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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 11, 2014

Após demissões, metrô pode entrar em greve no dia da Copa

10458019_800055530007274_4969681756448090339_nO governador Alckmin (PSDB) resolveu declarar guerra aos trabalhadores metroviários em greve, demitindo 42 dos mais destacados trabalhadores. Entre eles estão diretores do sindicato, delegados sindicais e membros da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa), inaugurando uma prática antissindical e ferindo frontalmente a legislação trabalhista.
Com as demissões, o PSDB tenta esconder toda a corrupção praticada há anos no Metrô e na CPTM, corrupção que foi fortemente denunciada durante toda a greve. No mesmo dia em que o Governo anunciou as demissões, mais um operário morreu nas obras do metrô da avenida Washington Luís. O governador não se indignou com o vandalismo das empreiteiras, nem sequer prometeu uma investigação sobre as causas da morte de um trabalhador.
Reunidos em assembleia no dia ontem, os metroviários decidiram manter o estado de greve e convocar nova assembleia para a quarta-feira (11), véspera da Copa. Dessa maneira, uma grande paralisação, com piquetes e manifestações pode ser organizada na quinta-feira.
Para Ricardo Senese, delegado sindical da estação Barra Funda e um dos demitidos e perseguidos pelo governador, a categoria está unida e o movimento tem grande força e adesão. “O governador não vai conseguir nos intimidar com as demissões. O Metrô sabe que as demissões foram ilegais pois nenhuma das denúncias de vandalismo tem comprovação. A greve é um direito e não fizemos nada mais do que praticar nosso direito à greve. Na verdade, o Governo está em desespero pois toda sua corrupção e má gestão estão comprovadas no Metrô, na CPTM, na Sabesp e na segurança pública. É o momento de fortalecemos ainda mais nossa luta”, declarou.
A nova assembleia dos metroviários, amanhã, às 18h30, na sede do sindicato, será um grande ato político de todos que defendem os direitos dos trabalhadores.
Redação São Paulo
*AVerdade

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