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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 03, 2015

Abílio Diniz está certo ao dizer que a crise atual está longe de ser uma das piores. Por Paulo Nogueira


Postado em 01 set 2015
Disse tudo
Disse tudo
O empresário Abílio Diniz disse o óbvio.
Esta está longe de ser a crise econômica que a imprensa e a oposição dizem que é.
É muito, mas muito menor. A rigor, é um ciclo normal de retração depois de anos de expansão.
Fundamentalmente, é uma crise política, para a qual ambos, imprensa e oposição, contribuem sinistramente.
A crise política nasce da criminosa tentativa de cassar os 54 milhões de votos de Dilma sob os mais ridículos pretextos.
Inventam a cada dia novos argumentos, patéticos sempre, para atacar a democracia, as urnas, os votos que os brasileiros deram há tão pouco tempo.
O mundo vive uma crise econômica que, finalmente, chegou ao Brasil. É este o ponto. Nem a China, que vinha crescendo a 14% ao ano, conseguiu escapar.
Diniz falou em crises piores. Ora, nem há 30 anos o Brasil enfrentava uma inflação de 80% ao mês, sob o comando econômico de um dos arautos do caos, Mailson da Nóbrega.
Por haver falado uma verdade inconveniente para a versão que mídia e oposição tentam propagar aos ingênuos, Abílio Diniz foi virtualmente ignorado.
Diniz falou num evento de empresários e executivos organizado pela revista Exame.
Ele começou sua fala lembrando que, na China, a palavra crise significa desafio e oportunidade.
No Brasil destes tempos, a oportunidade de que falam os chineses é para sabotar a democracia, ludibriar as pessoas e desinformar.
Um papel notável tem sido desempenhado, nisto, por Aécio, que virou um Napoleão de Hospício, ou Presidente de Manicômio.
Dias atrás, no Facebook, o jornalista e escritor Fernando de Morais escreveu linhas definitivas sobre Aécio.
Ele lembrou que em Portugal, no ocaso do ditador Salazar, este teve um problema de saúde que o impossibilitou de seguir adiante no comando do país.
Para aquietar Salazar, os portugueses montaram um gabinete de araque, no qual ele despachava como se estivesse trabalhando normalmente.
Podiam fazer o mesmo com Aécio, sugeriu Morais. Montar uma sala da presidência, entregar-lhe uma faixa e tratá-lo, obsequiosamente, como Presidente ou Imperador, caso ele prefira.
Porque seu comportamento lunático já pertence ao terreno não da política, mas da patologia psiquiátrica.
Os colunistas que tanto contribuem para a louca cavalgada de Aécio poderiam também produzir textos em que ele apareça na presidência, num Brasil maravilhoso.
Uma boa parte da crise política de que falou Abílio Diniz estaria resolvida com o realismo fantástico proposto por Fernando Morais.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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