Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 23, 2015

Dezoito artistas da MPB gravam música de apoio aos estudantes de São Paulo

Chico Buarque, Dado Villa-Lobos e Zélia Duncan, entre outros, gravaram "O Trono do Estudar", de Dani Black, em homenagem à luta dos secundaristas contra o fechamento de escolas

REPRODUÇÃO/FACEBOOK/NÃOFECHEMMINHAESCOLA
virada ocupação.jpg
Pitty e Paulo Miklos durante a Virada Ocupação. Diversos artistas prestaram apoio aos estudantes em luta
São Paulo – De autoria do compositor Dani Black, a música O Trono do Estudar ganhou visibilidade a partir das manifestações de estudantes contra a “reorganização” proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, que pretendia fechar ao menos 94 escolas da rede pública. Recentemente, Chico Buarque, Dado Villa-Lobos, Paulo Miklos e mais 15 nomes da MPB entraram em estúdio para gravar uma versão da canção.
Após ser chamado para participar do evento organizado pelos estudantes, Virada Ocupação, realizado nos últimos dias 6 e 7 – que reuniu artistas como Tiê, Criolo, Pitty e Emicida –, Dani Black postou uma composição nas redes sociais em apoio à luta dos secundaristas. Rapidamente, a música se espalhou até chegar ao conhecimento dos artistas que apoiaram as manifestações.
No Facebook, Dani Black diz que “no Brasil, como em qualquer país, o estudar tem que ser o Rei". Ele conta que fez a música na madrugada do dia 7, para cantar no show que ele e outros músicos fariam na Virada Ocupação. "E com maior honra. Vamos Brasil. Ninguém tira o trono do estudar!"
"Em apenas dois dias, a música se espalhou pela rede de modo violento, tendo milhares de compartilhamentos e mais de 500 mil visualizações. Mas melhor do que isso: virou ação", escreveu o músico.
Após o governo do estado suspender a reorganização, no último dia 4, os estudantes passaram a desocupar as escolas aos poucos. Eles prometem continuar engajados na pauta da educação pública de qualidade para todos. Um manifesto publicado por estudantes em redes sociais aponta a continuidade do movimento. “É importante que fique claro que estamos saindo das escolas, mas não estamos saindo da luta. E que essa escolha de maneira nenhuma significa ceder às pressões do governo do estado e das entidades burocráticas.”
Para receber o clipe da música gravada pelos ícones da MPB, é possível solicitar no site: www.viradaocupacao.minhasampa.org.br
registrad

Nenhum comentário:

Postar um comentário