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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 03, 2015

cUNHA DESMORALIZA O PROCESSO DE impitimam

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Renato Rovai, do Portal Fórum -Eduardo Cunha ter aceitado o pedido de impeachment da presidenta Dilma depois de o PT ter anunciado que votaria contra ele no Conselho de Ética é a desmoralização total deste processo.
A oposição vai fazer de tudo para tirar essa marca, mas para Dilma não poderia haver um melhor cenário para que essa disputa se iniciasse.
Dilma, seu partido e seu governo terão todas as condições de demonstrar que isso só está acontecendo porque o presidente da Câmara quer se vingar por não ter tido do PT o aceite da chantagem que tentou operar.
E isso não é pouco.
Não vira o jogo por si só, mas coloca novos atores em campo.
Muita gente que poderia torcer para Dilma cair, agora começará a pensar se apoiar um processo desses não é um risco para o país.
Em relação à disputa no Congresso, não se pode dizer que Cunha ainda não tem uma certa força. Mas ela é muito menor do que quando assumiu a presidência da Casa.
Seria interessante ver Cunha desfilando por aí com a bandeira do Brasil e defendendo o que quer que seja.
Cunha é hoje mais rejeitado do que Dilma.
E o fato de ter sido ele o homem que assinou a abertura do processo do impeachment vai permitir a articulação de um bloco popular do outro lado.
Não vai ser mais um jogo de um lado só.
Não vai ter só gente na rua pedindo fora Dilma.
Mas e se tudo der errado para o governo e para Dilma?
Aí restará a dignidade de não ter feito um acordo espúrio e o discurso do golpe.
Porque será exatamente o nome a ser dado para um processo de impeachment que é assinado no dia em que o partido do governo decidiu não aceitar a chantagem de um presidente da Câmara que é acusado, com provas substanciais, de ter movimentado milhões de recursos provenientes de corrupção em diversas contas na Suíça.
E um golpe do que há de pior na política.
Da turma mais incrivelmente cara de pau e canalha.
E a prova mais cabal disso é a declaração de Cunha ao anunciar seu aceite. Ele disse que a sua decisão foi técnica e não política.
O mais incrível é que ainda há colegas jornalistas que reproduzem essa informação sem um parenteses ao lado (neste momento eu ri alto). Porque ao menos com essa explicação ele não teria que fazer de conta que a objetividade jornalística é algo sério.
Porque ser objetivo é fazer o leitor entender o que está acontecendo.
E o resumo dessa história é: como a chantagem não deu certo, Cunha foi ao golpe.
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