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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 24, 2014

  Brasil - "A justiça é dura com pobres e mansa com ricos", afirma o ministro Luís Roberto Barroso





Ministro do Supremo Tribunal Federal há quase um ano, Luís Roberto Barroso acredita que o Brasil ainda é um país excessivamente hierarquizado e dividido em classes, o que tem reflexos na justiça. 

“A justiça, e sobretudo a justiça penal brasileira, é dura com os pobres e mansa com os ricos, embora ache que temos feito um esforço civilizatório relevante para sair deste atraso. Temos andado na direção certa, embora não na velocidade desejada”, afirma.
“A gente perde muito tempo com coisas irrelevantes no Supremo. Esse acesso facilitado ao Supremo é uma distorção do modelo que atrasa a justiça”, avalia. Segundo ele, muitos casos deveriam ser julgados e encerrados em segunda instância.
Tendo votado pela proibição de empresas financiarem campanhas eleitorais em um julgamento que foi suspenso e não vale para as eleições deste ano, o ministro acredita que as manifestações são um fenômeno positivo, que expressam uma maior consciência da sociedade.
“Ela quer serviços públicos de qualidade, mais ética na política, melhor perspectiva de futuro. O Estado e as instituições não conseguem, ou não conseguiram ainda, atender essas demandas que se criaram”, diz.
Barroso condena, no entanto, a violência que acompanhou alguns protestos. “A violência foi um capítulo à parte e desviante, que fez muito mal, porque as manifestações estavam empurrando uma reforma política, uma reflexão crítica. Onde há democracia, e – apesar de todas as deficiências – nós somos uma democracia, a violência não se justifica”.
*militanciaviva

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