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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, março 16, 2014
LULA EXPLICA POR QUE O BRASIL VAI GANHAR E CRESCER MAIS.
Brasil: Pais das oportunidades!
Por Dr. Luiz Inácio Lula da Silva
Passados cinco anos do início da
crise global, o mundo ainda enfrenta suas consequências, mas já se
prepara para um novo ciclo de crescimento. As atenções estão voltadas
para mercados emergentes como o Brasil. Nosso modelo de desenvolvimento
com inclusão social atraiu e continua atraindo investidores de toda
parte. É hora de mostrar as grandes oportunidades que o país oferece,
num quadro de estabilidade que poucos podem apresentar.
Nos últimos 11 anos, o Brasil deu um
grande salto econômico e social. O PIB em dólares cresceu 4,4 vezes e
supera US$ 2,2 trilhões. O comércio externo passou de US$ 108 bilhões
para US$ 480 bilhões ao ano. O país tornou-se um dos cinco maiores
destinos de investimento externo direto. Hoje somos grandes produtores
de automóveis, máquinas agrícolas, celulose, alumínio, aviões; líderes
mundiais em carnes, soja, café, açúcar, laranja e etanol.
Reduzimos a inflação, de 12,5% em
2002 para 5,9%, e continuamos trabalhando para trazê-la ao centro da
meta. Há dez anos consecutivos a inflação está controlada nas margens
estabelecidas, num ambiente de crescimento da economia, do consumo e do
emprego. Reduzimos a dívida pública líquida praticamente à metade; de
60,4% do PIB para 33,8%. As despesas com pessoal, juros da dívida e
financiamento da previdência caíram em relação ao PIB.
Colocamos os mais pobres no centro das políticas econômicas, dinamizando o mercado e reduzindo a desigualdade. Criamos 21 milhões de empregos; 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza e 42 milhões alcançaram a classe média.
Quantos países conseguiram tanto, em tão pouco tempo, com democracia plena e instituições estáveis?
A novidade é que o Brasil deixou de
ser um país vulnerável e tornou-se um competidor global. E isso
incomoda; contraria interesses. Não é por outra razão que as contas do
país e as ações do governo tornaram-se objeto de avaliações cada vez
mais rigorosas e, em certos casos, claramente especulativas. Mas um país
robusto não se intimida com as críticas; aprende com elas.
A dívida pública bruta, por exemplo,
ganhou relevância nessas análises. Mas em quantos países a dívida bruta
se mantém estável em relação ao PIB, com perfil adequado de vencimentos,
como ocorre no Brasil? Desde 2008, o país fez superávit primário médio
anual de 2,58%, o melhor desempenho entre as grandes economias. E o
governo da presidenta Dilma Rousseff acaba de anunciar o esforço fiscal
necessário para manter a trajetória de redução da dívida em 2014.
Acumulamos US$ 376 bilhões em
reservas: dez vezes mais do que em 2002 e dez vezes maiores que a dívida
de curto prazo. Que outro grande país, além da China, tem reservas
superiores a 18 meses de importações? Diferentemente do passado, hoje o
Brasil pode lidar com flutuações externas, ajustando o câmbio sem
artifícios e sem turbulência. Esse ajuste, que é necessário, contribui
para fortalecer nosso setor produtivo e vai melhorar o desempenho das
contas externas.
O Brasil tem um sistema financeiro
sólido e expandiu a oferta de crédito com medidas prudenciais para
ampliar a segurança dos empréstimos e o universo de tomadores. Em 11
anos o crédito passou de R$ 380 bilhões para R$ 2,7 trilhões; ou seja,
de 24% para 56,5% do PIB. Quantos países fizeram expansão dessa ordem
reduzindo a inadimplência?
O investimento do setor público
passou de 2,6% do PIB para 4,4%. A taxa de investimento no país cresceu
em média 5,7% ao ano. Os depósitos em poupança crescem há 22 meses. É
preciso fazer mais: simplificar e desburocratizar a estrutura fiscal,
aumentar a competitividade da economia, continuar reduzindo aportes aos
bancos públicos, aprofundar a inclusão social que está na base do
crescimento. Mas não se pode duvidar de um país que fez tanto em apenas
11 anos.
Que país duplicou a safra e tornou-se
uma das economias agrícolas mais modernas e dinâmicas do mundo? Que
país duplicou sua produção de veículos? Que país reergueu do zero uma
indústria naval que emprega 78 mil pessoas e já é a terceira maior do
mundo?
Que país ampliou a capacidade
instalada de eletricidade de 80 mil para 126 mil MW, e constrói três das
maiores hidrelétricas do mundo? Levou eletricidade a 15 milhões de
pessoas no campo? Contratou a construção de 3 milhões de moradias
populares e já entregou a metade?
Qual o país no mundo, segundo a OCDE,
que mais aumentou o investimento em educação? Que triplicou o orçamento
federal do setor; ampliou e financiou o acesso ao ensino superior, com o
Prouni, o FIES e as cotas, e duplicou para 7 milhões as matrículas nas
universidades? Que levou 60 mil jovens a estudar nas melhores
universidades do mundo? Abrimos mais escolas técnicas em 11 anos do que
se fez em todo o Século XX. O Pronatec qualificou mais de 5 milhões de
trabalhadores. Destinamos 75% dos royalties do petróleo para a educação.
E que país é apontado pela ONU e outros organismos internacionais como exemplo de combate à desigualdade?
O Brasil e outros países poderiam ter
alcançado mais, não fossem os impactos da crise sobre o crédito, o
câmbio e o comércio global, que se mantém estagnado. A recuperação dos
Estados Unidos é uma excelente notícia, mas neste momento a economia
mundial reflete a retirada dos estímulos do Fed. E, mesmo nessa
conjuntura adversa, o Brasil está entre os oito países do G-20 que
tiveram crescimento do PIB maior que 2% em 2013.
O mais notável é que, desde 2008,
enquanto o mundo destruía 62 milhões de empregos, segundo a Organização
Internacional do Trabalho, o Brasil criava 10,5 milhões de empregos. O
desemprego é o menor da nossa história. Não vejo indicador mais robusto
da saúde de uma economia.
Que país atravessou a pior crise de todos os tempos promovendo o pleno emprego e aumentando a renda da população?
Cometemos erros, naturalmente, mas a
boa notícia é que os reconhecemos e trabalhamos para corrigi-los. O
governo ouviu, por exemplo, as críticas ao modelo de concessões e o
tornou mais equilibrado. Resultado: concedemos 4,2 mil quilômetros de
rodovias com deságio muito acima do esperado. Houve sucesso nos leilões
de petróleo, de seis aeroportos e de 2.100 quilômetros de linhas de
transmissão de energia.
O Brasil tem um programa de logística
de R$ 305 bilhões. A Petrobras investe US$ 236 bilhões para dobrar a
produção até 2020, o que vai nos colocar entre os seis maiores
produtores mundiais de petróleo. Quantos países oferecem oportunidades
como estas?
A classe média brasileira, que
consumiu R$ 1,17 trilhão em 2013, de acordo com a Serasa/Data Popular,
continuará crescendo. Quantos países têm mercado consumidor em expansão
tão vigorosa?
Recentemente estive com investidores
globais no Conselho das Américas, em Nova Iorque, para mostrar como o
Brasil se prepara para dar saltos ainda maiores na nova etapa da
economia global. Voltei convencido de que eles têm uma visão objetiva do
país e do nosso potencial, diferente de versões pessimistas. O povo
brasileiro está construindo uma nova era – uma era de oportunidades.
Quem continuar acreditando e investindo no Brasil vai ganhar ainda mais e
vai crescer junto com o nosso país.
Luiz Inácio Lula da Silva o melhor ex-presidente da República e é o presidente de honra do PT
Este artigo foi originalmente publicado no jornal Valor Econômico: http://www.valor.com.br/opiniao/3442426/por-que-o-brasil-e-o-pais-das-oportunidades
Deleite - The Beatles - Back In The U.S.S.R. (tradução)
De volta à URSS
Vim de Miami Beach BOAC
Nem fui pra cama ontem à noite
No caminho o saco de papel estava no meu joelho
Cara, foi um vôo horrivel
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS, yeah
Estou longe há tanto tempo que nem reconheci esse lugar
Como é bom estar de volta em casa
Deixo minha mala pra desfazer amanhã
Querida, tire o fone do gancho
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à US
De volta à US
De volta à URSS
As garotas Ucranianas realmente são de arrasar
Elas deixam o oeste pra trás
E as garotas de Moscou me fazem gritar e cantar
E as da Georgia estão sempre na minha mente
Vamos lá
Hu Hey Hu, hey, ah, yeah
Yeah, yeah, yeah
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS
As garotas Ucranianas realmente são de arrasar
Elas deixam o oeste pra trás
E as garotas de Moscou me fazem gritar e cantar
E as da Georgia estão sempre na minha mente
Me mostre seus altos de montanhas cobertos de neve, lá pro sul
Me leve pra fazenda do seu pai
Deixe-me ouvir seu balalaika tocar
Vem e mantenha seu camarada aquecido
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS
Oh, deixe eu te dizer, querida
Nem fui pra cama ontem à noite
No caminho o saco de papel estava no meu joelho
Cara, foi um vôo horrivel
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS, yeah
Estou longe há tanto tempo que nem reconheci esse lugar
Como é bom estar de volta em casa
Deixo minha mala pra desfazer amanhã
Querida, tire o fone do gancho
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à US
De volta à US
De volta à URSS
As garotas Ucranianas realmente são de arrasar
Elas deixam o oeste pra trás
E as garotas de Moscou me fazem gritar e cantar
E as da Georgia estão sempre na minha mente
Vamos lá
Hu Hey Hu, hey, ah, yeah
Yeah, yeah, yeah
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS
As garotas Ucranianas realmente são de arrasar
Elas deixam o oeste pra trás
E as garotas de Moscou me fazem gritar e cantar
E as da Georgia estão sempre na minha mente
Me mostre seus altos de montanhas cobertos de neve, lá pro sul
Me leve pra fazenda do seu pai
Deixe-me ouvir seu balalaika tocar
Vem e mantenha seu camarada aquecido
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS
Oh, deixe eu te dizer, querida
Fruto de um crime, foto de Veja será investigada
Fruto de um crime, foto de Veja será investigada
Governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, abre sindicância para
apurar como José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda, numa imagem
que foi estampada pela revista Veja; lei preserva a intimidade dos
presos e impede que detentos sejam fotografados; "Alguém cometeu um
crime aí que precisa ser investigado", disse André Duda, secretário de
Comunicação do DF; objetivo da reportagem de Veja é denunciar supostos
privilégios para que Dirceu continue preso em regime fechado e, de
preferência, num presídio federal, ainda que isso contrarie a decisão do
Supremo Tribunal Federal.
247 - O governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, decidiu abrir uma sindicância para apurar como o ex-ministro José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda. As imagens foram estampadas numa reportagem de Veja que visa constranger o Poder Judiciário e garantir que o ex-ministro da Casa Civil continue preso em regime fechado e, de preferência, num presídio federal, de segurança máxima – ainda que isso contrarie a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Ocorre que a lei brasileira protege a intimidade dos presos e impede que os mesmos sejam fotografados. "Alguém cometeu um crime aí que precisa ser investigado", disse o secretário de Comunicação do Distrito Federal, André Duda. "O governo investiga toda denúncia sobre o sistema penitenciário", afirmou.
A sindicância será aberta nesta segunda-feira e irá apurar como as imagens de Dirceu, que aparece bem mais magro nas fotos, chegaram à reportagem de Veja. Desconfia-se que algum servidor da Papuda tenha entrado com uma microcâmera no presídio, sem que isso tenha sido detectado pelos controles de segurança.
De todos os presos da Ação Penal 470, apenas Dirceu não teve seu pedido de trabalho externo avaliado pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal – pedido que conta com recomendação favorável do Ministério Público. O motivo para o adiamento foi uma nota de jornal sobre uso de celular no presídio, negada por sindicância interna. Agora, a reportagem de Veja apenas reforça a campanha para mantê-lo preso num regime distinto daquele ao qual foi condenado.
247 - O governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, decidiu abrir uma sindicância para apurar como o ex-ministro José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda. As imagens foram estampadas numa reportagem de Veja que visa constranger o Poder Judiciário e garantir que o ex-ministro da Casa Civil continue preso em regime fechado e, de preferência, num presídio federal, de segurança máxima – ainda que isso contrarie a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Ocorre que a lei brasileira protege a intimidade dos presos e impede que os mesmos sejam fotografados. "Alguém cometeu um crime aí que precisa ser investigado", disse o secretário de Comunicação do Distrito Federal, André Duda. "O governo investiga toda denúncia sobre o sistema penitenciário", afirmou.
A sindicância será aberta nesta segunda-feira e irá apurar como as imagens de Dirceu, que aparece bem mais magro nas fotos, chegaram à reportagem de Veja. Desconfia-se que algum servidor da Papuda tenha entrado com uma microcâmera no presídio, sem que isso tenha sido detectado pelos controles de segurança.
De todos os presos da Ação Penal 470, apenas Dirceu não teve seu pedido de trabalho externo avaliado pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal – pedido que conta com recomendação favorável do Ministério Público. O motivo para o adiamento foi uma nota de jornal sobre uso de celular no presídio, negada por sindicância interna. Agora, a reportagem de Veja apenas reforça a campanha para mantê-lo preso num regime distinto daquele ao qual foi condenado.
*Turquinho
O SISTEMA DE JUSTIÇA DO URUGUAI
Como se desenvolve o sistema de Justiça do Uruguai
Por Vladimir Passos de Freitas
A República Oriental do Uruguai tem 176.214 km2 e 3,5 milhões de
habitantes, dos quais 1,8 milhão encontram-se na sua capital,
Montevidéu. Poucos sabem que aquele território pertenceu ao Brasil, de
1817 a 1825, sob o nome de Província Cisplatina. Todavia, de nossa
cultura lá pouco ficou, talvez apenas a arquitetura da Colônia
Sacramento, às margens do Rio da Prata.
Os brasileiros que visitam nosso vizinho ao sul ficam encantados com a
tranquilidade do povo e com o elevado grau de cultura de sua gente,
inclusive nas camadas mais populares. No Uruguai, à efervescência
econômica do Brasil contrapõe-se uma melhor distribuição de renda, com
resultados positivos na segurança pública. Há menos milionários e menos
miseráveis.
O sistema judicial do Uruguai é coerente com a forma de viver uruguaia,
ou seja, simples e de boa qualidade. Não há grandes teses inovadoras.
No entanto, as ações tramitam celeremente e o Poder Judicial é
respeitado. Segundo um Juiz Federal de uma vara de crimes contra a ordem
econômica em capital da região sul, uma rogatória expedida ao Uruguai,
regra geral, é cumprida com mais rapidez do que precatórias nas grandes
seções judiciárias do Brasil.
A carreira judicial não é muito procurada, porque os juízes recebem
vencimentos baixos, em torno de 2 mil dólares iniciais. Registre-se,
contudo, que os descontos são pequenos, giram em torno de 10%, enquanto
no Brasil, na esfera federal, eles significam 27,5% de imposto de
renda, mais 12% de INSS. Além disto, os magistrados devem,
obrigatoriamente, passar alguns anos no interior, não raramente em
cidades distantes e pequenas, o que nem sempre é atrativo.
Os que pretendem entrar na carreira judicial devem ser graduados em
Direito, cursar a Escola da Magistratura e ter um mínimo de 25 anos de
idade. Concluído o curso com êxito, poderão ser nomeados Juiz de Paz.
Nos locais mais distantes e pouco populosos o Juiz de Paz não precisa
ser graduado em Direito, poderá ser um juiz leigo, escolhido entre as
pessoas respeitadas do local. Em Montevidéu e cidades de maior movimento
forense, ele deverá ser graduado em Direito e cursar a Escola. Ao Juiz
de Paz cabe conciliar as desavenças, pois não se proporá ação de
reparação de dano civil sem tentar previamente a conciliação perante um
Juiz de Paz. Cumpre-lhe, também, decidir as pequenas questões que lhe
sejam submetidas. O mandato é de quatro anos e não há qualquer garantia
de estabilidade, podendo inclusive ser removido a qualquer tempo no
interesse do serviço público.
Passados quatro anos sem problemas de conduta, poderá ser nomeado para o
cargo de Juiz Letrado, com estabilidade assegurada por lei, e passará a
ter exercício em cidades de porte médio. O Juiz Letrado, ou seja,
bacharel em Direito, deve ter pelo menos 28 anos de idade e quatro de
experiência.
Caso surja vaga em uma Vara (Juzgado), a Suprema Corte de Justiça
escolhe qual juiz suprirá a vaga e decide o seu traslado, nome que se dá
à remoção. Não existe direito à remoção voluntária, como no Brasil. A
corte previamente faz uma consulta ao escolhido, porém a recusa não é
vista com bons olhos, podendo significar a permanência onde se está até o
dia da aposentadoria. O traslado pode ser, inclusive, para sede de
Juízo de menor hierarquia ou remuneração, nesta hipótese sendo
necessário o voto de quatro dos cinco membros da corte.
O passo seguinte da carreira é a nomeação para o cargo de ministro de um
Tribunal de Apelação, podendo atuar no cível ou no crime. Os cargos são
providos sempre por juízes de carreira ou membros do Ministério
Público, que tenham pelo menos 35 anos de idade e oito de experiência
profissional. Não existe sistema de nomeação por antiguidade nem algo
semelhante ao nosso quinto constitucional. (Obs. deste blog: quinto
constitucional: vagas que contemplam integrantes do Ministério Público e
da Advocacia na composição dos lugares dos Tribunais Regionais Federais
e dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal - art. 94 da
Constituição Federal).
Após a segunda instância abrem-se duas oportunidades aos juízes de
carreira: a Suprema Corte de Justiça e o Tribunal do Contencioso
Administrativo (TCA). Para ser nomeado Ministro destes Tribunais é
preciso alcançar dois terços dos votos do Parlamento, o que obriga a um
esforço político.
Se o candidato indicado não alcançar o quórum mínimo e a Assembleia
Geral convocada para tal fim não aprovar um nome em 90 dias, será
nomeado o membro mais antigo dos Tribunais de Apelação ou do Ministério
Público. Não há hierarquia entre estes dois Tribunais Superiores e os
vencimentos são idênticos. Mas a Suprema Corte goza de um “status”
maior, pois decide as ações em que se discute ofensa à Constituição,
exerce a função correcional dos Tribunais, apresenta os projetos de
orçamento ao Poder Executivo e é a responsável pela administração da
Justiça, inclusive nomeando os magistrados de primeira e segunda
instância e também os Defensores de Ofício.
O TCA foi criado em 1952 para ressalvar os direitos privados que possam
ser lesionados pelas autoridades públicas e também para controlar
eventuais ilegalidades da administração. Ao TCA cabe processar e
decidir, em única instância e sem recurso para a Corte, as questões
envolvendo a nulidade de atos administrativos oriundos da Administração
Pública no exercício de suas funções, inclusive aqueles oriundos de
disputas de órgãos do governos central com os regionais ou locais. Ao
decidir uma ação o TCA pode declarar válido ou nulo o ato
administrativo, nesta hipótese limitando-se a informar à administração
sem que possa outro editar no seu lugar. Eventuais danos oriundos de um
ato administrativo declarado nulo poderão ensejar reparação dos danos
civis, porém nas Varas (Juzgados) e não no TCA.
Cada Tribunal Superior possui cinco Ministros, que recebem pouco menos
do que 5 mil dólares e que podem indicar três secretários de sua
confiança para assessorá-los. Os demais cargos de funcionários do Poder
Judicial, em todas as instâncias, atualmente, são providos por concurso
público. Estes Ministros têm um mandato de 10 anos, ou seja, seus cargos
não são vitalícios. A Suprema Corte já teve representantes femininas,
porém, atualmente, sua composição é apenas de homens. No TCA atua uma
mulher: Mariela Sasson Balleto.
A Polícia no Uruguai trabalha diretamente com o juiz, que deve
dirigir-se ao local do crime tão logo dele tenha notícia. Por isso mesmo
o plantão é rigoroso, sendo proibida a ausência das comarcas nos fins
de semana. Tal atividade passará ao Ministério Público tão logo seja
aprovada a reforma processual em andamento. Porém, os Promotores de
Justiça, que recebem vencimentos iguais aos dos juízes, têm suas
atividades limitadas à esfera criminal, inexistindo atuação em ações
civis, mesmo que coletivas.
Não existe no Uruguai um órgão assemelhado ao nosso Conselho Nacional de
Justiça. Houve, ao tempo do regime militar, um Conselho da
Magistratura, porém foi extinto com a volta à normalidade democrática.
Não há sessão pública ou sustentação oral nos tribunais uruguaios, os
acórdãos são lavrados após discussão entre os membros da Turma em
caráter privado. Os magistrados não usam toga e as relações protocolares
desenvolvem-se com muita simplicidade.
Aos 70 anos de idade, tal qual no Brasil, os magistrados devem
aposentar-se compulsoriamente. Ao fim da sua carreira judicial, eles
recebem uma aposentadoria correspondente a 70% do que recebiam em
atividade. Em caso de morte, a (o) pensionista tem direito a um
benefício previdenciário no valor de 50% do valor recebido pelo finado
quando em atividade.
E assim se desenvolve o sistema de Justiça uruguaio. (Fonte: aqui).
................
Vladimir Passos de Freitas é desembargador federal do TRF 4ª Região.
................
Uma vez que o sistema uruguaio não prevê, entre outros, o uso de toga e a vitaliciedade do cargo de magistrado (alcançando, claro, a suprema corte), é lícito concluir: lá, ao contrário do que se observa no Brasil, a fogueira das vaidades não tem chance de prosperar.
................
Vladimir Passos de Freitas é desembargador federal do TRF 4ª Região.
................
Uma vez que o sistema uruguaio não prevê, entre outros, o uso de toga e a vitaliciedade do cargo de magistrado (alcançando, claro, a suprema corte), é lícito concluir: lá, ao contrário do que se observa no Brasil, a fogueira das vaidades não tem chance de prosperar.
*
Dodó Macedo
Cadeira movida a energia solar permite que deficientes entrem no mar na Grécia
Chamado de Seatrac, o dispositivo possui patente europeia e
americana. É uma alternativa para a falta de infraestrutura do país em
receber a população e até mesmo os turistas que também querem desfrutar
das praias.
Já foi vendido para diversos municípios que instalaram o
equipamento nas praias gregas. Entretanto, uma matéria na Reuters relata
a falta de apoio das autoridades locais para apoiar a implantação do
projeto nas cidades, uma vez que é preciso construir uma rampa do calçadão até água.
Além disso, há falta de respeito da própria população que
bloqueia a passagem com veículos, utiliza as rampas como trampolim de
mergulho ou rouba os painéis solares instalados. O engenheiro Ignatios
Fotiou, um dos inventores do Seatrac, afirmou que a falta de apoio era
semelhante à “construção de um apartamento de cobertura sem um edifício embaixo dele”.
Além de Fotiou, o aparelho foi desenvolvido por Nikos
Logothetis e Gerasimos Fessian. A invenção do trio ganhou fama com a
competição do Vimeo em que foram inscritos mini documentários sobre inovações que podem ajudar as pessoas a viverem com mais qualidade de vida.
Assista ao documentário:
Assista ao documentário:
*deficienteciente
A Inutilidade da Teologia
.
Um editorial infeliz e ingênuo do jornal britânico Independent recentemente pediu uma reconciliação entre ciência e “teologia”. Dizia que “As pessoas querem saber o tanto quanto possível sobre suas origens”. Com certeza, espero que elas queiram, mas o que diabo faz alguém pensar que a teologia tem algo de útil para dizer sobre esse assunto?
A ciência é responsável pelas seguintes informações sobre nossas origens. Nós sabemos aproximadamente quando o Universo surgiu e porque ele é, em sua maioria, de hidrogênio. Nós sabemos por que as estrelas se formam e o que acontece no interior delas para converter hidrogênio em outros elementos, dando origem à química em um mundo físico. Nós sabemos os princípios fundamentais de como um mundo químico pode se transformar em biologia através do aparecimento de moléculas autorreprodutoras. Nós sabemos como o princípio da autorreprodução deu origem, através da seleção darwiniana, a toda a vida, incluindo os humanos.
Foi a ciência e apenas a ciência que nos ofereceu esse conhecimento e, além disso, o ofereceu em detalhes fascinantes, preponderantes e que se confirmam mutuamente. Em cada um desses aspectos, a teologia tem mantido uma visão que se mostrou definitivamente errônea. A ciência erradicou a varíola, pode imunizar contra a maioria dos vírus e matar a maioria das bactérias que anteriormente eram mortais. A teologia não tem feito nada a não ser falar das doenças como punições para nossos pecados. A ciência pode prever quando um cometa em particular irá reaparecer e, de quebra, quando o próximo eclipse irá ocorrer. A ciência colocou o homem na Lua e lançou foguetes de reconhecimento ao redor de Saturno e Júpiter. A ciência pode lhe dizer qual a idade de um fóssil específico e que o Santo Sudário de Turim é um embuste medieval. A ciência sabe as instruções precisas no DNA de vários vírus e irá, durante a vida de muitos leitores presentes, fazer o mesmo com o genoma humano.
O que a teologia já disse que teve qualquer valor para alguém? Quando a teologia disse algo que foi demonstrado como verdadeiro e que não seja óbvio? Tenho ouvido os teólogos, lido o que escrevem, debatido com eles. Nunca ouvi algum deles dizer algo que tivesse alguma utilidade, qualquer coisa que não fosse trivialmente óbvio ou categoricamente errado. Se todas as realizações dos cientistas forem apagadas do mapa no futuro, não haverá médicos, e sim xamãs; não haverá meio de transporte mais rápido que o cavalo; não haverá computadores, nem livros impressos e, muito menos, agricultura além das culturas de subsistência. Se todas as realizações dos teólogos forem apagadas do mapa no futuro, alguém perceberia a mínima diferença? Até mesmo as realizações negativas dos cientistas, como as bombas e navios baleeiros guiados por sonar funcionam! As realizações dos teólogos não fazem nada, não afetam nada, não significam nada. Afinal, o que faz alguém pensar que “teologia” é um campo do conhecimento?
*mundosemreligiao
sábado, março 15, 2014
A impunidade no Brasil tem origem no regime militar
Juremir Machado da Silva
Torturadores impunes
Muito se fala de impunidade no Brasil. Tenho convicção de que a origem
dessa impunidade está na ditadura imposta em 1964. Os ditadores nunca
foram punidos. Muito menos os torturadores que fizeram o mais sujo dos
serviço para o regime comandado por generais que jamais tiveram a
chancela do voto direto. O Brasil é um dos poucos países com ditadura
recente a poupar os seus ditadores e os seus torturadores de qualquer
punição. Isso se deu pela Lei da Anistia, de 1979, lei de auto-anistia
pela qual a ditadura aceitou a volta dos exilados em troca da
auto-absolvição dos crimes dela mesma.
O problema é que os resistentes à ditadura foram punidos com exílio,
prisão, tortura, cassações de mandato, mortes e, vale destacar, com
processos julgados pelo Superior Tribunal Militar. Um lado foi julgado e
condenado.
O outro, o dos ditadores e torturados, não.
O jornalista Luiz Cláudio Cunha resumiu: “A conta da ditadura de 21 anos
prova que ela atuou sem o povo, apesar do povo, contra o povo. Foram
500 mil cidadãos investigados pelos órgãos de segurança; 200 mil detidos
por suspeita de subversão; 50 mil presos só entre março e agosto de
1964; 11 mil acusados nos inquéritos das Auditorias Militares, cinco mil
deles condenados, 1.792 dos quais por “crimes políticos” catalogados na
Lei de Segurança Nacional; dez mil torturados nos porões do DOI-CODI;
seis mil apelações ao Superior Tribunal Militar (STM), que manteve as
condenações em dois mil casos; dez mil brasileiros exilados; 4.862
mandatos cassados, com suspensão dos direitos políticos, de presidentes a
governadores, de senadores a deputados federais e estaduais, de
prefeitos a vereadores; 1.148 funcionários públicos aposentados ou
demitidos; 1.312 militares reformados; 1.202 sindicatos sob intervenção;
245 estudantes expulsos das universidades pelo Decreto 477 que proibia
associação e manifestação; 128 brasileiros e dois estrangeiros banidos;
quatro condenados à morte (sentenças depois comutadas para prisão
perpétua); 707 processos políticos instaurados na Justiça Militar; 49
juízes expurgados; três ministros do Supremo afastados; o Congresso
Nacional fechado por três vezes; sete assembleias estaduais postas em
recesso; censura prévia à imprensa, à cultura e às artes; 400 mortos
pela repressão; 144 deles desaparecidos até hoje”. Basta?
Como não houve punição aos criminosos do lado da ditadura, os saudosos
dos anos sujos vão festejar os 50 anos do golpe de 1964. Esse o
resultado da impunidade no Brasil. O homem comum se diz: se é permitido
dar golpe de Estado, derrubar presidente, torturar, matar, armar
atentados como o do Rio-Centro, sem qualquer punição, então a bandidagem
está liberada. Basta arranjar um pretexto como salvar o país do
comunismo. O Brasil é mesmo original: aqui, torturador não se
envergonha, não é punido, vive tranquilamente e ainda comemora. Mais do
que isso, ainda encontra defensor na mídia com aquele discurso
fraudulento: se é para punir, tem de punir os dois lados. Um lado já foi
punido. Só falta o outro.
A impunidade no Brasil tem origem no regime militar.
*esquerdopata.
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