Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 11, 2011

FHC poderia reabrir a questão do sequestro de Rubens Paiva

Será que o professor se lembra ou vai mandar esquecer ?
Livro-Reportagem  levemente romanceada de Jason Tércio (“Segredo de Estado – O desaparecimento de Rubens Paiva”, da editora Objetiva) descreve um dos crimes bárbaros cometidos por militares hoje anistiados pelo STF.

O deputado trabalhista Rubens Paiva foi assassinado em sucessivas sessões de tortura, numa unidade militar, no Rio.

Os militares hoje anistiados conceberam uma patranha: terroristas interceptaram o carro oficial em que Paiva era conduzido de uma cadeia para outra e, depois de um tiroteio, ele fugiu.

E nunca mais foi achado.

O processo passou por todas as instâncias da Justiça (sic) Militar, que confirmou a versão da patranha.

Oficialmente, portanto, Paiva foi sequestrado.

Estava sob custódia do Estado e nunca mais a família soube dele.

Seria a oportunidade para reproduzir aqui a forma que a Argentina encontrou para encarcerar os torturadores e seus comandantes – apesar de leis de anistia então vigentes.

Clique aqui para ler sobre outra vergonha: o Brasil deixa seus mortos para trás.

O excelente trabalho de Jason Tércio revela na pág. 202 que o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (então, marxista – PHA) trabalhou na campanha do deputado janguista Rubens Paiva.

Escrevia o roteiro dos discursos e acompanhava o candidato num guarda pó de professor para se proteger da poeira.

Hoje, o professor de guarda pó é o Farol de Alexandria que ilumina o PiG (*).

Jamais na História da dita Civilização Ocidental um ex-marxista recebeu tanto espaço na imprensa conservadora e golpista (*).

Ele bem que poderia usar tantos púlpitos para reabrir a discussão sobree seu candidato da juventude, Rubens Paiva.

E aliar- se à corajosa viúva Eunice Paiva para esclarecer a morte do marido.

E fazer Justiça.

Ou FHC poderia ajudar a descobrir onde está Paiva,  a acreditar-se na primeira página de O Globo, reproduzida no livro: “Terror liberta subversivo de um carro dos federais”.

Ou será que FHC vai mandar esquecer os discursos que rascunhou para Rubens Paiva ?


Paulo Henrique Amorim

Nenhum comentário:

Postar um comentário