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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 03, 2015

Calote do PSDB em Minas soma mais de R$ 1 bilhão, aponta controlador

O Jornal de todos Brasis
Jornal GGN - Em entrevista publicada no último dia 29 pelo o Estadão, o controlador-geral de Minas Gerais, Mário Spinelli, disse que está estruturando o órgão de fiscalização e combate à corrupção na esfera estadual e que, a partir dos trabalhos iniciais, já detectou a existência de dívidas na casa do bilhão deixadas pelas administrações dos ex-governadores Aécio Neves e Antonio Anastasia, hoje senadores do PSDB.
O montante foi gerado a partir de uma manobra fiscal que mais se parece a um calote. Segundo Spinelli, o Estado tinha por costume contratar serviços e, na hora de pagar, cancelava o empenho previsto no orçamento daquele ano e empurrava a dívida para o ano seguinte. A ação foi se repetindo ano a ano, até que encerrou-se a gestão tucana em 2014, com a vitória de Fernando Pimentel (PT), herdeiro de pelo menos R$ 1 bilhão em restos a pagar.
"A empresa vinha, prestava o serviço para o Estado. O Estado, na hora de pagar, cancelava o empenho. Isso vai para o ano seguinte, sem orçamento, sem nada. É um verdadeiro absurdo. Essa prática o Estado vem fazendo há mais de 10 anos. Só no ano passado, cancelou R$ 1,138 bilhões de empenhos liquidados. É uma prática que prejudica muito o equilíbrio orçamentário, porque você joga a conta para este ano. Esse ano, o Estado tem que pagar R$ 1,138 bilhão sem previsão de orçamento", disse Spinelli.
Considerado um "xerife" após a repercussão de seu trabalho na Controladoria-Geral do Município de São Paulo - ele desbaratou esquemas que ficaram conhecidos como a Máfia do ISS e Máfia dos Alvarás -, Spinelli ainda apontou que, nos últimos dois meses, 126 funcionário do Estado de Minas foram demitidos após fiscalização na área correcional.
"(...) Eram processos que estavam aqui sem o devido julgamento. Nós fizemos uma força tarefa para julgar processos disciplinares. Demitimos 126 funcionários do Estado nos últimos dois meses, que é um número muito grande. Nós identificamos que deveria haver esse esforço na área correcional, porque isso é uma medida preventiva também. Criamos uma força tarefa para analisar e julgar esses processos num tempo recorde. E tirar essas pessoas do serviço público."

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