles vão competir nas eleições previstas para o final deste ano.

Panamá, Mireya Moscoso, foi como presidente (1999-2004), que também era a esposa de um presidente, Arnulfo Arias Madrid , mas quando ele ganhou as eleições e era viúva.

No Peru, a "primeira-dama", Nadine Heredia, mais popular do que seu marido, o presidente Ollanta Humala, está sujeito a todo tipo de especulação sobre se e quando você pode ser um candidato nas próximas eleições.

Bachelet, que entre o primeiro eo segundo mandato foi o chefe da ONU Mulheres, venceu em janeiro, o segundo turno das eleições, em que ele competiu com outra mulher, Evelyn Matthei. foi o primeiro duelo eleitoral feminino na história do Chile e América Latina e no fato de que ambos são filhas Matthei Bachelet como General da Força Aérea foi dada.

    JOAQUIM BARBOSA PERDE MAIS UMA VOTAÇÃO - ATACA A OAB E RECEBE O TROCO -ELE NÃO SABE PERDER



OAB critica declarações de Joaquim Barbosa
Brasília - André Richter - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu hoje (11) que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não será mais obrigada a pagar despesas pela utilização de salas que ficam disponíveis a advogados que atuam nos fóruns e tribunais trabalhistas. A regra está prevista em uma norma do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e determina que a ordem pague despesas com água, energia elétrica, segurança e outras taxas.

Durante o julgamento, o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou a decisão e afirmou que a OAB, por ser entidade privada, deve pagar os custos de manutenção das salas colocadas à disposição de advogados. "Precisa separar o público do privado. Que pague proporcionalmente pela ocupação dos espaços. Não ter essa postura ambígua de ora é entidade de caráter público, para receber dinheiro público, ora atua como entidade privada cuida dos seus próprios interesses e não presta contas a ninguém. Quem não presta contas não deve receber nenhum tipo de vantagem pública", disse Barbosa, que votou contra a isenção. 

Em nota divulgada à imprensa, a OAB lamentou as declarações do presidente do CNJ e disse que Barbosa demonstra “preconceito com a advocacia”. Segundo a entidade, o uso das salas é feito pelo cidadão, por meio do advogado que é escolhido para representá-lo.

“A OAB foi desrespeitada, em uma clara demonstração de desperdício de energia, desconhecimento histórico e preconceito com a advocacia. Tais atitudes não contribuem com a construção da Justiça e destoam do profundo respeito que a entidade demonstra ao longo de sua história pelas instituições republicanas”, declarou a entidade.

A ordem também cobrou respeito à advocacia. “Faz-se necessário, portanto, o respeito à decisão majoritária do Conselho Nacional de Justiça, que assegurou o direito do cidadão e de seu advogado a utilizar as salas dos Fóruns. O presidente do CNJ deve respeitar a decisão da maioria e não transformar divergência de opinião em motivo para ataques pessoais ou desrespeito às instituições”, afirmou a OAB.
*Ajusticeiradeesquerda

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Em 23 de fevereiro de 2014 aconteceu, em Cotonú, no Benim, um encontro entre o PCR da Costa do Marfim e o Partido Comunista do Benim, por ocasião das manifestações organizadas pelo Instituto Internacional de Pesquisa e Formação (INIREF) para celebrar a Jornada Internacional da Língua Materna e a Festa dos Povos do Benim.
Ambos partidos trocaram opiniões sobre a situação internacional e sobre as respectivas situações nacionais, assim como sobre as tarefas que delas decorrem.
Sobre a situação internacional
1. A crise capitalista mundial manifestada em 2008 e cujos efeitos continuam, agrava as condições de vida do proletariado e dos povos do mundo, fazendo surgir em todo o planeta variadas formas de luta pela libertação.
2. A aparição em escala mundial de novas potências chamadas emergentes (BRICS), cujo núcleo é Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, alimenta as rivalidades interimperialistas e a multiplicação de conflitos locais, o que constituem elementos de uma nova guerra mundial.
A primeira contraofensiva das potências imperialistas clássicas para deter o crescimento dos países “emergentes” aconteceu na Líbia. Conseguiram fazer a guerra em acordo com China e Rússia e contra os povos africanos. Ao fim desse conflito, a França ficou com 35% do petróleo líbio.
A segunda contraofensiva é sobre a Síria, mas encontram resistência na determinação do povo sírio e também na política de Rússia e China. Algo parecido acontece com o desenrolar da situação do Irã.
Sobre o continente africano
1. Na África se manifestam todas as contradições mundiais: abundância de riquezas inexploradas; tremenda miséria da maioria da população; ganância dos imperialistas; dominação cultural, agressões militares contra os povos; instalação de bases militares em certos países que servem de Base de Operações Avançadas, como é o caso da Costa do Marfim e da República de Djibuti. A rivalidade é forte entre as antigas potências e as novas qualificadas de emergentes. Essa rivalidade é a base de todos os conflitos de que são vítimas os povos africanos.
2. Para proteger seu “quintal”, o imperialismo francês recorre à ocupação militar direta de suas antigas colônias. O dispositivo militar dos imperialistas (franceses e estadunidenses, Africom, etc.) trata de controlar a África com tropas de agressão mediante as bases militares no Djibuti, Chade, Gabão, Costa do Marfim, na região subsaariana, no Golfo de Guiné, etc. Dessa forma, Abidjan (importante cidade da Costa do Marfim), atualmente, serve de retaguarda da agressão contra os povos da região.
A última intervenção militar é a que se leva a cabo na República Centro Africana. Se utiliza qualquer pretexto para justificar a intervenção nos países africanos: “derrocar um déspota que se nega a aceitar o resultado das urnas”, na Costa do Marfim; “socorrer o povo líbio que se rebela contra o ditador Kadafi”; “combater os jihadistas e restabelecer a integridade territorial” do Mali; “reestabelecer a segurança e a ordem e deter os massacres” na República Centro Africana.  A tática do imperialismo é a mesma: ascender o fogo para ter o pretexto de intervir para apagá-lo. Mas é sabido que foi a intervenção francesa na República Centro Africana que exacerbou as relações étnicas e religiosas no país ao desarmar a “Seleka” e facilitar os crimes das chamadas milícias cristãs.
O PCR da Costa do Marfim e o Partido Comunista do Benim declaram que o imperialismo francês e suas forças militares são os únicos responsáveis dos massacres atuais contra cidadãos centroafricanos, particularmente dos muçulmanos, que sofrem com o genocídio praticado no país.
O PCR da Costa do Marfim e o Partido Comunista do Benim denunciam e condenam as agressões militares do imperialismo internacional, particularmente do francês, que se cobre com as forças da ONU e se comporta como bombeiro para conservar seu “quintal” africano. Rendemos homenagem a todos os africanos mortos pelas balas dos agressores franceses na Líbia, Costa do Marfim, Mali, República Centro Africana, etc., vítimas que consideramos heróis e mártires por seu patriotismo africano.
3. O PCR da Costa do Marfim e o Partido Comunista do Benim se alegram pelas vitórias alcançadas pelo povo irmão tunisiano sob a direção do Partido dos Trabalhadores e da Frente Popular da Tunísia; vitórias da democracia, contra o obscurantismo islamita e por uma constituição democrática.
Saudamos também o povo nigeriano que luta bravamente contra o saque de suas riquezas minerais, particularmente do urânio, que leva a cabo o grupo AREVA, e pela soberania de seus recursos naturais.
A situação no Benim e na Costa do Marfim
1. A situação no Benim e na Costa do Marfim se caracteriza pela dominação do imperialismo francês, cujos monopólios controlam importantes setores da economia nacional (portos, bancos, energia, etc.).
2. No Benim, Yayi Boni, depois de saquear a economia e as finanças do país, que restaurar uma ditadura fascista. Contra ele o povo se levanta para impedi-lo e para instaurar o poder dos trabalhadores e do povo. O PCR da Costa do Marfim apoia firmemente a luta dos trabalhadores e da juventude do Benim pela emancipação total, e manifesta sua esperança de que alcance um final feliz.
3. Na Costa do Marfim, com o falso pretexto de desenvolvimento depois do desastre da guerra, o poder de Uattara confiscou os meios de comunicação do Estado, amordaçando as liberdades. Trata agora de proibir as organizações dos estudantes e colocar em seu lugar estruturas fantoches. O Partido Comunista do Benim apoia a luta do povo da Costa do Marfim e do Partido Comunista Revolucionário em seu combate contra o imperialismo francês e contra o regime de Uattara e para libertar o país da dependência colonialista.
4. PCR da Costa do Marfim agradece ao Partido Comunista do Benim e ao Instituto Internacional de Pesquisa e Formação pelo convite às manifestações em comemoração à Jornada Internacional da Língua Materna e à festa dos povos do Benim.
O PCR da Costa do Marfim e o Partido Comunista do Benim convocam os democratas e a juventude:
Não às intervenções militares contra os povos!
Não às bases militares estrangeiras de agressão no solo africano!
Fora imperialismo!

Cotonu, 23 de fevereiro de 2014

Gnagnon Yokoré
PCR da Costa do Marfim
*jornalAverdade

terça-feira, março 11, 2014

O cabelo da mulher negra, especialmente, não é somente um símbolo de seu próprio empoderamento e identidade, é também uma fortaleza que outras mulheres negras percebem e adotam como extensão da conscientização política.

Em terra de chapinha, quem tem crespo é rainha?



Em terra de chapinha, quem tem crespo é rainha?
Por Jarid Arraes
Ao contrário do que pode parecer, cabelo não é um assunto fútil. A forma como as pessoas se relacionam com seus cabelos dentro de uma cultura é bastante reveladora: são símbolos, indumentários, acessórios e maneiras de apresentação que falam sobre os valores de uma sociedade. Não é por acaso que cabelos lisos e ondulados são considerados mais bonitos e estão em todas as propagandas, nem é coincidência o fato de que cabelos alisados e tingidos de loiro sejam tão populares entre as mulheres. O cabelo tem uma enorme importância política e identitária, visto que aquilo que é considerado mais belo é, invariavelmente, considerado melhor.
Mas a pertinência da pauta não se resume às relações identitárias das pessoas com os seus cabelos. Enquanto uma aparência física que remeta a branquitude é mais valorizada, o racismo pode se esconder de maneira ardilosa, mesmo nos discursos contra a discriminação. Por exemplo, se observarmos as campanhas que celebram cabelos cacheados, é possível perceber que nem todo cabelo cacheado é totalmente repudiado ou celebrado. A depender da textura dos fios, o cabelo pode ser interpretado como simplesmente cacheado ou como crespo.
Essa separação não é completamente unânime, mas os cabelos crespos das mulheres negras geralmente não são aceitos nem mesmo nas campanhas políticas contra o alisamento. Isso acontece porque os cachos que são considerados mais belos são aqueles cachos soltinhos e sedosos, características de um cabelo considerado limpo e bem cuidado, com espirais bem definidos, mas que jamais passa qualquer aparência de “rebeldia”. Já o cabelo negro volumoso, dito “sem forma” definida e que não balança ao vento é considerado “ruim” na cultura popular e por isso precisa ser “melhorado” a qualquer custo.
Mesmo em ambientes voltados justamente para o público com cabelo cacheado, e que em muitos casos possuem um forte discurso de identidade crespa, é comum haver piadas e brincadeiras com a ideia do “cabelo ruim” ou críticas aos cabelos muito volumosos e sem definição de cachos. É por isso que muitas garotas e mulheres negras avançam até a página dois: conseguem se libertar da chapinha e dos alisamentos, mas caem na frustração de não possuirei o “tipo certo” de cacho. Há muitos produtos destinados a combater o frizz, assim como técnicas de fitagem e outros métodos para modificar os cabelos crespos. Parece que a indústria da beleza sempre consegue um jeitinho de fazer as mulheres pensarem que não são bonitas o bastante para consumirem mais cosméticos. Como resultado, as correntes são afrouxadas eventualmente, mas nunca partidas.
A experiência dos homens negros também é um excelente exemplo sobre essa relação de permissão limitada oferecida a quem tem cabelos crespos. A masculinidade tem padrões diferentes, por isso os homens negros podem escolher raspar a cabeça e deixar o cabelo tão baixo ao ponto de que sua textura se torne imperceptível. No entanto, no momento que um homem negro decide deixar o “black power” crescer, corre o risco de ter sua entrada barrada nos mais diversos ambientes e obter um emprego  torna-se uma tarefa praticamente impossível. Mesmo os homens politizados e conscientes de sua negritude, que exibem seus cabelos afros com orgulho, acabam coagidos a diminuir o volume para conseguirem se manter empregados.
A verdade é que liberação racial contemplada em nossa sociedade não passa de uma cortina de fumaça para disfarçar o racismo impregnado. São poucas as pessoas que aceitam os crespos e são poucos os tipos de cachos que são elogiados. Todos os dias, crianças e adultos com cabelos crespos e cacheados são humilhadas e pressionadas a fazer intervenções químicas.  É importante lembrar que “metade de aceitação” não existe: a quebra de paradigmas acontece por completo, ou não acontece. Devemos celebrar os cabelos cacheados e não deixar que as diversas texturas dos fios negros sejam invisibilizadas e, literalmente, podadas por conceitos racistas de beleza.
O cabelo da mulher negra, especialmente, não é somente um símbolo de seu próprio empoderamento e identidade, é também uma fortaleza que outras mulheres negras percebem e adotam como extensão da conscientização política. Isso precisa ser preservado e não pode, sob hipótese alguma, encontrar limites.
* Foto de capa: Erykah Badu (Crédito: Divulgação)
*Revistaforum