Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 22, 2011

Discurso da Presidenta Dilma na Assembléia Geral da ONU


Dilma na ONU repreende China e EUA e reconhece Palestina

Discurso de uma Presidenta forte de um país forte



Como mulher que sofreu tortura no cárcere, disse ela, se sentia como representante de todas as mulheres do mundo.

Assim ela encerrou sua exposição sob aplausos.

Com a autoridade de quem incorporou 42 milhões de brasileiros à classe media e, breve, erradicará a pobreza.

Porém, surpreendente foi a forma categórica com que ela advertiu a China e os Estados Unidos com suas políticas de manipulação do câmbio.

A China, com o câmbio fixo, e os EUA com a inundação de dólares para salvar as exportações.

Dilma falou com a autoridade de um país que tem uma política econômica com credibilidade.

E exigiu que os países ricos se concentrassem no problema mais urgente: a dívida soberana dos países europeus.

E uma regulação – que os EUA ainda não refizeram – do sistema financeiro, “fonte inesgotável de instabilidade”.

Dilma não tem meias palavras.

Os brasileiros já sabem disso.

Ela, se precisar, chuta a canela do adversário.

E assim fez hoje, com a naturalidade de quem sabia se deslocar de um ponto a outro do teleprompter.

Os países superavitários, como o Brasil e a China, tem que se proteger da crise com a valorização de seu mercado interno.

O Brasil fez a sua parte, ela disse.

Conteve gastos e gerou um vultoso superávit em suas contas fiscais.

O que garante, portanto, disse ela, os programas sociais (como o Bolsa Família) e os investimentos (PAC).

Fortalecer o mercado interno com distribuição e inovação !

Ela lembrou que há 18 anos a ONU estuda a reforma de seu Conselho de Segurança.

E o Brasil quer um assento permanente.

Há 140 anos está em paz com os vizinhos.

Está inscrito na Constituição que não pode ter bomba atômica.

O Brasil, portanto, é um agente da paz, uma Nação em que judeus e palestinos vivem em harmonia.

Por isso, o Brasil quer que a Palestina esteja plenamente representada na ONU, como um Estado soberano, com as fronteiras definidas em 1967.

É a melhor forma de Israel garantir a paz, disse ela.

Foi o discurso de uma Presidenta forte de um país forte.

Em tempo: lamentavelmente, em seguida, Obama expressou o sentimento do lobby israelense nos EUA e discordou da plena integração imediata do Estado da Palestina na ONU.

A História não lhe reserva um lugar de honra.


Paulo Henrique Amorim

Nenhum comentário:

Postar um comentário