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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 19, 2011

Ideia de Tucano: Área “Vip” em hospitais Públicos para quem pagar


Governador Geraldo Alckmin A partir de agosto, Organizações Sociais (OS) que administram hospitais públicos paulistas deverão ser ressarcidas pelo atendimento realizado com pacientes conveniados a planos de saúde. Um decreto do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) – que instituiu, nesta semana, a polêmica lei aprovada pela Assembléia Legislativa, no final de 2010 – permite que até 25% dos leitos dessas instituições sejam utilizados por estes pacientes.

Com a norma, especialistas acreditam que o governo tucano esteja estabelecendo uma “dupla porta” nos hospitais da rede pública, com uma espécie de “cota” que beneficiaria justamente uma fatia já privilegiada da população. Dizem também que, com a negociação direta entre OSs e convênios, o sistema público não teria nenhum tipo de ressarcimento e as organizações privadas, aparentemente sem fins lucrativos, teriam ganhos indefinidos.
Em declaração ao site Vi o Mundo, o presidente do SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde), Benedito Augusto de Oliveira, chegou a classificar a mudança como “criminosa”. Não há como regulamentar essa separação de leitos ou dizer a uma pessoa doente que ela ficou além da cota prevista pelo projeto. Isso é um crime. A proposta de privatização dos leitos antes que Alckmin assuma o governo demonstra o interesse econômico e político do projeto”, afirmou.
As OSs são entidades contratadas pela Secretaria de Saúde para gerenciar unidades de saúde com o intuito de tornar a administração mais ágil, sobretudo para a contratação de pessoal.
Segundo Paulo Eduardo Elias, professor da Faculdade de Medicina da USP e especialista em gestão de saúde, o sistema, como é hoje, permite que apenas 20% desses atendimentos sejam ressarcidos pelas empresas. O restante era contestado pelos planos, que alegavam, na maior parte dos casos, que os atendimentos desrespeitavam os trâmites burocráticos do próprio convênio.
Agora, os planos pagarão diretamente ao administrador do hospital por serviço prestado – e a Secretaria de Saúde deixa de bancar esses leitos. Segundo Elias, o lucro das Organizações deve aumentar. O especialista explica que os valores da tabela para pagamento de prestação de serviços dos convênios são maiores das do setor público, de maneira que será necessária uma fiscalização intensa para que organizações não deem preferência ao atendimento a pacientes conveniados.
“Não dá para você fazer a regulação desse processo: é quase impossível”, diz. Segundo o professor, no Hospital das Clínicas, os 3% de atendimentos por convênio correspondem a 21% da arrecadação da unidade.
Segundo dados da Secretaria de Saúde veiculados pelo jornal Folha de S. Paulo, 1 em cada 5 pacientes dos hospitais paulistas tem algum tipo de convênio médico. A situação é alarmante sobretudo em relação às unidades ultra-especializadas. Segundo o jornal, no Instituto do Câncer do Estado Octavio Frias de Oliveira, 18% dos pacientes possuem planos que não pagam pelo atendimento aos seus clientes.
Por: Carta Capital
*Ocarcará 

A covardia não vai vencer os meninos palestinos

A organização  de direitos humanos israelense B’Tselem  acusou hoje o governo de Israel de, além de prender, levar a julgamento crianças palestinas acusadas de jogar pedras em nas tropas israelenses nos territórios árabes ocupados.
Segundo a BBC, o grupo apresentou hoje um relatório que indica  que cerca de 93% dos menores palestinos presos na Cisjordânia foram julgados em tribunais militares e condenados a penas de até 20 meses.
Embora  os tribunais  de Israel proíbam a detenção de qualquer criança menor de 14 anos, os pesquisadores do B’TSelem entrevistaram 50 menores palestinos e 30 deles relataram ter sido retirados de suas casas no meio da noite e que seus pais não puderam acompanhá-los. Mais de 20 disseram que não puderam dormir, ir ao banheiro ou comer enquanto esperavam pelo interrogatório.
Segundo o correspondente da BBC na Cisjordânia Jon Donnison, o Exército israelense disse em um comunicado que atirar pedras é uma “transgressão criminal séria” e que muitas crianças estavam sendo exploradas pelo que foram chamados de “grupos terroristas”.
Jogar pedras em tropas e blindados de Israel é algo que as crianças palestinas estão fazendo desde 1987, quando começou a intifada, ou revolta das pedras. E vão continuar fazendo, enquanto não lhes devolverem sua terra e seu país.
E viva estas crianças valentes, como também os jovens que, a exemplo da moça deste vídeo que postamos aqui, ano passado, colocam suas vidas, literalmente, a serviço de seu povo e de seu país.
*Tijolaço

BBC: os principais magnatas da mídia no mundo

 


O escândalo provocado pela revelação de que o tabloide News of The World, pertencente ao bilionário australiano Rupert Murdoch,(foto), teria grampeado celulares de milhares de pessoas aumentou a preocupação sobre o nível de controle exercido por uma só empresa na mídia britânica.
No entanto, em todo o mundo, empresas de mídia – seja veículos impressos ou de telecomunicações – são dominadas por magnatas que ostentam grandes fortunas e exercem influência considerável.
Brasil
O mercado de mídia no Brasil é dominado por um punhado de magnatas e famílias.
Na indústria televisiva, três deles têm maior peso: a família Marinho (dona da Rede Globo, que tem 38,7% do mercado), o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo (maior acionista da Rede Record, que detém 16,2% do mercado) e Silvio Santos (dono do SBT, 13,4% do mercado).
A família Marinho também é proprietária de emissoras de rádio, jornais e revistas – campo em que concorre com Roberto Civita, que controla o Grupo Abril (ambos detêm cerca de 60% do mercado editorial).
Famílias também controlam os principais jornais brasileiros – como os Frias, donos da Folha de S.Paulo, e os Mesquita, de O Estado de S. Paulo (ambos entre os cinco maiores jornais do país). No Rio Grande do Sul, a família Sirotsky é dona do grupo RBS, que controla o jornal Zero Hora, além de TVs, rádios e outros diários regionais.
Famílias ligadas a políticos tradicionais estão no comando de grupos de mídia em diferentes regiões, como os Magalhães, na Bahia, os Sarney, no Maranhão, e os Collor de Mello, em Alagoas.
América Latina
No México, o grupo Televisa tem três canais de TV nacionais, duas operadoras de TV a cabo e um ramo editorial, além de ser dono de três clubes de futebol. O grupo ainda tem 5% das ações da Univisión, o maior canal hispânico dos Estados Unidos.
O diretor-executivo do grupo, Emilio Azcarraga Jean, é um dos mais influentes empresários do país.
Os programas da Televisa concentram 70% do mercado publicitário televisivo mexicano. O restante fica com a principal concorrente, a TV Azteca.
Na América Central, o mais importante magnata da mídia é o mexicano Ángel González, baseado em Miami e que controla 26 canais de TV e 82 estações de rádio em 12 países. Ele é acusado de usar as chamadas "empresas fantasmas" para contornar leis que restringem estrangeiros no comando dessas empresas, o que lhe rendeu o apelido de "Fantasma".
Na Colômbia, o segundo homem mais rico do país segundo a revista Forbes, Julio Mario Santo Domingo, tem participação nos negócios mais variados, de cervejarias a companhias aéreas. Ele se destaca, no entanto, por ser o dono da TV Caracol (com 58% da audiência e 52% do mercado publicitário, em dados de 2004) e do segundo jornal do país, o El Espectador.
O principal concorrente é o Casa Editorial El Tiempo, dono do maior jornal do país, o El Tiempo, além de várias revistas e de um canal de TV a cabo. A empresa é controlada pelo grupo espanhol Prisa.
*comtextolivre 

Alemanha: Mais um pedófilo descoberto na Igreja Católica

E o arcebispo Heinz-Günter Bongartz diz que a poçilga chamada Igreja Católica levará anos e décadas para reconquistar a confiança do povo.
O padre católico diz ter abusado sexualmente de pelo menos três meninos de Salzgitter por anos. Quando os ataques começaram, as crianças tinham cerca de 10 anos de idade. Em um dos casos o aluno foi molestado de 2004 até pelo menos 2006.
Nas duas outras vítimas o abuso começou em 2007, durou até junho.
O nome do pedófilo é Andreas L. Por enquanto não aparecerá o sobrenome.
O arcebispo Bongartz da diocese de Andrew L., que está em licença de seu cargo desde ontem, disse: "Nós condenamos e lamentamos profundamente tais atos, e eu sinto uma grande tristeza e uma grande dor quando penso das vítimas."
E vocês podem estar certos que a poçilga da Igreja Católica tudo fará para manter o caso sob panos sujos.
Leia mais aqui.
*comtextolivre

segunda-feira, julho 18, 2011

NY Times expõe gaiola de ouro da FIFA. A FIFA vai mandar na Copa de 2014 ?

Diria o Galvão depois de perder 4 pênaltis: a coisa já esteve melhor para eles
Saiu no New York Times:

Soccer: The Golden Cocoon of FIFA’s Ruling Body


By DOREEN CARVAJAL

The 24-member Executive Committee of FIFA, an elite club with myriad perks and bonuses, is coming under scrutiny amid corruption allegations, but few believe its internal ethics probe will lead to change.

(…)

O 24 membros do Comitê Executivo da FIFA formam um clube de elite com inúmeras maracutaias e bônus. Eles passaram a ser investigados depois de alegações de corrupção. Mas, pouco acreditam que a investigação feita por um comitê de ética da própria FIFA provoque alguma mudança
NavalhaLogo, segundo o New York Times, a Copa do Mundo de 2014, com a seleção do Galvão e dos jeniais batedores de penalty, se realizará de acordo com o figurino dessa turma.

Ou seja, dos amigos do Ricardo Teixeira.

O Ricardo Teixeira pode não saber bater pênalty.

Mas, do resto ele entende.

Clique aqui para votar em trepidante enquete inspirada pelo Mino Carta: por que o Ministro dos Esportes trata o Ricardo Teixeira a pão de ló ?

E aqui para ler a entrevista de Juca Kfouri na Carta: o Brasil tinha que entrar na Justiça da Suíça para saber se o Teixeira recebeu ou devolveu a propina.


Paulo Henrique Amorim

SBT corta depoimentos reais em "Amor & Revolução"

Uma novela que pretendia retratar os fatos reais do golpe militar virou uma história suja e nojenta capitulada pelos seus diretores, acovardados pelo dono da emissora SBT, Silvio Santos.
Um dos maiores chamarizes de "Amor & Revolução" (SBT), os depoimentos reais de pessoas que viveram de perto os anos de ditadura militar no Brasil, foi cortado da novela, sem maiores explicações.
O SBT não está exibindo mais os depoimentos que iam ao ar no final de cada capítulo da trama.
Procurado, o autor da novela, Tiago Santiago, diz não saber o motivo do corte. Os depoimentos inéditos gravados serão jogados fora.
Já o SBT diz que resolveu tirar os depoimentos porque não conseguia nenhum militar ou ex-militar para falar sobre o assunto. A rede vinha exibindo desde então apenas depoimentos de pessoas da oposição na época, o que, na opinião da direção da emissora, não é correto nem justo. Para não ficar só com um lado da história, o canal resolveu abolir os depoimentos.
Vale lembrar que na época da estreia de "Amor & Revolução", em abril, o SBT anunciou que faria de tudo para ter um depoimento da presidente Dilma Rousseff (PT) entre os que iriam ao ar. Militante política na época, Dilma chegou ser presa, mas não gravou nada para a novela.
A história dessa novela
Desde o início e a preparação dessa novela, o autor Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury, convidaram alguns dos nossos companheiros para um workshop, para um bate-papo. Um dos nossos companheiros convidados, saiu com dúvidas sobre a firmeza do diretor e autor.
O companheiro Alípio Freire se recusou a dar depoimento e Izaías Almada em artigo contundente já denunciava.
Ainda ficava uma outra questão: se seguissem a regra, o escrito, condizendo a história real poderia ser uma contribuição efetiva para aquela fase dramática do Brasil.
Assim foram convidando os resistentes e sobreviventes, em todo o Brasil, da luta contra a ditadura para prestar depoimentos da época vivida.
Centenas de companheiros, foram até o SBT narrar a luta vivida.
Eu mesmo estive lá nos estúdios , sem ônus, para falar da nossa luta. Foi,ainda, dado o compromisso que nos dariam uma cópia como garantia da nossa fala e que não distorceriam o depoimento.
Desde o início houve reação por parte dos militares compromissados com a ditadura, chegando a ir à juízo. O que não resultou em nada.
Depois as pressões e os boatos sobre as questões financeiras em que Silvio Santos estava envolvido.
O fato é que os primeiros , quase dez capítulos, aproximou-se do real. Os depoimentos, nem todos foram respeitados a fala na íntegra. Os cortes distorciam. Até ai se justificava as falhas da direção por desconhecer ou ingenuidade.
À partir dai outras pressões na emissora SBT e o "pito" do SS aos diretores e autor, começou a dar uma nova configuração a novela.
Se nem dramaturgia de nível existia, a história passou a ser distorcida e os fatos chegaram às ráias da sujeira mais baixa e o nojo do enredo.
O golpe se limitou e, continua, até agora, a casa do general Lobo e seus problemas familiares.
O jornal que é um arremedo do Correio Brasiliense - da época - e sua proprietária passou a ser um antro de lesbianismo com a jornalista-advogada.
Sabendo da história desse jornal e o comportamento da sua proprietária. O apresentado difama uma mulher que depois do golpe passou a ter uma atitude política irrepreensível. Teve que sair do Brasil obrigada pelos militares. Veja há anos passado em novela da Globo esse fato.
Os padres progressistas e combatentes, na novela são retratado como perturbados sexuais.
A juventude da luta armada, na época, pessoas séria e compromissadas com a luta, na novela são praticantes de orgias sexuais. Veja a festa de aniversário nos últimos capítulos.
A primeira guerrilha no Brasil, a da Serra do Caparaó, no último capítulo, passa como se fosse um pic-nic, com cachoeiras, e sexo implícito.
A mulher de um guerrilheiro-comandante praticando traição amorosa com um garoto.
Enfim, poderia me alongar nessas observações.
O fato é que a partir do segundo "pito" do SS ao diretor e autor, a novela passou a ser uma mentira desmerecendo e denegrindo a memória dos que lutaram contra a ditadura. Tudo virou um grande e nojento espetáculo de sexo lesbiânico, gay e de traição.
Ao final, decidiram "jogar fora" os depoimentos de centenas de companheiros, a única coisa que dava credibilidade a novela.
Foi a capitulação covarde do autor Santiago e do diretor Boury às ordens do suspeito de corrupção Silvio Santos.
Esse é o lixo da história, uma novela chamada "Amor e Revolução".
Vanderley Caixe - dirigente das Forças Armadas de Libertação Nacional. Um dos depoentes.
*comtextolivre

Dia Internacional Nelson Mandela

93 anos
“Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos."




Hoje é aniversário de Nelson Mandela, que completa 93 anos. Ia escrever do líder sul-africano Nelson Mandela, mas acho que chamar Mandela de líder virou pleonasmo e que ele passou a ser mais que um cidadão de um país, tornou-se uma referência para o mundo.
Pois para lembrar da data, em lugar de escrever mais sobre alguém cuja grandeza não cabe em texto algum, a gente achou um vídeo engraçado e revelador. Em 1998, já com 80 anos, Mandela dá uma simpática “bronca” em Fidel Castro, então com 72 anos, cobrando uma viagem do cubano a seu país. Fidel, que costuma ser um personagem que domina qualquer ambiente, gagueja diante daquela figura que nem o deixa falar. O que, com Fidel, reconheçamos, é uma proeza. E ouve, completamente sem jeito, a “bronca” cheia de agradecimentos ao apoio de Cuba à reconstrução da África negra.
Um momento gentil de um gigante fazendo outro gigante se encolher. E que torna os dois maiores ainda.

*Tijolaço

Veterano de la CIA afirma que Israel atacará a Irán en el otoño

Robert Baer
Robert Baer
MJ Rosenberg
Tomado de Al Jazeera. Traducción de Cubadebate
Un oficial veterano de la CIA que se ha pasado 21 años en el Medio Oriente predijo que Israel bombardeará a la Irán en este otoño, y será inevitable que el Ejército de los EEUU se involucre en otra guerra mayor en la zona y más allá de esa región.
Esta semana Robert Baer fue entrevistado en el programa de radio de Los Angeles, la estación KPFK, en el programa Background Briefing que conduce el periodista Ian Masters. Baer predijo allí que el Primer Ministro de Israel Benjamin Netanyahu incendiará una guerra contra Irán en el próximo futuro.
Robert Baer tiene una carrera legendaria, incluso en Iraq en los 90, donde organizó la oposición a Saddam Hussein. Fue retirado después de ser acusado de organizar el asesinato de Saddam, y al jubilarse recibió una alta condecoración por sus “meritorios” servicios.
Baer no es cualquier funcionario de la CIA. El actor George Clooney se gano un Premio Oscar por el papel inspirado en la historia de Baer, Syriana (Baer escribió el libro).
Obviamente, el agente de la CIA no menciona muchas de sus fuentes en Estados Unidos e Israel, pero las pocas que mencionan son funcionarios de la Seguridad del Estados, que han advertido que Netanyahu y el Ministro de Defensa, Ehud Barak, quieren guerra.
LA MAYORÍA DE LOS JEFES DE LA MOSAD ESTÁN PREOCUPADOS
Baer está preocupado especialmente por la advertencia sin precedentes del Jefe de la Mosad, Meir Dagan, acerca de los planes de Netanyahu. Dagan dejó la agencia de Inteligencia en septiembre de 2010. Hace dos meses predijo que Israel predijo que Israel atacaría, y que hacerlo era la cosa más estúpida que él se podría imaginar. De acuerdo con la agencia Haaretz:
Cuando le preguntaron qué pasaría después de un ataque de Israel, dijo que “seguirá una guerra con Irán. Es el tipo de cosas que sabemos cómo empieza pero no cómo termina.”
De acuerdo con Ben Caspit, del diario israelí Maariv, las declaraciones de Dagan sobre el liderazgo político israelí son significativos, no solo porque los jefes de la Mosad tradicionalmente se han mantenido callados, sino porque Dagan es muy conservador en asuntos de seguridad.
Caspit escribe que Dagan es una de las personas más militante de derechas que el suelo israelí ha visto nacer. Cuando este hombre dice que el liderazgo de Israel no tiene visión y es irresponsable es el momento de dejar de dormir tranquilo por la noche.
Dagan describe al gobierno israelí como “peligroso e irresponsable”, y dice que denunciar a Netanyahu es “su deber patriótico”.
El rechazo a Netanyahu no es raro dentro del establishment israelí. De acuerdo con Think Progress, que cita al periódico Forward, 12 de los 18 ex jefes de las dos agencias de seguridad israelí -Mosad y Shin Bet-, se oponen a Netanyahu y lo han declarado. De los otros seis, dos son ministros del gobierno de Netanyahu, y eso nos deja solo cuatro independientes que apoyan al Primer Ministro.
Mientras el Congreso de EEUU le da a Netanyahu 29 ovaciones de pie, los israelíes que saben más de Netanyahu y de la situación estratégica de Israel piensan que el Primer Ministro es un desastre peligroso.
Baer asegura que esto no es nada todavía. Tiene “casi la certeza” de que Netanyahu está “planeando un ataque contra Irán probablemente para septiembre antes del voto sobre el Estado Palestino. Quiere involucrar también a Estados Unidos en el conflicto”, explicó Baer.
La Fuerza Aérea israelí, añade Baer, atacaría a “Natanz y otras centrales nucleares para disminuir sus capacidades. Los iraníes responderían como puedan: Basra, Bagdad y hasta Afganistán, entonces Estados Unidos se involucraría en el conflicto con ataques contra blancos iraníes. Nuestras fuerzas especiales ya están estudiando blancos iraníes en Iraq y al otro lado de la frontera. Lo que enfrentamos es una escalada, no una guerra planificada. Es un escenario de pesadilla. No tenemos suficientes tropas en el Medio Oriente para enfrentar una guerra como esa.”
Baer concluye: “Creo que estamos mirando hacia un abismo.”
ARRASTRARÁN A EEUU A OTRA GUERRA
Background Briefing, le preguntó a Baer por qué el Ejército de EEUU no se ha movilizado para evitar esta guerra. Baer respondió que los militares se oponen y también el ex Secretario de Defensa Robert Gates, que utilizó su influencia para bloquear un ataque israelí durante las administraciones Bush y Obama. Pero Gates ya no está, y “hay una orden de advertencia dentro del Pentágono de prepararse para la guerra”.
El Presidente Obama tiene una elección el año que viene e Israel estará fuera de control. “¿Qué pasará cuando él vea que 100 aviones F-16 se acercan a Iraq y Netanyahu llama a la Casa Blanca para decir que está lanzando un ataque contra Irán? ¿Qué puede hacer el Presidente de los EEUU? Tiene escasa influencia sobre Bibi Netanyahu. No podemos controlarlo y él lo sabe.”
Si Israel bombardeara a Irán mañana el Congreso olvidaría sus diferencias partidarias y saldrían corriendo, no caminando, hacia la Cámara y el Senado para apoyar el ataque y pedir apoyo incondicional para el amado socio Israel. Eso es lo que el Congreso hace siempre y siempre hará mientras sean el lobby y los donantes que este dirige quienes jueguen el papel clave en la política del Medio Oriente.
¿Y quién sabe qué haría Obama? Hasta ahora no se ha distinguido por enfrentarse a Netanyahu. Pero un ataque israelí contra Irán sería diferente. Peligrarían las vidas de incontable cantidad de norteamericanos en la región y en Estados Unidos. Sepultaría cualquier posibilidad de recuperación económica, causando que suban precipitadamente los precios del petróleo, nos metería en otra nueva guerra en el Medio Oriente y amenazaría la existencia del Estado de Israel.
Este artículo lo escribió MJ Rosenberg, experto del Media Matters Action Network. El artículo fue publicado originalmente el 15 de julio de 2011 en Foreign Policy Matters.

O sem-carro

Sinistro foi o dia em que Diesel concebeu o seu funesto engenho
por Vanessa Barbara
pesar da tolerância padrão de duas horas, as reuniões da Sociedade Paulistana dos Sem-Carro (SOPASECA) sempre começam atrasadas. A chegada dos associados e o estabelecimento de quórum dependem de fatores meteorológicos, geográficos, sísmicos, sindicais (greve dos metroviários, operação tartaruga da Viação Sambaíba) e subjetivos. Ainda que os encontros sejam marcados na vizinhança de estações de metrô, os membros geralmente precisam tomar duas conduções, seguidas de um trem (com baldeação), uma van clandestina, uma carona na rabeira de um caminhão e um trecho de paralelepípedo vencido a pé, totalizando um percurso que leva, em média, uma hora e quarenta minutos. Sem chuva.
Os sem-carro podem sê-lo por opção ou circunstância. No primeiro caso, minoritário, alinham-se autofóbicos e descoordenados. No segundo, pobres e novos-pobres. Em ambos, trata-se de uma condição penosa, que implica desafiar a normalidade social e as prerrogativas vigentes de sucesso, como quem tem seis dedos na mão direita ou torce para a Portuguesa – há quem padeça de ambas as condições, e ainda assim tem um possante na garagem.
Os sem-carro ostentam um senso de equilíbrio aguçado e nunca estão fora de forma. Não só conseguem se manter de pé como caminham galhardamente pelo estreito corredor de um Jardim Pery Alto–Santa Cecília com vistas a cumprimentar os presentes, tudo isso com uma sacola de travesseiros na mão esquerda, uma samambaia na outra, um triciclo debaixo do braço e um caso crônico de labirintite.
De índole liberal, não se deixam abalar pelo contato físico com os demais passageiros e não se envergonham de cair no colo de desconhecidos nas curvas mais fechadas. Nem fazem caso de, por conta de uma freada brusca, quicar vigorosamente pelos balaústres, bater a barriga na catraca ou colidir com o passageiro à frente, que tem feridas e uma verruga gorda que solta pus.
 
s sem-carro sabem de cor o poema de W. H. Auden que diz: “Odioso foi o dia em que Diesel concebeu seu motor maléfico.” Eles odeiam os motorizados. É por culpa dessas criaturas torpes que somos obrigados a gastar quarenta minutos para percorrer três quadras da avenida Paulista, constipada de trânsito e de filas quádruplas de carros ocupados por uma única e peçonhenta alma, que ainda por cima canta em voz alta e aproveita o sinal fechado para cutucar o nariz. Da estação Brigadeiro até a avenida Angélica, na hora do lufa-lufa um peregrino a pé, com seu cajado, vence o percurso na mesma velocidade do ônibus, e ainda toma um café, troca ideias com um Hare Krishna e fortalece a panturrilha.
Só não se pode garantir que ele chegará a salvo no destino, pois, como todo motorista sabe, pedestre não é gente: é alvo. Em grande parte dos cruzamentos não há semáforos com bonequinhos verdes à espreita, a via tem três mãos de tráfego e só falta caírem carros do céu, bem em cima do desprotegido passante. Nessas horas, o sem-carro deve se valer do senso acurado de timing que possui desde a infância, e que vem a ser a mesma habilidade que nós, meninas, temos de entrar e sair de uma corda dupla em movimento, na época da pré-escola, sem tropeçar ou levar uma chicotada. Atravessar a rua sem farol é como pular corda pela própria vida, devendo o pedestre ter noções de física, velocidade angular, direção do vento e intensidade mínima do pique. Também é recomendável vestir roupas chamativas e ter boa capacidade pulmonar, sob pena de tombar exausto, em plena via, e terminar como um ex-pedestre.
Os sem-carro são acrobatas das ladeiras, equilibristas do coletivo, intrépidos beduínos a quem dá mais trabalho chegar ao trabalho do que trabalhar. Ainda assim, são pacientes, pois sabem como ocupar a mente no interior de um sacolejante Santana–Jabaquara. Filósofos por falta de opção, têm revelações profundas sobre a existência humana sempre que o ônibus quebra, o motorista erra o caminho ou a composição estanca, por conta do que se costumou chamar de “objeto na via” – um guarda-chuva ou um suicida nos trilhos.
“Nada como um bonde lento para meditar sobre o significado de todas as coisas”, afirmou Luis Fernando Verissimo, numa crônica sobre Porto Alegre. “O bonde Petrópolis subia a Protásio Alves como um velho subindo a escada, devagar e se queixando da vida. Sempre achei que se a linha do meu bairro fosse um pouco mais longa eu teria decifrado o Universo.” E acrescentou: “Se hoje tenho um pouco de equilíbrio emocional, bons reflexos e o mínimo de caráter para não dar na vista, devo tudo ao Petrópolis até o fim da linha ou J. Abbott.”
Além de se revelarem pensadores compulsórios e promissores, os sem-carro também aprendem a dormir impassíveis, sem cabecear ou apoiar-se no ombro de um desconhecido ao lado. Para um bom membro da SOPASECA, a habilidade mais invejada é a de cochilar em pé, feito um sábio hindu em estado de graça. Os sem-carro acordam antes de o sol nascer, moram longe e vão a pé. Têm sono o tempo inteiro e, no Mandaqui, já foram pegos dormindo enquanto caminhavam, numa espécie de sonambulismo ao contrário.
 
gente chamava isso de ‘piscina’”, explicou Millôr Fernandes. O humorista morou quinze anos no subúrbio do Méier, no Rio, e ia trabalhar e estudar de bonde. “Quando você mora muito longe é assim, você chega em casa meia-noite, uma hora, duas, bate com a mão na parede e volta. Já está na hora de trabalhar de novo.”
Os sem-carro agradecem diariamente ao Altíssimo pela ausência de escoriações graves e por permanecerem razoavelmente vivos. Eles são atropelados na calçada, na faixa de pedestres, no corredor de ônibus, nos estacionamentos e postos de gasolina por veículos que dão preferência a si mesmos, buzinando alegremente para apressar os velhinhos tísicos que estão no caminho. Os sem-carro incomodam desde Fuscas a caminhões, passando por vans, táxis, motos e os que querem estacionar no meio-fio, bem onde um cego está esperando para atravessar.
No que tange à orientação espacial urbana, os membros da SOPASECA só sabem fazer o “caminho do ônibus”, e por isso se quedam extremamente confusos quanto às rotas mais simples e a menor distância entre dois pontos – sobretudo quando o metrô entra na terra e eles se põem automaticamente a dormir, como em estado de animação suspensa.
Quem não é do time vai às festas usando vestidos de crepe e sandálias de salto agulha, enquanto os sem-carro vão de galochas, metidos num impermeável cor de laranja e com uma mochila nas costas cheia de lanches, livros, mapas, canetas, uma muda de roupa, esmalte, tesourinha de unha e equipamentos para enfrentar cataclismos climáticos. Quando perdem o Bilhete Único, cedem ao desespero.
Os sem-carro chegam à balada com os pés encharcados, ainda que tenham tido o cuidado de meter um saco de supermercado por dentro do tênis, e tentam ignorar os olhares de incredulidade dos demais. Enfrentam frio, vento e fuligem. Quando enfim alcançam o destino, já é hora de voltar – o último ônibus sai à meia-noite e meia, o metrô só abre às quatro, meus pés estão gelados e amanhã a Portuguesa vai jogar. Sabe como é.
*revistapiaui