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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 21, 2014

    Hoje em dia, greve de ônibus é uma bela sacanagem com os mais pobres



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Houve um tempo em que grevista ferrava o patrão, enfrentava o governo e buscava o apoio dos outros trabalhadores — tanto que levava porrada da polícia. Hoje em dia, fazer greve é sinônimo de terrorismo urbano, sadismo cívico e uma bela sacanagem contra os mais pobres. Chega.

No caso de São Paulo, uma coisa eu aprendi: greve de ônibus é locaute, tem sempre os donos das empresas por trás. É jogo de cena em que o povo é usado como bucha de canhão, para que a máfia que domina o transporte público da cidade permaneça com os mesmos privilégios, oferecendo a preço vil um serviço indigno e humilhante.
Para manter a cidade como refém, esses bandidos subsidiados pelo crime organizado (é disso que trata) usam de táticas de guerrilha, as mais sujas e cruéis, com a intenção deliberada de acuar o poder público e o cidadão. Quando um ônibus é incendiado, não sejamos ingênuos: o dono da garagem fez seguro e o suposto grevista vai receber o dia parado. Só quem perde é a cidade e a cidadania.
A paralisação desta terça, 20, mostrou a frieza e o descaso com que os passageiros são premeditadamente usados pelos supostos sindicalistas: deixaram as pessoas irem de ônibus para o trabalho e durante o dia recolheram todos os coletivos. Milhões de paulistanos foram largados na rua, literalmente ao relento. Os vândalos com holerite foram muito sacanas. Furaram o olho do pobre, esses traíras.
Mas chama a atenção a incapacidade de os governos e suas autoridades, municipais e estaduais, darem uma resposta firme, vigorosa, contra esses terroristas, esses parasitas da democracia. Não estou falando de devolver porrada com porrada. Estou me referindo a algo bem mais civilizado e eficiente: infiltrar agentes de segurança nesses grupelhos, fiscalizar de forma implacável os empresários e implodir essas quadrilhas. Só tem dois probleminhas: é preciso vontade política e um serviço de inteligência nas polícias. Em resumo: enquanto esperamos, senta na calçada e chora.
*MarcoAntonioAraujo r7

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