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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 23, 2011

Alemanha coloca na ilegalidade principal grupo neonazista


nazista





A Alemanha baniu a principal associação neonazista do país, a Organização de Ajuda para Prisioneiros Políticos Nacionais (HNG), que apoia extremistas de direita presos e suas famílias, informou o Ministério do Interior nesta quarta-feira, na mais recente ação do governo para coibir a influência de grupos radicais. As autoridades alemãs dizem que o HNG é uma ameaça à sociedade e atua contra a constituição do país.
Sob o slogan “uma frente dentro e fora”, o grupo busca reforçar o ponto de vista dos prisioneiros de extrema direita e motivá-los a continuar sua luta contra o sistema, diz o ministro.
“Não é mais aceitável que extremistas de direita presos sejam fortalecidos pelo HNG em sua posição agressiva contra a ordem livre e democrática”, disse o ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, em um comunicado.
“Ao rejeitar o estado constitucional democrático e glorificar o Nacional Socialismo, o HNG tenta manter os criminosos radicais de direita em seu ambiente”, diz a nota do ministério.
O grupo foi fundado em 1979 e tem cerca de 600 membros. A decisão de torná-lo ilegal ocorreu depois de algumas ações policiais nas quais foi apreendido material de dirigentes do HNG em toda a Alemanha. Embora organizações de extrema direita tenham mais apoio nos Estados alemães do leste, onde o desemprego é elevado e há menos perspectivas de vida, as incursões da polícia foram feitas na parte ocidental do país, incluindo a Baviera e Renânia do Norte Vestefália.
O serviço interno de inteligência da Alemanha diz que os grupos extremistas de direita vêm procurando se aproveitar nos últimos anos da crise financeira e da dívida na zona do euro para provar que o sistema capitalista fracassou.
A proscrição do HNG se dá duas semanas depois de o Partido Democrático Nacional (PDN), de direita, que defende o fim da democracia parlamentar, ter novamente obtido assentos na Assembleia do Estado de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental. A legenda também tem representação no Legislativo da Saxônia.
O órgão alemão de proteção da Constituição descreve o PND como racista, anti-semita e revisionista, e diz que sua inspiração vem do nazismo.



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