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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 30, 2012

No dia 1º de abril, Cordão da Mentira desfila pelas ruas de São Paulo

 do SPressoSP
Concentração será às 11h30 em frente ao cemitério da Consolação, no Dia da Mentira e do Golpe Militar de 1964
Da Redação
Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas de diversos grupos e escolas de São Paulo, o Cordão da Mentira discutirá, de modo bem humorado e radical, de quem são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira. No dia 1º de abril, data que marca o dia da mentira e o golpe militar de 1964, o cordão da mentira desfilará pelas ruas da cidade cantando e questionando quando de fato acabará a ditadura civil-militar.
Estandarte do Cordão da Mentira (Divulgação)
Em seu manifesto, o movimento explica suas intenções. “No dia da mentira de 1964, ocorreu o golpe que instituiu a ditadura civil-militar. Dizem que ela acabou. Porém, a maior ilusão da história brasileira repete-se. A ditadura civil-militar se fortalece no golpe de 1964 e, até hoje, ninguém sabe quando vai acabar! Nós vamos celebrar[..]”.
Para os manifestantes, casos como o do Pinheirinho, Eldorado dos Carajás e o constante massacre de pobres nas periferias são símbolos da continuidade da ditadura “que privilegia os ricos em detrimento dos mais pobres”.
“[...]Quando admitimos que os crimes do passado permaneçam impunes, abrimos precedentes para que eles sejam repetidos no presente. Com a roupagem indefectível da democracia, da constituição, do direito à livre manifestação, o Estado continua executando os seus inimigos e calando de uma forma ou de outra aqueles que pensam e atuam em favor da tolerância, em favor da utilização dos espaços públicos de maneira respeitosa e saudável. Em nome da manutenção da produção e do consumo ostensivo vivemos o estado de exceção como regra e o direito conquistado de ir às urnas acaba apenas legitimando o que é uma verdadeira licença para calar, reprimir, matar[...]”, continua o manifesto.
A concentração do Cordão da Mentira será às 11h30 em frente ao cemitério da Consolação. Às 13h30 o desfile será iniciado passando pela Avenida Higienópolis, Largo de Santa Cecília, Avenida Duque de Caxias, entre outros locais até terminar no cruzamento das ruas Mauá e General Osório.
*GilsonSampaio

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