Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 13, 2014

NOTA CONJUNTA AO SITE COMUNIQUE-SE, A PROPÓSITO DE NOTÍCIAS SOBRE PROCESSOS QUE ALI KAMEL MOVE CONTRA BLOGUEIROS


















Ao site Comunique-se

Considerando que o Comunique-se é um veículo voltado para jornalistas, que não se apresenta como patronal e que respeita a verdade factual, esclarecemos:
 1. Somos processados pelo atual diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, por motivos diversos. Um deles, relacionado à exibição, pelo blog Cloaca News, de Porto Alegre, de um vídeo com cenas do filme Solar das Taras Proibidas (1984).
 2. Como pode ser comprovado pelos créditos iniciais da película e pelo cartaz original da obra, anexo, o elenco masculino do filme é encabeçado pelo ator identificado como ALI KAMEL, homônimo do atual diretor de Jornalismo da influente rede de TV, e não Alex Kamel, conforme noticiou o site Comunique-se. O nome Alex Kamel figura, erroneamente, em uma ficha catalográfica do site Cinemateca Brasileira, do Ministério da Cultura.
As cenas iniciais do filme Solar das Taras Proibidas, com os respectivos créditos, podem ser vistas neste link:http://goo.gl/lFCo8Z.


Como, desde sempre, o foco de nossa piada era a homonímia, está claro que ela existe em relação ao nome que aparece nos créditos do filme.

3. A despeito do caráter satírico de diversas postagens, em momento algum houve qualquer afirmação ou cogitação de que o ator e o jornalista pudessem ser a mesma pessoa. No entanto, o fato deu oportunidade para uma crítica bem humorada, apesar de mordaz, ao jornalismo da TV Globo, prática legítima em um ambiente democrático e de respeito à liberdade de expressão.
 4. As críticas que fizemos a Ali Kamel, o diretor da TV Globo, não foram pessoais, mas ao jornalismo dirigido e praticado por ele.
 5. Ali Kamel é um figura pública, dirigente da maior emissora de TV da América Latina, uma das maiores do mundo. Escreveu artigos e livros. Um deles, Não Somos Racistas, foi badaladíssimo e formou opinião contra a implementação de cotas raciais no Brasil. Kamel também criticou aspectos do programa Bolsa Família.
 6. Uma figura pública pode e deve ser criticada, especialmente quando atua em uma emissora de televisão que é concessão pública e influencia a opinião de milhões de brasileiros. Chama-se liberdade de expressão.
 7. Habilmente, advogados de Kamel retiraram as críticas feitas a ele do contexto político em que se deram, focaram na piada referente ao filme. Estamos certos de que conseguiremos reverter as sentenças dadas até agora no Rio de Janeiro, sede da poderosa Rede Globo.
 8. Independentemente do resultado das ações, no entanto, estamos felizes de ter atuado em defesa de programas hoje aceitos pela grande maioria dos brasileiros, como o Bolsa Família e as cotas para negros nas universidades. Elas ajudam a diminuir a histórica desigualdade entre os brasileiros, que se aprofundou durante a ditadura militar instalada há 50 anos, com apoio e tendo como uma das principais beneficiárias a Rede Globo.

Assinam:

Luiz Carlos Azenha - Viomundo
Miguel do Rosário O Cafezinho
Rodrigo Vianna - Escrevinhador
Willians Miguel G. Barros  - Cloaca News

Nenhum comentário:

Postar um comentário