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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 08, 2010

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ABORTO





Há que se discutir a questão do aborto.
Há que se discutir qualquer questão de interesse público.
Há que se discutir, mais ainda, uma questão de saúde pública.
Mas como discutir  o aborto, se nem existe consenso sobre em que categoria se encontra tal ato?
Há de se discutir o aborto, de colocá-lo no sofá da sala, com a mãe, a avó, os filhos e todos os convidados.
Mas se falará a verdade?
O aborto passa, antes de tudo, pela questão sexual.
Mesmo com os avanços, nosso país possui uma intrinseca visão católica do sexo.
Sexo é culpa. Sexo com culpa.
O aborto, como consequência, trás esta culpa multiplicada, e encarada como punição de Deus aos que "furnicaram".
Todo dia morrem dezenas de meninas em consequência de abortos clandestinos.
Meninas pobres em imensa maioria.
As ricas, clínicas muito bem montadas e "viajens arranjadas" dão o verniz para esconder "a vergonha da família".
Abortar é assassinato?
Deixar morrer jovens em abortos clandestinos é assassinato?
Não educar, não prevenir é o verdadeiro crime?
A Igreja católica simplismente diz: Não tenham relação.
E eu pergunto, mesmo entre aqueles que por opção de vida se lançam à castidade, não o conseguem, como os padres católicos, como pregar a castidade?
Não é um assunto simples.
É sim, muito, muito, sério.
Não deveria ser tratado como moeda eleitoral.
A sociedade é hipócrita.
Qual a atitude correta?
Não tenho a pretensão de sabê-la.
Mas tenho a honestidade e a sinceridade de não julgar.
Que se discuta, e muito este tema.
Em um forum adequado.
Mas então voltamos ao início deste artigo, se não conseguimos nem concordar em qual forum se fará tal discussão, como iniciá-la?
Difícil.
Triste país onde a morte é moeda eleitoral.
*MiguelGrazziotin 

Eu faço um testemunho: Meu pai católico apostólico romano, falso moralista, me ensinou como não devo ser, minha mãe protestante, os2 trabalhavam fora, minha irmã com 16 anos engravidou, idos de 1968, imagine, o que os vizinhos vão pensar, aborto nela, quem é o cidadão culpado ela não entregou, uma clínica particular, fêz e pronto. 
*chebola

Que tal abortar a hipocrisia?

...A fome, a miséria, a falta de condições dignas para se viver, seria muito melhor que isso tudo viesse junto com o assunto aborto. Me preocupo e tenho muita pena das crianças que foram paridas sem a menor condição de terem uma vida digna! Onde estão os moralistas, hipócritas para falar da miséria e das mortes de mulheres que se submeteram e se submetem ao aborto em clínicas clandestinas, ou tomando remédios que colocam em risco suas vidas... O assunto é muito maior que sermão de padre, ou demagogia falada em mesa de bar, ou em "discursinho" de Direitista....
Por Elaine Berti
Que tal abortar a hipocrisia?
*umpoucodetudodetudoumpouco


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