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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 07, 2016

O sobrinho do Lula que a PF pariu.

O sobrinho do Lula que a PF pariu.

Sanzio de Treviso







Para quem achava que as coisas não podiam se tornar ainda mais surreais:

"PF indicia Lula por corrupção em contratos do sobrinho em Angola"

A PF indiciou Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Coisa grave, certo?

Aos fatos:
1) Em 2012, a empreiteira Odebrecht levanta um financiamento do BNDES para a ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola, país onde já atuava há anos.

2) A empresa Energia assina com a Odebrecht um contrato de prestação de serviços para a empreiteira naquele ano no valor de R$ 3,5 milhões.

3) A empresa Energia pertence a Taiguara Rodrigues, apresentado na matéria como sobrinho de Lula. No entanto, o empresário "é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente, já falecida."

Pronto, está formada a convicção de que Lula é culpado por corrupção e lavagem de dinheiro. Sim, isso mesmo: corrupção e lavagem de dinheiro.

Não diz nada a respeito do financiamento do BNDES, se o referido financiamento foi legal ou não, se foi ou está sendo pago, etc.

Não diz nada a respeito do fato estar afeito à relação empresarial entre duas empresas privadas.

Não aponta em que lugar e momento deu-se a corrupção, não diz absolutamente nada sobre como, quando e de que forma o dinheiro teria sido lavado.

Nada disso é necessário: basta o fato de que um dos agentes de uma operação entre dois agentes privados seja filho de um amigo de infância de Lula para este logo virar seu sobrinho e toda a operação ser transformada em corrupção e lavagem de dinheiro.

Ah, e o vazamento do indiciamento para o Estadão também não deve ser nada relevante, já que ninguém sequer trata do assunto.

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