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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 20, 2011


Lula ganha 6º honoris causa e pode receber mais 55 títulos


20 de setembro de 2011  11h04  atualizado às 12h03

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe hoje, na capital baiana, seu sexto título de doutorado honoris causa, desta vez na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além disso, outras universidades nacionais e internacionais aprovaram o oferecimento de outras 55 honrarias do mesmo título a Lula. Se aceitar todas elas - o título só é válido após cerimônia na instituição - o petista vai chegar a um total de 61 homenagens.
Tendo estudado apenas o Ensino Fundamental, Lula, ainda no fim deste ano, deve receber o sétimo e o oitavo títulos, respectivamente na Sciences Po, na França, e na Politécnica de Lausanne (Suíça). Os doutorados por receber foram aprovadas pelos conselhos universitários de instituições do Exterior mas, para valer, é necessária a cerimônia. O honoris causa é concedido a pessoas eminentes, que não necessariamente possuam um diploma universitário, mas que tenham grande destaque em suas áreas.
O primeiro título do ex-presidente foi concedido em janeiro deste ano pela universidade de Viçosa, em Minas Gerais. Lula recebeu a segunda em Coimbra, Portugal, em março. Em julho, o Estado natal dele concedeu outras três homenagens: na Universidade de Pernambuco (UPE), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Fernando Henrique Cardoso
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula, já obteve 26 honoris causa. Com o primeiro título recebido em Nova Jersey em 1978 e o último em 2007, no Canadá, Fernando Henrique Cardoso se valeu não apenas do status como político, mas também de uma intensa vida acadêmica. Três títulos foram oferecidos antes de assumir Presidência, os demais, durante e depois de seu mandato, a maioria em universidades estrangeiras.
Critérios
A decisão da universidade federal baiana é antiga. O conselho universitário da instituição decidiu pela outorga ainda em outubro de 2002, três dias após a conquista do seu primeiro mandato como presidente. A outorga de doutor honoris causa é dada a pessoas com destaque em áreas como as artes, academia ou em causas humanitárias.
O cientista político e professor doutor de Ética da Unicamp, Roberto Romano, diz que a concessão destas honrarias deixou de ter um sentido puramente acadêmico e pode servir como forma de aproximar universidades e até mesmo países. Desta forma, o título poderia servir a interesses de intercâmbio e aproximação. Isso serviria ao caso dos dois ex-ocupantes do Palácio do Planalto.
Segundo Romano, a láurea concedida pela universidade da França ao ex-presidente Lula pode inclusive ter como pano a situação econômica delicada que vive o país e o continente europeu. "O corpo de professores pode estar imbuído de muitas intenções, difícil separar o que é acadêmico do político e até mesmo do humanitário", disse o professor.
*Terra

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