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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 01, 2013

Primeiro ministro turco afirma que sionismo é um crime contra a humanidade

Via Sul 21

Para Erdogan, sionismo, anti-semitismo e facismo deveriam ser considerados crimes contra a humanidade | Foto: Governo do Chile
Da Redação
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou nesta sexta-feira (1) que os comentários do primeiro-ministro da Turquia equiparando o sionismo com um crime contra a humanidade dificultam os esforços de atingir a paz no Oriente Médio.
Nesta semana, na conferência da ONU pela Aliança entre as Civilizações, em Viena, o premiê turco Recep Tayyip Erdogan reclamou da discriminação sofrida pelos muçulmanos. Ele afirmou que a islamofobia deveria ser considerada um crime contra a humanidade, “bem como o sionismo, o anti-semitismo e o fascismo”.
Nesta sexta-feira (1), em uma coletiva de imprensa em Ankara ao lado do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, Kerry afirmou que “há uma necessidade urgente de se promover um espírito de tolerância, e isso inclui as declarações públicas de todos os líderes”. Sobre a paz na região, ele disse: “Acredito que há uma maneira de progredir, mas obviamente isso fica mais complicado após discursos como esse que ouvimos em Viena”.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu também condenou o comentário na quinta-feira, afirmando que foi uma “declaração obscura e desonesta, do tipo que pensei que havíamos deixado no passado”. A ONU também criticou os comentários do líder turco.
Na coletiva de imprensa com Kerry, Davotoglu negou que o primeiro-ministro tenha sido hostil ou ofensivo. Ele abordou repetidamente a morte de nove civis pelo comando israelense no navio turco de ajuda humanitária que ia para Gaza em 2010. “Se Israel quer ouvir declarações positivas da Turquia, precisa rever suas atitudes em relação a nós e ao povo da região, e especialmente rever a questão das colônias na Cisjordânia”, disse o ministro.
Turquia e Israel já foram importantes aliados, mas suas relações se deterioraram depois do ataque ao navio turco em 2010. A difícil relação entre os dois países tem sido motivo de grande preocupação para os Estados Unidos, que tem tentado, sem sucesso, que as nações se tornem amigáveis uma com a outra novamente.
Com informações da Associated Press
*GilsonSampaio

Direção Nacional do PT aprova por unanimidade resolução sobre Democratização da Mídia



 

Ao menos uma boa notícia hoje: pela manhã postei a proposta para debate sobre democratização da mídia durante a reunião da direção nacional do PT em Fortaleza: Proposta para debate na reunião do Diretório Nacional do PT em Fortaleza vamos nos mobilizar? e não é que a direção nacional aprovou por unanimidade? \o/
Agora é cobrar, cobrar, cobrar, mobilizar, mobilizar, mobilizar  pra que esta resolução se torne realidade.
Resolução aprovada por unanimidade pelo Diretório Nacional do PT:
via Valter Pomar, Facebook
Democratização da mídia é urgente e inadiável
O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza nos dias 1 e 2/3/2013, levando em consideração:
1. A decisão do governo federal de adiar a implantação de um novo marco regulatório das comunicações, anunciada em 20 de fevereiro pelo Ministério das Comunicações;
2. A isenção fiscal, no montante de R$ 60 bilhões, concedida às empresas de telecomunicações, no contexto do novo Plano Nacional de Banda Larga;
3. A necessidade de que as deliberações democraticamente aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada e organizada pelo governo federal e realizada em Brasília em 2009 — em especial aquelas que determinam a reforma do marco regulatório das comunicações, mudanças no regime de concessões de rádio e TV,adequação da produção e difusão de conteúdos às normas da Constituição Federal, e anistia às rádios comunitárias — sejam implementadas pela União;
4. Por fim, mas não menos importante, que o oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil é um dos mais fortes obstáculos, nos dias de hoje, à transformação da realidade do nosso país.
RESOLVE:
I. Conclamar o governo a reconsiderar a atitude do Ministério das Comunicações, dando início à reforma do marco regulatório das comunicações, bem como a abrir diálogo com os movimentos sociais e grupos da sociedade civil que lutam para democratizar as mídias no país;
II. No mesmo sentido, conclamar o governo a rever o pacote de isenções concedido às empresas de telecomunicações; a reiniciar o processo de recuperação da Telebrás; e a manter a neutralidade da Internet (igualdade de acesso, ameaçada por grandes interesses comerciais);
III. Apoiar a iniciativa de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações, proposto pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), pela CUT e outras entidades, conclamando a militância do Partido dos Trabalhadores a se juntar decididamente a essa campanha;
IV. Convocar a Conferência Nacional Extraordinária de Comunicação do PT, a ser realizada ainda em 2013, com o tema “Democratizar a Mídia e ampliar a liberdade de expressão, para Democratizar o Brasil”.
*Saraiva

Drauzio Varella aborda um dos maiores alvos de discriminação

 

Por antonio francisco
Acreditem, no final deste texto vou falar (bem) do Dr. Dráuzio Varella, por causa de sua coluna de ontem na Folha de São Paulo, também reproduzida em blogs.
Para um assunto como este, nada trivial, eu começaria perguntando: alguém aí já ouviu dizer, ou já imaginou, que em qualquer processo de fabricação em série, mesmo numa fábrica de automóveis bastante sofisticada, NENHUM produto é - rigorosamente - igual a outro de mesmo modelo, apesar de terem saído do mesmo processo de produção?
Nem estou me referindo a “defeitos” - que em verdade são diferenças tão significativas que acabam chamando a atenção de alguém.
Especialistas de controle de qualidade já sabem há muito tempo que um produto, mesmo oriundo de um rigoroso processo de produção certificado, nunca é idêntico a outro, ainda que se o compare com o que acabou de sair da mesma linha de produção. Embora nanométrica, alguma diferença pode ser encontrada.
(Um parêntese curioso: nosso cérebro é mais treinado para procurar semelhanças do que para detectar diferenças.)
Agora imagine a zorra que é impor identidade a produtos saídos de unidades fabris diferentes. A Coca-Cola, por exemplo, sua a camisa para estabelecer severos controles de uniformização, para que um consumidor de seu líquido fabricado em Manaus sinta o mesmo gosto quando consome o produto oriundo da fábrica no Rio de Janeiro.
Pois, então, e quanto à “produção” de seres vivos?
Para começo de conversa, aquilo que chamamos de “natureza” tem como meta não a uniformização, mas a diversidade - ou seja, seu “diretor” sorri feliz a cada vez que o “produto” sai diferente do anterior. Para complicar ainda mais, o doido que inventou este processo resolveu fabricar não só produtos, mas também concomitantemente “fábricas”, de modo que um só produto (ou um par, convenientemente aparelhado) esteja apto a assumir o papel de “fábrica” num processo compulsivo de reprodução, às vezes produzindo até “sem querer”.
Falemos de humanos.
Quando alguém te disser que cada ser humano é único e, portanto, irrepetível, pode acreditar. Até porque, como vimos, a rigor TUDO é único, irrepetível.
No entanto, certos procedimentos nossos, instintivos, teimam em detectar assemelhações, e isto parece fazer parte de um processo cultural que (ao que tudo indica) visava nos agrupar para nos defendermos (o “diferente” de nós é mau, pareciam dizer nossos reflexos (instintos?), enquanto não nos educamos para perceber as coisas de outras maneiras).
Isto de sacar de imediato que somente o semelhante é “bom” acabou por produzir forçações de barras contra os diferentes. Exemplos disso estão nas bíblias, em muitos movimentos totalitaristas, e em nós.
Enquadramos um humano (pelos sinais que “supostamente” detectamos) na categoria de “homem”, se tem pelo menos o pênis, ou na categoria de “mulher”, se tem ao menos a vagina. Religião, educação, cultura, todo o acervo humano se baseou na evidenciação puramente visual da existência do órgão sexual para enquadrar o sujeito dentro de uma dessas duas categorias, impositivamente. Quando crianças, em verdade é praticamente forçosa nossa identificação com o pai, ou com a mãe (homem ou mulher). A moral e a ética se apropriaram dessas validações para criar regras, nem sempre “naturais”.
Comandada pela natureza, a biologia esperneia contra tais enquadramentos, seja pela via propriamente anatômica, produzindo humanos sem pênis ou sem vagina, ou um sujeito com os dois órgãos, e redesenhos outros. (Em maternidades de grandes centros há mais relatos de ocorrências desses fenômenos). A natureza age também por outros meios, fazendo com que alguém que porte uma vagina tenha ganas de se “sentir” homem, ou alguém, mesmo com pênis, se “veja” mulher. Além de outras causas, hormônios produzidos a mais ou a menos pelo próprio sujeito podem levar naturalmente a isto. Em suma, há fortes comandos genéticos envolvidos no dia-a-dia do fabrico de humanos - não obstante as influências do meio físico onde vivem os “fabricantes”, e as forças familiares e culturais que participam dessa construção.
Cada humano é diferente de outro, e o órgão entre as pernas é apenas um dos muitos lugares onde as diferenças se manifestam.
O artigo do Dr. Drauzio Varella é contundente ao chamar a atenção para um dos alvos de maior discriminação no Brasil. Categórico, ele põe o dedo na ferida ao afirmar logo de início, que “de todas as discriminações sociais, a mais pérfida é a dirigida contra os travestis.”
Eu o li na página E8 da Ilustrada de ontem. Vocês podem ler lá ou em blogs.
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Homens que são mulheres
DRAUZIO VARELLA
A saúde pública não pode continuar dando as costas para essa minoria de homens

DE TODAS as discriminações sociais, a mais pérfida é a dirigida contra os travestis.

Se fosse possível juntar os preconceitos manifestados contra negros, índios, pobres, homossexuais, garotas de programa, mendigos, gordos, anões, judeus, muçulmanos, orientais e outras minorias que a imaginação mais tacanha fosse capaz de repudiar, a somatória não resvalaria os pés do desprezo virulento que a sociedade manifesta pelos travestis.
Quem são esses jovens travestidos de mulheres fatais, que expõem o corpo com ousadia nas esquinas da noite e na beira das estradas?
Apesar da diversidade que os distingue, todos têm em comum a origem: são filhos das camadas mais pobres da população.
A homossexualidade é tão velha quanto a humanidade, sempre existiu uma minoria de homens e mulheres homossexuais em qualquer classe social; caracteristicamente, no entanto, travestis só aparecem nas famílias humildes.

Na infância, foram meninos com jeito afeminado que, se tivessem nascido entre gente culta e com posses, poderiam ser profissionais liberais, artistas plásticos, empresários, costureiros, atores de sucesso. Mas, como tiveram o infortúnio de vir ao mundo no meio da pobreza e da ignorância, experimentaram toda a sorte de abusos: foram xingados nas ruas, ridicularizados na escola, violentados pelos mais velhos, ouviram cochichos e zombarias por onde passaram, apanharam de pais e irmãos envergonhados.
Em ambiente tão hostil poucos conseguem concluir os estudos elementares. Na adolescência, com a autoestima rebaixada, despreparados intelectualmente, saem atrás de trabalho. Quem dá emprego para homossexual pobre?
Se para os mais ricos com diploma universitário não é fácil, imagine para eles. O máximo que conseguem é lugar de cozinheiro em botequim, varredor de salão de beleza na periferia ou atividade semelhante sem carteira assinada.
Vivendo nessa condição, o menino aprende com os parceiros de sina que bastará hormônio feminino, maquiagem para esconder a barba, uma saia mínima com bustiê, sapato alto e um bom ponto na avenida para ganhar numa noite mais do que o salário do mês.
Uma vez na rua, todo travesti é considerado marginal perigoso, sem nenhuma chance de provar o contrário. Pode ser preso a qualquer momento, agredido ou assassinado por algum psicopata, que nenhum transeunte moverá um dedo em sua defesa. "Alguma ele deve ter feito para merecer", pensam todos.

Levado para a delegacia irá parar numa cadeia masculina. Como conseguem sobreviver de sainha e bustiê em celas com 20 ou 30 homens, numa situação em que o mais empedernido machão corre perigo, é para mim um dos mistérios da vida no cárcere, talvez o maior deles.
A condição de saúde dos travestis é precária. Não existe um serviço de saúde com endocrinologistas para orientá-los a respeito dos hormônios femininos que tomam por conta própria.
Muitos injetam silicone na face, nas nádegas, nas coxas, mas sem dinheiro para adquirir o de uso médico, fazem-no com silicone industrial comprado em casa de materiais de construção, injetado por pessoas despreparadas, sem qualquer cuidado de higiene. Com o tempo, esse silicone impróprio escorre entre as fibras musculares dando origem a inflamações dolorosas, desfigurantes, difíceis de debelar.
Ainda os portadores do vírus da Aids encontram algum apoio e assistência médica nos centros especializados, locais em que os funcionários estão mais preparados para aceitar a diversidade sexual. Nos hospitais gerais, entretanto, poucos conseguem passar da portaria, barrados pelo preconceito generalizado, praga que não poupa médicos, enfermeiras e pessoal administrativo.
Os hospitais públicos deveriam ser obrigados a criar pelo menos um posto de atendimento especializado nos problemas médicos mais comuns entre os travestis. Um local em que pudessem ser acolhidos com respeito, para receber orientações sobre uso e complicações de hormônios femininos e silicone industrial, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e práticas de sexo seguro.
A saúde pública não pode continuar dando as costas para essa minoria de homens, só porque eles decidiram adotar a identidade feminina, direito de qualquer um. Quem somos nós para condená-los?
Que autoritarismo preconceituoso é esse que lhes nega acesso à assistência médica, direito mínimo garantido pela Constituição até para o criminoso mais sanguinário?
*Nassif


Presidente argentina propõe que juízes sejam escolhidos por voto popular



Intenção de Cristina Kirchner é "democratizar a Justiça" do país; lei depende de aprovação do Parlamento

A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta sexta-feira (01/03) que pretende enviar ao Parlamento um projeto de lei para “democratizar a Justiça” do país. A medida prevê que os integrantes do Conselho da Magistratura, que nomeia e pode processar magistrados, sejam eleitos por voto popular.

Agência Efe

Cristina Kirchner quer minimizar a importância do corporativismo no Poder Judiciário argentino


"Quero uma Justiça democrática, não corporativa, sabendo que é parte do Estado e que deve aplicar a Constituição", afirmou Cristina durante seu discurso de abertura do novo ano legislativo no Congresso.

De acordo com a presidente, "é o povo que deve escolher seus representantes e que o sistema judiciário não pode ser um lugar ao qual só chegam conhecidos ou parentes".

"Todo cidadão que reúna os requisitos e seja aprovado nos exames deveria estar em condições de entrar", ressaltou.
Cristina lembrou que a Constituição estabelece que os conselheiros devem ser acadêmicos, mas não especificamente advogados. "É preciso dar a esse órgão uma representação popular onde a sociedade se veja refletida e representada", comentou.

Para reforçar seu ponto de vista, a presidente argentina criticou o fato de os membros do Conselho da Magistratura poderem ser reeleitos por eles mesmos. “Se houver 30 vagas e 300 candidatos, deveremos fazer um sorteio público. O Estado não pode ser tratado como uma empresa particular”, afirmou. 
*ÓperaMundi
*Nina

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Charge foto e frase do dia
















Por Carlos Everardo Silva

Os ideólogos da classe capitalista dizem que os empresários são os verdadeiros "produtores da riqueza", que sem eles nenhuma produção moderna e eficiente seria possível. Exaltam as ações individuais de cada burguês na mesma intensidade que os fascistas exaltam o Estado. Para eles, a ganância do capitalista é, ao mesmo tempo, a base que sustenta a prosperidade da sociedade. Assim, com o declínio dos capitalistas, toda a economia seria jogada no abismo. Afinal, sem a burguesia não existiriam empregos, não haveria investimento, grandes empreendimentos e construções, pois tudo isso nada mais seria do que o fruto das ações individuais. No sistema idealizado pelos teóricos liberais e conservadores, os trabalhadores não passam de simples auxiliares, ou melhor, instrumentos que o capitalista utiliza para obter seus fins, como qualquer outra ferramenta. A riqueza não é compreendida como produto do trabalho, mas do desejo e da luta por lucro.

É verdade que, sob o atual sistema, a produção de riqueza depende bastante dos interesses egoístas dos indivíduos que formam a burguesia, mas somente porque essa classe possui o monopólio sobre os meios de produção e distribuição. Esses indivíduos, entretanto, não se tornam criadores da prosperidade simplesmente por possuírem os instrumentos necessário para a produção. Ao contrário, esse monopólio apenas os permite ter domínio e poder sobre os verdadeiros responsáveis pela geração de valores de uso, os trabalhadores assalariados, os proletários.

O marxismo afirma que a classe trabalhadora, ao lado da natureza, é a produtora de toda a riqueza. (1) E é claro que, a não ser sob ignorância ou má fé, ninguém discorda dessa afirmação. Afinal, quem produz as ferramentas e as máquinas? Quem extrai as matérias-primas do meio ambiente? Quem fiscaliza as máquinas? Quem produz os bens de consumo e os serviços? Quem transporta as mercadorias? Só há uma resposta para todas essas perguntas: o proletariado.

Mesmo com o desenvolvimento das forças produtivas, com o surgimento de máquinas e ferramentas cada vez mais modernas, não foi possível para a classe dominante abrir mão da compra da força de trabalho. Afinal, até em um processo extremamente dependente da tecnologia, se faz necessária a fiscalização humana.

A verdade é que, se amanhã ou depois, todos os trabalhadores cruzassem os braços e simplesmente decidissem não trabalhar, nem que fosse por um único dia, isso já seria suficiente para gerar um enorme prejuízo à economia. Dizem que "tempo é dinheiro", mas o correto seria dizer que "trabalho é dinheiro".

Isso não significa que o sistema capitalista nunca tenha servido aos interesses da humanidade. Ao contrário, o grande teórico socialista Karl Marx sempre deixou claro que a burguesia e seu sistema desempenharam um papel revolucionário na história, não somente por terem enterrado o feudalismo, mas também por terem substituído os mesquinhos e pouco desenvolvidos meios individuais de produção da idade média por gigantescas forças produtivas. Foi o desenvolvimento do capitalismo que tornou o socialismo possível, foi sua ascensão que gerou condições para por fim à divisão de classes. (2)

O capitalismo reuniu os trabalhadores em grandes fábricas, imensos centros de trabalho. Permitiu que, pela primeira vez na história, a classe oprimida tivesse acesso a um nível de educação e cultura que as classes trabalhadoras do passado jamais sonharam em ter. Mas o capitalismo não foi capaz de romper com a exploração e a opressão. Nunca se produziu tanta riqueza, mas também nunca os trabalhadores estiveram tão privados dos produtos do seu trabalho.

Dos pontos negativos e positivos do capitalismo, surgiu uma poderosa força capaz de se organizar para por fim ao domínio do homem sobre o homem: a classe trabalhadora moderna. Pela primeira vez na história, uma classe explorada tem condições de por fim a exploração e capacidade para dirigir a sociedade. O futuro da humanidade está nas mãos dos trabalhadores. A construção do socialismo é sua missão.

A burguesia é uma classe parasita. Não produz nada. Apenas suga os produtos do trabalho. Vamos usar como exemplo uma grande empresa. Todo o seu funcionamento depende exclusivamente dos funcionários assalariados, desde o mais simples funcionário, até técnicos e gerentes. Qual a fusão do burguês? Roubar os trabalhadores. Quem são os proprietários de uma sociedade anônima, por exemplo? São os acionistas. Ou seja, pessoas que tem como local de trabalho a bolsa de valores. E mesmo quando o capitalista ocupa cargo na sua empresa, suas funções poderiam perfeitamente ser executadas por qualquer técnico eficiente sob o controle dos trabalhadores.

Sob o socialismo, as empresas, bancos e terras passam para o controle dos trabalhadores. Os meios de produção e troca passam a pertencer a toda a sociedade. A concorrência é eliminada e substituída pela cooperação. O socialismo, ao ser implantado a nível internacional, cria condições para a eliminação dos principais problemas que enfrentamos hoje: como miséria, desemprego, fome, ataque aos direitos sociais e trabalhistas, imperialismo, guerras, racismo, xenofobia e as tão conhecidas crises econômicas.

E isso tudo é perfeitamente possível. É claro que a classe capitalista e seus agentes tentam convencer a todos de que não existem alternativas ao capitalismo. Os capitalistas veem o capitalismo como o único mundo possível, assim como os senhores feudais viam o feudalismo como o único sistema possível. Toda classe dominante encara o seu domínio como necessário para a preservação da sociedade.

Os capitalistas falam constantemente em liberdade, mas não entendem que a sua liberdade gera a escravidão dos trabalhadores. A emancipação dos trabalhadores não pode ser encontrada nas promessas burguesas de liberdade e justiça, mas somente pode ser construída por eles mesmos. E quando finalmente houver liberdade, é porque o capitalismo deixou de existir. E se existe capitalismo, então a liberdade é apenas um conto de fadas.


NOTAS
(1) Crítica ao Programa de Gotha
(2) Manifesto do Partido Comunista
*centrodosocialismo

“FIQUEI PERTURBADO COM O TRATAMENTO QUE DERAM ÀS CRIANÇAS FERIDAS”, DIZ BRADLEY MANNING EM DEPOIMENTO NOS EUA

Bradley procurou o Washington Post e o New York Times, mas não teve resposta
Bradley diz que procurou o Washington Post e o The New York Times

Em depoimento, Bradley Manning nega ter traído EUA

Opera Mundi
O soldado norte-americano Bradley Manning se declarou culpado nesta quinta-feira (28/02) por ter vazado de centenas de milhares de documentos confidenciais da diplomacia norte-americana ao site Wikileaks, além de outras nova acusações menores. As informações são do jornal britânico Guardian, da agência Efe e do Wikileaks.

No entanto, o militar de 25 anos nega ter “ajudado o inimigo”, acusação mais grave que pesa sobre ele e que, se confirmada, poderá resultar até em prisão perpétua.
No depoimento, Manning afirma que uma das razões que o motivaram a tomar a iniciativa de tornar as informações públicas foi o caso conhecido como “Assassinato Colateral”, durante a guerra no Iraque, que culminou na morte de um jornalista da Reuters, seu motorista e outras pessoas no bairro de Nova Bagdá pelo exército norte-americano. Eles foram mortos por um helicóptero apache que atacou indiscriminadamente civis. A Reuters  tentou, sem sucesso, obter o vídeo através da Freedom Information Act, lei que determina a abertura de arquivos do governo, mas este vídeo só veio a público através do Wikileaks.
“Fiquei perturbado com o tratamento que deram às crianças feridas”, referindo-se a duas crianças que ficaram gravemente feridas no episódio. “Os que estavam no vídeo não pareciam se preocupar com o valor da vida humana, ao se referirem a elas (às vítimas) como bastardos”.
Outra revelação importante feita por Manning é que, antes de procurar o Wikileaks, ele chegou a ligar para o mais tradicional jornal norte-americano, o The New York Times, gravando mensagens e deixando contatos, além de explicar o que tinha em mãos. E também contatou seu principal concorrente, o Washington Post. Simplesmente não obteve respostas. Foi quando procurou o Wikileaks e manteve uma conversa com um internauta identificado como “OX”, provavelmente o jornalista australiano Julian Assange, fundador do site. Ele também tentou contatar o site progressista norte-americano Politico.com. Porém, o mau tempo impediu o contato. (Texto Integral)
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