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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Por isso essa acusação de agora é ilegítima. Ela não tem fundamentação jurídica".

DALLARI EXPÕE INTERESSES DE JURISTAS PRÓ-IMPEACHMENT


 247

O jurista Dalmo Dallari desnuda os motivos que levaram outros juristas a pedir o afastamento da presidente Dilma Rousseff. sobre Hélio Bicudo, ele aponta "ressentimento pessoal"; "Ele se filiou ao PT e teve a pretensão de ser embaixador brasileiro na Suíça, mas ele ficou absolutamente indignado porque havia manifestado indiretamente essa ideia, mas não foi recebido pelo presidente Lula para externar essa vontade. Isso provocou um forte ressentimento. Ele se tornou um antipetista absolutamente obsessivo", afirma; já em relação a Miguel Reale Jr., ele diz que por ser tucano, argumentos do colega são políticos e não jurídicos

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247 - O jurista Dalmo Dallari, em entrevista à Folha, desnuda os motivos que levaram outros juristas a pedir o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Sobre Hélio Bicudo, ele aponta "ressentimento pessoal". Já em relação a Miguel Reale Jr., ele diz que por ser tucano, argumentos do colega são políticos e não jurídicos.

"Existem várias razões para isso. Uma delas é um ressentimento pessoal. E aí eu vou mencionar o meu caríssimo amigo, que eu respeito e admiro muito, Hélio Bicudo. Ele tem toda uma história magnífica de defesa do direito. Mas ele se filiou ao PT e teve a pretensão de ser embaixador brasileiro na Suíça, possivelmente porque é em Genebra que está o centro de direitos humanos da ONU. Essa história é de amplo conhecimento: ele ficou absolutamente indignado porque havia manifestado indiretamente essa ideia, mas não foi recebido pelo presidente Lula para externar essa vontade. Isso provocou um forte ressentimento. Não sei por qual motivo o presidente Lula não o recebeu. Hélio Bicudo é uma figura respeitável. E isso foi decisivo: ele se tornou um antipetista absolutamente obsessivo. Agora, o caso de Miguel Reale Jr. é mais evidente: ele é filiado ao PSDB, de modo que a posição dele é, antes de tudo, política e não jurídica. Então, isso explica porque pessoas da área jurídica são favoráveis ao impeachment mesmo não havendo consistência jurídica para isso", afirma Dallari.

Ele também contesta que a falta de governabilidade seja motivo para o impeachment. "Esse é um argumento político que varia quando alguém é a favor do governo ou contra ele. Não é um argumento jurídico; portanto, é ilegítimo", frisa.

Instado a comparar a situação de Dilma com a do ex-presidente Fernando Collor, Dallari apresenta as diferenças: "A questão da legitimidade não é pelo impeachment em si mesmo, mas pela sua fundamentação. Naquela ocasião, em relação ao Collor, foram feitas acusações muito precisas. Foram indicados elementos muito concretos que configuravam crime de responsabilidade. E isso não aconteceu até agora em relação à presidente Dilma Rousseff. Por isso essa acusação de agora é ilegítima. Ela não tem fundamentação jurídica".

*GilsonSampaio

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