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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 03, 2012

Grosseria ou malandragem?

 

Valcke: "pé na bunda" do Brasil e beijoca no rosto de Ricardo Teixeira?
Sobre a inominável grosseria do cidadão Jerome Valcke, que tem o direito de criticar o que quiser na organização da Copa mas não tem o direito de dizer que “o Brasil merece levar um pé na bunda”, o que levou o Governo Brasileiro a tomar a atitude de não mais recebê-lo como interlocutor da Fifa, é importante que se leia o que escreve Juca Kfouri, que entende como poucos de cartolagem, Ricardo Teixeira e o jogo sujo que corre por ali.

Atenção: podem estar querendo melar a Copa no Brasil

É sabido que a Fifa adoraria poder levar a Copa de 14 para a Inglaterra e parar de apanhar dos ingleses.
É sabido que Jérôme Valcke é parceiro de Ricardo Teixeira, a ponto de passarem férias juntos.
E que o secretário-geral da Fifa é pau para qualquer obra, até para ser condenado como foi pela Justiça da Suíça por litigância de má-fé, como foi no “caso Mastecard”.
A Fifa não dá ponto sem nó e não cometeria a indelicadeza que cometeu ao dizer que o Brasil precisa levar um pé na bunda para se mexer, por mais que saibamos que as coisas, de fato, estejam atrasadas por aqui.
Alguma coisa mais grave tem por trás de tal atropelo a um mínimo de diplomacia.
E não restou outra atitude ao governo brasileiro que não a reação do ministro Aldo Rebelo, exigindo a troca do interlocutor.
Pode ser o começo do fim da Copa no Brasil, nessas alturas com prejuízos incalculáveis diante de tudo que já está, mesmo que atrasado, em andamento.
Teixeira certamente se diverte com isso tudo e, quem sabe, se apresente como salvador, como algodão entre cristais, para evitar a catástrofe.

Seja como for, esta não é uma guerra de luvas de pelica, mas de gangsters (os cartolas da Fifa, evidentemente) mesmo.
Meu comentário: Não é improvável que as manobras sejam estas que Juca Kfouri descreve, mas a Fifa não está em condições de fazer o que bem quiser. A entidade, todos sabem, está abalada por escândalos e escândalos e, no mundo, não é como aqui que a Globo “absolve” a CBF nas instâncias cíveis e criminais. A reação do Governo brasileiro foi o mínimo que poderia fazer, e está-se agindo com a maior diplomacia, ao contrário do cavalo de cartola que responde pela secretaria da Fifa. Terrível é que a imprensa brasileira, que torce pelo fracasso da Copa, não tenha nem mesmo a dignidade – com raras exceções, como a que se transcreveu – de reagir a uma afronta grosseira como a que se fez.
*Tijolaço

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