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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 24, 2011

Jornalista Merval Pereira toma posse na Academia Brasileira de Letras e deixa feliz o Machado de Assis branco da Caixa Econômica , mas o real e mestiço se revira em seu túmulo e pede que retirem seu nome dessa instituição. Esse Merval está na mesma Academia do homem que escreveu "Dom Casmurro". Capitolina - a Capitu chora , envergonhada pela traição dos "imortais"

JOÃO PAULO GONDIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O jornalista fluminense Merval Pereira, 61, tomou posse da cadeira 31 da ABL (Academia Brasileira de Letras) nesta sexta (23), ocupando o lugar do escritor gaúcho Moacyr Scliar, morto em fevereiro.
"Minha função como acadêmico é a mesma de como jornalista: produzir conhecimento e difundi-lo para o bem do nosso país e da nossa cultura", disse ele na cerimônia de posse, no centro do Rio.
No discurso, ele comemorou o fato de o jornalismo se fazer presente na Academia, ao lembrar que vários de seus antecessores no assento também trabalharam na imprensa --entre eles, o próprio patrono da vaga, o poeta fluminense Pedro Luís (1839-1884).
Pereira também fez uma defesa da liberdade de imprensa e criticou qualquer tentativa de controle da mídia.
Além de acadêmicos --inclusive o senador José Sarney (PMDB-AP)--, participaram da cerimônia os ministros do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia e Carlos Ayres Britto. O ex-ministro do STF Eros Grau, eleito na semana passada para a Academia Paulista de Letras, também compareceu.
Merval Pereira foi eleito no último dia 2 de junho. Na ocasião, derrotou, por 25 votos a 13, o escritor baiano Antônio Torres. Houve uma abstenção.
O novo acadêmico escreveu dois livros. O primeiro, "A Segunda Guerra, Sucessão de Geisel", de 1979, reúne reportagens que fez para o "Jornal de Brasília" com o editor André Gustavo Stumpf. O último, "O Lulismo no Poder", publicado em 2010, é uma compilação de artigos que escreveu sobre os dois governos Lula.
Ele é colunista político do jornal "O Globo" e comentarista da Globo News e da rádio CBN.

Pedro Carrilho/Folhapress
O senador José Sarney entrega espada para o jornalista Merval Pereira, que tomou posse da cadeira 31 da ABL
O senador José Sarney entrega espada para o jornalista Merval Pereira, que tomou posse da cadeira 31 da ABL

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