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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 05, 2014

Guia: Como reconhecer um direitista enrustido?



                         Jair Bolssonaro...um dos direita-fascistóides mais raivosos do Brasil


     Arnaldo Jabor,mais do que um direitista....um FASCISTA!

.
- por André Lux, jornalista


 Resolvi fazer uma listinha básica com dicas para quem quer 
aprender a identificar um direitista enrustido. Porque, como bem 
sabemos, ninguém tem coragem de admitir que é de direita no 
Brasil, mas prestando atenção aos discursos e atitudes das pessoas 
fica fácil identifica-los.


Vamos lá:


1) Como bem apontou Fortes, o direitista enrustido costuma bradar que odeia política e políticos em geral e que “não existe esse negócio de direita e esquerda”. Mas, na prática, é diferente. O cara vota no Serra, em alguém do DEMo, do PSDB ou em qualquer um que for o anti-petista ou anti-comunista da vez. Se Adolf Hitler em pessoa ressuscitar e chegar ao segundo turno contra Lula, por exemplo, adivinhem só em quem ele vai votar?


2) Eles adoram xingar os abusos da Telefônica, da CPFL e os pedágios caríssimos das estradas. Enquanto você concorda, são só sorrisos. Porém, na hora que você 
lembra que a culpa de tudo isso recai sobre as
privatizações lesa-pátria ocorridas nos oito anos de governo
 FHC, ele fecha a cara e começa a defendê-las, alegando
 que “antes a gente tinha que esperar anos pra conseguir 
um telefone” e que a culpa é das “agências reguladoras” 
(que também foram criadas pelo FHC). Aí você explica
que não é contra parcerias público-privadas, desde que 
elas sejam feitas em favor da população e não de um 
grupelho de “amigos do rei”. E então faz aquela 
fatídica constatação: “Realmente, hoje você consegue 
uma linha rapidinho, só que paga as tarifas mais caras 
do mundo, recebe em troca um serviço horrível e não
 tem ninguém para reclamar”. Se depois disso a 
pessoa se enfurecer e começar a falar mal do Lula, do PT
 ou de Cuba, pode ter certeza que você está diante de um 
direitista.


3) Toda pessoa de direita acredita piamente que as pessoas são pobres porque querem. “O problema do Brasil é que pobre não gosta de trabalhar”, costumam repetir. De tanto ler a Veja e ver o Jornal Nacional, eles passam a crer que o sujeito mora numa favela e só consegue trabalhar de lixeiro porque “não quis estudar” ou “não se esforçou o suficiente para subir na vida”. Quando você lembra que essas pessoas não têm condições nem para comer, são obrigadas a trabalhar desde cedo largando os estudos e, devido a tudo isso, só conseguem arrumar subempregos, 
o direitista novamente vai fechar a cara e começar a resmungar
 coisas sem nexo do tipo: “Pode ser, mas se um vagabundo desses 
entrar na minha casa eu meto tiro!”.


4) Ainda em relação aos excluídos, o direitista vive dizendo 
que a solução para os problemas sociais do país é “investir 
em educação”. Claro que, como bom esquerdista, você vai 
concordar com ele. Mas você será obrigado a explicar que 
a direita, que governou o país desde que o Cabral invadiu essas
 terras, nunca investiu em cultura e em educação. Pelo contrário. 
E foi durante a ditadura militar de direita que o sistema 
público de ensino sofreu seu golpe mais duro, ficando totalmente 
sucateado. Então vai lembrar ao direitista que se todo mundo 
tivesse estudo e condições iguais para “subir na vida”, ele 
(ou ela) seria obrigado(a) a fazer faxina na própria casa ou a 
recolher o lixo da rua, já que ninguém mais precisaria se 
sujeitar a trabalhar nesses subempregos, exceto de forma 
voluntária para ajudar a comunidade - igual acontece em Cuba – 
ou no mínimo ganharia um salário igual ao de um médico. 
Pronto. Depois dessa é melhor você correr para um abrigo!


5) Pessoas de direita tendem a ser extremamente incoerentes. Via de regra, elas falam mal de tudo (política e políticos, programas na TV, filmes, jornalistas, sexualidade, música) e repetem que “o mundo está perdido”, “nada mais presta” ou “na minha época não tinha nada disso”. E geralmente terminam suas reclamações dizendo que a única solução para tudo isso é “jogar uma bomba atômica e começar tudo de novo”. Aí, logo depois, eles afirmar que são “conservadores”...


6) Conheço uma dúzia de caras, por exemplo, que adoram o Pink Floyd (até tocam suas músicas em bandas cover)
 enquanto repetem jargões que deixariam até um nazista 
envergonhado. “Vai dizer que o Roger Waters é petista agora??” 
costumam vociferar quando você aponta essa incongruência
 a eles. Obviamente, os direitistas confundem ser “de esquerda”
 com “ser petista” ou “ser comunista”. Quando eles cantam
 “Imagine”, do Lennon, com certeza não se tocam que aquela 
é uma música que contesta o sistema vigente que eles 
defendem, ou seja, é de esquerda. E aí, voltamos à 
lógica esquizofrênica exposta acima: o direitista enrustido 
é contra tudo, acha que o mundo está perdido, que o ser 
humano não presta e que político é tudo FDP, mas na 
hora das eleições, dá seu voto aos sujeitos mais conservadores,
 reacionários e corruptos que existem. Justamente aqueles que,
 além de não mudar nada, vão deixar tudo ainda pior. Aqueles
 que, como diz Mino Carta, “querem deixar as coisas como 
estão para ver como é que ficam”.


7) Uma forma fácil de identificar um(a) direitista enrustido(a) é começar a falar sobre Cuba. Disfarçado no discurso “a favor da democracia e da liberdade”, você vai poder identificar todos os clichês mais obtusos que a mídia de direita usa para doutrinar os incautos. Não adianta você dizer que antes do Fidel, Cuba era uma ditadura de direita na qual a maioria esmagadora da população passava fome e não tinha direitos. Nem que, depois do Fidel, ninguém mais passa fome e todos têm acesso gratuito à educação, à saúde,
 à alimentação e ao transporte. Também é inútil explicar
 que, em Cuba, não existem crianças na rua pedindo esmola 
e que a maioria da população tem curso superior adquirido 
gratuitamente. Pois o direitista vai jogar na sua cara que 
em Cuba não existem carros zero km, nem telefone celular, 
nem shopping centers, nem DVD, nem liberdade de imprensa. 
Sim, trata-se da mesma pessoa que acabou de vociferar que 
“o mundo está perdido”, “na televisão só tem porcaria”, 
“jornalista é tudo safado e a imprensa é uma merda”, 
“hoje em dia essa molecada só quer gastar dinheiro com 
lixo” e “o problema do Brasil é a falta de educação e 
cultura”. Eu disse que coerência não é o forte deles, não disse?


8) Direitista enrustido que se preze é a favor do neoliberalismo. 
Não, ele não tem idéia do que é isso nem quem inventou esse 
negócio, mas como ouviu o Arnaldo Jabor e o Django Mainardi
 dizendo que era a solução para os problemas do mundo, 
ele acreditou. E passou a repetir tudo como um bom papagaio: 
são contra o Estado e as Estatais (mas não reclamam quando 
dinheiro público é usado para salvar bancos privados da falência), 
a favor das privatizações (sim, as mesmas que o fazem 
espumar de ódio contra a Telefônica) e pregam a “redução 
dos impostos” (ao mesmo tempo em que choram de raiva por 
terem que pagar fortunas para ter plano de saúde privado). 
Como são manipulados pela mídia de direita, adoram meter o
 pau no governo Lula, não reconhecem nenhum mérito 
nele e acreditam (mesmo!) que tudo de bom que acontece
 hoje no país é resultado do governo FHC (embora eles 
odeiem política e todos os políticos, inclusive os do PSDB, 
lembram?).














9) Outra característica marcante da turma da direita é a certeza absoluta que são donos da verdade. Quando eles falam sobre qualquer assunto, não estão emitindo uma opinião, mas sim uma verdade única e incontestável. A melhor forma de fazer um tipinho desses sair do armário e mostrar sua verdadeira face é simplesmente contestá-lo com argumentos sólidos e muita calma. Eles até vão tentar rebater, mas quando perceberem que o que estão dizendo é APENAS uma opinião e que, por mais que tentem te ridicularizar ou denegrir, você não vai mudar a sua opinião, o direitista enrustido vai então partir para ataques 
chulos e de cunho pessoal, como que tentando convencer os 
outros que o que você diz não tem valor, afinal trata-se de 
uma pessoa má, feia, fedida, chata ou qualquer outra 
coisa. Em última instância, o direitista enrustido vai 
perder todas as estribeiras e acabará apelando para o último
 recurso usado na tentativa de calar o interlocutor: ameaçar 
processá-lo!


E então? Você conhece um não conhece um monte de gente 
assim por aí? Vai ver você é uma delas. Mas não se desespere, 
pois sempre é hora para mudar.


E, como diz John Lennon, eu espero que um dia você possa se 
juntar a nós para que o mundo possa ser um só...

sexta-feira, abril 04, 2014

UNIVERSITÁRIOS REPUTIAM PROFESSOR QUE FAZIA APOLOGIA AO GOLPE DE 1964 - "GOLPISTA DA REVISTA VEJA" É DETONADO POR BLOGUEIRO

Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

Um vídeo se alastrou pela internet a partir do último dia 31 de março. Foi feito pelos alunos da Faculdade de Direito da USP, instalada no Largo de São Francisco, em São Paulo, desde 1903. Este post não se destina a divulgar esse vídeo, mas a expor fatos que sucederam sua divulgação.


O vídeo mostra protesto feito por estudantes contra o professor Eduardo Gualazzi, quem, no dia do aniversário do golpe de 1964, em vez de dar aula resolveu afrontar não só os seus alunos, mas o próprio Centro Acadêmico XI de agosto.
Para quem não sabe, o Centro Acadêmico XI de Agosto é o órgão representativo dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e recebe o nome “XI de Agosto” em homenagem à data da lei que criou as duas primeiras faculdades de Direito do Brasil, uma em São Paulo e outra em Olinda.
O XI de Agosto é o mais antigo centro acadêmico de Direito do país. Teve participação decisiva nas mais relevantes campanhas políticas nacionais, principalmente nos movimentos de defesa do Estado Democrático de Direito contra a ditadura militar que brotou do golpe de 1964.

O professor Gualazzi cometeu um desatino ao levar para leitura em sala de aula um texto de sua autoria intitulado “Continência a 1964”. O texto exalta a ditadura militar justamente em uma instituição cuja história se confunde com a luta contra essa ditadura.
A ligação da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco com a luta contra o regime militar é tão forte que, enquanto Gualazzi fazia apologia àquele regime em sala de aula, o próprio reitor daquela instituição, José Rogério Cruz e Tucci, participava de protesto contra a ditadura a algumas centenas de metros daquela Faculdade.
A intenção de Gualazzi, portanto, foi claramente a de provocar. O que ele estava fazendo, quando sua “aula” foi interrompida pela manifestação dos alunos, não era ensinar. O texto que lia não continha fatos históricos, mas a sua opinião sobre a ditadura.
Professores dão opiniões em sala de aula em todos os níveis de ensino. Isso é comum. Todavia, qualquer professor que disser opiniões em classe corre sérios riscos.
Conto uma história para explicar como é perigoso um professor confundir suas opiniões com a matéria que é pago para ensinar aos seus alunos.
Há alguns anos, uma de minhas filhas, durante aula na faculdade, ouviu de uma professora críticas duras a blogueiros de esquerda e, surpresa das surpresas, também ouviu o nome de seu pai ser incluído na acusação de que tais blogueiros seriam “pagos pelo governo”. Obviamente que ela protestou com veemência na mesma hora e, depois, fez queixa formal da professora, que foi advertida pela faculdade.
Apesar de o vídeo em questão já ter sido muito visto, vale explicar, para quem não viu, que os estudantes organizaram um protesto à altura da ousadia do professor de afrontar não só a eles, mas à própria instituição em que leciona.

O protesto começou do lado de fora da sala de aula. Estudantes simularam gritos de pessoas sendo torturadas e depois entraram cantando em classe, todos vestindo capuzes iguais aos que eram colocados nos presos políticos que a ditadura torturou e/ou matou.
Quem quiser ficar em cima do muro pode dizer que os dois lados erraram. Ainda assim, terá que reconhecer que quem cometeu o primeiro erro foi o tal professor Gualazzi. Contudo, à luz do amplo repúdio (inclusive internacional) à ditadura militar iniciada em 1964, é difícil qualificar a reação dos alunos como um erro. Foi mera reação a uma afronta.
A razão deste post é a de rebater uma versão distorcida desses fatos que está sendo alardeada pela revista Veja através de seus colunistas, entre os quais Rodrigo Constantino. Ele publicou um post em seu blog, hospedado no portal da revista, em que afirma que o tal professor da USP foi “impedido de criticar o comunismo”.
Abaixo, o comentário de Constantino no portal da Veja:
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Vejam como agem os comunistas, esses seres jurássicos que ainda procriam e se espalham, colocando em xeque a teoria da evolução darwinista. São tolerantes, democratas, a favor do debate aberto. Só que não! São autoritários, intimidam quem pensa diferente, querem calar o contraditório no grito. Impediram uma aula sobre as tiranias vermelhas e o contexto de 1964. Invadiram a sala e humilharam o professor. É apenas assim que sabem agir: covardemente e em bando
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Chega a ser bizarro que alguém que, como Constantino, apoia um regime cuja principal característica foi a censura por meios violentos se queixe do que enxerga como “censura”.
Aliás, o regime que Constantino defende não se valia de manifestações teatrais para censurar. Preferia métodos mais “eficientes”, tais como torturas, estupros, assassinatos. Sevícias inclusive a crianças e adolescentes diante dos pais, a esposas diante dos maridos etc.
Concluo externando a opinião deste blog sobre a iniciativa dos alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. É mais do que necessário que todos quantos possam não percam a oportunidade de denunciar a ditadura militar. Este país não pode mais conviver com apologias a um crime de lesa-humanidade como foi aquela ditadura.
Cada cidadão consciente dos horrores daquele período terrível de nossa história deve tomar para si a obrigação de não permitir que exaltem aquele processo criminoso desencadeado neste país há meio século. Pesquisas recentes sobre o que pensam os brasileiros divididos sobre o que aconteceu neste país. É inaceitável.
A ausência de denúncias contundentes sobre a violação da democracia e dos direitos humanos durante cerca de duas décadas é o que faz quase metade dos brasileiros julgarem de forma tão equivocada a ditadura militar.

Este blog, pois, exorta a todo aquele que sabe a verdade a que não aceite, de modo algum, apologias de quem quer que seja à ditadura. Pode ser amigo, parente, colega de trabalho etc. Se fizer apologia da ditadura deve ser contestado prontamente, mesmo ao custo da ruptura ou do esfriamento de sua relação com aquela pessoa.
Este blogueiro tem dito nas redes sociais que não tem o menor interesse em manter amizade ou qualquer outra relação com pessoas que apoiam o regime militar de 1964. Hoje há muita informação. Todos sabem dos crimes cometidos naquele período. Quem apoia aquilo, portanto, não presta. Não vale a pena manter relações com alguém assim.



Repórter xingada por Bolsonaro decide processar o deputado





Repórter humilhada e xingada por Jair Bolsonaro afirma que irá processá-lo. Manuela Borges, que foi chamada de idiota e analfabeta, também ouviu a frase "você está censurada" da boca do parlamentar

A repórter Manuela Borges, da Rede TV, disse que irá processar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). A decisão foi tomada depois que a jornalista foi chamada de “idiota” e “analfabeta” pelo parlamentar em uma entrevista coletiva após a solenidade que lembrava os 50 anos do Golpe Militar de 64. Além do processo, ela entrará com queixa na Corregedoria da Câmara. “Quero meter todos os processos possíveis. O Sindicato dos Jornalistas disse que compra a briga”, comentou.
Jair Bolsonaro se irritou quando a repórter questionou se ele estava afirmando que não houve golpe militar. O deputado defende que foi uma iniciativa do Congresso, que destituiu João Goulart da Presidência.
“Quem cassou João Goulart? Foi o Congresso no dia 2 de abril. Não faça uma pergunta desse padrão”, declarou ele. “Você é uma idiota. Você aprendeu onde isso aí? Estou falando que está no ‘Diário do Congresso’”, respondeu o parlamentar. “Você é uma analfabeta. Não atrapalhe seus colegas, você está censurada”, acrescentou.
*pragmatismopolitico

O que é um “auto de resistência”?


O auto de resistência é uma medida administrativa criada durante a Ditadura Militar para legitimar o extermínio protagonizado pelas forças policiais. Ou seja, naquela época, quando a polícia entrava em conflito com um “bandido”, um comunista, ou seja lá o que fosse, ela eventualmente o matava e alegava que houve resistência a prisão. Procedimento padrão.
O problema é que a Ditadura acabou (?), e a prática do “auto de resistência” continuou firme e forte. Os números de mortes violentas envolvendo ações patrocinadas pelo Estado é assustador. Com uma população quase oito vezes menor que a dos Estados Unidos, o Estado de São Paulo registrou 6,3% mais mortes cometidas por policiais militares do que todo os EUA em cinco anos (2005/2009), levando em conta todas as forças policiais daquele país. Dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo contabilizam 2.045 mortes.
Agora, tratando especificamente de ações policiais registradas como “autos de resistência”, de 2010 a 2012, 2.882 pessoas foram mortas , isso em São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. É claro que resistências acontecem, em diversos casos existe o confronto, mas isso precisa ser investigado, não basta apenas um documento da polícia dizendo que fulano morreu porque resistiu.
Diante desse cenário surgiu o Projeto de Lei 4.471/12, que prevê a investigação de qualquer morte violenta envolvendo forças policiais.
O Projeto também veta o transporte de vítimas em confronto com agentes policiais, já proibido no Estado de São Paulo, isso porque, curiosamente, no mesmo Estado, durante o ano de 2012, 95% dos feridos em confrontos policiais transportados pela polícia ao hospital, morreram no trajeto.
Tão importante quanto combater a violência policial e práticas criadas pela Ditadura, é mudar a visão da população, e nesse sentido o Projeto foi bem inteligente, trocando o nome de “auto de resistência” para “morte decorrente de intervenção policial”.

quinta-feira, abril 03, 2014

só podem ser criminalizadas condutas que causem danos a terceiros.

Princípio da Lesividade (CF/88, art. 5°, XXXIX; Código Penal, art. 13, caput)
O princípio em análise ensina que somente a conduta que ingressar na esfera de interesses de outra pessoa deverá ser criminalizada. Não haverá punição enquanto os efeitos permanecerem na esfera de interesses da própria pessoa.
Colocando de modo mais claro, só podem ser criminalizadas condutas que causem danos a terceiros. Não se pode proibir nada porque se acha feio, porque se acha bobo ou porque alguma religião diz que vai para o inferno. Proíbe-se quando a conduta prejudica a terceiros.
Quando uma pessoa introduz uma substância no próprio corpo, ela prejudica, e quando muito, a si própria. Portanto, proibi-la de fazer uso de qualquer substância é inconstitucional (o STF decidirá se a criminalização do uso de drogas fere nossa constituição baseado neste princípio). Se a autolesão é crime, então tentativa de suicídio ou penitências religiosas também deveriam ser crimes, o que não tem o menor sentido...
Maaaasss, você poderia retrucar que o consumo alimenta o tráfico. Não! O tráfico surgiu apenas porque houve a proibição. Proíba-se o café. Amanhã o tráfico de café estará instalado, porque as pessoas querem consumir café... Ou maconha, queiram ou não, os sacerdotes e delegados de polícia.
PARA SABER MAIS:
Viva Rio: Criminalização do usuário de drogas é inconstitucional - http://vivario.org.br/drogas-ministros-da-justica-afirmam-que-criminalizacao-do-usuario-e-inconstitucional/
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais: A Inconstitucionalidade do art. 28 da Lei de Drogas - http://www.ibccrim.org.br/boletim_artigo/4740-A-inconstitucionalidade-do-art.-28-da-Lei-de-Drogas
Revista Época: Maria Lucia Karam: Proibir o uso de drogas é inconstitucional - http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI5372-15223,00-MARIA+LUCIA+KARAM+PROIBIR+AS+DROGAS+E+INCONSTITUCIONAL.html
Jus navigandi: A inconstitucionalidade da criminalização do usuário de drogas - http://jus.com.br/artigos/21512/a-inconstitucionalidade-da-criminalizacao-do-usuario-de-drogas

O G-8, que agora volta a ser G-7, “expulsou” na semana passada, a Rússia,

 O MUNDO PÓS-CRIMEIA




O G-8, que agora volta a ser G-7, “expulsou” na semana passada, a Rússia, depois de suspender a reunião que haveria em Sochi. A reação do chanceler Serguei Lavrov foi a de declarar que, como grupo informal, o G-8 não pode expulsar ninguém, além de lembrar que, para Moscou, comparecer ou não a essas reuniões não muda absolutamente nada.



 
Pertencer ou não ao G-8 é uma questão irrelevante para os russos, que se sentem muito mais à vontade com os BRICS- justamente o grupo que fomentou a criação do G-20, em contraposição ao clubinho que tradicionalmente reunia as maiores – e agora não tão poderosas - economias do Ocidente.



Tanto isso é verdade que os BRICS, reunidos a margem da Cúpula de Desarmamento Nuclear, em Haia, declararam apoio à Rússia, com relação às sanções unilaterais impostas - sem aprovação da ONU - pelos países ocidentais.



Além disso, o Grupo também deixou claro, no comunicado conjunto emitido ao final da reunião, que não aceitará a suspensão – anunciada pela Ministra das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop – da  participação russa na próxima Conferência do G-20, que será realizada no mês de novembro, em Brisbane.



Os BRICS controlam um quarto dos votos do G-20, no qual costumam votar juntos, assim como no Conselho de Segurança da ONU.



Com a “expulsão” da Rússia do G-8, o que muda no mundo pós-anexação da Crimeia?



Longe de isolar Moscou, os EUA e a UE estão conseguindo apenas reforçar os laços que a unem ao resto do mundo, começando por Pequim, Nova Delhi, Brasília e e Johannesburgo.



No dia 18 de março, Dimitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, já anunciou o que vem por aí, ao afirmar que, se a UE e os Estados Unidos insistirem nas sanções, a Rússia irá cortar as importações de produtos europeus e norte-americanos.



Com 177 bilhões de dólares em superávit no ano passado, e quase 600 bilhões de dólares em reservas internacionais, a Rússia é um dos maiores importadores de alimentos dos EUA e passaria a comprar os grãos, a carne e o frango de que necessita do Brasil.



Com relação à questão geopolítica, a reação do Ocidente à ocupação, pelos russos, de um território que historicamente lhes pertenceu até a década de 1950, e que só deixou de estar associado à URSS há coisa de 30 anos, alertou e está aproximando Pequim, Moscou e Nova Delhi.



Os três tem interesse em estabelecer uma zona de estabilidade no espaço euroasiático – Rússia e China já fazem parte do Acordo de Xangai – e em manter os países   que estão em suas fronteiras longe da interferência ocidental.



A Alemanha - que conhece melhor os russos que os norte-americanos - já entendeu isso.



Der Spiegel divulgou, na semana passada, que a Rússia e a China “se preparam para assinar um acordo de cooperação político-militar” que poderia estabelecer uma plataforma de defesa necessária à geração de um “novo reequilíbrio de forças no âmbito mundial”.



Os chineses se abstiveram oficialmente na votação a propósito da Resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o referendum da Crimeia. Mas o jornal do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, o Renmin Ribao – Diário do Povo, não deixou dúvidas sobre qual é a posição de Pequim, ao afirmar, em editorial, que: “o espírito da Guerra Fria está se debruçando sobre a Ucrânia”, o que transforma “a aproximação estratégica entre a China e a Rússia em um fator-âncora para a estabilidade global” – e que “a Rússia, conduzida por Vladimir Putin, deixou claro para o Ocidente, que em uma Guerra Fria, não há vencedores”. 



O que pode mudar nesse novo mundo pós- anexação da Crimeia, para o Brasil?



Segundo maior exportador de commodities agrícolas e o primeiro em carnes, o Brasil tem que aproveitar o momento para se posicionar como um sócio estratégico para o abastecimento dos russos, nesse quesito, mostrando também a chineses e indianos, grandes clientes do agronegócio brasileiro, que é um fornecedor confiável, que pode substituir os Estados Unidos no atendimento ao BRICS, enquanto estes não puderem alimentar seus cidadãos com produção própria.



Fora isso, é preciso também aproveitar a era pós-Criméia para renegociar as parcerias, do ponto de vista tecnológico e comercial, com relação a esse Grupo, que domina mais de 40% da população e da extensão territorial e um quarto do PIB mundial.



Ao contrário do que ocorre com a UE e os EUA, fortemente protecionistas e intervencionistas, que sobretaxam as importações e gastam, em áreas como a agricultura e a defesa, centenas de bilhões de dólares em subsídios, o Brasil tem conseguido aumentar seu superávit com os outros BRICS nos últimos anos, mesmo que ainda não tenha se inserido na cadeia de produção e consumo de bens de maior valor agregado desses grandes mercados.



Parte disso decorre, também, da falta de  estratégia e de sobrados preconceitos de parte ponderável de nosso empresariado.



Quantos shoppings centers brasileiros existem na China?  E em Moscou ou São Petersburgo? E em regiões de altíssimo poder aquisitivo dessas cidades? Quais são as marcas brasileiras de excelência, nos ramos  têxtil, de calçados, de perfumaria, que os chineses e os russos conhecem? Que restaurantes, que franquias?



Pródigo em emprestar bilhões de dólares a multinacionais que operam aqui dentro, o BNDES precisa reunir a APEX e o pessoal da área de varejo de luxo, para estabelecer uma estratégia de inserção do Brasil nos BRICS – e de resto na África e na América Latina - que vá além da realização de feiras e do café, do açúcar, do couro, do minério de ferro, da soja e do suco de laranja. 



Precisamos – e o momento é propício para isso - começar a incentivar e dar decidido apoio à internacionalização de empresas brasileiras, para que comecemos a receber algum dinheiro do exterior - ou em breve nos converteremos apenas em uma reserva de mercado para investidores estrangeiros, que sugaram do país, no ano passado, em remessas de lucro, quase 30 bilhões de dólares em reservas internacionais.



O fortalecimento da Rússia, da China e da Índia interessa ao Brasil, não apenas do ponto de vista econômico, mas, principalmente, do geopolítico.



Essas são as únicas nações que podem impedir, em um futuro próximo, a consolidação do projeto anglo-saxão de domínio que promoveu um verdadeiro assalto ao resto do mundo, nos últimos 200 anos.



Os BRICS – incluindo o Brasil – não podem derrotar os Estados Unidos e a União Europeia.




Mas os EUA e a UE também não podem derrotar os BRICS. E para o futuro do mundo, é isso o que importa.