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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 24, 2014

A direita latino-americana estremece quando ouve falar da lei de meios




Patrício Montesinos
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
A direita tradicional latino-americana cala, treme e resmunga quase ao mesmo tempo quando houve falar de eventuais novas leis de meios nos países da Pátria Grande, onde tem sob seu controle poderosos empórios midiáticos, em conluio com outros norte-americanos e europeus.
Recentes declarações do ex-presidente brasileiro Lula da Silva em São Paulo, sobre a necessidade de transformar a imprensa no gigante sul-americano, causaram um terremoto nos setores conservadores dessa região, que se negam a perder o domínio da informação, ou melhor dizendo, da desinformação e da manipulação.
Exemplos de estremecimentos similares já se repetiram em nações como Argentina, Equador e Venezuela, nas quais foram colocadas em vigor normativas que regulam as vantagens dos meios de mais recursos financeiros em relação aos com menos, enquanto que em outras, como Peru e agora o Brasil somente se está comentando a respeito, e só com isso já ocorreram sismos de grandes proporções.
O certo é que a direita latino-americana, na posse dos principais jornais, redes de televisão e de emissoras de rádio, os utiliza como partidos políticos e verdadeiras “armas atômicas” para desacreditar governos, tentar derrubá-los e enganar a população.
Suas linhas editoriais são desenhadas em território norte-americano e em outros Estados da Europa, como Espanha, nos quais, entretanto, imperam regramentos legais que permitem aos meios noticiar, mas não difamar e deturpar.
Enquanto em Madri, jornais como El País, El Mundo ou ABC, entre outros, tem restringida a publicação de reportagens sobre as violentas repressões policiais contra manifestações anti-governamentais, a imprensa latino-americana manipula imagens e mente constantemente sobre os terroristas opositores disfarçados de “pacíficos estudantes” na Venezuela.
É lógico que o El País e seus similares fazem o que não se lhes permite na Espanha quando se trata da Venezuela, Equador, Argentina, Cuba, Bolívia e Nicarágua, para citar algumas das nações da Pátria Grande consideradas “adversárias” pelos EUA e seus aliados.
Vale lembrar que esse diário, juntamente com o ABC e o El Mundo, respaldaram sem escrúpulo algum, a frustrada tentativa de golpe de estado contra Hugo Chávez em 2002, e outros mais recentes perpetrados em Honduras e no Paraguai.
Seria um suicídio para seus donos e acionistas se a imprensa de Madri ou a norte-americana, como a televisão CNN em espanhol, apoiassem um complô dirigido a destronar os regimes atuais em Moncloa ou na Casa Branca.
Em troca, na América Latina, em nome da vociferada e falsa liberdade de expressão, os grandes meios de comunicação em mãos da direita ofendem os presidentes, os encurralam e promovem planos subversivos orquestrados no Pentágono e na “culta” Europa para derrubá-los.
Um deputado venezuelano denunciou, há poucas horas, que mais de 80 jornais da região distorcem a realidade da pátria de Chávez para conseguir derrubar do poder o executivo constitucional do Presidente Nicolas Maduro.
Por sua parte, Lula, em suas declarações, afirmou que é hora de regular o exercício da imprensa no Brasil, por que não somente atentam contra as políticas oficiais, o que não se permite em outras sociedades chamadas democráticas, em evidente alusão aos Estados Unidos e no denominado Velho Continente.
*GilsonSampaio 

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