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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 17, 2014

IDENTIFICAÇÃO POLICIAL

Do álbum: Fotos da linha do tempo
De Advogados Ativistas



████████████████ Existe um histórico dentro da coorporação militar que quando a Tropa de Choque vai entrar em cena para "arrepiar", os policiais retiram imediatamente o velcro com a identificação pessoal. Os crimes que sucedem após a retirada do velcro denotam a premeditação e a predisposição à violência por parte do Estado. Armados e não identificados, os agentes de segurança pública ganham carta branca para fazer o que bem entenderem, com a certeza de que serão recompensados pela missão cumprida.

Uniformizados, encapuzados, sem identificação pessoal e totalmente despersonificados, a instituição militar transforma os seus soldados em máquinas de violência, sem qualquer possibilidade de responsabilidade dos seus agentes. Esse fato não é novo, e é amplamente noticiado pela mídia e já foi objeto de diversos ofícios dos Advogados Ativistas encaminhados à Secretaria de Segurança Pública.

É dever do Policial Militar estar devidamente identificado, de forma nítida, visível, através do seu nome e número do batalhão e isso não é pedir muito, é lei. A alteração dos nomes por códigos, como por exemplo - SD1420t20u1 - denotam total violação aos princípios da legalidade moralidade e publicidade na administração pública.

Estamos diante de um sério problema de Segurança Pública no Estado de São Paulo, onde aqueles que deveriam combater o crime, saem às ruas para cometê-lo. Se não bastasse a falta de identificação que sempre fora corriqueira por parte de alguns batalhões da PM, o Estado age com má-fé substituindo os nomes dos policiais por códigos de dez dígitos.

Com códigos indecoráveis, as identificações que estampam os uniformes militares são de baixíssima nitidez, visto que a cor cinza do uniforme e do bordado com o código do policial são quase da mesma cor. Nem mesmo as fotografias das câmeras mais modernas conseguem captar a identificação dos policiais quando estão em ação.

Respaldados politicamente, os Policiais Militares estão sendo incentivados a agirem com violência legitimados pelo próprio Estado que os permitem atuar sem a devida identificação pessoal. Assim, o militar se sente à vontade não só para praticar abusos, bem como tem a certeza da impunidade, que é assegurada pelos mais altos escalões do Poder Público.

Para aqueles que acompanham as ruas é cristalino que atuação violenta da polícia e a falta de identificação pessoal dos policiais estão sendo legitimadas pela Secretaria de Segurança Pública, que combatem as manifestações populares como se estivessem em um Estado de Guerra.

A identificação pessoal de um agente do Estado é a garantia mínima do cidadão de se proteger da violência policial, é princípio básico de administração pública e faz bem para a democracia.

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