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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 06, 2015

Mujica oferece sua casa para órfãos da guerra na Síria

Mujica oferece sua casa para órfãos da guerra na Síria

O ex-presidente, ícone da juventude de esquerda no Brasil e nos demais países da América Latina, estuda junto ao governo uruguaio um número exato de imigrantes, uma vez que seu país concordou na cobertura das despesas para o sustento do grupo.

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Ex-presidente do Uruguai e líder da esquerda latino-americana, José Mujica vive em um sítio nos arredores de Montevidéo

(Correio do Brasil) Mora em uma casa simples, mas espaçosa, com a mulher, a senadora Lucia Topolansky. Nesta sexta-feira, o casal comunicou aos canais competentes, junto ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que receberá 100 crianças que tenham ficado órfãs em consequência da guerra no Oriente Médio.
A casa da família está situada de frente para a um rio, e está rodeada por um prado verdejante, como a descrevem. Segundo Mujica, as crianças serão bem vindas para viver, estudar e crescer, a partir do final deste mês, segundo previsão da ACNUR. Foram também convidados um parente de cada menor abrigado, um tio, um primo, um irmão.
Mais de 2 milhões de sírios têm fugido do país desde que, em março de 2011, teve início a guerra civil na região. Turquia, Jordânia e Líbano, países vizinhos, têm recebido o maior número de refugiados. Mais de 1 milhão no Líbano, cerca de 600 mil na Jordânia e 700 mil na Turquia. Alemanha e Brasil concederam, respectivamente, 10 e 2 mil vistos de imigração, até hoje.
Inicialmente, Mujica pensou em consultar o povo uruguaio sobre a admissão de imigrantes. Mas, devido à urgência, conversou com a esposa e ambos concordaram com o convite, de imediato, para os refugiados.
*BR29

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