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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 14, 2014

Em documento, Aécio prega acordo 'urgente' com EUA e fim do Mercosul

Retomar a Alca entra no rol das possíveis 'medidas impopulares' do candidato tucano, que como presidente da Câmara cobrou fechamento imediato de acordo de livre comércio com Casa Branca
por Helena Sthephanowitz 
REPRODUÇÃO
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Reprodução do documento da Câmara sobre a adesão do Brasil à Alca, ideia defendida com entusiasmo por Aécio
Em recente passagem por Porto Alegre, para uma palestra durante o chamado Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), o senador e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, propôs o fim do Mercosul, que na sua visão deveria ser substituído por uma área de livre comércio.
A proposta remete à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), um projeto, digamos, neocolonizador para a América Latina, lançado pelo ex-presidente dos EUA Bill Clinton e abraçado pelo governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Não chega a causar surpresa as declarações do senador mineiro, se resgatarmos sua atuação como presidente da Câmara dos Deputados.
No ano de 2001, por exemplo, Aécio Neves estendeu o tapete vermelho do Parlamento brasileiro para o então secretário de Defesa dos EUA, William Cohen, empurrar a Alca goela abaixo do Brasil. O seminário "O Brasil e Alca", na Câmara, tinha oficialmente o objetivo de debater o tema, mas politicamente foi uma ação de pressão política, para reduzir resistências e abrir caminhos para a implementação daquele projeto.
Do encontr, foi produzido o compêndio – há quem chame de livro – com o mesmo nome do seminário, organizado pelo ex-deputado neoliberal Marcos Cintra (PFL) e pelo diplomata Carlos Henrique Cardim. O prefácio é de Aécio Neves e, nele, encontramos um pouco de seu pensamento de rendição à dependência econômica do país, via Alca.
O atual presidenciável dava como certa a implementação da Alca, e tratava o evento que acabara de patrocinar como "um marco" para alcançar os objetivos (estadunidenses), chamados por Aécio como "formidável":
"De fato, o Seminário “O Brasil e a Alca”, realizado nas dependências da Câmara dos Deputados, por iniciativa desta Casa, nos dias 23 e 24 de outubro de 2001, pode ser interpretado – e certamente assim o será nos anos vindouros – como um marco na trajetória de nosso processo de integração continental.
(...)
Sem dúvida, a liberalização do comércio em um território habitado por mais de 800 milhões de pessoas, com um PIB conjunto de US$ 11 trilhões, simultaneamente à construção de uma normativa comum em áreas como a de serviços, de investimentos, de compras governamentais e de propriedade intelectual, é, em si mesma, um objetivo formidável."

Este parágrafo acima é uma pérola de servilismo, que parece até escrita pelo Departamento de Estado dos EUA e apenas entregue a Aécio para assinar, pois nem sequer cita as barreiras impostas pelos norte-americanos para a entrada de produtos agrícolas brasileiros, um contencioso histórico.
Ou seja, defendeu integralmente que o Brasil abrisse seu mercado interno para os EUA, sem sequer exigir qualquer contrapartida, mesmo em setores que o Brasil já era mais competitivo.

Como se não bastasse, o prefácio de Aécio ainda trata a Alca como "acordo já firmado", "caráter urgente", e estabelece prazo-limite para 2005, o que faz o texto parecer mais uma peça de lobismo escancarado.
"... Há que se ressaltar o caráter relativamente urgente de tão ambicioso empreendimento. Com efeito, não defrontamos com um mero protocolo de intenções, mas, sim, somos partícipes de um acordo já firmado sobre o cronograma das correspondentes negociações, o qual prevê a conclusão dos entendimentos no horizonte já visível do ano de 2005".
Para se ter uma ideia, a proposta de fazer um tratado de livre comércio amarrando compras governamentais condenaria todo o futuro da política de conteúdo nacional na exploração do pré-sal. Hoje o Brasil já cria uma indústria até de sondas de perfuração, a qual nunca teve. Com a Alca, teria de comprar eternamente tudo em Houston. O resultado imediato disso? Desemprego e desindustrialização no Brasil.
Com a Alca, dificilmente teríamos como escolher o caça sueco Grippen e participar de seu desenvolvimento tecnológico. Seríamos praticamente obrigados, por tratados, a comprar os caças da Boeing e nas condições deles de não oferecer transferência de tecnologia.
Também eram um desastre anunciado as cláusulas de proteção de investimento. Se um investidor americano fizesse uma aplicação financeira no Brasil e o dólar aqui desvalorizasse, teríamos de pagar indenização por isso.
Outro desastre seria a abertura irrestrita do mercado a bancos e seguradoras dos EUA. Imaginem o rico dinheiro da poupança do cidadão brasileiro aplicado no Lehman Brothers, que faliu na primeira das recentes crises internacionais, em 2008...
Agora, a ameaça de acabar com o Mercosul e retomar a agenda da Alca entra no rol das "medidas amargas" e impopulares – já anunciadas, mas ainda obscuras – propostas pelos tucanos.
*RBA

Abdias Nascimento: 13 de maio uma mentira cívica

abdias nascimento
Discurso proferido pelo Senador Abdias Nascimento por ocasião dos 110 anos da Abolição no Senado Federal.
O SR. ABDIAS NASCIMENTO (Bloco/PDT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, sob a proteção de Olorum, inicio este meu pronunciamento. 

Na data de hoje, 110 anos passados, a sociedade brasileira livrava-se de um problema que se tornava mais agudo com a proximidade do século XX, ao mesmo tempo em que criava condições para o estabelecimento das maiores questões com que continuamos a nos defrontar às vésperas do Terceiro Milênio. Assim, a 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel, então regente do trono em função do afastamento de seu pai, D. Pedro II, assinava a lei que extinguia a escravidão no Brasil, pondo fim a quatro séculos de exploração oficial da mão-de-obra de africanos e afro-descendentes nesta Nação, mais que qualquer outra, por eles construída. 

Durante muito tempo, a propaganda oficial fez desse evento histórico um de seus maiores argumentos em defesa da suposta tolerância dos portugueses e dos brasileiros brancos em relação aos negros, apresentando a Abolição da Escravatura como fruto da bondade e do humanitarismo de uma princesa. Como se a história se fizesse por desígnios individuais, e não pelas ambições coletivas dos detentores do poder ou pela força inexorável das necessidades e aspirações de um povo. 

A tentativa de vender a abolição como produto da benevolência de uma princesa branca é parte de um quadro maior, que inclui outras fantasias, como a “colonização doce” - suave apelido do massacre perpetrado pelos portugueses na África e nas Américas - e o “lusotropicalismo”, expressão que encerra a contribuição lusitana à construção de uma “civilização” tropical supostamente aberta e tolerante. Talvez do tipo daquela por eles edificada em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, quando a humilhação e a tortura foram amplamente usadas como formas de manter a dominação física e psicológica de europeus sobre africanos. 

Na verdade, o processo que resultou na abolição da escravatura pouco tem a ver com as razões humanitárias - embora essas, é claro, também se fizessem presentes. O que de fato empurrou a Coroa imperial a libertar os escravos foram, em primeiro lugar, as forças econômicas subjacentes à Revolução Industrial, capitaneadas por uma Inglaterra ávida de mercados para os seus produtos manufaturados. Explicam-se desse modo as pressões exercidas pela Grã-Bretanha sobre o Governo brasileiro, especialmente no que tange à proibição do tráfico, que acabaria minando os próprios alicerces da instituição escravista. Outro fator fundamental foi o recrudescimento da resistência negra, traduzido no pipocar de revoltas sangrentas, com a queima de engenhos e a destruição de fazendas, que se multiplicaram nas últimas décadas do século XIX, aumentando o custo e impossibilitando a manutenção do sistema. 

Foi assim que chegamos ao 13 de maio de 1888, quando negros de todo o País - pelo menos nas regiões atingidas pelo telégrafo - puderam comemorar com euforia a liberdade recém-adquirida, apenas para acordar no dia 14 com a enorme ressaca produzida por uma dúvida atroz: o que fazer com esse tipo de liberdade? Para muitos, a resposta seria permanecer nas mesmas fazendas, realizando o mesmo trabalho, agora sob piores condições: não sendo mais um investimento, e sem qualquer proteção na esfera das leis, o negro agora era livre para escolher a ponte sob a qual preferia morrer. Sem terras para cultivar e enfrentando no mercado de trabalho a competição dos imigrantes europeus, em geral subsidiados por seus países de origem e incentivados pelo Governo brasileiro, preocupado em branquear física e culturalmente a nossa população, os brasileiros descendentes de africanos entraram numa nova etapa de sua via crucis. De escravos passaram a favelados, meninos de rua, vítimas preferenciais da violência policial, discriminados nas esferas da justiça e do mercado de trabalho, invisibilizados nos meios de comunicação, negados nos seus valores, na sua religião e na sua cultura. Cidadãos de uma curiosa “democracia racial” em que ocupam, predominantemente, lugar de destaque em todas as estatísticas que mapeiam a miséria e a destituição. 

O mito da “democracia racial”, que teve em Gilberto Freyre seu formulador mais sofisticado, constitui, com efeito, o principal sustentáculo teórico da supremacia eurocêntrica neste País. Interpretando fatos históricos de maneira conveniente aos seus propósitos, deturpando aqui, inventando acolá, sofismando sempre, os apóstolos da “democracia racial” conseguiram construir um sólido e atraente edifício ideológico que até hoje engana não somente parte dos dominados, mas também os dominadores. Estes, sob o martelar do slogan, por vezes acreditaram sinceramente na inexistência de racismo no Brasil. Podiam, assim, oprimir sem remorso ou sentimento de culpa. Esse mesmo mito, com denominações variadas, como “raza cósmica” ou “café con leche”, também contamina as relações de raça na maioria do países da chamada América Latina, resultando, invariavelmente, na hegemonia dos brancos - ou daqueles que assim se consideram e são considerados - sobre os negros e os índios. É assim no México, na Colômbia, na Venezuela, no Equador, no Peru e nos países da América Central e do Caribe. Disso não escapa sequer a Cuba socialista, que pude visitar mais uma vez poucas semanas atrás e onde, a despeito do grande esforço de nivelamento social realizado pela Revolução, hábitos, costumes e linguagem continuam impregnados do perverso eurocentrismo ibérico. 

Um dos efeitos mais cruéis desse tipo de ideologia é confundir e atomizar o grupo oprimido, impedindo-o de se organizar para defender seus interesses. Assim, por exemplo, se denuncia a discriminação racial de que é vítima, o negro se vê enquadrado nas categorias de “complexado”, “ressentido” ou mesmo de “perturbado mental”. Algum tempo atrás, poderíamos acrescentar as de “subversivo” ou “agente do comunismo internacional”, estigmas que as instituições repressoras de nosso País tentaram imprimir em minha própria pele e que me obrigaram a viver no exterior por mais de uma década. 

Terríveis na sua capacidade de ocultar o óbvio ostensivo, todos esses instrumentos de coerção e imobilização não foram suficientes para impedir que parcelas da população afro-brasileira se tenham organizado, nesses 110 anos desde a abolição, a fim de lutar, por todos os meios possíveis, pela justiça e pela igualdade neste País edificado por seus antepassados. Já tive ocasião de celebrar, aqui mesmo nesta Casa, o aniversário de fundação da maior dentre todas as organizações afro-brasileiras deste século, a Frente Negra Brasileira, que assinalou, ainda na década de trinta, a existência de um pensamento e de uma ação: negros comprometidos em derrubar as barreiras construídas com base na origem africana. Transformada em partido político e fechada com o golpe do Estado Novo, a Frente Negra, em seus acertos e equívocos, balizou o caminho a ser percorrido pelas futuras organizações afro-brasileiras. 

Em meados da década dos quarenta, criei no Rio de Janeiro, com ajuda de outros militantes, o Teatro Experimental do Negro, organização que fundia arte, cultura e política na conscientização dos afro-brasileiros, e dos brasileiros em geral, para as questões do racismo e da discriminação, assim como para a valorização da cultura de origem africana. Apesar dos obstáculos que lhe foram interpostos, incluindo a clássica acusação de “racismo às avessas”, o Teatro Experimental do Negro marcou sua trajetória, pelo volume e qualidade de sua atuação, no meio artístico e cultural daquela década e do decênio seguinte, como também no cenário político, sendo diretamente responsável pela primeira proposta de legislação antidiscriminatória no Brasil, mais tarde neutralizada pela malfadada Lei Afonso Arinos. 

Minha militância acabaria me rendendo um exílio, do final dos anos sessenta ao início da década de oitenta. Pude então travar contato em primeira mão com toda uma liderança negra, na África, nos Estados Unidos e na Europa, em luta contra o imperialismo, o colonialismo e o racismo. As idéias e ações dessa liderança, que incluía Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto, Julius Nyerere, Jomo Kenyatta, Léopold Senghor, Wole Soyinka e Sam Nujomo, na África; Malcolm X, Martin Luther King, Amiri Baraka, Stokeley Carmichael e os Black Panthers, na América do Norte - para citar apenas alguns de seus mais destacados expoentes -, encontraram eco no Brasil, estimulando a antiga luta afro-brasileira, agora sob o rótulo de “Movimento Negro”. 

Recuperando a tradição das antigas organizações, a exemplo da República dos Palmares, da Frente Negra e do Teatro Experimental do Negro, o Movimento Negro logo se espalhou pelo País, catalisando o idealismo de uma generosa juventude afro-descendente, com grande incidência dos escassos universitários que enfrentavam, na busca de se inserirem no mercado de trabalho, as cruéis contradições de nossa “democracia racial”. 

O Sr. Ney Suassuna (PMDB-PB) - V. Exª me permite um aparte? 

O SR. ABDIAS NASCIMENTO (Bloco/PDT-RJ) - Ouço V. Exª com muito prazer. 

O Sr. Ney Suassuna (PMDB-PB) - Senador Abdias Nascimento, no dia 13 de maio gostaria de me solidarizar com V. Exª e com toda a raça da qual V. Exª faz parte, dizendo que a esta raça nós, brasileiros, devemos muito. Todos nós devemos estar conscientes de que deve haver cada vez mais igualdade e mais espaço para ela. Juntos haveremos de construir essa raça brasileira, que é a miscegenação de todas elas. Muito obrigado. 

O SR. ABDIAS NASCIMENTO (Bloco/PDT-RJ) - Muito obrigado a V. Exª. 

Continuo, Sr. Presidente: 

Apesar de todas as dificuldades e resistências, o Movimento encontrava também o apoio de alguns políticos importantes. Dentre eles se destaca Leonel Brizola, responsável, como Governador do Rio de Janeiro, pela mais séria e ousada experiência de enfrentamento do racismo até hoje empreendida no plano do Estado: a criação da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras, da qual tive a honra de ser o primeiro titular. 

Uma das reivindicações do Movimento Negro no plano das políticas públicas tem sido a adoção da chamada “ação afirmativa” - que eu prefiro designar como “ação compensatória” -, objeto, nos últimos tempos, de algumas propostas no âmbito do Legislativo, incluindo o Projeto de Lei do Senado nº 75, de 1997, de minha autoria, atualmente tramitando nesta Casa. Trata-se este, na verdade, de um assunto sobre o qual muito se fala - quase sempre contra - mas do qual, geralmente, pouco se conhece. 

“Ação afirmativa” ou “ação compensatória”, é, pois, um instrumento, ou conjunto de instrumentos, utilizado para promover a igualdade de oportunidades no emprego, na educação, no acesso à moradia e no mundo dos negócios. Por meio deles, o Estado, a universidade e as empresas podem não apenas remediar a discriminação passada e presente, mas também prevenir a discriminação futura, num esforço para se chegar a uma sociedade inclusiva, aberta à participação igualitária de todos os cidadãos. Ao contrário do que costumavam afirmar seus adversários, a ação compensatória recompensa o mérito e garante que todos sejam incluídos e considerados com justiça ao se candidatarem a empregos, matrículas ou contratos, independentemente de raça ou de gênero. São seus propósitos específicos: 1) aumentar a participação de pessoas qualificadas, pertencentes a segmentos historicamente discriminados, em todos os níveis e áreas do mercado de trabalho, reforçando suas oportunidades de serem contratadas e promovidas; 2) ampliar as oportunidades educacionais dessas pessoas, particularmente no que se refere à educação superior, expandir seus horizontes e envolvê-las em áreas nas quais tradicionalmente não têm sido representadas; 3) garantir a empresas de propriedade de pessoas desses grupos oportunidades de estabelecer contratos com o governo, em âmbito federal, estadual ou municipal, dos quais de outro modo estariam excluídas. 

A ação compensatória na área do emprego implica o recrutamento ativo de mulheres e membros de grupos historicamente discriminados, buscando-se candidatos além das redes convencionais de relacionamento, tradicionalmente dominadas por homens brancos. Ela estimula, por exemplo, o uso de anúncios públicos de emprego para identificar candidatos em lugares em que os empregadores geralmente não iriam procurá-los. 
Na área educacional, as medidas de ação compensatória adotadas em outros países, e que se pretende sejam adotadas aqui, são muitas vezes acusadas de constituírem preferências por alunos não-qualificados. Na verdade, porém, também nessa área o objetivo é recompensar o mérito. Recentes estudos de escores obtidos em testes e de notas tiradas no curso secundário - os padrões tradicionais e presumivelmente “objetivos” para mensurar as qualificações de estudantes - têm posto em questão a precisão desses instrumentos em predizer o desempenho futuro de todos os alunos, particularmente de mulheres e de membros de grupos discriminados. Poucos especialistas sustentariam racionalmente que, por si sós, esses escores e médias sejam capazes de medir objetivamente a capacidade e o potencial de um indivíduo. Qual a experiência de vida do candidato? Que obstáculos ele teve de superar? Quais são suas ambições e esperanças? Menos tangíveis do que números, esses padrões são mais precisos em prever o futuro desempenho educacional do que a origem familiar, herança ou outros atributos do privilégio. 

Além do falido argumento meritocrático, também se costuma brandir contra a ação compensatória - como aconteceu nesta própria Casa - a tese da inconstitucionalidade. Seria inconstitucional estabelecer qualquer espécie de “discriminação positiva” - outro sinônimo de ação afirmativa - porque isso feriria o princípio da igualdade de todos perante a lei. A primeira resposta a esse argumento vai contra o seu caráter eminentemente conservador. Como se não tivéssemos a possibilidade, o direito, o dever, eu diria, de lutar por mudanças nos dispositivos constitucionais que não nos interessam. Ou como se a igualdade fosse apenas um princípio abstrato, e não algo a ser implementado por meio de medidas concretas. A verdade, porém, é que existem diversos precedentes jurídicos que abrem as portas à implantação da ação compensatória em favor dos afro-descendentes no Brasil. A igualdade de homens e mulheres perante a lei não impede, por exemplo, que estas tenham direito de se aposentar com menor tempo de serviço, nem que disponham de uma reserva de vagas nas listas de candidatura dos partidos. Há também a proteção especial aos portadores de deficiência, a famosa Lei dos Dois Terços - que estipulava uma preferência para trabalhadores brasileiros no quadro funcional das empresas -, sem falar no imposto de renda progressivo e na inversão do ônus da prova nas ações movidas por empregados contra empregadores. Todos casos em que a igualdade formal dá lugar à promoção da igualdade. 

Vale ressaltar, neste ponto, que pelo menos três convenções internacionais de que o Brasil é signatário - e que portanto têm força de lei - contemplam a adoção de medidas compensatórias. Uma delas é a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Organização das Nações Unidas, cujo art. 1º, item 4, diz o seguinte: “Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único objetivo de assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos (...) que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar(...) igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais (...).” 

Teor semelhante tem o art. 2º da Convenção 111 da OIT - Organização Internacional do Trabalho, concernente à discriminação em matéria de emprego e profissão, pelo qual cada signatário “compromete-se a formular e aplicar uma política nacional que tenha por fim promover (...) a igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão, com o objetivo de eliminar toda discriminação nessa matéria”. E também o art. IV da Convenção Relativa à Luta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, da UNESCO: “Os Estados Partes (...) comprometem-se (...) a formular, desenvolver e aplicar uma política nacional que vise a promover (...) a igualdade de oportunidade e tratamento me matéria de ensino.” 

Outra postura contrária vem dos que, dando como exemplo a experiência de países socialistas, à ação compensatória costumam contrapor as políticas públicas de combate à pobreza e aos problemas a ela associados - as chamadas políticas redistributivas. Esse argumento, em geral oriundo da Esquerda, é duplamente falacioso. Primeiro porque ninguém, em sã consciência, poderia vislumbrar no horizonte próximo uma revolução socialista no Brasil - condição indispensável à adoção de reformas radicais como aquelas que possibilitaram a alguns daqueles países não acabar com o racismo, mas reduzir a um nível mínimo as desigualdades raciais (o que é diferente) nas áreas do trabalho, da educação, da saúde e da moradia. A outra falácia desse argumento é deixar implícito que se trata de opções mutuamente excludentes - ou ação compensatória, ou políticas redistributivas, quando, de fato, necessita-se de ambas. Com certeza, os afro-brasileiros seriam, por sua inserção social, os grandes beneficiários de quaisquer ações governamentais voltadas à melhoria das condições de vida das grandes massas destituídas. E continuariam precisando de proteção contra a discriminação, bem como de mecanismos capazes de lhes assegurar a igualdade de oportunidades. 

Em entrevista publicada semana passada pela revista Veja, em que se discute a situação dos negros neste País, o Presidente Fernando Henrique Cardoso disse não ser contrário ao sistema de quotas, forma mais incisiva de ação compensatória, que constitui a essência do meu projeto de lei. O Presidente foi além dessa declaração e afirmou literalmente: “Havendo duas pessoas em condições iguais para nomear para determinado cargo, sendo uma negra, eu nomearia a negra”. Como é curioso, para dizer o mínimo, observar correligionários do Presidente aqui no Senado manifestando idéias e atitudes absolutamente contrárias às de seu suposto líder e utilizando, para isso, todo um arsenal de argumentos ou intempestivos, ou equivocados, ou desinformados - pois não quero acreditar que sejam maliciosos. 

Ao mesmo tempo, pesquisa realizada pelo prestigioso instituto de pesquisa Datafolha, e publicada à página 46 do livro Racismo Cordial, revela não apenas que praticamente metade dos brasileiros de todas as origens étnicas aprova a ação compensatória, mas que essa aprovação chega a 52% entre aqueles que admitiram ter preconceito em relação aos negros. Muito significativo em função da cortina de desconhecimento que cerca o tema, esse resultado indica que o País está mudando, e mais rapidamente do que se quer admitir. E esta Casa, cujos membros têm o dever de acompanhar e até mesmo antecipar as mudanças que o País quer e necessita, não pode ficar se ancorando em velhos chavões para manter um estado de coisas que a maioria da sociedade quer ver superado. Sabemos, eu e meus companheiros de luta, que é árdua a batalha que temos pela frente, no confronto com o reacionarismo, a ignorância e o atraso. Mas estamos dispostos a levar nossa luta a todos os foros, nacionais e internacionais, e a conduzi-la, como alguém já disse, “por todos os meios necessários”. 

Assim, neste 13 de Maio, fazemo-nos presentes nesta tribuna, não para comemorar, mas para denunciar uma vez mais a mentira cívica que essa data representa, parte central de uma estratégia mais ampla, elaborada com a finalidade de manter os negros no lugar que eles dizem ser o nosso. A comunidade afro-brasileira, porém, já mostrou claramente que não mais aceita a condição que nos querem impingir. Mais uma prova disso foi dada na madrugada de hoje, quando o Instituto do Negro Padre Batista, juntamente com dezenas de outras organizações, realizou em São Paulo a segunda Marcha pela Democracia Racial, desfraldando a bandeira da igualdade de oportunidades para os afro-descendentes. Assim, ao mesmo tempo em que denuncia as injustiças de que é vítima, nossa comunidade apresenta reivindicações consistentes e viáveis para a solução dos seculares problemas que enfrenta. Reivindicações, como a ação compensatória, capazes de contribuir para que venhamos a concretizar, com o apoio de nossos aliados sinceros, a segunda e verdadeira abolição. 

Sr. Presidente, pulei vários trechos para abreviar meu pronunciamento, solicito que a publicação seja feita na íntegra. 
Muito obrigado, Sr. Presidente. 
Axé! 
  

Fonte: Senado
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As coisas que você possui, acabam possuindo você. Dissecando as relações de poder.

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O poder não pertence à ninguém

O discurso sobre o poder como uma coisa única, localizado em um núcleo central de onde ele tudo controla, não conduz as pessoas a um verdadeiro conhecimento sobre este instrumento de nossas relações. Acreditar em um ponto central de onde o poder controlaria tudo é transformar uma característica interna dos indivíduos em um ser com existência própria.
 Quando fala-se de poder, as pessoas pensam imediatamente a uma estrutura política, um governo, uma classe social dominante, o mestre frente ao escravo, isto não é de modo algum uma reflexão apurada sobre relações de poder.
Acreditar em uma morada fixa do poder é acreditar que ele é algo que se  adquire por meio de investidura, isto é, o poder não seria uma capacidade natural dos indivíduos, mas é algo que recebemos em um determinado momento. Tal reflexão conduz à ideia de que certos indivíduos são, em tese, guardiões do poder.
Nas relações humanas, no ato de comunicar verbalmente, nas relações amorosas, institucionais ou econômicas  o poder continua presente. De fato,qualquer a relação na qual um tenta dirigir a conduta do outro trata-se de relação de poder. Estas relações de poder são relações móveis, ou seja elas podem alterar-se, elas não são dadas de uma vez para sempre.
Poder é também  toda relação que compromete o ser humano. Nessa ótica, toda ação do cotidiano, mesmo a menor e a mais banal, constitui uma relação de poder. Por exemplo: quando se orienta alguém na rua para encontrar um endereço ou a direção de uma loja, você induz a pessoa a tomar uma atitude, muitas das vezes, contrária a sua intenção inicial, essa atitude constitui uma relação de poder, que lhe foi garantido em confiança.
Tudo aquilo que você possui, ama, ou deseja acaba possuindo, de certa forma, um pedaço seu. E exerce poder sobre você. Como bem dito por Chuck Palanihuk no filme Clube da Luta:

 “As coisas que você possui, acabam possuindo você.”

E esta é também uma relação de submissão de poderes.
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O poder é um mecanismo dinâmico, enigmático, ao mesmo tempo visível e invisível, presente em toda parte, como numa espécie de rede que cada hora encontra-se em um lugar. Uma pessoa pode ter o poder em um momento e em outro já não ter mais, dependendo das circunstâncias que ela se encontra.

 É preciso combater o poder?

 A luta contra o poder é sempre difícil, porque temos sempre a sensação de que saímos vencidos desta luta e, mais, porque temos presente a ideia que nunca conseguimos atingir o poder. Deste modo, a busca pelo poder é instrumento de dominação dos corpos, que possui àquele que o deseja.
Essa situação dá a impressão que é a força do poder que nos torna a luta difícil, mas, na realidade, nosso problema é que o combatemos com as armas que a falsa ideia de poder nos fornece, ou seja, armas que consideram o poder onipotente, onisciente, único, possuidor de um titular. Tenta-se usualmente combater o poder com armas inadequadas, quais sejam, mais poder. Assim, caindo no jogo do poder e tentando combate-lo, apenas se fortalece a ideia subliminar de que o poder deva ser combatido com mais poder.
As instituições são as grandes responsáveis pela manutenção da falsa ideia de poder, pois podem valer do seu campo de influência, mantendo o status quo, sobrevivendo quase como um monstro invencível, representantes do sujeito absoluto, que é a falsa ideia de poder.

Entendendo a sua liberdade como indivíduo

Dependendo do nível de consciência do indivíduo, as relações de poder o incitaria a crescer até ao ponto de saber exercer sua liberdade e, considerando o indivíduo em sua maturidade, as relações se realizariam dentro de uma dimensão em que o indivíduo teria o espaço necessário para exercer sua liberdade e tomar sua própria decisão, em função de seu modelo de vida. Tudo isto sugere que o objetivo das relações de poder não seria jamais de manipular, mas uma troca de exercício de liberdade. Esta proposição implica certamente uma profunda consciência da situação dos dois lados ou de um só, mas a parte consciente deveria saber respeitar o degrau de não consciência da outra e ajudá-la a crescer.
Talvez, esse ponto de maturidade, de forma quase espiritual, nos remetem à outro trecho do filme Clube da Luta:

“Apenas depois que você perder tudo é que você esta livre para fazer qualquer coisa”.

Ou seja, compreender a sua liberdade perpassa em entender quão disposto você está de abdicar do poder e quando você acredita dever exerce-lo.
derrotaDentro das relações de poder, pressupõe-se que as partes têm noção de duas coisas: primeiro que a liberdade de cada um é um elemento intocável pelo outro, segundo que o poder não deve ser utilizado para a manipulação, mas para o crescimento das pessoas. Assim, as relações de poder são experiências que os indivíduos fazem do exercício de sua liberdade.
Outra ideia significativa é o fato de que “as relações de poder são relações móveis”, isto significa que devemos ter uma clara consciência da autonomia de nossa liberdade, pois é tal consciência que impedirá a realização da tentativa de dirigir nossas condutas. Eis aí por que as relações de poder exigem uma consciência do compromisso social, isto é, a necessidade de todo ser humano ter consciência do potencial de sua liberdade, para ser capaz de fazer sua escolha dentro das relações de poder.
É importante atentar-se ao fato que toda relação humana é a um certo grau uma relação de poder. Nós evoluímos num mundo de relações estratégicas perpétuas, em uma rede infinita de poderes. Qualquer relação de poder não é má em si mesma, mas com certeza é um fato que comporta sempre perigos.
O mais importante talvez seja entender que o poder quando não é instrumento de evolução, é ilusão, é ego. Aproveitando para citar uma última vez Chuck Palahniuk:

“Você não é o seu emprego. Você não é quanto dinheiro você tem no banco. Você não é o carro que você dirige. Você não é o conteúdo da sua carteira. (…) Você é toda merda ambulante do mundo.”

Tirando toda besteira filosófica sobre ser e poder: tudo que você precisa está dentro de você. E isto é ser, não é poder.
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Dinheiro Fetiche da sociedade moderna

A relação entre o home e o dinheiro


O relacionamento do homem com o dinheiro sempre foi uma das principais causas da problemática entre as relações humanas.  Em tempos atrás, ele era acessório dispensável para a sobrevivência, mas atualmente dita as regras na humanidade, e por ele, a humanidade inverteu e inverterá vários valores.
Se por um lado na Idade Média a Igreja proclamava: “A usura é crime. O tempo não pertence ao homem e por ele não pode ser comercializado”, hoje o Brasil paga 679 milhões diariamente, num total de 270 bilhões de reais por ano com os juros da dívida externa que acumulou pelo pecado de ter sido explorado por tantos séculos.
Os valores morais da sociedade de adaptam, ou são simplesmente esquecidos quando o Capital está em jogo, o homem se perde em guerras de ganância e poder, famílias são destruídas e lágrimas escorrem só para que os ricos fiquem mais ricos e os pobres continuem comendo promessas.
Logo, concluímos a necessidade de mudanças, parafraseando Jesus: “Perdoai-vos Pai, eles não sabem o que fazem.” É melhor passarmos, a saber, o que fazemos, e o que faremos, para que a fome não continue sendo faminta e a injustiça injusta. 







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Texto: Matheus Ramos colaborador do blog Um quê de Marx- Ensaio sobre política

Globo convoca "greves" nos transportes

terça-feira, maio 13, 2014

NOTA CONJUNTA AO SITE COMUNIQUE-SE, A PROPÓSITO DE NOTÍCIAS SOBRE PROCESSOS QUE ALI KAMEL MOVE CONTRA BLOGUEIROS


















Ao site Comunique-se

Considerando que o Comunique-se é um veículo voltado para jornalistas, que não se apresenta como patronal e que respeita a verdade factual, esclarecemos:
 1. Somos processados pelo atual diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, por motivos diversos. Um deles, relacionado à exibição, pelo blog Cloaca News, de Porto Alegre, de um vídeo com cenas do filme Solar das Taras Proibidas (1984).
 2. Como pode ser comprovado pelos créditos iniciais da película e pelo cartaz original da obra, anexo, o elenco masculino do filme é encabeçado pelo ator identificado como ALI KAMEL, homônimo do atual diretor de Jornalismo da influente rede de TV, e não Alex Kamel, conforme noticiou o site Comunique-se. O nome Alex Kamel figura, erroneamente, em uma ficha catalográfica do site Cinemateca Brasileira, do Ministério da Cultura.
As cenas iniciais do filme Solar das Taras Proibidas, com os respectivos créditos, podem ser vistas neste link:http://goo.gl/lFCo8Z.


Como, desde sempre, o foco de nossa piada era a homonímia, está claro que ela existe em relação ao nome que aparece nos créditos do filme.

3. A despeito do caráter satírico de diversas postagens, em momento algum houve qualquer afirmação ou cogitação de que o ator e o jornalista pudessem ser a mesma pessoa. No entanto, o fato deu oportunidade para uma crítica bem humorada, apesar de mordaz, ao jornalismo da TV Globo, prática legítima em um ambiente democrático e de respeito à liberdade de expressão.
 4. As críticas que fizemos a Ali Kamel, o diretor da TV Globo, não foram pessoais, mas ao jornalismo dirigido e praticado por ele.
 5. Ali Kamel é um figura pública, dirigente da maior emissora de TV da América Latina, uma das maiores do mundo. Escreveu artigos e livros. Um deles, Não Somos Racistas, foi badaladíssimo e formou opinião contra a implementação de cotas raciais no Brasil. Kamel também criticou aspectos do programa Bolsa Família.
 6. Uma figura pública pode e deve ser criticada, especialmente quando atua em uma emissora de televisão que é concessão pública e influencia a opinião de milhões de brasileiros. Chama-se liberdade de expressão.
 7. Habilmente, advogados de Kamel retiraram as críticas feitas a ele do contexto político em que se deram, focaram na piada referente ao filme. Estamos certos de que conseguiremos reverter as sentenças dadas até agora no Rio de Janeiro, sede da poderosa Rede Globo.
 8. Independentemente do resultado das ações, no entanto, estamos felizes de ter atuado em defesa de programas hoje aceitos pela grande maioria dos brasileiros, como o Bolsa Família e as cotas para negros nas universidades. Elas ajudam a diminuir a histórica desigualdade entre os brasileiros, que se aprofundou durante a ditadura militar instalada há 50 anos, com apoio e tendo como uma das principais beneficiárias a Rede Globo.

Assinam:

Luiz Carlos Azenha - Viomundo
Miguel do Rosário O Cafezinho
Rodrigo Vianna - Escrevinhador
Willians Miguel G. Barros  - Cloaca News

Autoexame das Mamas

"Não Vai ter Copa" é movimento de profundo desamor pelo Brasil e por sua gente.

Boicotar o Brasil num evento desta grandeza é tentar nos humilhar aos olhos de todo o mundo. O discurso de que o "dinheiro dos estádios deveria ser usado em hospitais e em escolas" não leva em conta que jamais, jamais!!, em cinco séculos de Nação, o Brasil investiu como agora na escola e na saúde. Mais que isso, que este investimento não é absolutamente afetado pelos gastos com a Copa no Brasil.
Agencias internacionais independentes avaliam entre 120 e 160 bilhões de dollares o lucro que a Copa deverá trazer para o Brasil, isso sem falar nas obras de infra estrutura que servirão a todos os brasileiros muito tempo após o término da Copa. Se o Brasil hoje desistisse da Copa, haveria 4 ou 5 países prontos a assumi-la imediatamente.
Por isso acho que o slogan " não vai ter copa" não exprime um sentimento verdadeiro ou uma aspiração cívica. Ele é, simplesmente, um gesto derrotista de profundo desamor pelo Brasil e por sua gente.
antonio veronese
 — com Cassia Gomes e outras 3 pessoas.

O debate sobre a pregação de violência no Facebook



Postado na página da OCC, Organização de Combate à Corrupção, no Facebook.
Denunciado, entre muitos outros, pelo Victor Javier VenturaGerson Carneiro e Vagner Santos, que lembraram a rapidez do Facebook para remover outros conteúdos considerados ofensivos.
Post removido posteriormente, segundo o Gerson Carneiro, que registrou:

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*viomundo