Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 05, 2015

do Portal Imprensa
Matheus Narcizo
A jornalista Laura Capriglione, do grupo independente "Jornalistas Livres", foi agredida nesta sexta-feira (4/12) enquanto tentava ter acesso à coletiva de imprensa convocada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) no Palácio do Governo. A entrevista abordava a suspensão da reorganização das escolas no estado de São Paulo.
Segundo o próprio coletivo, a jornalista teve seu acesso barrado à coletiva após se apresentar como membro do "Jornalistas Livres" aos seguranças do Palácio. Além dela, repórteres da CartaCapital e do Jornal dos Professores tiveram entrada negada após o anúncio.
À IMPRENSA, Laura comentou a ação dos seguranças. "Cheguei ao Palácio e os seguranças pediram o meu certificado de acesso à coletiva. Disse que era do 'Jornalistas Livres' e eles afirmaram que eu não poderia entrar. Decidi filmar o ato. Foi quando o segurança ficou apertando a minha mão dizendo que iria quebrar o meu celular. Foi uma agressão. Além disso, me impediram de exercer a minha profissão", comentou.
Ao comentar o caso, o coletivo criticou a forma como o governador lida com a imprensa. "Essa é uma clara demonstração de que Alckmin não aceita diálogo, tem conflitos com o exercício da imprensa democrática, da liberdade de expressão e de manifestação e está comprometido com veículos de imprensa da grande mídia".
Posicionamento do governo
Após a publicação da nota, o governo do Estado de São Paulo entrou em contato com IMPRENSA alegando que a versão da jornalista é inverídica. Abaixo, segue a nota:
A coletiva do governador Geraldo Alckmin já havia acabado quando Laura Capriglione chegou à recepção do Palácio dos Bandeirantes acompanhada de Angela Meyer (presidente da Associação Paulista de Estudantes Secundaristas) e de Marcos Kauê (presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas de São Paulo).
Os horários não estão sujeitos à subjetividade. Estão comprovados pelos registros e pelo circuito interno de segurança do Palácio. Portanto, é mentira que foi impedida de participar da entrevista. Ela simplesmente não chegou a tempo.
A sra Capriglione se identifica à recepção interna às 13h25. A fala do governador foi iniciada às 13h20 e finalizada às 13h24, conforme evidencia transmissão ao vivo por emissora de televisão.
Atrasada, provoca dois funcionários da recepção, de uma empresa terceirizada, e um policial militar. Filma-os com seu celular, grita com eles e, ainda que a coletiva já tivesse terminado, simula uma obstrução que não ocorreu.
O policial da recepção, filmado com o celular da sra Capriglione, pede para não ser gravado. Ao ser ignorado, reage segurando o celular. A Casa Militar vai analisar a conduta do policial que abordou a sra Capriglione.
Estavam presentes na coletiva 63 profissionais de comunicação, incluindo da TV Brasil, do El Pais, da Agência Brasil, TV Globo, TV Gazeta, SBT, Globonews, TV Cultura, Rede TV, rádio Jovem Pan, rádio Bandeirantes, O Estado de S. Paulo, rádio CBN, Portal G1, Folha de S. Paulo e Diário de S. Paulo. Foto e vídeo comprovam essa informação.
Todos passaram pelo processo de identificação, inerente a qualquer cidadão que busque visitar o Palácio dos Bandeirantes.
Laura Capriglione conhece os procedimentos de identificação do Palácio dos Bandeirantes, onde já esteve em outras ocasiões, seja na condição de "jornalista independente", na condição de representante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, de integrante de movimentos estudantis ou reunindo, em uma própria pessoa, todas essas identidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário