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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 12, 2010

A mulher que o FHC traiu

Tucanos têm memória fraca e esquecem o passado

Ex-1ª dama, a socióloga  Ruth Cardoso
 Roda Viva: Tema "O Aborto"
Perguntada sobre o aborto a entevistada respondeu:
"Eu acho que se deve garantir o direito às mulheres de usarem ou não essa possibilidade. Isso é um direito que as mulheres têm, mas não uma imposição".
Não foi Marina, nem Dilma, nem Soninha e muito menos Mônica Serra.
O programa era o "Roda Viva", no ano de 1999.
A autora da resposta clara, simples e brilhante, foi a socióloga Ruth Cardoso, mulher de FHC, falecida em 2008.
Com ela parece que morreram todas as idéias livres e articuladas que o PSDB um dia se orgulhou de possuir. Sem ela só restou o atual obscurantismo conservador do tucanato.
O PSDB virou um partido sem idéias próprias, sem identidade, escondem seu DNA e aderiram de cabeça ao que combatiam no passado, a direita sórdida, oportunista e ainda se uniu a ela.
Obs. A resposta de Ruth Cardoso naquele Roda Viva foi publicada na edição de hoje da Folha de S.Paulo, na coluna de Mônica Bergamo.
*CelsoJardim

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