Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
contribuição do Che ao pensamento revolucionário latino-americano e mundial, que o converteram em símbolo de rebeldia, de liberação e internacionalismo'”.
"Argentino nascido em Rosário, Província de Santa Fé, em 14 de Junho de 1928, Ernesto Che Guevara fez de sua vida uma das maiores contribuições para a libertação dos povos da América latina e do mundo. Agora a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, reconhece os escritos do revolucionário como Patrimônio da Humanidade. Os documentos foram incluídos no Programa de Memória do Mundo. Este programa que possui em seu registro 299 documentos e coleções dos cinco continentes agora conta com 431 manuscritos do Che, 567 documentos sobre sua vida e obra, assim como uma seleção de materiais iconográficos, cinematográficos, cartográficos e objetos para museu. Para Juan Antonio Fernández, presidente da Comissão Nacional Cubana da Unesco, esta decisão reconhece a 'contribuição do Che ao pensamento revolucionário latino-americano e mundial, que o converteram em símbolo de rebeldia, de liberação e internacionalismo'”.
Então o ódio é fácil, e o amor não só é difícil como impossível. O homem tem sido deturpado. Ele não pode ser reduzido à escravidão se não for primeiro deturpado. Os políticos e os padres têm participado de uma profunda conspiração ao longo das eras. Eles têm reduzido a humanidade a uma multidão de escravos. Estão destruindo qualquer possibilidade de rebelião no homem - e o amor é uma rebelião, porque o amor ouve só o coração e não dá a mínima para o resto.
O amor é perigoso porque ele faz de você um indivíduo. O Estado e a Igreja... Eles não querem indivíduos, de jeito nenhum. Não querem seres humanos, querem ovelhas. Querem pessoas que só pareçam seres humanos, mas cuja alma tenha sido esmagada de tal maneira, tenha sido danificada a tal ponto, que o estrago pareça quase irremediável. E a melhor maneira de destruir o homem é destruir sua espontaneidade de amar. Se o homem tiver amor, não poderá haver nações; as nações existem no ódio. Os indianos odeiam os paquistaneses e os paquistaneses odeiam os indianos - só assim esses dois países podem existir. Se o amor surgir, as fronteiras vão desaparecer. Se o amor surgir, então quem vai ser cristão e quem vai ser judeu? Se o amor surgir, as religiões desaparecerão. Se o amor surgir, quem irá ao templo? Para quê? É porque está faltando amor que você sai em busca de Deus. Deus não é nada mais do que um substituto para o amor que está faltando. Como você não é bem-aventurado, não está em paz, não está em êxtase, você está em busca de Deus. Se a sua vida é uma dança, Deus já está no seu coração. O coração amoroso está cheio de Deus. Não há necessidade de mais nenhuma busca, não há necessidade de mais nenhuma prece, não há necessidade de ir a templo nenhum, de procurar sacerdote nenhum. (Osho)
A decisão da presidente Dilma Rousseff de incluir o político gaúcho Leonel Brizola na lista dos heróis da pátria faz justiça a um dos maiores líderes da história do País; em 1961, ele teve papel central na Campanha da Legalidade, que garantiu a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros; como governador do Rio Grande do Sul e, depois, do Rio de Janeiro, Brizola elegeu a educação como pilar central de suas administrações; com Darcy Ribeiro a seu lado, Brizola idealizou os Cieps, modelo do que hoje seriam os CEUs, da periferia de São Paulo; ao longo de toda sua trajetória, Brizola sofreu feroz oposição da Globo, que, em 1994, foi obrigada a lhe conceder um histórico direito de resposta; atacado de forma vil pela imprensa, Brizola sempre esteve ao lado dos trabalhadores
Dilma Rousseff tomou uma decisão mais do que acertada, nesta terça-feira 29, ao incluir o político gaúcho Leonel Brizola na galeria dos heróis da pátria, fazendo justiça a um dos principais líderes nacionais do século 20.
Bastariam cinco motivos para que Brizola seja sempre lembrado ao lado de outros heróis nacionais, como Tiradentes e Zumbi dos Palmares. A eles:
1) Em 1961, como governador do Rio Grande do Sul, Brizola lançou a Campanha da Legalidade, por meio de transmissões diárias de rádio. Graças a sua resistência, João Goulart, que era vice de Jânio Quadros, pôde tomar posse após a renúncia do presidente, adiando assim o golpe de 1964.
2) Mais do que qualquer outro político, Brizola colocou a educação como pilar central de suas administrações, tanto no Rio Grande do Sul como no Rio de Janeiro, estado que também governou. Um de seus principais colaboradores foi Darcy Ribeiro, que idealizou os Cieps, escolas modelo que foram inspiração para os CEUs, da periferia de São Paulo.
3) Brizola sempre atuou em defesa dos interesses nacionais e dos trabalhadores. Primeiro, no PTB, de Getúlio Vargas. Depois, no PDT, que ele próprio criou, após o PTB ter sido empastelado pela ditadura militar.
4) Combatido de forma vil e implacável pelos meios de comunicação conservadores, em especial pela Globo, Brizola sempre denunciou o poderio das oligarquias midiáticas. Em março de 1994, ele obteve um direito de resposta histórico, lido por Cid Moreira, em pleno jornal nacional. Confira abaixo:
5) Em 1989, na primeira eleição presidencial após a redemocratização, Brizola era a grande esperança da esquerda brasileira. No entanto, por uma margem mínima deixou de ir para o segundo turno contra Fernando Collor. Mesmo derrotado, Brizola não hesitou em apoiar o operário Lula e cunhou uma de suas frases mais lembradas. Disse que a elite brasileira ainda teria que "engolir o sapo barbudo".
Leia, ainda, texto de Fernando Brito, que colaborou diretamente com Brizola e hoje edita o Tijolaço:
Dilma Rousseff sancionou hoje a lei que inclui Leonel de Moura Brizola no Livro dos Heróis da Pátria.
A lei, proposta pelo então deputado Vieira da Cunha em 2013, foi aprovada pelo Senado este mês.
Coincidência ou não, tem um significado nestes dias em que o golpismo trama contra a democracia.
De tudo o que fez, há algo em que Brizola é único.
Governar três vezes dois Estados diferentes, ter um terço dos votos de todos os cariocas como candidato a deputado no Rio de Janeiro, recém chegado aqui, em 1962, outros podem alcançar.
Sair da roça, de pés descalços e tornar-se um dos políticos mais importantes do país, Lula provou que é possível e até mais além do que permitiram a Brizola ir.
Amar as crianças e a educação, ainda bem, tem na mesma linha Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Anísio Teixeira, tantos…
Mas ter se erguido com a solidão e a coragem contra a ousadia de todos os ministros militares, a covardia dos políticos e a cumplicidade da mídia para evitar – ao menos por três anos – um golpe e uma ditadura, perdoem-me só ele.
Leonel Brizola é, agora com as formalidades, um herói da pátria.
Porque não há pátria sem povo, não há povo sem liberdade e a liberdade tem seus heróis tanto em quem a conquista como em quem a defende à custa de sua própria vida.
Há 15 anos, contra a vontade de Brizola, que achava que não tínhamos meios, fiz um vídeo sobre os instantes heroicos de 1961, com imensa pobreza de recursos e talento, mas com uma imensidão de desejo de dar – no final de sua vida – ao meu comandante por 20 anos a emoção que aqueles acontecimentos haviam lhe dado 40 anos antes.
Sem saber, eu começava ali as despedidas de alguém que, para mim, nunca se foi. Só quase três anos depois, na véspera de sua morte, ele apertaria tão forte a minha mão.
Divido com vocês o privilégio de ter podido reconstituir os dias de herói do agora e sempre Herói da Pátria Leonel Brizola.
Em uma palestra primorosa pelo bom humor e pelo conteúdo, o historiador Leandro Karnal arrancou risos da platéia ao expor de forma jocosa, mas também realista, o leitor da revista Veja, a mais reacionária e segregadora do Brasil.
Karnal fez uma palestra para estudantes de história, na Universidade Federal de Uberlândia, mas é fundamental para os analfabetos políticos que decidiram expor suas ideias sobre a política nos últimos anos. O analfabeto político é, por excelência, um sujeito sem referência histórica, visto que a história é, no mínimo, o ABC da política. Chico Buarque que o diga.
Na palestra Tempo, historicidade e tempo líquido, Karnal falou sobre as obras clássicas e necessárias, assim como obras capazes de ter a reflexão rigorosa sem deixar de lado a beleza da narrativa. Ele passou sobre os significados das transformações tecnológicas, na linguagem e falou sobre a vivência atual no mundo de incertezas.
Também mostrou como o Positivismo, que é muito criticado no Brasil, está mais do que presente, inclusive nas bancas de defesas de teses e dissertações. “Ser positivista é um xingamento que atinge a todas as pessoas. Não obstante, em todas as bancas os temas mais tratados são: erros de redação, falhas da ABNT e erros de data. Nós odiamos o Positivismo, mas as bancas são positivistas”, ressaltou.
Também ironizou as três grandes “teologias do século 20”: o empreendedorismo, a prosperidade e a auto-ajuda.
Um dos destaques foi a análise do discurso da Revista Veja, que entende a história com “um sentido teleológico”. Assim, os recursos persuasivos são “a história nos ensina que não deu certo…”, “a história já provou que….” é sempre uma profecia etc. “A história está conduzindo as pessoas à iluminação”, resumiu Karnal.
Mais à frente, ele disse que respeita historiadores que falam ao grande público, mas são honestos com a história, como Laurentino Gomes. “É o lúdico no sentido da grande massa, enfatiza o anedótico em detrimento do analítico”, diz. Para ele, as pessoas não estão divididas entre ler história de uma forma lúdica ou um texto de Jugen Habermas, autor alemão bastante hermético. E sentenciou: “quem lê a revista Veja não está dividido com nada; é absolutamente fascista, tapado, em qualquer sentido”. E tirou gargalhadas da platéia.
Poderia dizer em que momento estão essas falas sobre a revista Veja, mas você perderia uma bela palestra. Bom programa.(Glauco Cortez)