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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 03, 2012

Grosseria ou malandragem?

 

Valcke: "pé na bunda" do Brasil e beijoca no rosto de Ricardo Teixeira?
Sobre a inominável grosseria do cidadão Jerome Valcke, que tem o direito de criticar o que quiser na organização da Copa mas não tem o direito de dizer que “o Brasil merece levar um pé na bunda”, o que levou o Governo Brasileiro a tomar a atitude de não mais recebê-lo como interlocutor da Fifa, é importante que se leia o que escreve Juca Kfouri, que entende como poucos de cartolagem, Ricardo Teixeira e o jogo sujo que corre por ali.

Atenção: podem estar querendo melar a Copa no Brasil

É sabido que a Fifa adoraria poder levar a Copa de 14 para a Inglaterra e parar de apanhar dos ingleses.
É sabido que Jérôme Valcke é parceiro de Ricardo Teixeira, a ponto de passarem férias juntos.
E que o secretário-geral da Fifa é pau para qualquer obra, até para ser condenado como foi pela Justiça da Suíça por litigância de má-fé, como foi no “caso Mastecard”.
A Fifa não dá ponto sem nó e não cometeria a indelicadeza que cometeu ao dizer que o Brasil precisa levar um pé na bunda para se mexer, por mais que saibamos que as coisas, de fato, estejam atrasadas por aqui.
Alguma coisa mais grave tem por trás de tal atropelo a um mínimo de diplomacia.
E não restou outra atitude ao governo brasileiro que não a reação do ministro Aldo Rebelo, exigindo a troca do interlocutor.
Pode ser o começo do fim da Copa no Brasil, nessas alturas com prejuízos incalculáveis diante de tudo que já está, mesmo que atrasado, em andamento.
Teixeira certamente se diverte com isso tudo e, quem sabe, se apresente como salvador, como algodão entre cristais, para evitar a catástrofe.

Seja como for, esta não é uma guerra de luvas de pelica, mas de gangsters (os cartolas da Fifa, evidentemente) mesmo.
Meu comentário: Não é improvável que as manobras sejam estas que Juca Kfouri descreve, mas a Fifa não está em condições de fazer o que bem quiser. A entidade, todos sabem, está abalada por escândalos e escândalos e, no mundo, não é como aqui que a Globo “absolve” a CBF nas instâncias cíveis e criminais. A reação do Governo brasileiro foi o mínimo que poderia fazer, e está-se agindo com a maior diplomacia, ao contrário do cavalo de cartola que responde pela secretaria da Fifa. Terrível é que a imprensa brasileira, que torce pelo fracasso da Copa, não tenha nem mesmo a dignidade – com raras exceções, como a que se transcreveu – de reagir a uma afronta grosseira como a que se fez.
*Tijolaço

Deleite Maysa

Chuvas de Verão

Podemos ser amigos simplesmente
Coisas do amor nunca mais
Amores do passado, do presente
Repetem velhos temas tão banais
Ressentimentos passam como o vento
São coisas de momento
São chuvas de verão
Trazer uma aflição dentro do peito
É dar vida a um defeito
Que se cura com a razão
Estranha no meu peito
Estranha na minha alma
Agora eu tenho calma
Não te desejo mais
Podemos ser amigos simplesmente
Amigos, simplesmente, nada mais
Amigos, simplesmente, nada mais
Amigos, simplesmente, nada mais

A crise nuclear no Japão acelera-se há um ano do terremoto

Há um ano do devastador terremoto seguido por um tsunami de 11 de março, o Japão enfrenta a pior crise nuclear de sua história, sem medidas efetivas para conseguir eliminar a inquietude de seus habitantes.
O Governo do atual premiê Nishirio Noda instrumenta uma medida após a outra para tentar paliar os erros e a falta de previsão que, inclusive, obrigou seu antecessor a renunciar, Naoto Kan.
Organizações ambientalistas, grupos políticos e especialistas sobre o tema sustentam que nenhum projeto para reacomodar os mais de 80 mil evacuados dos arredores da danificada central nuclear de Fukushima pode ser aplicado.
Os fatores na contramão a esse respeito incluem um aumento constante da temperatura dos danificados reatores da planta, a comprovação de contaminação radioativa nas áreas vizinhas e a falta de um adequado projeto nacional sobre a indústria nuclear.
Oficialmente reconheceu-se a insuficiente preparação para enfrentar uma catástrofe de tal magnitude e a carência de relatórios confiáveis a respeito da segurança das 54 centrais nucleares japonesas.
Neste momento, somente duas dessas instalações funcionam e aprovou-se limitar a vida útil de cada planta até 40 anos, com a crescente oposição de grupos sociais e especialistas como os da Universidade Meiji, de Tóquio.
Muitos duvidam de que o primeiro centro para a desnuclearização na região de Fukushima possa ser efetivo, já que os especialistas estimam que tal tarefa pode durar não menos de 20 anos.
De igual maneira, é questionado um novo plano de alerta de tsunamis da Agência Meteorológica Nacional, ineficiente nas etapas e preparação para o que ocorreu imediatamente após o terremoto de nove graus na escala Richter.
Até a data, as complicações técnicas, econômicas e sociais causadas pelo pior desastre na história do Japão superam na prática o terceiro orçamento de 115 bilhões de euros (mais de 120 bilhões de dólares), para a reconstrução.
Tóquio, 2 mar (Prensa Latina) [Modificado el ( viernes, 02 de marzo de 2012 )]
Fonte:
*opovonalutafazahistoria

Rússia saúda reinício de cooperação entre Irã e OIEA

A Rússia saudou hoje a retomada da cooperação entre o Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) e o Irã e expressou esperanças no sucesso desse mecanismo de diálogo sobre o programa nuclear de Teerã.
O porta-voz oficial da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, ressaltou aqui que assim o demonstram duas visitas realizadas em menos de três meses pelos inspetores dessa instituição à República Islâmica para esclarecer assuntos relacionados às pesquisas de caráter supostamente militar do programa nuclear iraniano.
Entre 29 e 31 de janeiro passado e no dia 21 de fevereiro, os especialistas do OIEA visitaram instalações do estado persa.
Ao concluir uma breve visita ao Irã, os inspetores declararam que as autoridades dessa nação lhes negaram o acesso à instalação militar de Parchin.
No entanto, o representante iraniano perante o citado organismo internacional com sede em Viena, Ali Soltanij, assegurou que na realidade a equipe de especialistas estrangeiros se negou a percorrer a mencionada instalação.
Politólogos tinham advertido em declarações ao canal Russia Today (RT) que nos últimos dias os inspetores se mostram mais interessados em obter informações sobre instalações do exército iraniano do que se preocuparam em deter a proliferação nuclear.
Os mesmos politólogos assinalaram ao RT que a mais recente missão seria apenas um puro trâmite para reforçar o expediente do Irã como suposto estado violador do regime de não proliferação, com intenções de desenvolver armas de destruição em massa.
Teerã em todo momento defende o caráter pacífico de seu programa atômico e recusa a criação de um pretexto artificial para justificar uma eventual ação bélica contra o país persa ou a aplicação de sanções unilaterais.
Moscou, 2 mar (Prensa Latina) [Modificado el ( viernes, 02 de marzo de 2012 )]
Fonte:

Uruguai e Argentina podem substituir dólar no comércio bilateral

 

GilsonSampaio
Só pra registrar, Iraque e Líbia foram agraciados com a "ajuda humanitária e democracia" pelo complexo terrorista EEUU-OTAN-nazi-sionistas , entre outros motivos, por pretenderem trocar o ‘dólar furado’ nas transações com o petróleo. Certo que a transação entre os dois países não envolvem petróleo, mas ... é bom botar as barbas de molho.
 do Burgos
Uruguai e Argentina podem substituir dólar no comércio bilateral
Os governos do Uruguai e da Argentina estão negociando substituir o dólar pelas moedas locais no comércio bilateral, para facilitar o intercâmbio entre os dois países.
A proposta foi apresentada por uma equipe de negociação uruguaia sobre temas comerciais que é liderada pelo vice-ministro de Economia, Luis Porto, e o embaixador em Buenos Aires, Guillermo Pomi, como informaram fontes oficiais ao jornal uruguaio La República.
A iniciativa despertou interesse por parte dos representantes argentinos e será analisada na próxima semana pelos presidentes dos bancos centrais da Argentina e do Uruguai, Mercedes Marcó del Pont e Mario Bergara, respectivamente.
A intenção do Uruguai é agilizar a importação de produtos e serviços uruguaios por parte de empresas da Argentina, que hoje podem enfrentar demora devido às restrições impostas dentro do país à compra de dólares.
Fonte: Ansa

O problema não é uma crise, é o sistema


Dax Toscano Segovia no ESQUERDA MARXISTA
Entrevista concedida ao Rebelión



 
 
A crise atual do sistema capitalista evidencia, mais uma vez, que Marx tinha razão. Sua obra, seu pensamento revolucionário estão hoje mais evidentes que nunca
 
O pensamento débil, pós-moderno, vanguardista, não pôde sequer compreender a situação em que o mundo vive atualmente, muito menos explicá-la, e, o que é pior, muito menos encontrar o caminho para a transformação revolucionária da sociedade.

Entrevista com Jorge Martin, da Corrente Marxista Internacional – CMI

Não pode ser de outra forma, porque, definitivamente, esses intelectuais de salões elegantes, representantes desse pensamento, tomados por uma vaidade que se avizinha à prepotência, os mesmos que exaltam o pós-moderno, o light, os que advogam pelo fim das ideologias e da luta de classes, somente estão interessados em seu prestígio como profissionais a serviço do poder dentro das instituições acadêmicas universitárias.

Conversamos com Jorge Martin, membro do Comitê de Redação da página web “In Defence of Marxism” (www.marxist.com/es), editor da revista política da Corrente Marxista Internacional, “América Socialista”, sobre a atualidade do pensamento de Marx em uma época em que não há outra saída além da luta pelo triunfo do socialismo.

P: Jorge, O Manifesto Comunista tem vigência atual para a análise da sociedade capitalista? Neste contexto, são válidas as categorias, usadas pelo marxismo, de classes sociais, mais-valia, trabalho assalariado, visto que atualmente se diz que estamos frente à economia do conhecimento, a uma economia desmaterializada, a uma economia que já não se baseia no trabalho produtivo?

R: Na realidade, O Manifesto Comunista é o documento mais atual para alguém que deseja entender o que está acontecendo atualmente possa ler. Embora tenha sido escrito há quase 165 anos, o Manifesto descreve de forma brilhante o mundo capitalista que vemos hoje, inclusive mais que a situação que existia em 1847. Se alguém se interessar em ler qualquer texto burguês daquela época, constatará que não tem mais que um interesse puramente histórico. O Manifesto, por sua vez, descreve em detalhes a dominação esmagadora do mercado mundial, as crises periódicas do sistema capitalista, o surgimento da classe trabalhadora, a concentração dos meios de produção, etc.

As categorias marxistas estão (se isso é cabível) mais vigentes atualmente que na época de Marx quando realmente o sistema capitalista mundial estava em sua infância. Aos que afirmam que a economia capitalista já não se baseia mais no trabalho produtivo, temos que lhes pedir que se detenham para pensar sobre quem lhes permite funcionar mesmo que seja um só dia de suas vidas. Quem produz e como se produz a cama onde dormem, os agasalhos que os abrigam, as paredes, janelas e teto que os protegem das intempéries? De onde sai a comida que os alimentam, a energia com que cozinham, o forno e os fogões onde a transformam em pratos deliciosos? Quem produz o automóvel ou o transporte coletivo que os levam ao seu local de trabalho e quem os conduz? Poderíamos prosseguir indefinidamente.


Quanto à “economia do conhecimento”, se do que estamos falando é do papel das tecnologias da informação e da comunicação, nada disso entra em contradição com a análise marxista do capitalismo. Marx e Engels explicam como “a burguesia não pode existir sem revolucionar incessantemente os instrumentos da produção”. As novas tecnologias se aplicam à produção para aumentar a produtividade do trabalho; o conhecimento pelo conhecimento não tem valor algum sob o capitalismo se não encontra uma aplicação na produção de mercadorias.

Se falarmos, por exemplo, do desenvolvimento de programas de software, isto é feito pelos trabalhadores que geralmente trabalham para grandes multinacionais e que recebem um salário em troca de sua força de trabalho. Embora trabalhem diante de uma tela de computador e com um teclado, em vez de apertar parafusos em uma cadeia de produção, são da mesma forma, trabalhadores assalariados, dos quais se extrai mais-valia. O produto final de seu trabalho talvez não possa ser tocado fisicamente, mas da mesma forma é uma mercadoria, na medida em que tem valor de uso e valor de troca e se vendem no mercado capitalista.

No contexto da aguda crise econômica enfrentada pelo sistema capitalista, já não são somente nós os marxistas os que reivindicamos a validade das análises de Marx, também os estrategistas mais inteligentes da burguesia se vêem obrigados, com um sorriso amarelo, a reconhecer sua validade.

P: É possível superar um sistema baseado em relações mercantis e no trabalho assalariado?

R: Não somente é possível, também é necessário. O capitalismo é um sistema que se encontra em crise. As forças produtivas que ele criou se rebelam contra os limites impostos pela propriedade privada dos meios de produção e pelo Estado nacional. A presente crise econômica provocou a destruição de 27 milhões de postos de trabalho, elevando o total de desempregados a 200 milhões. Duzentos milhões de homens, mulheres e, sobretudo jovens, condenados à inatividade, não porque não existam necessidades humanas a serem satisfeitas, mas porque os capitalistas (a minoria que é proprietária dos meios de produção) não encontram mercado para transformar mercadorias em lucros.

Sobre a base da planificação democrática da economia seria possível resolver de uma penada os problemas da fome, das enfermidades, da desnutrição, da falta de acesso à água potável, do desemprego e da pobreza extrema que hoje afetam centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. O único obstáculo é o capitalismo, que se baseia não em satisfazer as necessidades da maioria, mas no lucro privado de uma minoria. Para superar este obstáculo é necessário expropriar os meios de produção e o capital para colocá-los a serviço da população.

Esse seria o primeiro passo para uma sociedade baseada não na carência, mas na abundância. E, progressivamente, a eliminação do dinheiro e das relações mercantis, que, ao invés de serem instrumentos de dominação e exploração, se converteriam em mero mecanismo de controle administrativo, para, finalmente, desaparecerem completamente.

P: Em que consiste a teoria marxista da política? Como entender a partir do marxismo o que é a política? Qual é a diferença entre a política burguesa e a política revolucionária? É possível ser apolítico?

R: Do ponto de vista marxista, toda luta de classes é uma luta política. Logicamente, existe atualmente uma ampla rejeição à “política”, em geral por parte dos jovens e trabalhadores que entram na arena da luta pela justiça repugnados diante do ‘espetáculo’ dos políticos, tanto de direita quanto de “esquerda”, que praticam, fundamentalmente as mesmas políticas, todos envolvidos em escândalos de corrupção. Esta rejeição é sadia e saudável. Mas há que ir mais além. A política não é mais que a luta pelos interesses próprios e coletivos dos trabalhadores e dos oprimidos como classe em oposição aos interesses dos capitalistas como classe.

Do ponto de vista da classe dominante, a política se limita a oferecer aos trabalhadores a possibilidade de votar em períodos determinados por um partido ou outro, mas, em última instância, todas as decisões importantes são tomadas nos conselhos de administração dos grandes bancos e empresas. Essa é a política burguesa. Do ponto de vista dos trabalhadores, a política deveria ser a luta para avançar em direção aos interesses diários e concretos da classe oprimida, e a vinculação dessa luta com o objetivo geral da tomada do poder político para se por um fim ao regime capitalista de exploração.

A ideia da rejeição geral de toda política, na realidade, é muito útil à classe dominante, pois se nós trabalhadores e trabalhadoras não participamos politicamente, defendendo nossos próprios interesses, então deixamos a política nas mãos do inimigo. O que é necessário é nos organizarmos de tal forma que as organizações que a classe operária criou ao longo de décadas e que manteve com seu esforço militante, respondam realmente a seus interesses.

P: Pode-nos explicar o que é o reformismo? O reformismo enfrenta necessariamente as mudanças revolucionárias? O dilema continua sendo reforma ou revolução?

R: O reformismo é basicamente a ideia de que o sistema capitalista pode ser melhorado, com pequenos remendos e reformas, de forma gradual e por via parlamentar, até chegar a ser transformado por completo. Na realidade, este era o reformismo clássico do dirigente da socialdemocracia alemã Eduardo Bernstein, por exemplo.

O reformismo viveu sua época de ouro durante o boom do pós-guerra nos países capitalistas avançados. Nesses países foram realizadas reformas importantes que melhoraram as condições de vida da classe trabalhadora, o que passou a ser chamado de Estado do bem-estar social. Saúde e educação gratuitas para todos, moradias sociais baratas, seguro-desemprego generoso, pensões de jubilação dignas, licença maternidade, creches infantis públicas de qualidade, etc. Tudo isto foi possível, por um lado, devido à luta e à organização da classe trabalhadora e, por outro, devido ao longo período de crescimento econômico que o capitalismo experimentou durante quase três décadas.

Nessas condições, parecia normal, pelo menos nos países capitalistas avançados, pensar que um processo gradual de reformas iria limando as asperezas do capitalismo. Isso fortaleceu a dominação das ideias reformistas no movimento operário desses países. Contudo, as crises capitalistas de 1973 e 1979 puseram um fim a essa época.

O capitalismo já não podia mais se permitir conceder sequer algumas migalhas que sobrassem da mesa do patrão. Começou uma época de contrarreformas e ataques que foram destruindo grande parte das conquistas do passado. Inclusive quando os partidos socialdemocratas chegaram ao poder não aplicaram políticas reformistas. A atual crise do capitalismo evidencia, inclusive de forma mais aguda, a impossibilidade de se conseguir reformas significativas e duradouras nos marcos de um sistema senil.

Alguns descrevem este período como “neoliberal” ou argumentam que as políticas de austeridade estão motivadas por critérios ideológicos. Embora obviamente a classe dominante trate de estabelecer uma estrutura ideológica para suas políticas, a verdade é que a crise econômica não lhe permite conceder nenhuma reforma.

Como revolucionários não estamos contra as reformas; pelo contrário, participamos de forma séria e consequente na luta pela defesa ou pela conquista de qualquer reforma séria que melhore as condições de vida, de trabalho e os direitos democráticos da maioria. Em sua obra clássica “Reforma ou revolução”, a grande revolucionária alemã Rosa Luxemburgo explica isto com clareza em resposta aos reformistas dentro do movimento socialdemocrata:

“A luta cotidiana pelas reformas, pela melhoria da situação dos operários nos marcos da ordem social imperante e por instituições democráticas oferece à socialdemocracia o único meio de participar na luta da classe operária e de se empenhar no sentido de seu objetivo final: a conquista do poder político e a supressão do trabalho assalariado. Entre a reforma social e a revolução existe, para a socialdemocracia, um vínculo indissolúvel. A luta pelas reformas é o meio; a revolução social, o fim”.


O que distingue revolucionários de reformistas, portanto, não é a luta pelas reformas e sim que os reformistas pensam que é possível reformar o capitalismo, enquanto que os revolucionários estão convencidos que o mesmo deve ser abolido de forma revolucionária. Se as ideias reformistas foram sempre utópicas, no contexto da crise capitalista mais severa desde os anos 1930 o são ainda mais.

P: É possível mudar o mundo sem tomar o poder?

R: A ideia defendida por alguns intelectuais como Holloway, de que é possível mudar o mundo sem tomar o poder, embora possa parecer atraente e em certa medida uma reação ao estatismo estalinista do século XX, na realidade não tem pés nem cabeça.

A classe dominante é dominante em virtude de sua propriedade dos meios de produção, mas se dota de um Estado (“corpos de homens armados em defesa da propriedade privada”, como afirmou Engels), para defender essa dominação. O poder estatal é parte integrante da dominação capitalista. O poder econômico não pode ser separado do poder político.

A ideia de que alguém pode simplesmente “sair” do capitalismo, criar “espaços liberados” ou “autônomos” nos quais o capitalismo deixa de existir, e que, de alguma forma, esses espaços vão se espalhar até que o sistema não mais possa funcionar, é utópica e reflete ademais uma profunda incompreensão do caráter fundamental do sistema capitalista.

Além de ter muitos pontos em comum com o gradualismo reformista, é uma concepção profundamente idealista. Argumenta-se que, se convencermos a maioria, através do exemplo voluntário de uns tantos, de que se pode viver “fora do capitalismo”, então o restante nos seguirá. Contudo, as coisas não são tão simples. O capitalismo não é um modo de vida, mas um conjunto de relações sociais e de poder e é isso o que deve ser transformado para se por um fim ao mesmo.

As ideias de Holloway se baseiam em grande medida na experiência dos zapatistas no México. A luta dos camponeses pobres indígenas de Chiapas é, sem dúvida, heroica, e seu levantamento contou com simpatias muito amplas entre todos os oprimidos do México e muito mais além. Contudo, a estratégia zapatista ficou desacreditada na prática. Ao renunciar à luta pela tomada do poder no México, seu movimento ficou reduzido à luta por uma autonomia cultural limitada a uma parte do país. Os jovens das comunidades zapatistas continuam sendo obrigados a emigrar para encontrar sustento em outras zonas do país, nas regiões turísticas ou petrolíferas. A agricultura de subsistência não pode oferecer saída aos milhões de trabalhadores e pobres do México. Os dirigentes zapatistas, ao levar ao extremo a ideia de que todos os políticos são iguais, de que não podemos participar da farsa eleitoral burguesa, finalmente se isolaram de um dos movimentos mais importantes que já viram os oprimidos no México em muito tempo: a luta contra a fraude eleitoral a López Obrador em 2006.

A experiência das fábricas ocupadas na Argentina e em outros países, também demonstra na prática que é impossível construir ilhas de socialismo rodeadas de capitalismo, enclaves de uma nova sociedade dentro da velha sociedade. As fábricas necessitam de insumos, fontes de crédito, necessitam colocar seus produtos no mercado capitalista etc.

Recentemente, em um artigo sobre a Grécia, Holloway propunha como alternativa aos brutais planos de austeridade “a volta ao campo, às hortas urbanas, aos panelões populares”. Vemos, aqui, realmente, a estreiteza de visão desta teoria. Uma coisa é que muitos gregos, sem emprego, sem renda, sem casa, se vejam obrigados a voltar ao campo ou a plantar algumas hortaliças para subsistir. Mas, realmente, pode-se propor isso como alternativa ao capitalismo? A saída para a Grécia é a unidade da luta operária para derrubar o governo, a nacionalização do setor bancário e das grandes empresas sob o controle operário, para tomar o controle da economia e poder planificá-la democraticamente no interesse da maioria. Isto deveria vir acompanhado por um apelo internacionalista aos trabalhadores da Europa e do mundo a seguir o mesmo caminho e levantar um movimento de solidariedade com a revolução grega.

Os trabalhadores da Siderúrgica Grega ocuparam as instalações e estão há três meses em greve. Por acaso a alternativa para eles é abandonar a fábrica e se por a cultivar tomates no balcão de suas casas? Sua luta passa pela nacionalização sob o controle operário da empresa, para poder colocar esses meios de produção condenados à inatividade pela crise capitalista, a funcionar em benefício da maioria, usando o aço para construir hospitais, pontes, escolas, etc.

Definitivamente não se pode mudar o mundo sem por fim ao sistema capitalista, e isso passa pela tomada do poder político e econômico por parte do povo trabalhador, pelos que produzem toda a riqueza.

P: Deve-se participar ou não politicamente no regime parlamentarista burguês?

R: O regime parlamentarista burguês não é mais que uma fachada bonita para a ditadura do capital. Contudo, no momento, a maioria da população não vê isto desta maneira. Em consequência, os revolucionários devemos participar no parlamento, mas sem nenhum ilusão no mesmo, para utilizá-lo como amplificador, como plataforma para a explicação das ideias revolucionárias. Os bolcheviques na Rússia, enquanto não tiveram o apoio suficiente para opor ao parlamentarismo uma autêntica democracia soviética, participaram até das mais restritivas eleições à Duma (parlamento) czarista, e utilizaram, de forma muito hábil, os parlamentares eleitos para fazer propaganda pública da necessidade de uma revolução e para denunciar o regime czarista.

Nos países europeus mais severamente afetados pela crise, inclusive a farsa do parlamentarismo burguês começa a se quebrar e a mostrar de maneira mais aberta seu autêntico caráter. Na Grécia e Itália, vimos a substituição de governos eleitos democraticamente em eleições burguesas por governos “tecnocráticos” compostos de representantes diretos dos banqueiros e capitalistas, os quais ninguém elegeu.

Isto leva a um descrédito cada vez mais amplo nos políticos burgueses e no regime parlamentar burguês em geral. No Estado espanhol, por exemplo, um dos gritos de guerra do movimento dos “indignados” tem sido: “não, não nos representam”. Ao mesmo tempo, vemos o aumento dos votos para aquelas opções da esquerda que aparecem como um ponto de referência alternativo (por exemplo, Esquerda Unida, na Espanha; o KKE e Syriza, na Grécia).

Os parlamentares revolucionários, contudo, têm que romper abertamente com as normas e costumes do parlamentarismo burguês. Em primeiro lugar, devem renunciar aos privilégios e mordomias que acompanham o cargo. Um deputado que quiser representar a classe operária deveria receber o mesmo salário de um operário qualificado, e entregar o restante ao movimento operário. Um deputado operário deveria se converter em porta-voz de todas e cada uma das lutas dos trabalhadores na arena parlamentar, para lhes dar desta forma a maior publicidade. Na Grã-Bretanha dos anos 1980, a tendência marxista Militant logrou eleger três deputados ao parlamento nacional dentro das listas do Partido Trabalhista precisamente sobre a base da palavra de ordem “deputado operário, salário operário”. A participação dos revolucionários nos parlamentos burgueses não deve ser um fim em si mesmo, mas uma ferramenta auxiliar na luta de classes, complementando e amplificando a ação nas ruas.

P: Como explicar a partir da teoria marxista as categorias de democracia e de ditadura do proletariado?

R: A chamada “democracia”, democracia burguesa na realidade, não é mais que uma fachada da ditadura do capital. Isto é, garante-se formalmente uma série de direitos democráticos, desde que o exercício dos mesmos não ameace o poder, os privilégios e a propriedade da classe capitalista. Quando estes se veem ameaçados, a classe dominante não duvida em recorrer a métodos ditatoriais de dominação, como vimos graficamente no golpe de Estado de Pinochet no Chile em 1973.

Mas mesmo em um regime formalmente democrático, o poder real reside nos proprietários dos meios de produção que têm a capacidade econômica de decidir sobre o destino e o emprego de milhões de pessoas. Também controlam os meios de comunicação para modelar a opinião pública, compram e vendem políticos para defender seus interesses, etc. A democracia e a igualdade sob o capitalismo são ilusórias. Como disse o escritor francês Anatole France, “a lei, em sua majestosa igualdade, proíbe igualmente aos ricos e aos pobres dormir sob uma ponte, mendigar nas ruas e roubar pão”.

A ditadura do proletariado não é mais que outro nome para a democracia operária. Sob o capitalismo, temos uma ditadura exercida por uma classe minoritária sobre outra, que é majoritária. Sob a ditadura do proletariado, é a classe trabalhadora, a maioria da sociedade, que exerce o poder e o defende contra uma minoria exploradora que quer restaurar o velho regime. A democracia operária, na realidade, não é mais que um regime transitório; na medida em que o socialismo criar um regime de abundância, a necessidade de um aparato estatal vai desaparecendo.

Recomendo a leitura dos textos de Marx e Engels sobre a Comuna de Paris e o clássico de Lênin “O Estado e a Revolução”, para uma explicação mais detalhada destes conceitos.

P: São vigentes as proposições feitas em O Manifesto Comunista com respeito à organização revolucionária da classe trabalhadora?

R: Totalmente. A classe trabalhadora, pelo lugar que ocupa nas relações capitalistas de produção, é a única classe que é potencialmente revolucionária de forma consequente. Isso não quer dizer que não necessite de, e que não deva buscar, o apoio de outras camadas da sociedade, como os camponeses pobres daqueles países onde eles têm um peso específico na sociedade, os pobres urbanos, as camadas baixas da pequena burguesia, etc.

Nas recentes greves massivas em defesa do sistema de pensões e aposentadorias na França, vimos dois exemplos disto. Por um lado, os trabalhadores das refinarias, um setor altamente organizado e que havia conquistado condições de trabalho e salariais superiores a outros setores, se lançaram em greve por tempo indeterminado com piquetes nas instalações. A medida rapidamente gerou a simpatia e solidariedade de amplas camadas da população e chegou a paralisar praticamente a vida econômica de todo o país. Isso demonstrou o poder potencial que tem mesmo um grupo numericamente pequeno de trabalhadores. O outro exemplo foi a greve dos trabalhadores dos transportes de segurança que distribuem o dinheiro às sucursais bancárias e caixas automáticas. Uma greve que, em poucos dias, ameaçava paralisar a vida financeira do país.

A classe operária, portanto, potencialmente tem o poder para tomar o controle da sociedade. O que se necessita é de uma direção revolucionária que esteja à altura. Esta direção não pode simplesmente se autoproclamar, tem que ganhar o direito de dirigir a classe, através de sua intervenção em todas e cada uma das lutas dos oprimidos. Nas palavras de Marx:

“Os comunistas não formam um partido a parte dos demais partidos operários. (...) Os comunistas não se distinguem dos demais partidos proletários mais que nisto: no fato de que destacam e reivindicam sempre, em todas e em cada uma das ações nacionais proletárias, os interesses comuns e peculiares de todo o proletariado, independentemente de sua nacionalidade, e em que, qualquer que seja a etapa histórica em que se produza a luta entre o proletariado e a burguesia, sempre mantém o interesse do movimento focalizado em seu conjunto. Os comunistas são, pois, praticamente, a parte mais decidida, o acicate sempre em tensão de todos os partidos operários do mundo; teoricamente, levam de vantagem às grandes massas do proletariado sua visão clara das condições, dos rumos e dos resultados gerais a que há de chegar o movimento proletário” (O Manifesto Comunista, Marx e Engels, 1848).

P: Como compreender o movimento dos Indignados e Ocuppy Wall Street?

R: Estes movimentos são extraordinariamente sintomáticos. Refletem um estado de ânimo cada vez mais amplo de oposição instintiva ao sistema capitalista, que foi se acumulando durante anos e que saiu à superfície com a atual crise econômica.

Palavras de ordem como “não somos mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros”, “não é uma crise, é o sistema”, trazem à luz a oposição existente entre a maioria da população, que tem de vender sua força de trabalho para assegurar o sustento, e uma minoria parasita, não eleita, que se enriquece cada vez mais à custa desses 99%. Esta é uma conclusão profundamente revolucionária a que chegaram camadas cada vez mais amplas da população. É verdade que o papel decisivo nesses movimentos foi realizado pela juventude, como não podia deixar de ser e como costuma acontecer ao longo da história. Mas a juventude não é mais que o barômetro sensível dos estados de ânimo geral na sociedade. Tanto nos EUA quanto na Espanha, por exemplo, todas as pesquisas de opinião realizadas mostram como 80% ou mais da população apoiam estes movimentos e seus objetivos.

O fato de que nos EUA, o país capitalista mais poderoso do mundo, se tenha proposto a ideia de uma greve geral, como aconteceu em Oakland, Califórnia, contra a repressão brutal ao movimento Ocuppy, é também muito significativo. Estes movimentos, além de questionar o próprio sistema capitalista, refletem a ideia muito avançada de que é possível fazer algo para mudar a situação, rompem com o fatalismo e o ceticismo do “não há alternativa”. Inspirados pelos levantamentos revolucionários na Tunísia e no Egito, milhões de pessoas nos países capitalistas avançados chegaram à conclusão de que a única forma de mudar as coisas é mediante a ação revolucionária das massas nas ruas.

Estas duas conclusões – o sistema não serve, podemos muda-lo através da mobilização – são por si mesmas muito importantes. É verdade que estes movimentos carecem de alternativa clara ao sistema capitalista e que, neles, há todo tipo de ideias confusas a respeito. Como poderia ser diferente? O movimento apenas acaba de iniciar, começa a despertar.

A tarefa dos marxistas é a de participar ativamente no mesmo, persistindo e ressaltando seus elementos mais positivos, assinalando, ao mesmo tempo, o que pensamos qual deveria ser o caminho a seguir. Entrar em diálogo companheiro e paciente com as novas camadas de jovens que se unem à luta para, na prática, demonstrar a utilidade e a superioridade das ideias do marxismo para a luta revolucionária.

P: Sociedade civil, cidadania, multidão vs. Classe social. Qual delas é válida?

R: Na realidade, estes conceitos de “sociedade civil”, “cidadania”, “multidão” etc., não fazem outra coisa senão esconder o verdadeiro caráter da sociedade capitalista e as contradições em seu seio. Cidadãos, somos todos, desde o banqueiro especulador, que recebe bonificações milionárias enquanto deixa centenas de milhares de famílias sem casa, até o trabalhador da construção que é despedido e não pode se permitir ter um teto sobre a cabeça. Que interesses comuns temos? Nenhum. A multidão tampouco significa nada na realidade.

Inclusive no caso das revoluções na Tunísia e no Egito, as massas saíram às ruas, ocuparam as praças e enfrentaram o exército e a polícia. Mas o fator chave no caso da Tunísia foi uma série de greves gerais regionais que culminaram em uma greve geral na capital. No caso do Egito, o movimento havia sido precedido por uma onda grevista e o exército decidiu afastar Mubarak, justamente quando a classe trabalhadora estava começando a entrar em cena de forma organizada.

O capitalismo se baseia na contradição central de uma classe dominante, proprietária dos meios de produção, e uma classe desprovida, que não tem mais que sua força de trabalho (manual ou intelectual) para vender. É sobre a base desta análise científica que devemos ver qual é o sujeito revolucionário.

Traduzido por Fabiano Adalberto
*Turquinho

Chávez passa bem, revela Cuba


Cuba revela fotos de recuperação de Chávez e encontro com Fidel
DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O governo de Cuba divulgou na noite desta sexta-feira as primeiras imagens do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, após a cirurgia feita no início da semana para a retirada de uma lesão na pelve, a qual suspeita ser um tumor maligno.
As imagens mostram o mandatário caminhando em um hospital de Havana, capital cubana, e em encontro com o líder cubano Fidel Castro. Não foram revelados detalhes sobre o diálogo entre os dois.
Mais cedo, Chávez afirmou que se recupera de forma lenta da cirurgia, em entrevista à televisão estatal venezuelana. O mandatário disse que foi submetido a uma dieta especial e que está caminhando todos os dias e passando o tempo da recuperação com parentes. Ele agradeceu os apoios da população venezuelana e afirmou que "está começando a levantar voo de novo".
 Reuters Chávez, em encontro com Fidel Castro; imagens de recuperação de presidente são reveladas nesta sexta
Chávez, em encontro com Fidel Castro; imagens de recuperação de presidente são reveladas nesta sexta
"Graças a Deus, graças ao amor do meu povo continuo me recuperando. Graças a esse batalhão de médicos, enfermeiras, a atenção de Fidel [Castro], do povo cubano, do apoio infinito do povo venezuelano, o trabalho da minha equipe de governo e minha família", afirmou.
*Nassif

CAMPANHA PERMANENTE CONTRA A ARROGÂNCIA. ABAIXO A ARROGÂNCIA E OS ARROGANTES. UM DOS PIORES MALES DA HUMANIDADE.

O personagem Miranda Priestly, interpretado pela magistral Mary 
Streep em o "Diabp Veste Prada". Um ícone da arrogância.


Introdução

Estou cada vez mais observador de uma realidade que faz parte do dia a dia das pessoas e infelizmente constato a cada momento que o ser humano tem uma terrível dificuldade de simplesmente ser humilde. Se cada um dos arrogantes do mundo pensasse seriamente em quantos seres humanos que ele ofende e prejudica no dia a dia talvez alguma coisa de bom pudesse sair deles, ou seja, quem sabe eles parariam de literalmente “encher o s...”. Um detalhe, a arrogância começa em casa, na infância e geralmente é uma falha na educação das crianças que os pais deveriam ficar mais atentos.


Direto do www.avt.com.br

A ARROGÂNCIA

Acima da capacidade intelectual e profissional, está a capacidade de reconhecer que nenhuma verdade é absoluta. Ter a humildade em admitir o próprio erro, mesmo que isto represente situação adversa, é digno e nos aproxima das outras pessoas.  O segredo do sucesso, começa por ser querido pelas pessoas.  A chance de se obter sucesso é inversamente proporcional ao número de inimigos que você cria. Ter autoconfiança, sim. Ser arrogante, JAMAIS.  Não confunda arrogância com coragem, ousadia liderança ou segurança.

Os arrogantes colecionam fracassos (nem sempre financeiros), mas todos sempre são justificados e cada justificativa incabível, gera outro fracasso e o ciclo nunca é interrompido.

O arrogante tem características facilmente notadas:

  • Jamais se considera arrogante. Em sua opinião, ele apenas defende suas posições e princípios;
  • Quando fracassa, a culpa é dos outros ou a sorte não o acompanhou;
  • Cobiça o sucesso dos outros, mas é claro que não assume isso, “afinal ele é a personificação do sucesso”. E se esse sucesso pertece à alguém próximo, isso o incomoda profundamente a ponto de lhe fazer mal;
  • Nunca elogia ou enaltece a conquista dos outros. Sempre encontra um defeito ou desmerece tal conquista;
  • Quando "reconhece" um erro, o que é muito raro, justifica-o mentindo ou omitindo detalhes;
  • Exige ser ouvido, mas não dá ouvidos à ninguém;
  • Quando solicita opinião, é apenas um meio de autoafirmação. Seu desejo é ser aprovado, caso contrário desconsidera a opinião dada;
  • Humilha e destrata quem o desagrada ou tem opinião diferente da sua;
  • É um verdadeiro especialista em dizer frases infelizes;
  • Acha que tem controle sobre tudo, inclusive sobre as pessoas;
  • Tem solução para os problemas alheios, mas jamais consegue resolver os seus;
  • A sua palavra obrigatoriamente prevalece sobre qualquer outra;                                                                        
  • Sempre enaltece suas supostas qualidades;
  • No auge de sua falsa modéstia, diz que seu maior  “defeito” é ser perfeccionista;
  • Critica à todos, porém desconhece o que seja autocrítica;
  • É egoísta, mas exige solidariedade das pessoas;
  • É mentiroso e acredita na própria mentira;
  • Não é respeitado e sim, temido;
  • Dificilmente agradece por um favor recebido, pois jamais reconhece que o recebeu;
  • Se considera o melhor amigo, o melhor conselheiro, o melhor filho, o melhor pai, o melhor marido, o melhor amante, o melhor profissional, o melhor sujeito e por isso raramente muda de atitude;
  • Passa a vida pensando que é querido por todos, quando na verdade é odiado por muitos;
  • Muitas vezes, tem uma vida infeliz ou medíocre, se achando a pessoa mais feliz do mundo;
  • O arrogante termina a vida se arrependendo tarde demais por tudo o que causou aos outros e à si mesmo.
As vezes, agindo com a arrogância, algumas pessoas conseguem o que querem à curto prazo, mas a longo prazo perdem o que há de mais precioso na vida: a amizade, o respeito e o carinho das demais pessoas. O indivíduo "tem tudo na vida", mas não se sente feliz.

O arrogante é cercado por uma nuvem negra de problemas que afeta todos aqueles que por uma infelicidade, estão ao seu lado.   Distancie-se dele !

"As pessoas de grande arrogância não possuem integridade, vacilando e mudando de opinião conforme a situação.

Fazem guerra, matam, roubam, enganam e se justificam inventando um motivo nobre.

Agem com arrogância os que ensinam aos outros o que eles próprios desconhecem.  Quem não sabe para si, não ponha escola."

O arrogante certamente considerará este texto, como sendo arrogância de quem o escreveu ou simplesmente continuará justificando seus atos e tentando mostrar qualidades onde não existe. Uma pena.


Flávio Luiz Sartori - 
*Aessênciaalémdaaparência

O êxito do Brasil e os perigos da hora


Em um de seus inquietantes paradoxos, Chesterton compara dois grandes santos da Igreja, para mostrar que o temperamento antagônico de ambos conduzia a um resultado comum. “São Francisco – dizia o autor de Ortodoxia – era a montanha, e São Domingos de Gusmão, o vale, mas, o que é o vale, senão a montanha ao contrário?”

Por Mauro Santayana, em Carta Maior

Em termos lógicos, e nisso o pensador católico foi mestre, o côncavo e o convexo se completam, como as duas partes de uma esfera oca. Seguindo o mesmo raciocínio, a ascensão e a queda, das pessoas, das empresas e – com mais propriedade – das nações, são duas categorias que se integram, no todo histórico. É preciso administrar a ascensão pensando na queda e ver, na queda, a oportunidade de repensar os métodos a fim de recuperar a ascensão.

Tudo indica que o Brasil se encontra em ascensão, mas é preciso ver esse momento com as necessárias cautelas. O mundo passa por um desses espasmos históricos bem conhecidos no passado. A Europa está atônita, daí a sua tentativa de, na demonização dos paises muçulmanos, de cujo petróleo depende, criar um inimigo externo que una os seus países, historicamente adversários. Mas, ainda assim, a crise econômica promovida pela licença de caça que seus governos deram aos bancos, continua a dividi-los.

Ainda que 25 paises tenham concordado com a política de arrocho fiscal determinada pela Alemanha, com o apoio da França, a Inglaterra e a Tchecoslováquia negaram sua assinatura. Os países que engoliram a pílula, começam a cuspi-la de volta, conforme a reação de Rajoy, da Espanha, solicitando flexibilidade na adoção das medidas recessivas, qualquer sinal de solidariedade do grupo. O primeiro ministro anunciou em Bruxelas que só pode prometer a redução do déficit público a 5,8 do PIB. E já surgem divergências entre a Alemanha e o Banco Central Europeu.

A Segunda Guerra Mundial foi um excelente negócio para os Estados Unidos, que dela emergiram como a grande potência hegemônica. Agora, no entanto, alguns dos paises que dela participaram e que contribuíram para a vitória com sangue, começam a sair do círculo de giz, e a constituir uma nova realidade planetária. Muitos desses países, como a Índia e a China, foram impiedosamente colonizados pela Europa, até meados do século 20. O Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul constituem novo pólo de poder, que está atraindo outras nações africanas e asiáticas.

Não se trata, ainda, de uma aliança política. São países bem diferentes, com visões de mundo claramente distintas, mas conscientes de que, se souberem interagir de forma pragmática – no respeito mútuo aos mandamentos de autodeterminação – serão capazes de se defenderem dos projetos de novo domínio anglo-saxão sobre a humanidade.

Durante a Guerra Fria, o pretexto para a intervenção dos Estados Unidos e da Grã Bretanha nos países periféricos era o do combate ao comunismo. Qualquer ação desses países, em sua política interna, que significasse a adoção de medidas de desenvolvimento autônomo, como a reforma agrária, a encampação de empresas estrangeiras que ofereciam serviço público de péssima qualidade, e relações comerciais com os paises socialistas, significava uma traição ao sistema ocidental, “democrático” e “cristão”. Assim, os princípios de autodeterminação dos povos e de não intervenção nos assuntos internos dos Estados foram abandonados, embora a retórica das Nações Unidas continuasse a proclamá-los.

Sendo assim, a América Latina - considerado território de caça de Washington - foi invadida por tropas americana ou por mercenários armados pelos Estados Unidos diversas vezes, isso sem falar na ação ostensiva e clandestina de seus agentes, na preparação dos golpes militares violentos, como ocorreu no Brasil, no Chile, na Argentina, entre outros países.

O Brasil vem sendo elogiado pelos seus êxitos na criação de um grande mercado interno, como resultado da política social e do incentivo às atividades econômicas de Lula e Dilma. Ao mesmo tempo, a partir de 1985, conseguimos manter o sistema democrático, com a realização das eleições conforme o calendário, e a alternância no governo de partidos e de pessoas. É uma hora carregada de perigos. Os Estados Unidos, que se encontram em crise, podem cair na velha sedução de usar dos recursos de que ainda dispõem, a fim de cortar o nosso caminho, como fizeram em 1954, no governo Vargas, e em 1964, com Jango. Não podemos permitir que a luta partidária, legítima e necessária, se deixe influir pelos interesses externos.

Sendo assim, o manifesto dos militares contra o governo tem o efeito danoso de estimular os nossos adversários externos, que nele começam a ver o retorno aos confrontos entre civis e militares do passado, dos quais eles souberam aproveitar-se. O documento já está sendo usado em São Paulo, contra a candidatura do PT.

Qualquer movimento que nos divida, como brasileiros, diante das ameaças estrangeiras, deve ser repudiado pelo nosso sentimento de pátria, comum aos civis e militares.
*Oterrordonordeste