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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Situação de adolescentes no Brasil é inaceitável, diz Unicef


A pesquisa sobre a Situação da Adolescência Brasileira 2011, do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), mostrou que 3,7 milhões - ou 17,6% - dos jovens entre 12 e 17 anos do Brasil vivem na extrema pobreza, ou seja, com até um quarto de salário mínimo per capita. 
Além desse grupo, mais 7,9 milhões de jovens - ou 38% - vivem em residências em que a renda familiar per capita é inferior a meio salário mínimo. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (30) pela Unicef, os dados são referentes aos anos de 2004 e 2009.
Segundo o coordenador de programas da Unicef para os estados de São Paulo e Minas Gerais, Sílvio Kaloustian, os números são intoleráveis, tendo em vista que eles envolvem 11,6 milhões de jovens, o que representa uma grande parcela da sociedade.
“Analisamos dez indicadores, o Brasil melhorou em oito. Porém, piorou em um, que é em relação à pobreza. Permanece igual no tocante a morte violenta. São dados inaceitáveis no plano de direito que deveria garantir a plena efetivação desses adolescentes como cidadãos.”
A pesquisa também avalia casos de HIV/Aids. Para cada oito meninos de 13 a 19 anos infectados, há dez meninas com o mesmo vírus.
A pesquisa também aponta que a situação dos adolescentes negros e indígenas é a mais preocupante. Nesses grupos, os reflexos dos números são mais severos.  Para se ter uma idéia, um jovem negro entre 12 e 18 anos, tem o risco 3,7 vezes maior de ser assassinado.  E um indígena, por exemplo, tem 3 vezes mais chance de ser analfabeto.
*cappacete

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