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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 12, 2011

Blogs substituem protestos e mostram o descaso

Pedir audiência com o subprefeito, queimar pneus e interditar ruas para reivindicar melhorias nos bairros está ficando obsoleto. A arma de algumas associações de moradores tem sido os blogs. Neles, as entidades fazem as reivindicações e, principalmente, divulgam quando há descaso do poder público. O resultado, dizem os blogueiros, é que os problemas são resolvidos e com mais agilidade. Alguns cidadãos indignados com questões de bairro têm usado a mesma estratégia.
Depois de cinco anos à espera de uma solução para o problema de saneamento da rua onde morava, Robinson Dias criou o blog SOS Rua Brasiluso. “Comecei o blog como uma forma de desabafo sobre o descaso que sofríamos, mas deu tanta repercussão que recebemos até a visita de um secretário municipal que veio ver o problema pessoalmente.”
Lourivaldo Delfino, do Jardim Tietê, zona leste, criou o blog Riacho dos Machados para protestar. Segundo ele, os moradores ficaram quatro dias sem assistência depois de uma grande enchente. Mas, o que era um protesto, ganhou a internet. “Postando vídeos, relatando o descaso, enviando links para vereadores, deputados e secretários, as coisas começaram a acontecer. Os blogs dão muito mais resultado que queimar pneus e fazer protestos. Não tenho dúvida.”
A experiência deu tão certo, que Delfino diz já ter criado 56 blogs para ajudar outras comunidades a resolver suas pendências com órgãos públicos.
João Maradei, diretor da AME Jardins, na zona sul, afirma que a entidade tem um bom canal de comunicação com a Prefeitura. Mas o blog ajuda a melhorar a relação. “Com publicações que fizemos, conseguimos eliminar seis pontos de descarte irregular de lixo e entulho. A própria Subprefeitura de Pinheiros se antecipou ao ver as postagens e as fotos e resolveu o problema.” Para ele, essa é uma ferramenta que permite uma relação de maior transparência com o poder público e os associados.
Rosa Richter, vice-presidente da Amo Jardim Sul I e II, mantém no blog uma votação para saber se os moradores querem uma subprefeitura exclusiva para o Morumbi. Quando considerar oportuno, vai apresentar o resultado para a Prefeitura junto com um projeto para sua criação. “O que percebo é que os moradores querem esse tipo de informação da comunidade. Existe uma grande demanda para isso.”
Carne e osso
A coordenadora do curso de Ciências Sociais da Universidade Metodista, Luci Praum, afirma que os blogs são uma ferramenta a mais dos movimentos sociais. “Mas não substituem a organização direta das pessoas, a presença em carne e osso.”
Em sua avaliação, essas novas mídias servem para que os movimentos avaliem qual a melhor estratégia para o objetivo que pretendem atingir. “Um não exclui o outro.”

Fernando Haddad admite a possibilidade de disputar a Prefeitura de SP


Fernando Haddad
Uma alternativa aos tucanos


O ministro da Educação, Fernando Haddad, admitiu em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na última sexta-feira (8), que seu nome, com sua autorização, "está efetivamente sendo discutido" no PT como um dos possíveis candidatos do partido à Prefeitura de São Paulo, nas eleições municipais do ano que vem.
- Eu tenho apreço por esse movimento. [Isso] é em função de uma realização pessoal, por ter feito um trabalho no MEC que ganhou alguma visibilidade. Não deixa de ser para mim e para a minha equipe um sinal de que o Brasil tem avançado na área social, tem de avançar mais, mas não deixa de ser um reconhecimento.
Sempre tratando o assunto com ressalvas e cuidado político para não desmerecer outros possíveis pré-candidatos do partido, Haddad diz que seu nome está longe de ser consenso.
 Existe o debate dentro do PT sobre essa questão, mas, na verdade, é a posição de uma parcela que é minoritária dentro do partido. Então, se eu considerar isso agora estarei cometendo dois erros: primeiro, com o ministério. Segundo, de natureza política, de não reconhecer que quem cogita essa possibilidade com algum entusiasmo é uma parcela minoritária do partido.
Em um partido dominado em São Paulo pela senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, o ministro Haddad reconhece até que há uma enorme resistência a seu nome.

- Se fosse uma pretensão pessoal, isso me afetaria. Mas não é uma pretensão pessoal. É uma discussão que está sendo feita com um colegiado de pessoas. É natural que seja assim. Simpatias por um ou outro. Mas não é um projeto pessoal.
Haddad fez questão de citar os nomes de Marta e do seu colega de ministério Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) como petistas que podem reivindicar, segundo ele, até com mais direito, a posição de candidatos à Prefeitura de São Paulo em 2012.
*Cappacete 

Lula deve reforçar Haddad para eleição em SP


O ex-presidente Lula deve reforçar hoje a pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à disputa pela Prefeitura de São Paulo. Em meio à indefinição do PT sobre o candidato na capital paulista em 2012, Lula e Haddad participarão juntos do 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Ao lado do ministro, o ex-presidente participará também do II Encontro Nacional do Programa Universidade para Todos (Prouni). Os eventos serão em Goiânia, mas a expectativa de aliados de Haddad é que o discurso de Lula, no mesmo palanque do ministro, reverbere em São Paulo.

No PT, Lula é o principal defensor da candidatura de Haddad para a prefeitura paulistana e diz a seus interlocutores que o ministro poderia ter um bom diálogo com a classe média - calcanhar de Aquiles do PT na capital - e que representaria a renovação do partido em São Paulo. Petistas, no entanto, resistem à indicação e criticam Haddad por ter pouco trânsito entre as diferentes alas da legenda.

Haddad tem demonstrado disposição para disputar em 2012, mas terá de enfrentar pelo menos outros dois pré-candidatos: a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy e o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Dentro do partido há também pré-candidaturas de deputados, como as de Jilmar Tatto e Carlos Zarattini.

O PT tem como meta definir o candidato até o fim deste ano. O partido venceu a disputa pela capital paulista duas vezes: em 1988, com Luiza Erundina (atual deputada do PSB), e em 2000, com Marta Suplicy. A vitória na cidade é considerada estratégica para os petistas, para tentar conquistar o comando estadual, em 2014. O PSDB está na quinta gestão consecutiva no Estado.
*osamigosdopresidentelula

Igreja Católica é um lamaçal



. Mais uma vez, dentre as milhares de vezes, a Igreja Católica está envolvida num caso de violência sexual contra crianças e jovens.

. Fico com a impressão que todo padre é pedófilo .

. E que a Instituição igreja Católica existe apenas para acobertar o lamaçal que seus representantes espalham pelo mundo.

. O caso agora envolve um "bondoso" velhinho (foto) na África. Mais especificamente no Quenia.

. O pedófilo, digo, padre, se chama Renato Kizito.

. Segundo a reportagem da Spiegel internacional, o padre costumava oferecer um prato de comida a Ochieng, que depois de saciado, sentia muito cansaço.

. Além de dar a comida, o "bondoso" padre dava também algum tipo de droga ao jovem.

. O pedófilo foi denunciado - finalmente.

. A máfia IC porém, com seu poder, o libertou depois de uma noite passada no xilindró.

. Para isso a máfia IC é eficiente.
*Brasilmostraatuacara

Audiência da Globo cai 24%


Segundo a coluna Outro Canal do jornal Folha de S. Paulo, a audiência da TV Globo caiu 24% em todo o País, de acordo com o PNT (Painel Nacional de Televisão) do Ibope.

De janeiro a junho de 2006, a média da emissora foi de 23,3 pontos, enquanto neste primeiro semestre, registrou 17,6. Na comparação do mesmo período, o SBT caiu de 7,4 para 5,6 (24%), a Record passou 5 pontos para 7,2 (crescimento de 44%). A Band e a RedeTV! mantiveram a mesma média. Cada ponto equivale a 185 mil domicílios no País. 
*osamigosdopresidentelula

A reforma política começa pela mídia

Por Bruno Cava,

Fala-se muito em reforma política, mas nenhuma reforma política é mais fundamental do que a democratização da mídia. Esta a grande reforma que o país aguarda há décadas. Governos mudam, regimes mudam, séculos mudam, mas o mesmo regime excludente e oligárquico prevalece nas comunicações brasileiras. Aqui, sequer o capitalismo liberal chegou. É um oligopólio de empresas familiares. Partilham entre si as concessões de TV e rádio, de norte a sul, por meio de suas filiais e retransmissoras. E ainda controlam simultaneamente jornais, revistas, editoras, produtoras de filmes e teatro.

Esses grandes grupos se vendem como imparciais e neutros, mas estão entranhados na política nacional e global, com posições conservadoras. Apoiaram a ditadura cívico-militar e agora se opõem à busca pela verdade histórica (que os desmascara). Colocam-se como paladinos da liberdade de expressão, mas são os primeiros a censurar vozes discordantes e despedir funcionários incômodos. Apresentam-se como sacerdotes da ética pública, mas as suas campanhas moralizantes não passam de instrumentos de chantagem e intimidação. Dizem-se praticantes do bom jornalismo, mas isto só significa certa forma vertical e elitizante de produzir e circular verdade e legitimidade. A opinião pública está contra o povo.

Um regime democrático não se concretiza quando toda a mídia for estatal, mas quando todos formos mídia. Quando for concedida voz aos sem-voz. Quando uma multidão de verdades e narrativas ocupar e disputar o espaço público. Mais vital à democracia que a tal “reforma política”, como vem se apresentando, é pôr em movimento um processo de empoderamento midiático de todos os cidadãos. Sem intermediário$ ou usurpadores da opinião pública, afirmar condições materiais para exercício do direito à expressão e construção coletiva e compartilhamento. Nessa luta, o estado não é o guardião da comunicação democrática, mas o seu maior inimigo. Não basta construir uma “TV pública” e muito menos fortalecer a TV dos bispos.

Mas para não cair na abstração, é preciso reconhecer que a voz nunca será concedida aos sem-voz. É preciso conquistar a polifonia, contra o coro da grande imprensa. Não está em jogo uma luta pela verdade, mas pelo regime de produção de verdades. A história da imprensa brasileira é a história de sua concentração e elitização. As forças democráticas foram derrotadas em praticamente todas as tentativas de desconstituir o oligopólio. E já estamos perdendo de novo. Nos últimos dez anos, foi perdida a batalha pela TV digital, por outro marco regulatório das comunicações, pelas rádios comunitárias. E estão sendo perdidas as batalhas por um Brasil banda larga, pelo compartilhamento de conteúdos, pela multiplicação de pontos de cultura e mídia livres.

O que fazer?

O movimento pode pressionar o estado por mais democracia na mídia. Mas isso cai num ciclo vicioso. Porque, para pressionar, tem que ter mídia, senão não faz efeito. É preciso capilaridade social, construção de redes e formulação de discursos pervasivos. Então é preciso, primeiro, tornar-se mídia. Mais do que isso, uma mídia diferente, inovadora e alternativa — além dos vícios do bom jornalismo, da qualidade formal e de edição centralizada, que caracterizam a grande imprensa. Quando os blogueiros progressistas reproduzem o mesmo modus operandi dessa mídia velha, não fazem outra coisa que fortalecê-la, reafirmando a estrutura conservadora. Fica parecendo que, no fundo, ambicionam ser grande imprensa eles mesmos, com o sinal trocado. E não progridem senão no caminho errado.

Constituir novas mídias apesar do estado. Isto é, constituindo um outro mundo que pode atravessar e reconstruir as instâncias tradicionais de representação: governo, partidos e grande imprensa. A tarefa reside em promover e ampliar a cauda longa de blogues e sites de esquerda, pontos e portais de mídia livre, rádios comunitárias, redes militantes e coletivos político-culturais das periferias, político-midiáticos e de artivismo subversivo.

A criação de um potente discurso altermundista não se dá somente na língua escrita, mas também com filmes digitais, peças independentes, grafite, dança de rua, festivais fora do eixo comercial etc. Tudo isso numa teia de relações transversais e colaborativas, em sinergia de ações e resistências, cada um na sua diferença, num ativismo de enxame. Essa rede mobilizada, que circula conhecimento e o reformula, que inventa e reinventa modos de organizar e produzir, esse movimento dos movimentos, já está arrancando audiência do Jornal Nacional — e tem tudo para constituir uma força política além do esquema tradicional de governos e partidos.

Nesse caldeirão, nascem iniciativas de contrapoder, como o Wikileaks, a Wikipídia, o Anonymous, a Universidade Nômade, o Centro de Mídia Independente, o Outras Palavras, o Diário Liberdade, o Trezentos, entre tantos outros. Assim, não admira o vigilantismo da internet, com seus AI5 digitais e leis Sinde, mas também de modo mais sutil, como no controle de Facebook e tuíter. Não admira, tampouco, a reação das operadoras de telefonia contra a universalização da banda larga e o compartilhamento wi-fi, — que dobrou, pela força política (midiática), a minoria de esquerda na composição do governo Dilma. Enquanto isso, os movimentos sociais das rádios comunitárias, dos grupos de compartilhamento livre, dos coletivos hackers vêm sofrendo com a intensificação da criminalização.

Mas não sejamos ingênuos, nem nos furtemos à permanente e saudável autocrítica. As novas mídias por vezes acabam reproduzindo estruturas hierárquicas, onde a horizontalidade não é nada além de uma relação de força posta em questão. Os novos modos de organizar em rede e enxame significam, sobretudo, assumi-los como um campo de batalha, continuamente atravessados pela produção comum e pelas tentativas de capturá-lo comercial ou publicitariamente. É fundamental manter-se lúcido sobre os riscos e limitações da forma-rede. Não perder de vista a horizontalidade, o compartilhamento, a lógica de código aberto e o excedente de cooperação (em relação ao mercado) — que é o próprio trabalho vivo e que, portanto, faz vivificar o movimento social.

O que fazer?

Articular mais redes, empoderar mais gente no processo de produção de verdades e narrativas, promover mais espaços dialógicos e horizontais. Seguir debatendo-se contra o gigantesco polvo das comunicações, nesta democracia mais-que-imperfeita. E continuar lutando e blogando e tuitando, em suma, devir mídia.

*Umpoucodetudodetudoumpouco

segunda-feira, julho 11, 2011

Charge do Dia

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*carcará

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Exposição em NY mostra a que ponto chega a bestialidade humana


*esquerdopata

FHC poderia reabrir a questão do sequestro de Rubens Paiva

Será que o professor se lembra ou vai mandar esquecer ?
Livro-Reportagem  levemente romanceada de Jason Tércio (“Segredo de Estado – O desaparecimento de Rubens Paiva”, da editora Objetiva) descreve um dos crimes bárbaros cometidos por militares hoje anistiados pelo STF.

O deputado trabalhista Rubens Paiva foi assassinado em sucessivas sessões de tortura, numa unidade militar, no Rio.

Os militares hoje anistiados conceberam uma patranha: terroristas interceptaram o carro oficial em que Paiva era conduzido de uma cadeia para outra e, depois de um tiroteio, ele fugiu.

E nunca mais foi achado.

O processo passou por todas as instâncias da Justiça (sic) Militar, que confirmou a versão da patranha.

Oficialmente, portanto, Paiva foi sequestrado.

Estava sob custódia do Estado e nunca mais a família soube dele.

Seria a oportunidade para reproduzir aqui a forma que a Argentina encontrou para encarcerar os torturadores e seus comandantes – apesar de leis de anistia então vigentes.

Clique aqui para ler sobre outra vergonha: o Brasil deixa seus mortos para trás.

O excelente trabalho de Jason Tércio revela na pág. 202 que o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (então, marxista – PHA) trabalhou na campanha do deputado janguista Rubens Paiva.

Escrevia o roteiro dos discursos e acompanhava o candidato num guarda pó de professor para se proteger da poeira.

Hoje, o professor de guarda pó é o Farol de Alexandria que ilumina o PiG (*).

Jamais na História da dita Civilização Ocidental um ex-marxista recebeu tanto espaço na imprensa conservadora e golpista (*).

Ele bem que poderia usar tantos púlpitos para reabrir a discussão sobree seu candidato da juventude, Rubens Paiva.

E aliar- se à corajosa viúva Eunice Paiva para esclarecer a morte do marido.

E fazer Justiça.

Ou FHC poderia ajudar a descobrir onde está Paiva,  a acreditar-se na primeira página de O Globo, reproduzida no livro: “Terror liberta subversivo de um carro dos federais”.

Ou será que FHC vai mandar esquecer os discursos que rascunhou para Rubens Paiva ?


Paulo Henrique Amorim

Bandalheira da CBF







Ricardo Teixeira recebe
indulgência de revista de banqueiro

Jennings: Mr. Teixeira, o senhor aceitou a propina ? (E ele foge)

Segundo Sebastião Nery, a revista paulistana “Piauí” é de banqueiros por banqueiros para banqueiros.

Bingo !

Ricardo Teixeira foi uma espécie de banqueiro antes de abancar-se, vinte e dois anos atrás, na CBF.

RT só dá entrevista ao Galvão.

Abriu exceção à Piauí.

Por um bom motivo.

É a entrevista do tipo “púlpito”.

Entrega na bandeja as acusações para RT se defender.

Não faz nenhuma acusação nova, que surpreenda o Rei do Futebol.

Para tudo ele tem uma reposta pronta.

Como as que dá faz tempo.

E aí reside o perigo.

RT é o que se imagina que ele seja.

Um desbocado, grosseiro, vulgar, inescrupuloso, arrogante, deslumbrado.

Sobre as acusações de corrupção, ele ” … e anda”.

Ou ” … um monte”.

Esse é o estadista que se senta na mesa com o Governo da República para realizar a Copa.

O sócio preferencial da Globo (e do Galvão, seu Primeiro Entrevistador).

( O que lembra o depoimento de outro sócio preferencial da Globo e do RT, o presidente do Corinthians, que se referiu à Globo como uns “gangsters”.)

E do ex-Governador de Minas, Aécio Never, que, em nome de velha amizade, merecerá no Mineirão a abertura da Copa.

RT diz que prende e arrebenta.

Que vai “retaliar” contra quem falar mal dele.

Não vai credenciar a BBC, que provou sua participação numa operação de propina com o sogro e mentor, João Havelange.

Aí, o valentão pode se estrumbicar.

Usar o cargo – e a Globo – para cercear a liberdade de imprensa, de expressão.

Se a Receita Federal, o Ministério Publico, o Congresso, a Polícia Federal acham que o RT age dentro da Lei, que, como ele diz, a CBF não recebe um tusta do Governo e, por isso, ele faz o que bem entender – se tudo bem …

Pode aparecer um advogado, um jornalista, um cidadão do tipo do Dr. Piovesan, que pediu o impeachment do Gilmar e querer o impeachment do RT.

A “entrevista” deixa explícito o que sempre se soube.

RT e a Globo são unha e carne.

Cheque e contra-cheque.

A única revelação que ali se encontra é a descrição de como a Globo manipulou a melancólica, multi-patética “despedida” do Fenômeno da seleção contra a Romênia (!).

Os passos, os filhos, o discurso do Ronaldo -  foi tudo coreografado por um “diretor” da Globo.

Ate o merchandising, aquele esparadrapo fininho no nariz do Ronaldo.

O que o Ronaldo levava nas narinas a Globo punha no bolso: um anúncio do esparadrapo no intervalo comercial.

Como se sabe, RT e a filha dirigem a instituição que vai supervisionar o emprego de bilhões em obras da Copa.

É um  monte de dinheiro – um pouco mais do que o Coutinho ia dar ao Abiliô, não fossem argumentos como os do professor Lessa.

Tudo isso na mão de alguém que foge de um repórter – da BBC (o repórter da Piauí merece que RT pague todas as contas de restaurantes na Suíça).

O repórter – Andrew Jennings – lhe pergunta: Mr. Teixeira, o senhor aceitou a propina ?

Teixeira foge para o carro.

Esse homem, cuja reputação envergonha o futebol brasileiro, vai determinar – com a FIFA e a Globo – onde, quando, como será a Copa.

E por quanto.

Até a segurança.

Como se sabe, RT convocou para ser o guardião da segurança da Copa o notório Dr. Luiz Fernando Corrêa, que des-republicanizou a Polícia Federal, submeteu o delegado Protógenes a mais processos judiciais do que o Maníaco do Parque, e até hoje não achou o áudio do grampo.

Diante do repórter da BBC, RT não demonstra nada que se pareça com a auto-confiança com que ele se exibe no programa “Bem amigos” do Galvão.

(O que se passa com a mão esquerda do Galvão, para balançar tanto ?)

A “entrevista” na revista da Febraban expõe a linguagem de RT – a vulgaridade , a grossura.

RT é isso.

Só no Brasil mereceria esse perfil indulgente.

Como se fosse da revista da CBF.

Essa revista sofre de mitomania.

O seu editor chefe, por exemplo, escreveu um livro em que dedica duas dezenas de elogios ao Roberto Marinho.

Por isso, talvez, tenha descrito Daniel Dantas como se fosse uma cruza de São Francisco de Assis com Lord Keynes.

FHC, uma cruza de De Gaulle com Rousseau.

Apesar de toda a indulgência , o Farol deixou escapar uma impropriedade: considera o Sete de Setembro uma “palhaçada”.

Nada que surpreenda os editores da revista, que devem concordar.

O perfil de Cerra não conseguiu cruzar nada com nada.

Falta substancia ao perfilado.

E, com toda a indulgência, a Piauí revelou um traço paranóico: Cerra, como Howard Hughes, desinfeta a mão logo após cumprimentar estranhos.

Nada que surpreenda, como o Ricardo Teixeira.

Dava para imaginar que RT só conseguiria se expressar em linguagem de taverna.

Em tempo: neste domingo, uma reportagem deste ansioso blogueiro no Domingo Espetacular da Record sobre RT e seus palavrões deu 15 pontos na leitura preliminar do Ibope. Quatro abaixo da Globo e  três acima do SBT. Um pouco diferente do “traço” que RT disse  que o programa dava.
*Conversaafiada

“Meia noite em Paris” ou em nossa alma

Viver olhando o retrovisor ou achar que o passado, não vivido por nós, é sempre melhor cria certa ilusão de presente e futuro, como se a vida real e concreta fosse ruim ou por outro lado de que nossa existência é pouco significativa pois tudo de bom já fora feito ou criado, os gênios, os espetaculares artistas, heróis sobrando ao presente apenas olha pra trás.
O filme “Meia noite em Paris” traz uma profunda reflexão sobre um desejo corrente e comum de reviver uma época gloriosa, muitas vezes influenciada por nossas afinidades eletivas com escritores, cantores, pintores, grandes gênios que de repente freqüentam o mesmo lugar, no mesmo lapso temporal. Fôra assim na Grécia antiga, em particular no Século V e IV anterior a era cristã, ou durante o renascimento na Itália, mas no caso do filme é centrado na Paris do fim dos anos 20 do Século passado.
O fim da primeira grande guerra concentrou em Paris uma constelação de geniais artistas de vários lugares do mundo, era como se ali houvesse a necessidade de se gestar nova esperança à humanidade recentemente destruída pela força irracional da I guerra mundial. Esta reunião informal e a interação destes é uma retomada do Homem sob o animal, as festas as experimentações dão a medida de que algo de bom sobreviveu aos horrores da guerra.
A viagem afetiva, cultural, que nos propõe Woody Allen bate profundamente na alma, pois estamos num momento de extrema mutação da humanidade, os valores éticos e moras estão sendo pisoteados e destruídos pelo desejo desenfreado de poder e riqueza. O sogro do “Tea Party” em contraposição ao futuro genro “abobalhado” (Comunista) sonhador dá a medida dos novos embates da alma humana.
A “fuga” do roteirista, aqui ele se apresenta como alguém que vende a sua alma em troca de dinheiro, mas que vai a Paris numa tentativa de se redimir escrevendo algo além de diversão fast food. A grande fantasia de passar a noite com seus ídolos é nosso reencontro coletivo com o que temos de melhor na humanidade: Cultura, prazer e humanismo. A anabase (descida ao Hades – assim como fizera Dante para reencontrar suas referências) de Gil Pender (Owen Wilson – ou seria o próprio Woody rejuvenescido (?)) é a mais perfeita combinação de reflexão consciente e viagem onírica. Ali Gil Pender vira alguém de valor, ele pode ser ele mesmo.
A mais fascinante viagem é leitura de um livro bem ambientado, mas que genialmente Woody Allen nos dar oportunidade de descer a este mundo, viver, ouvir aqueles gênios como se um de nós fosse. A Catabase (retorno, subida) de Gil é seu perfeito entendimento e, nosso, é claro, de que viver o presente é tão ou mais importante do que ficar preso ao passado. A mensagem de sólida formação cultural, ética do passado nos torna melhores e mais interessantes no presente, podemos ser os continuadores destes. O fio que nos liga e nos molda no presente é o humanismo que jamais perdemos.
Woody Allen nos presenteia com esta obra prima, nossa alma sai cantando do cinema com Cole Porter (Let’s do It) , enamorado com a beleza e sensualidade de Adriana, a caracterização surreal de Dalí, as aulas Gertrude Stein e para fechar a frase do sogro “Tea Party” que manda Gil encontrar “Trotsky”, genial!
*comtextolivre