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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 13, 2014

Médicos com Dilma: nem só de coxinhas de jaleco é formada a classe médica do país


Cento e Oitenta médicos e médicas em todo país dão início ao recolhimento de assinaturas em apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Eles manifestam seu apoio e ressaltam, entre outras coisas, os avanços pelos quais o Brasil tem passado nos últimos anos e o compromisso assumido pela Presidenta com mudanças estruturais, como, por exemplo, seu apoio ao Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

O manifesto pode ser acessado em Médicos com Dilma. Há espaço para depoimentos e novas assinaturas. Há também uma Fã Page no Facebook Conheça o Programa Mais Médicos e ouça a avaliação de médicos brasileiros efetivamente comprometidos com a saúde pública sobre o programa:
Carta dos Médicos em Apoio à reeleição da Presidenta Dilma!
Médicos com Dilma, por mais Futuro

1. No nosso trabalho como médicos e médicas, seja atendendo diretamente a população ou em outras funções no Sistema Único de Saúde (SUS), percebemos claramente o impacto das políticas públicas nas condições de vida do povo brasileiro nos últimos anos. Acompanhamos com empatia e senso de responsabilidade as dores e a vida sofrida do povo, os ganhos sociais e as alegrias do povo. Arregaçamos as mangas fazendo o nosso melhor. E assim como participamos das transformações pelas quais o Brasil passou nos últimos anos e não deixamos de nos posicionar em defesa dos interesses nacionais, hoje novamente o fazemos.
2. Na saúde o saldo é positivo. Somos o maior sistema de saúde público universal do mundo, com um SUS que pertence a 200 milhões de brasileiros. Com a lei do Mais Médicos promulgada pela presidenta Dilma, hoje o país ampliou o atendimento médico diretamente a 50 milhões de brasileiros. Além da ampliação do acesso ao atendimento médico, numa só tacada a Lei do Mais Médicos ampliou também o envolvimento dos serviços de saúde na formação dos jovens médicos e o acesso ao ensino superior. Dilma efetivou como nunca a formação de profissionais de saúde enquanto responsabilidade do Estado Brasileiro, como previsto em nossa Constituição. Estamos diante da mais importante ação de ampliação de acesso à saúde desde a criação do SUS.
3. A candidatura da presidenta Dilma Rousseff (PT) é a candidatura que representa as mudanças que aconteceram no Brasil a partir das políticas sociais desenvolvidas desde os governos Lula na saúde, educação, economia, diplomacia, meio ambiente, geração de energia, na exploração do pré-sal, no combate a miséria e a fome, direito à memória e à verdade, bem como na ampliação dos direitos das minorias.
4. Esse ciclo de desenvolvimento trouxe grandes ganhos sociais, como redução das desigualdades, melhoria dos indicadores de saúde (como a mortalidade infantil, que reduziu enormemente), baixos índices de desemprego, ampliação do acesso à saúde e educação, aumento da participação popular e da transparência na gestão pública, redução do desmatamento florestal, reativação de vários segmentos da indústria nacional, baixa inflação, aumento do investimento público e importante redução dos juros da dívida pública.
5. As duas principais candidaturas da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) cada uma a sua maneira, flertam com a demagogia que tenta esconder quais seriam as consequências para o país das políticas de governo que ambos propõem com tanta semelhança, bradando “choque de gestão” de cá e “nova política” de lá. Num Brasil que quer seguir reduzindo desigualdades sociais, e ampliando e melhorando os serviços públicos não pode ser admissível propostas econômicas que gerem desemprego, aumento de impostos, mais poder aos bancos, perda dos aumentos anuais do salário mínimo ou violações dos direitos das minorias.
6. Dilma é a presidenta que representa o novo ciclo para o Brasil. É um ciclo democrático, com disposição para apoiar a ampliação da participação do povo nas decisões do Estado brasileiro, e também uma Reforma Política que estabeleça no mínimo: a) limites a influência do dinheiro dos bancos e das empresas sobre o processo eleitoral (proibindo assim as suas doações para as campanhas eleitorais), b) reduza as distorções que mantém certas populações sub-representadas nos processos decisórios e c) avance nos mecanismos de participação direta na democracia.
7. A disposição em promover tal Reforma Política ficou clara com o apoio ao “Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político” que colheu votos de 1º a 7 de setembro em todo o país e já aponta para um novo cenário na luta dos movimentos sociais nos próximos períodos, onde se quer mais participação social nas decisões sobre a Reforma Política.
8. Por tudo isso, os médicos e médicas abaixo assinados apoiam a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, que hoje representa o projeto nacional que vem transformando o Brasil!
*MariaFro
"Uma parte de mim morreu com João Antonio Donati.
Um pedacinho do meu coração foi abandonado, a seu lado, em um terreno baldio de Goiás.
Uma parte de mim desapareceu com Jandira Magdalena dos Santos Cruz.
A audácia de querer ser dona do meu próprio corpo custou-me a vida."

~Lilith~
Uma parte de mim morreu com João Antonio Donati.
Um pedacinho do meu coração foi abandonado, a seu lado, em um terreno baldio de Goiás.

Uma parte de mim desapareceu com Jandira Magdalena dos Santos Cruz.
A audácia de querer ser dona do meu próprio corpo custou-me a vida.

Eu morro todos os dias.
Nos terrenos baldios, nas clínicas de aborto clandestino, nas vielas escuras.
Apanho todos os dias.
Com as palavras duras, com o repúdio velado, com o medo. Apanho em casa, apanho na rua, apanho e tentam arrancar-me a existência, tudo que eu tenho - minha dignidade, meu corpo, minha saúde mental. Sou violentada todos os dias junto a milhões de mulheres e pessoas homossexuais. Quando morrem por ser o que também sou, morro, pouco a pouco, com eles.

Nosso sangue derramado nas mãos dos odiosos não pode ser lavado. Não pode ser esquecido. Não pode ser ignorado. Até quando fingirão não ver as marcas? Até quando fingirão que não conhecem nossos algozes, até quando fingirão que o sangue de João Antônio e de Jandira Magdalena não poderia ser nosso? Não poderia ser de um de nossos amigos, companheiros e companheiras, mães e irmãs.
Seu ódio é criminoso. Seu preconceito é dilacerante. Seu machismo é assassino. Apaga sorrisos de rostos de jovens de 18 anos, silencia e agride mulheres desamparadas em mesas frias.
Suas piadas ainda têm graça? Suas crenças valem mais que vidas humanas? “Não ter nada contra” ainda é seu pretexto? Ainda quer nos mandar pra longe, ainda quer nos apagar, ainda quer “acabar com a praga” que nós somos?

Finja que não vê nosso sangue em suas mãos. Finja que não sabe que nos mata, mata a mim, Jandira e João, por eu ousar existir, ser mulher, e persistir em amar quem eu amo.
*Feminismo3/4

Os “milicos de pijama” estão gagás?


Por Altamiro Borges

Na sexta-feira passada (5), o exótico Clube Militar – entidade que reúne os oficiais aposentados que apoiaram o golpe de 1964 e que até hoje têm saudades da ditadura – divulgou um artigo enfático em apoio a Marina Silva. O texto, intitulado “Um fio de esperança” e assinado pelo general da reserva Clóvis Bandeira, dizia que a ex-senadora “incorporou o desejo vago de mudanças que levou o povo às ruas em junho” e que ela seria a única capaz de “interromper a malfadada corruptocracia instalada no poder pelo lulopetismo”. Já nesta quarta-feira, a velha instituição voltou a se manifestar, desta vez para apoiar a cambaleante candidatura de Aécio Neves. O que houve? Racha interno ou velhice?

Segundo o novo artigo, agora assinado por Gilberto Pimentel, presidente da entidade, “o candidato que consideramos ‘menos pior’ é o Aécio Neves, que terá nosso voto (meu) e foi o único convidado por nós para apresentar sua proposta de governo”. Ele ainda retruca o texto anterior, afirmando que “seria total incoerência” apoiar a candidata do PSB. Para evitar traumas internos, o general aposentado alega que o artigo do seu subordinado, Clóvis Bandeira, foi “provocativo” e visava “recolocar o Clube na mídia”. Para ele, o que move a entidade “é a esperança do fim da era Lula/PT que tantos males já causou ao país... Nem interessa tanto se para A, B ou CE, o importante é mudar já”.

Segundo o general da reserva, Aécio Neves teria agendado uma visita ao Clube Militar. Ela só foi cancelada após a morte de Eduardo Campos. “A mudança radical do cenário político, em seu desfavor, parece tê-lo obrigado a rever seus compromissos. Avaliou que sua agenda não devia mais nos incluir. Pena também é que seus correligionários já dão sinais de aceitarem a derrota”, escreveu, em tom de mágoa. A postura errática dos “milicos de pijama” não significa que eles não interfiram na batalha eleitoral. Eles já têm o apoio do PSDB. No caso de Marina Silva, o que talvez explique a confusão é que ela mudou de posição sobre a Lei de Anistia. Antes era a favor da sua revisão para punir os crimes da ditadura; agora é contra!

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Leia também:





Dança de rato ! : O PSB “declarou” o avião. Como o que?. Cartas para a redação de O Globo





Toda a imprensa sabia que ontem era o último dia para a segunda prestação de contas da campanha: a presidencial, inclusive.
Todas as matérias apontavam a existência de laranjas em meio à operação de compra. E mencionavam um ponto chave para saber-se a verdade: como o PSB apresentaria à Justiça a situação do avião que provocou a queda de Eduardo Campos e a ascensão de Marina Silva.
Nenhum jornal, porém, à exceção de O Globo, publica uma linha sobre as contas apresentadas ontem.
E, mesmo esse, o faz com uma indigência que soma o despreparo do repórter à falta de apetite jornalistico de seu editor.
“O partido incluiu na prestação (de contas) o avião que conduzia Campos a Guarujá, quando ocorreu a tragédia.”
Sim, muito bem. Incluiu. Como o que? Empréstimo? Doação? Cessão? Presentinho?
No segundo parágrafo, depois do “incluiu” a repórter escreveu que ¨nesta parcial, será declarado apenas o avião, mas a quantidade de voos e os custos serão lançados apenas na prestação final”.
O texto não consegue explicar se trata do passado – “incluiu” – ou do futuro com o “será declarado”.
E mais não disse nem foi perguntado.
 

 

*Militanciaviva

Marina Silva diz que militares ajudaram na transição democrática



Marina voltou a dizer que Chico Mendes fez parte da elite brasileira.

O jornal O Dia do Rio de Janeiro, mostra mais uma proeza de Marina, a sem noção... A candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira em sabatina "Visões de Futuro" na Federação de Indústrias do Rio de Janeiro que os militares ajudaram na transição democrática da ditadura para a democracia."Existem pessoas boas e corretas em todos os lugares", disse Marina.

Na semana passada, o Clube Militar anunciou apoio à Marina, chamando sua candidatura de "Fio de Esperança". Na segunda-feira, porém, o clube retirou o apoio anunciando voto em Aécio Neves (PSDB) por ser o "menos pior".

Marina também voltou a dizer que Chico Mendes fez parte da elite brasileira. "Elite não é quem tem DINHEIRO, é quem tem visão estratégica", disse.

Ao dizer que está sendo caluniada, a candidata citou o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. "Mandela ficou 25 anos na prisão. Vocês se lembram do nome de seus algozes?", perguntou ela à plateia. Em seguida, a candidata disse que os adversários de Mandela também o trataram como "mal supremo". E apenas mais uma das muitas bobagens que Marina fala. Hoje, o jornalista  Mario Magalhães, escreveu um texto no qual diz, Marina ouve aliado ofender Dilma. E se cala. Diz ainda que, Marina estava rindo

Marina recuou de novo.
 

COVOCAÇÃO PT DIA 13

sexta-feira, setembro 12, 2014

Marina parte para a baixaria. Dilma repudia e diz que Marina é ingrata com a militância do PT.




Marina Silva perdeu as estribeiras e partiu para a baixaria em sabatina do jornal "O Globo" na quinta-feira (11). Disse que as pessoas não confiam em um partido que colocou um diretor na Petrobras para "assaltar os cofres" da estatal (referindo-se a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, preso pela operação Lava Jato da Polícia Federal).

Perguntada sobre esta declaração, durante entrevista coletiva, Dilma respondeu:
Olha, primeiro eu repudio com muita indignação esta declaração da candidata Marina, depois eu considero que a candidata Marina tem que parar de usar as suas conveniências pessoais para fazer declaração. Por que são conveniências pessoais? Ora, a candidata Marina ficou 27 anos no PT, todos os seus mandatos ela obteve graças ao PT, ao Partido dos Trabalhadores. Terceiro: dos 12 anos aos quais ela se refere, oito ela esteve no governo, ou no bancada no Senado Federal. Eu acredito que não é possível as pessoas terem posições que não honrem a sua trajetória política, e tentam se esconder atrás de falas. Eu acho que não medem o sentido dos seus próprios atos durante a vida. A militância do PT e a história do PT foram fundamentais para a candidata chegar onde chegou. Uma frase dessas mostra uma posição extremamente leviana e inconsequente. Eu lamento profundamente uma fala desse tipo.
Banqueira do banco Itaú.

Em outra pergunta, uma jornalista perguntou:

Neca Setúbal era considerada uma educadora, quando foi para ajudar, colaborar na campanha do Haddad, até de petistas. E agora ela está sendo tratada como banqueira, com sentido pejorativo. O que mudou?

Dilma respondeu:
Mudou, que ela está se comportando como banqueira. A Neca educadora é a Neca educadora. Agora, na medida em que eu sou herdeira do Banco Itaú e faço, e defendo uma política que beneficia claramente os bancos, que é a política de independência do Banco Central, de redução do papel dos Bancos Públicos, eu estou fazendo papel de banqueira. Eu não estou falando sobre educação, nem sobre criança e nem sobre creche.
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Não dá para vestir as duas roupas, ou é uma ou é outra. Ou uma é a roupa verdadeira, e a outra é a fantasia. Agora, o que nós queremos dizer é o seguinte: nós queremos, que não é correto, colocar na defesa da política que dá poder similar do Legislativo, Executivo e Judiciário, que são os únicos poderes independentes da República.Dar o mesmo tipo de poder aos bancos, que a independência no Brasil é considerada para poderes. Quem são os três poderes independentes? Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas ninguém é independente no Brasil, nenhum outro poder, os bancos, dentro do Banco Central, não terão independência. Não tem isto. Não é característico da Legislação Brasileira. Então, o que eu estou dizendo é que o que mudou é a atitude e a postura da pessoa, nada mais mudou, cada um de nós é o que é. Obrigada.

*Oterrordonordeste

Dilma dá um "pito" nos jornalistas bandidos da Globo

Dilma: por trás dos panos tem coisa pior que partidos políticos




Jornal GGN - Dilma Rousseff (PT) encerrou nesta sexta-feira (12) a série de sabatinas com os principais presidenciáveis promovida pelo jornal O Globo afirmando que "por trás dos panos, tem coisa pior que partidos". A declaração foi uma resposta ao discurso de Marina Silva (PSB), que defende uma "nova política" rejeitando as legendas convencionais, vibrando pelos "homens de bem". Segundo a presidente, a visão marinista de reforma beira, ingenuamente, o sentimento antidemocrático.

A petista, que lidera as pesquisas de intenções de voto, pincelou algumas propostas para economia, segurança, educação e saúde. Ela defendeu uma reforma política conduzida por um plebiscito. Rejeitou o discurso anti-política abraçado por Marina. Reafirmou uma agenda pró-LGBT com o que cabe ao Estado como prioridade: lutar pela criminalização da homofobia e garantir direitos civis.

O GGN selecionou alguns tópicos:

“O que deu de errado em seu governo, presidente?”

O colunista Artur Xexéu quis ouvir os “arrependimentos” de Dilma enquanto comandante do Palácio do Planalto. Incitou um balanço de governo com foco “no que deu de errado”. A petista disse que nenhum gestor público fica satisfeito com o que fez, porque “sempre é possível fazer mais”. Emendou com diretrizes para a saúde.

“Nós temos uma grande escala de brasileiros para atingir, e em alguns programas não estou satisfeita, precisamos aumentar a escala. Na saúde, por exemplo, acho que o Brasil ainda tem deficiência em especialistas. As pessoas ficam nas filas esperando para marcar consultas, exames. É uma área que eu atacaria num segundo mandato com o mesmo destemor que eu ataquei a falta de médicos [com o Mais Médicos]. E vou te dizer que aquilo não foi fácil. Tinham regiões no Pará que não viam médicos desde o descobrimento do Brasil!”, exclamou a presidente. Em educação, ela adiantou que acredita numa reforma do ensino médio, mas não detalhou.

Segurança: reforma federativa e ações integradas
Questionada sobre um visível enfraquecimento das instituições e políticas de segurança nas últimas décadas, Dilma disse que é consenso, em seu governo, que enquanto o crime organizado atua de maneira completamente orquestrada, falta integração às forças policiais do Estado. Ela afirmou que vai mudar isso em um possível segundo mandato, tomando como modelo os esforços para garantir a segurança da população e turistas durante a Copa do Mundo no Brasil.

“Nós achamos que temos que mudar a Constituição, porque a União tem que ser responsável pela segurança pública. Hoje, isso é atribuição dos estados, e sempre vemos a atitude de lavar as mãos. Não pode ser assim. Na Copa, não podíamos deixar essa quebra na segurança. Fizemos o Centro de Comando e Controle. Cada corporação respondia à sua própria hierarquia, mas nós conseguimos um grau de atuação integrada de alta qualidade. Não queremos que isso seja transitório, mas sim reproduzir esses Centros em todos os estados”, propôs.

Reforma política
O colunista de política Ilimar Franco puxou a pauta das manifestações de junho de 2013 e o plebiscito da reforma política como uma das repostas de Dilma à população. “Sem sucesso”, segundo ele avaliou, já que o Congresso não levou adiante. Ilimar lembrou que Marina vocaliza o sentimento “anti-política” das ruas, e perguntou qual seria a estratégia de Dilma diante disso, além de pedir detalhes sobre a reforma política proposta pela petista.

Dilma defendeu que o País avançou, nos últimos anos, na direção de uma sociedade mais inclusiva e democrática. Porém, a política continua atrasada. “O que avalio é que não vamos passar a reforma que precisamos simplesmente pela mão do Congresso [como defende Marina]. Isso foi tentado pelo Lula e não teve sustentação. Eu acredito que, de fato, a melhor ideia é fazer consulta popular. Só essa consulta vai dar legitimidade e força àquilo que a população resolver. É a população que vai votar majoritariamente por uma reforma - e eu não vou dizer qual reforma é essa, pois isso também tem que ser decidido pelo povo”, defendeu a presidente.

Leia mais: O dia em que entrevistadores se explicaram para Dilma
Ela defendeu que um plebiscito traga à tona pelo menos “cinco tópicos”. Entre eles, o financiamento público de campanha, o tempo máximo de mandato para o Executivo e a realização conjunta ou não das eleições para prefeito, governador e presidente. Os outros dois não foram explicados graças a intervenções do jornalismo de O Globo.

“Por trás do pano, tem coisa pior que partidos políticos

Enquanto Aécio defende um referendo e Marina, uma “reforma política nas urnas”, Dilma apostou no plebiscito. E criticou o discurso da pessebista: “Dizer que vai governar com os bons não é uma proposta. Quem é que vai governar com os maus? Todo mundo quer governar com os bons! Mas só isso não resolve o problema da reforma política. Eu tenho visão diferente [de Marina]. Para mim, a democracia não pode prescindir de partidos. Toda vez que isso aconteceu, caímos na mais negra das ditaduras”, alertou.

Dilma sugeriu ainda que a população discuta o número de partidos na praça hoje. “Acho que tem partidos demais, sim, que tem alguns que são excessivos. Mas é o povo que vai dizer. Não tenho dúvida de que não se governa sem partidos. Pode esperar que por trás dos panos, tem coisa muito pior que partido. Partido pelo menos briga na luz do dia. Nós temos muito pouco tempo de democracia para correr riscos”, explanou.

Religião e agenda LGBT
Questionada sobre religião, Dilma, “na condição de cidadã”, respondeu que foi aluna de um colégio de freiras na juventude e começou a fazer política com um núcleo chamado “Grupo Gente Nova”. “Depois, em Porto Alegre, eu tive uma relação mais ou menos desse tipo com um grupo religioso. Eu sou uma pessoa que acredita nos princípios da religião católica. A religião tem uma base ética entre as pessoas. Isso, para mim é um valor”, comentou. A Dilma presidente, entretanto, pediu destaque à seguinte ressalva: “O Estado é laico, o Estado não tem religião, não deve ter. E é inconstitucional transformar qualquer religião em religião do Estado”, bradou.

Quanto à agenda LGBT, Dilma reafirmou o compromisso com a criminalização da homofobia e a garantia de direitos civis a todos os cidadãos que integram o segmento. Mas colocou um limite ao papel do gestor público.

“O Estado não tem a obrigatoriedade de impor o casamento religioso. O Estado é laico e não pode interferir nas religiões. O Estado tem obrigação, sim, de reconhecer direito de herança, adoção e todos os direitos civis que pessoas heterossexuais tenham. Essa questão foi resolvida até pelo Supremo Tribunal Federal. Isso está pacificado. A discussão central agora é sobre a homofobia. A criminalização num país como o Brasil é absolutamente necessária, assim como foi necessário criminalizar a violência contra o negro e contra a mulher.”

Independência do Banco Central
Para Dilma, a proposta de tornar o Banco Central independente, de Marina, é um “equívoco”. “A independênca do Banco Central seria um quarto poder completamente questionável”, explicou. A petista defendeu relativa autonomia da instituição, de modo que o presidente tenha autoridade para nomear e destituir dirigentes. Ela concordou com o modelo de autonomia praticado durante o governo FHC, mas questionou os interesses de Marina em tornar o BC completamente independente. “O Banco Central não é um poder, não teve presidente eleito pelo povo. Tem que ter um mandato certo”, disse.

Embate com adversários
Sobre o embate político com os adversários, Dilma disse que apenas trava batalhas com Aécio e Marina no campo das propostas e ideias. “Toda minha divergência com Marina está baseada em propostas. Ela quer diminuir o papel dos bancos públicos, e isso preciso ser discutido sim. Vai acabar com uma série de financiamentos e investimentos. Não ficará pedra sobre pedra se acabarem com a presença dos bancos públicos”, disparou.

CPI e alianças com Collor e Sarney
Sobre CPIs que não avançam no Congresso, Dilma foi cobrada por não ter determinado à base governistas que, no caso Petrobras, por exemplo, as apurações fossem conclusivas. Ela respondeu que o Congresso tem autonomia em relação ao Executivo e ainda avaliou que investigações parlamentares, principalmente contra a estatal, têm caráter político.

“Todo ano eleitoral tem CPI da Petrobras, e outras CPIs necessárias não andam. Não houve uma CPI do Metrô, com a história da Alstom e o governo do Estado de São Paulo. Não há prosseguimento ao chamado mensalão mineiro. Acho que no caso das CPIs, elas não têm tanto poder investigatório como outros órgãos [Polícia Federal, Ministério Público, etc]. Elas podem contribuir com grande papel, mas não podem fazer CPI em cima de uma reportagem de uma revista. Não há base legal, não forma prova, isso”, criticou.

Confrontada por um internauta acerca da manutenção de figuras como Sarney e Collor no arco de alianças do governo, Dilma disse que é naturalmente possível firmar alianças diversas e ainda manter sua posição integral. Ela acrescentou que respeita o ex-presidente e que não é uma “instância de poder para julgar Collor” - embora seja pressionada a fazê-lo.

Ela lembrou que quem elegeu tais parlamentares foi o povo. “O que não é possível é querer que o presidente da República casse, tire direitos políticos e afaste as pessoas”, finalizou.



Economia de defesa do Estado 
Dilma pintou o contexto do cenário global com os jornalistas de O Globo para sustentar o que chamou de “política econômica defensiva” durante seu governo. Segundo ela, cobram dela e do Ministério da Fazenda uma reação de crescimento que nenhum país esboçou ainda, em função da crise internacional.

“O importante é que durante a crise nós não desempregamos, não reduzimos salário e ainda investimos em coisas que nunca se investiu antes. Onde já se viu investir bilhões em transporte de massa durante uma crise?”, indagou. “Eu assumo que tive uma política defensiva em relação à crise. Eu sei o tamanho da crise e acho que vocês também conhecem os números. Vimos a falta absoluta de políticas de austeridade, no mundo, que acabou levando à tal da geração nem-nem - nem trabalha, nem estuda. Nós precisamos, agora, de uma política ofensiva, de retomada da produtividade”, acrescentou.

Segundo ela, a base para o salto na economia foi construída, em parte, pelos investimentos em cursos profissionalizantes. Ela citou o Pronatec e a formatura de mais de 8 milhões de pessoas. Outra base citada foi a criação do Ciência Sem Fronteiras. Ela ainda reafirmou a saída do ministro Guido Mantega do primeiro escalão de um possível segundo mandato.
*Briguilino