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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 30, 2014


Desmascarar Marina e pôr em movimento a força do povo


A pesquisa Datafolha divulgada na noite desta sexta-feira (29) confirma a ocorrência de brusca movimentação no quadro pré-eleitoral, com o empate nos índices de intenção de votos entre a presidenta da República, Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e Marina Silva, ambas com 34%. 

As projeções de segundo turno indicam vantagem para a candidata do PSB, com 50% das preferências, contra 40 da presidenta. Os resultados do Datafolha confirmam a tendência revelada por outras sondagens de opinião pública, divulgadas no meio da semana. 
Não há por que extrair desses levantamentos conclusões precipitadas, nem tomar os números das pesquisas como a antecipação do resultado e o vaticínio da derrota. Menos ainda aceitar a provocação das forças neoliberais e conservadoras, com o ativo e militante apoio da mídia privada monopolista, quando afirmam que o pânico e o terror tomam conta do comando da campanha de Dilma e o espectro da derrota ronda a direção petista e o Palácio do Planalto. 
Temos pela frente cinco semanas de campanha, que serão marcadas por duros enfrentamentos políticos e acalorados debates, decisivos para que a maioria do eleitorado brasileiro forme convicções e adquira plena capacidade de decidir o rumo que pretende tomar. 
Os dados revelados pelas recentes pesquisas são surpreendentes porque indicam a alteração de um quadro de liderança da presidenta Dilma que parecia consolidado. Mas nunca passou pela cabeça de ninguém que teríamos eleições fáceis ou a vitória estava dada. É de fato a primeira vez, desde que as forças progressistas chegaram ao governo central, nas eleições de 2002, que surge um questionamento tão claro e direto sobre o favoritismo dessas forças na contenda eleitoral. Mas as vitórias precedentes, em 2002, 2006 e 2010, também não foram fáceis. Em todas elas, a eleição presidencial foi decidida no segundo turno e foram grandes as exigências e desafios impostos à coalizão democrático-popular.
As pesquisas desta semana mostram que a candidatura de Marina Silva capitaliza um sentimento difuso em prol de mudanças em camadas da população que ainda não perceberam que a força propulsora dessas mudanças são precisamente o governo progressista liderado pela presidenta Dilma e a sua candidatura à reeleição. As mudanças vêm sendo gradualmente feitas ao longo de 12 anos, em meio a dificuldades, a crises internacionais, e enfrentando internamente uma correlação de forças em que os setores reacionários detêm imenso poder.
A presidenta Dilma e os partidos que a apoiam serão sem dúvidas mais explícitos, didáticos e contundentes no mister de convencer o povo da novidade contida nas mudanças já empreendidas e nas perspectivas que se abrem com mais um mandato. Este segundo aspecto tem a ver com nitidez programática, arraigadas convicções e audácia para enfrentar as contradições sociais e políticas realmente existentes na sociedade. 
É imperioso, como tarefa de primeiro plano, desmascarar Marina Silva, a candidata das forças interessadas antes de tudo na interrupção e reversão do ciclo político aberto com a primeira vitória de Lula em 2002. A esta altura dos acontecimentos, são acelerados e intensos os entendimentos nos bastidores para promover a união das forças conservadoras em torno de Marina Silva, numa gigantesca operação para fazer do seu eventual governo o retorno dos tucanos e seus aliados ao poder.
Sem mais delongas, é necessário pôr em evidência os compromissos de Marina Silva com o capital financeiro, com os interesses antinacionais, seu desdém à democracia embutido no messianismo e na retórica do “apoliticismo” ou da “nova política”. Mais do que nunca, é necessário denunciar a candidata como a personificação da luta anti-Dilma, do antipetismo e da luta contra a esquerda. Aquela que vai, em nome de realizar mudanças, reverter as imensas conquistas sociais a duras penas alcançadas nos últimos 12 anos.
Com seu messianismo e personalismo exacerbado, Marina Silva pode representar mais uma caricata aventura, como foram em momentos distintos Jânio Quadros e Collor de Mello. Um eventual governo por ela liderado seria o prelúdio de crises e retrocessos na vida democrática, com nefastas consequências para a luta transformadora e emancipadora dos trabalhadores e do povo brasileiro.
O governo das forças progressistas sob a liderança da presidenta Dilma e sua candidatura à reeleição representam imensa força política e social, correspondem a anseios profundos do povo brasileiro e já demonstraram ser a garantia de que continuará acumulando vitórias na construção de uma grande e poderosa nação próspera, progressista, democrática, soberana e solidária com os povos, em benefício da cooperação internacional e da paz.
São milhões e milhões de eleitores e ativistas, cuja força potencial precisa ser despertada, motivada e mobilizada num momento tão decisivo da vida nacional. Desencadear a força, a energia e a mobilização do povo, infundir-lhe vontade e elevar-lhe a consciência é o dever maior dos que conduzem e protagonizam a luta por mais mudanças e mais conquistas.Portal Vermelho

O racismo contra o goleiro do Santos


Por Dennis de Oliveira, na revista Fórum:

O jogo Grêmio e Santos, no dia 28 de agosto, no Estádio Olímpico, foi palco de mais uma manifestação racista. Desta vez, a vítima foi o goleiro santista Aranha, chamado de “macaco” e “preto fedido” por torcedores gremistas na partida vencida pelo alvinegro praiano por 2 a 0.

O episódio aconteceu no final da partida, aos 43 minutos do segundo tempo. Assisti ao VT da partida. O Santos fez dois a zero no primeiro tempo e depois segurou o resultado. Aranha foi um dos jogadores mais importantes nesta vitória, pois no segundo tempo, só deu Grêmio. Algumas defesas do goleiro santista foram fundamentais para o resultado positivo.

Por que estou dizendo isto? Justamente pelo fato do racismo sempre se apresentar como uma “reserva argumentativa” em situações como esta. O lema de “vencer a qualquer custo” impregnado nos torcedores e até jogadores e técnicos – que, inclusive, incentiva a violência generalizada nos estádios e fora deles – traz consigo o racismo, o machismo e a homofobia como comportamentos frequentes. E acontecem simplesmente porque o racismo, o machismo e a homofobia estão impregnados na sociedade brasileira. Ainda que tenha se avançado nas políticas de combate a estes mecanismos, eles ainda persistem no imaginário.

Na defesa de uma orientanda minha de doutorado na Pós Graduação em Direitos Humanos da USP, o meu amigo professor Salvador Sandoval, da PUC/SP, estudioso dos mecanismos de opressão e autoritarismo social, disse que as normas legais podem coibir comportamentos mas não pensamentos.

É aí que quero meter a minha contribuição neste debate, para irmos além da justíssima indignação que muitos tiveram contra este episódio. Existe impregnado na sociedade brasileira pensamentos autoritários, em especial o racismo e o machismo, principalmente porque estes sustentam hierarquias sociais. Para a torcedora branca gremista Patrícia Moreira, flagrada no ato racista nas arquibancadas da Arena Grêmio, “como um negro ousa atrapalhar a vitória do meu time?” Assim, como os casos de racismo contra estudantes negros que ingressam nas universidades por meio de ações afirmativas, “como ousam querer dividir um espaço que é só meu?”.

Por isto, embora sejam importantes os mecanismos institucionais de punição ao racismo e inserção de afrodescendentes, eles não são suficientes por si só para coibir o racismo. O mesmo ocorre com o machismo. Isto porque são ideologias que sustentam uma determinada forma de relação social. E as ideologias se realizam nas práticas cotidianas. Daí a necessidade de se denunciar, de ser vigilante, de apontar o dedo quando expressões, comportamentos, falas, atitudes denotam racismo (e também machismo e homofobia). Não se trata de impor a ditadura do politicamente correto, mas de combater o politicamente fascista (emprestando uma fala do escritor Marcelo Rubens Paiva).

Neste sentido, fez bem Aranha indignar-se e denunciar o episódio. Ir até o fim com isto, independente da morosidade da Justiça ou da má vontade dos cartolas do futebol. Não apenas para punir os torcedores, mas principalmente como papel pedagógico, de cutucar e fazer refletir que em uma sociedade justa, pessoas que tenham tais comportamentos não fazem sentido.
*ALtamiroBorges

A Veja se preocupa com quem vai ser Presidente. Do Banco Central, não do Brasil


No melhor estilo daquele William Bonner do Maranhão, que perguntou ao candidato Flávio Dino se ele ia “implantar o comunismo” no Estado,a chamada de capa da Veja, esta manhã, adverte contra o perigo que “facções ideológicas mais perigosas” do PT trazem ao país porque…um site de campanha ligado ao  partido publicou “um texto na noite de terça-feira com potencial de fazer tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor.”
banqueiros
O que teria feito o tal site – o Muda Mais, várias vezes citado aqui – para provocar tamanho terremoto?  Defendeu uma ditadura? Sugeriu uma invasão soviética?  Pregou a estatização dos nacos ou das multinacionais?
Não, apenas defendeu que valha o que está escrito na Constituição Brasileira e que vem sendo praticado há décadas, dentro da lei e da hierarquia dos poderes: que o Presidente da República, eleito pelo povo,  tenha o poder de indicar quem vai dirigir o Banco Central!
Exatamente como indicaram todos os presidentes anteriores – o “querido” Fernando Henrique Cardoso, inclusive  -  e nunca fizeram, por isso, “tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor”.
Lula e Dilma, aliás, foram extremamente cuidadosos – muito além da conta, eu diria – nas suas indicações. Ele, com Henrique Meirelles, que dispensa apresentações, e ela com Alexandre Tombini, funcionário do Banco concursado e membro da diretoria de Meirelles por cinco anos.
Aliás, nenhum dos dois – ao contrário de FHC – demitiu nenhum presidente do BC.
Agora, se o Presidente da República não pode orientar, sugerir e apontar os grandes objetivos da política econômica, melhor elegermos um rei ou rainha da Inglaterra e entregarmos o comando do país ao mercado de capitais.
Como fez, aliás, Fernando Henrique quando o real foi por água abaixo após as eleições de 98 e ele pediu emprestado a George Soros o economista Armínio Fraga para “arrumar a casa” a juros cavalares de 45% ao mês.
É por isso que o “mercado” não se assusta com Marina. Como já garantiu sua Ministra-Chefe de Tudo, Maria Alice Itaú Setúbal, o BC terá autonomia.
Nada além da frase de Mayer Amschel Bauer, que mudou seu sobrenome para Rothschild:
“”Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis.
Traduzindo: o que chamam de autonomia é  um presidente do BC  escolhido pelos bancos e que a eles prestará contas.
Viva a democracia!
 PS. O artigo da Veja é sensacional. Termina lembrando – vejam a semelhança – as críticas do site  ao presidente da CBF, José Maria Marin, aquela triste figura. Srá que querem uma figura semelhante para o Banco Central?
*entrefatos

A derrota de Israel


Ilustração: Junião/Ponte Jornalismo
Ilustração: Junião/Ponte Jornalismo
Abdel Latif Hasan Abdel Latif, Medico palestino
Após 51 dias de ataques israelenses contra Gaza, por mar, ar e terra, Israel foi obrigado a parar com o massacre contra os palestinos.
Apesar dos mais de quinze mil vítimas palestinas, mortos e feridos, dos quinhentos mil desabrigados, da infraestrutura e mais de onze mil casas e edifícios destruídos, Israel não alcançou nenhum dos seus objetivos: não acabou com o Hamas, não conseguiu enfraquecer a resistência palestina, não acabou com os foguetes e foi obrigado a negociar com uma delegação palestina, que incluía membros do Hamas.
Milhares de palestinos saíram nas ruas de Gaza, Cisjordânia e nos campos de refugiados do Líbano e Jordânia, para festejar o fim dos ataques.
Para eles, a resistência e o povo de Gaza saíram vitoriosos e não poderia ser diferente. Quando o lado mais forte não consegue uma vitória total, ele sai derrotado e quando o mais frágil não é derrotado, é porque sairá vitorioso.
Para os palestinos, os recentes ataques contra Gaza são apenas uma batalha em uma longa guerra que Israel trava contra os palestinos há 70 anos.
A despeito da superioridade militar israelense e das grandes perdas palestinas, Israel não vencerá a guerra. Os motivos são muitos, mas mencionam-se apenas três:
1º As justificativas e mentiras de Israel para lançar seus ataques não mais convencem nem seus aliados.
Em uma entrevista para o site “Democracy now”, Henry Siegman, um dos líderes da comunidade judaica nos Estados Unidos e ex-diretor executivo do Congresso Judaico Americano, disse que nenhum país e nenhum povo no mundo aceitaria viver nas condições que os palestinos de Gaza são obrigados a viver. Disse isso, descartando a justificativa chavão de Israel para suas agressões de que nenhum país toleraria foguetes contra seu território.
Siegman afirmou que a moralidade da ação israelense depende primeiramente da análise de se Israel poderia fazer algo para prevenir o desastre humanitário que está promovendo em Gaza. Poderiam os israelenses fazer algo que não custasse tão alto preço humano? A resposta, certamente, é sim: acabar com a ocupação.
Siegman vai além e questiona a legitimidade de Israel e a sanidade do projeto sionista. Segundo ele, “quando penso que tudo isso é necessário para a sobrevivência de Israel e que o sonho sionista causa reiterados massacres de inocentes em escala ta grande quanto temos assistido, isso nos coloca em crise muito profunda”.
Ele afirma que o objetivo final de Israel é impedir o estabelecimento de um Estado palestino soberano nos territórios palestinos ocupados em 1967.
Siegman afirma que Netaniahu quer obrigar os palestinos a se submeterem ao seu plano de “solução final” do problema palestino: guetos em Gaza e Cisjordânia, sob controle total de Israel.
Ele observa que a solução pretendida por Netaniahu levaria ao desaparecimento de Israel no máximo em 50 anos.
2º A luta dos palestinos é uma demanda pelos mais básicos direitos humanos: liberdade e autodeterminação.
Cada vez mais pessoas percebem a essência dessa luta, deixando a posição israelense cada vez mais indefensável.
Yizthak Frankenthal, judeu israelense, cujo filho foi seqüestrado e morto pelo Hamas em 1994, escreveu no sítio PAZAGORA.ORG, em 2002, que “nos últimos dois anos, parei de vê-los (palestinos) como terroristas e passei a enxergá-los como soldados palestinos. Aqueles que mataram meu filho eram soldados palestinos lutando pela sua liberdade. Seria muito mais fácil odiá-los, mas creio que não é correto classificá-los como terroristas, pois se assim fosse, deveríamos lutar duramente contra eles, o que significa combater a população civil palestina, uma guerra que não podemos vencer”.
Frankenthal lamentou a morte dos filhos e da mulher do líder militar do Hamas, Mohamed Al Daif, durante o mais recente massacre israelense contra Gaza.
Ele perguntou: “Que culpa tem eles? Que culpa tem o próprio Daif? Eles são as vítimas. Nós,judeus, obrigamos os palestinos a se defenderem contra nossos atos. Quando recusamos fazer a paz com eles, quando construímos assentamentos ilegais nas suas terras e quando violamos seus direitos, o que eles podem fazer? O que nós faríamos no lugar deles? Aqueles que acreditam que os massacres podem derrubar um povo que luta pela sua liberdade, estão enganados”.
Frankenthal encerra com a questão: “Quando nós israelenses vamos perceber que apenas Justiça trará segurança para nós”?
O pai do soldado Shalit, seqüestrado pelo Hamas e libertado em troca de prisioneiros palestinos, disse que se fosse palestino, seria “terrorista” do Hamas e seqüestraria soldados israelenses, alegando que aos palestinos, não restaram opções.
Lutar pela liberdade e pelo fim da limpeza étnica, opressão e apartheid promovidos por Israel, é direito e dever dos palestinos. A ocupação é crime contra a humanidade e requer a condenação universal.
3º Para manter o status quo na Palestina ou chegar a uma solução final conforme os termos israelenses, Israel necessita aplicar cada vez mais os mesmos meios que usa desde sua criação: genocídio e limpeza étnica. Poucos no mundo são capazes de defender abertamente esses meios.
Em carta publicada no jornal New York Times, em 23/08/2014, centenas de sobreviventes e descendentes condenaram o massacre de Israel em Gaza.
Escreveram: “Como sobreviventes e seus descendentes judeus do genocídio nazista condenamos o massacre dos palestinos em Gaza e a ocupação e colonização da Palestina histórica em curso.
O genocídio começa com o silêncio do mundo.
Devemos elevar nossas vozes e usar nosso poder coletivo para por fim a todas as formas de racismo, inclusive o genocídio em curso do povo palestino”.
Quando sobreviventes judeus do holocausto nazista irmanam seu sofrimento ao martírio dos palestinos sob ocupação ou mesmo dentro de Israel, o Estado judeu está indo contra o curso da História. Não importa quantas vitórias militares consiga, caminha para sua derrota final.
Abdel Latif Hasan Abdel Latif. Medico palestino

*
Empresa militar israelense tem contrato com universidade brasileira

Durante a ocupação da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os estudantes elegeram como uma das reivindicações o cancelamento do contrato da universidade com a empresa israelense Elbit/AEL. Para entender o motivo desta luta, A Verdade publica o depoimento dado ao jornal por Maren Mantovani, militante internacionalista pelos direitos humanos e contra o massacre do povo palestino. Maren está no Brasil, entre outras coisas, para denunciar os crimes da empresa Elbit.
“Meu nome é Maren Montovani, trabalho pela campanha contra o muro na Palestina. Somos uma organização, na Palestina, que reúne os comitês populares dos locais afetados pelo muro que Israel está construindo. E, para quem não sabe, desde 2002, Israel constrói um muro alto de cimento em torno das cidades palestinas, dos campos de refugiados, para roubar toda terra e recursos naturais dos palestinos e deixá-los em guetos, sem possibilidade de ter uma vida digna; é uma espécie de apartheid. Então a gente está se mobilizando e lutando, a cada dia, contra esse muro, contra a ocupação e contra o apartheid israelense, não só para que acabe esta ocupação, mas também para que a maior parte dos refugiados palestinos possam voltar a suas casas e para que se acabe com este racismo e colonialismo que Israel é e representa.
Sou responsável pelas relações internacionais dessa organização. Procuramos a solidariedade dos povos do hemisfério sul. Todos estão sofrendo e lutando contra o colonialismo e o imperialismo. Minha presença aqui no Brasil e na parte sul do mundo é porque, hoje, este hemisfério – a América Latina e o Brasil, em particular – está se tornando o motivo de vida de Israel, no sentido de que Israel olha o Brasil como um mercado central capaz de financiar suas políticas criminosas. De fato, o Brasil é o 5º maior importador de armas israelenses, um dos mercados mais importantes para as multinacionais de lá.
Esta luta que estamos fazendo junto com os estudantes da UFRGS não é para nada periférico no enfrentamento a esse projeto colonial israelense que está matando o povo palestino. A América Latina tem uma luta em comum com a Palestina, porque Israel, há décadas, está armando a repressão e as ditaduras. Não tem ditadura da América Latina que não tenha sido apoiada por Israel, não há governo repressor que não tenha sido armado por Israel. As relações militares entre Brasil e Israel são relações contra os direitos e os interesses do povo brasileiro. Não é casual que as técnicas repressivas israelenses estejam sendo exportadas agora para os policiais brasileiros desde o golpe de 64.
Mas este contrato do qual quero falar, esta campanha contra a Elbit, já tem uma história. Em 2007, iniciou-se a campanha contra a Elbit, uma empresa israelense de tecnologia militar. É essa empresa que está construindo o muro na Palestina. Quem está produzindo as armas e bombas israelenses que estão matando os palestinos em Gaza e que também são exportadas? Essa tecnologia militar de repressão, de racismo e exclusão, em todo o mundo; o muro que os EUA estão construindo no México, quem está executando? A Elbit.
Então vamos adiante. Aqui, está construindo um satélite militar junto com as universidades do Rio Grande do Sul e o Governo do Estado. Esse acordo está sendo denunciado desde o início, por toda a sociedade e todos os partidos palestinos, como algo que diretamente financia a repressão do povo palestino. Este é apenas um dos contratos; o mais importante é perceber que esta é a primeira vez que uma empresa israelense está liderando um projeto estratégico militar no Brasil. Façam uma análise dessas relações militares entre Brasil e Israel e vocês vão ver que, de todo gasto militar que o Brasil faz agora com rearmamento, quase nenhum é para projeto militar que não tenha tecnologia israelense. Significa que vocês não têm mais soberania nacional, em nível de defesa.
Quem quer defender um Brasil forte e armado tem também que se dar conta de que este país é completamente dependente de Israel. Se Israel não der mais sua tecnologia ou mesmo manutenção, vocês não terão mais aviões militares, não terão mais os radares da marinha, etc. Então vocês não têm mais uma independência, nesse sentido. O Brasil, por exemplo, não pode mais vender suas armas à Venezuela e à Bolívia, pois a tecnologia dessas armas são da Elbit, e Israel proíbe o Brasil de vendê-las. Ao mesmo tempo, o Brasil quer desenvolver estratégias em conjunto com o Conselho Sul-Americano de Defesa. É fantástico, mas eu quero ver como fará isso, se não está desenvolvendo sua defesa autonomamente, e hoje é Israel quem pode decidir sobre essas questões estratégicas de defesa do Brasil.
O que estamos pedindo aqui não é nada revolucionário. É uma pauta que basicamente pede cumprimento do que é lei internacional. Na Constituição do Brasil diz claramente que os direitos humanos devem prevalecer nas relações internacionais – e a lei internacional é bastante clara, sobretudo no caso do muro e sobre quem o está construindo. Temos a decisão da Corte Internacional de Justiça, a qual, desde 2004, diz que não somente o muro é ilegal, mas que todos os Estados têm obrigação de não ajudar na sua construção e na manutenção da situação criada por ele.
Ora, se eu financio a empresa que está construindo o muro, estou ajudando a construí-lo, e essa é uma lógica basilar. Em 2007, por exemplo, o Governo da Noruega retirou todos os seus investimentos e acordos com a Elbit, e dez outros países fizeram a mesma coisa. Então, o que estamos pedindo, na verdade, não é a revolução, e sim que não se violem os direitos humanos que vocês já conquistaram. Portanto, tudo o que precisamos é que alguém tenha a coragem de dizer “não queremos contrato”. Assim, retiraremos estas universidades deste negócio sujo.
É evidente que este contrato não visa a um avanço tecnológico, e sim a uma política de morte, de repressão e de apartheid. Não se trata só de uma privatização da pesquisa universitária, mas da dependência de uma das empresas mais sujas que existem neste país. Se existe um governo que também não é revolucionário, mas é um pessoal social-democrático, que diz não querer trabalhar com esta empresa, eu espero que uma instituição como a UFRGS possa tomar pelo menos a mesma decisão, o mesmo posicionamento das Nações Unidas e do Governo da Noruega.
Para concluir, queremos agradecer toda a solidariedade que estamos recebendo. É muito lindo estarmos juntos nesta ocupação da Reitoria, porque se vê como as lutas se unem. Que a luta por uma universidade mais transparente e mais democrática, por uma universidade que seja dos estudantes e não das multinacionais, está conectada e encaixada perfeitamente com a luta do povo palestino. Juntos, vamos vencer, e obrigada novamente pela solidariedade!”
Felipe Aiub e Queops Damasceno, militantes da UJR, Porto Alegre
*AVerdade

sexta-feira, agosto 29, 2014



Filha de Chico Mendes: Marina é ponto de interrogação 

 

 

: Angela Mendes considera uma “infeliz comparação” a declaração de Marina Silva de que Chico Mendes era representante da “elite nacional”; no
Facebook
, diz ainda que a trajetória de vida da ex-senadora não basta para governador o país: “minhas dúvidas são pra Marina, mas minhas esperanças são pra companheira Dilma, que ela consiga, se eleita, continuar melhorando o Brasil, com uma política que tem problemas mas que não admite dúvidas” Brasil 247 – Depois de ser confrontada pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre) por intitular Chico Mendes, uma de suas referências, de representante da “elite nacional”, Marina Silva passa por outra saia-justa.
A filha de Chico Mendes, Ângela Mendes, crava seu apoio a presidente Dilma Rousseff e diz que Marina é “um enorme ponto de interrogação”.
Leia a declaração feita pelo Facebook:
Ok, alguns amigos me pediram uma posição sobre a candidatura da Marina e a menção que ela fez ao meu pai como sendo ele da “elite”.
Vamos lá, eu respeito e admiro muito a Marina pela sua trajetória de vida, pelo esforço pessoal com que venceu todas as dificuldades impostas à ela como o analfabetismo, doenças e toda espécie de discriminação, até pelo modo com que consegue envolver a todos com seu discurso ecologicamente correto e bem acabado, mas pra mim isso não basta pra governar um Brasil como o de hoje, tenho muitas dúvidas, de todos os tipos, Marina pra mim ainda é um enorme ponto de interrogação, pra começar: desistiu do PT (utopia do passado) quando poderia ter resistido como fazem hoje tantos PTistas históricos mesmo não tendo o mesmo espaço que a elite que tenta dominar o partido, não resistiu à pressão enquanto ministra quem me garante que vai resistir à pressões ainda mais forte se eleita presidente? Com tantas concessões feitas pela cúpula do PSB, aliás todas as concessões possíveis, penso eu que será que tramam as cabeças pensantes desse partido caso consigam eleger Marina? Terá ela realmente liberdade pra governar? Não sei, como será esse mandato em rede, apenas com os melhores? Quem são esses melhores e quais critérios serão utilizados pra escolha desses “melhores”? minhas dúvidas são pra Marina, mas minhas esperanças são pra companheira Dilma, que ela consiga, se eleita, continuar melhorando o Brasil, com uma política que tem problemas mas que não admite dúvidas. Ah, quanto ao fato do Chico ser da elite, considero que foi apenas uma infeliz comparação, nem precisa de todo esse mimimi.