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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 25, 2014

                 Domenico de Masi participa de audiência pública no Senado




Da Redação

De Masi falará sobre modelos de vida compatíveis com a sociedade pós-industrial
O professor e sociólogo italiano Domenico de Masi participa na terça-feira (27) de audiência pública sobre os cenários do futuro nos próximos 50 anos, a ser realizada em conjunto pela Comissão de Educação (CE) e pela Comissão Senado do Futuro, que se dedica ao tema. O debate, com início às 9h, poderá ser acessado pelo e-Cidadania( www.senado.leg.br/ecidadania). A iniciativa é dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Cyro Miranda (PSDB-GO).
Sociedade pós-industrial, aspectos econômicos e necessidades emergentes, novos sujeitos sociais, criatividade, trabalho, teletrabalho, paradoxos empresariais, ócio criativo e lazer são temas presentes na obra de Domenico de Masi. Em seu mais recente livro, O Futuro Chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada (Casa da Palavra, 2014), ele propõe uma reflexão sobre todos os modelos socioeconômicos e religiosos já testados pela humanidade no decorrer de sua história, como forma de favorecer a construção de um estilo de vida global inédito, que seja finalmente adequado à sociedade pós-industrial.
A Comissão Senado do Futuro, uma das promotoras da audiência pública, tem como atribuição promover discussões sobre grandes temas da atualidade e do futuro do país, bem como oferecer sugestões para aprimorar a atuação do Senado nessas questões. Composta por dez membros titulares e igual número de suplentes, a comissão é presidida pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC), e tem Cristovam Buarque como relator.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
*renato malcher

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