Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 12, 2014


Pesquisa da USP comprova efeitos benéficos do canabidiol para tratar ansiedade

0

Você gostou?

A utilização controlada do Canabidiol (um composto da maconha) para fins médicos mostrou-se eficaz no tratamento da fobia social — um tipo de transtorno psiquiátrico altamente incapacitante, que atinge aproximadamente 13% dos brasileiros. As informações são da Agência USP de Notícias.

Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), (USP) em parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), ambas da USP, comprovou que a substância extraída da maconha possui efeito ansiolítico, sem causar dependência, reduzindo, sobretudo, o medo de falar em público em pessoas que possuem fobia social.
A pesquisa faz parte da tese de doutorado do pesquisador Mateus Bergamaschi foi orientada pela professora Regina Queiroz, da FCFRP, e pelo professor José Alexandre Crippa, da Faculdade de Medicina.
Testes de simulação para falar em público foram realizados com 24 pessoas, alunos de graduação e pós-graduação selecionados para participar da pesquisa. Eles apresentavam fobia social, mas nunca haviam sido tratados. Foram formados dois grupos — um recebeu uma dose (600 mg) da substância Canabidiol e, outro, um placebo — droga sem efeitos práticos. Após duas horas, os participantes de ambos os grupos tiveram que preparar um discurso, de quatro minutos, para ser lido diante de uma câmera no momento em que viam sua própria imagem na televisão.
Observou-se que o desempenho das pessoas que receberam Canabidiol foi superior, apresentando redução da ansiedade e mostrando-se mais confiantes. “Elas apresentaram menor nível de ansiedade comparado aos que receberam apenas o placebo”, relata Mateus Bergamaschi.
Os resultados inéditos são importantes na medida em que oferecem uma nova alternativa de tratamento a estas pessoas, melhorando a qualidade de vida e aumentando as chances de sucesso do tratamento. A utilização do composto mostrou-se segura e bem tolerada por humanos. No entanto, ele ainda precisa ser aprovado por organismos internacionais de regulação antes de ser aplicado em pacientes.
O MEDO
O Transtorno Ansioso Social, vulgarmente chamado de fobia social, é um transtorno caracterizado por manifestações de medo, tensão nervosa, alarme e desconforto desencadeados durante exposição social. Manifesta-se quando o portador precisa interagir com outras pessoas, realizar tarefas sob observação ou participar de atividades sociais.
As pessoas afetadas por essa patologia reconhecem que seus medos são excessivos e irracionais, mas não conseguem evitar as sensações e buscam, de todas as formas, vivenciar situações sociais nas quais tenham que se expor.
Pessoas com ansiedade social são excessivamente preocupadas com o julgamento alheio, com a opinião dos outros a seu respeito, são perfeccionistas e determinadas.
Este isolamento e timidez tornam-se patológicos quando, por exemplo, a pessoa sofre algum prejuízo pessoal, como deixar de concluir um curso, uma faculdade ou uma entrevista por causa de um exame final por haver necessidade de exposição pública diante de um avaliador.
TRATAMENTO
O tratamento atual consiste em atendimento psicoterápico e medicamentoso. É, no entanto, demorado — podendo levar 20 dias para apresentar efeito, caro e ainda pode levar à dependência. Assim, os resultados encontrados na pesquisa podem subsidiar a elaboração de uma nova alternativa de tratamento a estas pessoas.
*smokebuddies


· 

1) The International Journal of Neuropsychopharmacology – julho/2013
The anxiolytic effect of cannabidiol on chronically stressed mice depends on hippocampal neurogenesis: involvement of the endocannabinoid system)
2) PLOS ONE – maio/2013
Activation of Type 1 Cannabinoid Receptor (CB1R) Promotes Neurogenesis in Murine Subventricular Zone Cell Cultures)
3) The Journal of Clinical Investigation – novembro/2005
Cannabinoids promote embryonic and adult hippocampus neurogenesis and produce anxiolytic- and antidepressant-like effects
Descurtir*VisaoAmpla

Nenhum comentário:

Postar um comentário