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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 20, 2011

Tucano privatiza até a polícia

A histórica Polícia Militar corre o risco com as privatizações tucanas.
O comandante-geral da PM, coronel Marcos Teodoro Scheremeta, disse ontem que está preparando um projeto que tira policiais militares do atendimento ao 190, colocando em seu lugar funcionários terceirizados.
“Por que uma função não estratégica, como o primeiro atendente, o suporte técnico ou a pessoa que cuida do no-break não pode ser um contratado? Hoje a polícia não pode contratar”, questiona o comandante.
Scheremeta diz que já está conversando com várias empresas e que pretende que o projeto esteja pronto, para ser apresentado ao secretário estadual de Segurança Pública no começo do ano que vem.
“Estamos conhecendo muito e ouvindo mais ainda. Para a Copa, um sistema digital vai ter que estar pronto”, afirma.
De acordo com o comandante, os atendentes seriam supervisionados por
policiais. Outra vantagem seria que os PMs, hoje no telefone, poderiam assumir postos nas ruas.
“Seria um redirecionamento para outras funções. O número de atendentes hoje é muito grande”, diz.
Um possível contrato, além do atendimento no 190, pode servir também
para gerenciamento de bancos de dados, acesso on-line a informações sobre os suspeitos.
“Hoje nosso sistema é analógico”, conta.
*comtextolivre

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