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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 03, 2012

Copyright é Racismo, DIGA NÃO!




Seja educado, ande arrumado, saiba falar. Respeite a polícia, vote nos líderes e faça silêncio na igreja. Pague os impostos e depois faça uma doação. Obedecemos as leis de uma escola invisível na qual nunca pedimos para ser matriculados. E o que você ganha em troca? De fato, a primeira lição que você deve ter aprendido na vida é que aquilo que o mundo te pede, não é o que o mundo te dá.
 
Estas regras existem porque a sociedade tem como função básica proteger o interesse dos indivíduos que a formam, ou seja, proteger a si mesma. Isso faz com que toda sociedade seja por definição reacionária e toda mudança sofrível.

Lembre-se que na antiguidade era considerado crime ser estrangeiro. Durante o feudalismo era considerado crime estar endividado. Na idade média era crime desobedecer a igreja romana. Na guerra fria era crime ser comunista nos EUA e não ser comunista na Russia. No século XVI era crime ser homossexual (em alguns lugares ainda é. MashaAllah!). E há menos de 200 anos libertar escravos era crime também!

Este último exemplo é importante. Se você possui um ancestral que lutou pela liberdade no movimento abolicionista ele foi, por muitos anos, considerado um fora da lei. E recentemente nos EUA vários sites dedicados a compartilhamento de informação foram fechados! Por que? Porque hoje em dia é crime compartilhar conhecimento de graça.

Breve cronologia do abuso


Napster - Processado e obrigado a sair do ar em 2000.
TorrentSpy - fechado e multado em 110 mil dólares em 2003.
ShareReactor - obrigado pela polícia suiça a fechar em 2004.
Jammie Thomas - cidadão americado é multado em 222 mil dólares por baixar 24 músicas na internet em 2007.
TorrentSpy - fechado e multado em 110 milhões pelo governo americano em 2008.
BtChina - fechado pelo governo chinês junto com mais 530 outros sites em 2009.
PirateBay - fechado pela justiça sueca em 2010.
Wikileaks.org - tirado do ar em 2011 e seu editor chefe preso.

             Em 2012 houve uma aceleração no processo:

Megaupload - Fechado e os donos e empregados foram presos.
FileServe – Fechando e não vende mais contas premium.
UploadStation – Bloqueado nos EUA.
FileSonic – encontra-se atualmente sob investigação do FBI.
FilePost – apagando todo o material, com exceção de executáveis, .PDFs e .TXTs).
VideoZer – fechando e bloqueado nos países afiliados aos EUA.
4shared – excluindo arquivos com copyright e aguarda na fila do FBI.
MediaFire – convocado a depor nos próximos 90 dias e terá de abrir as portas ao FBI.
Rapidshare – só com conta premium e termo de responsabilidade atreladas ao seu CNPJ para upar arquivos superiores a 100 Mb (ou seja quem se lasca com o FBI é você).
Uploaded – banido dos EUA e o FBI vai atrás dos donos, que sumiram.
MediaFire – Convocado a depor nos próximos 90 dias e terá de abrir as portas para o FBI.

A situação é global. A União Européia já entregou os nomes de hosters de toda zona do euro para o FBI ir atrás dos responsáveis. A China tem suas próprias dimensões de censura e controle cultural. O governo brasileiro, como sempre, ainda não tem uma posição oficial sobre o assunto.

E por que isso é do seu interesse?

Por mais que a sociedade tenha como função básica proteger o interesse dos indivíduos que a formam, na prática o resultado é outro. Na prática a condição do indivíduo é colocada em segundo plano em relação à manutenção do Status Quo, ou seja, manter as pessoas na exata situação que se encontram. Dizer que isso significa apenas manter os ricos mais ricos e os pobres mais pobres é uma simplificação grosseira e ignorante. Isso significa manter as pessoas dóceis e eternamente satisfeitas com o mesmo de sempre. Isso significa deixar a cultura e a criatividade apenas nas mãos de quem pode pagar por isso.

Copio aqui um post do burgos4patas que tem tudo a ver com o assunto acima, penso eu, como pode alguns "selvagens" serem solidários e dividirem um presente ao invés de disputá-lo? Essa analogia é bem interessante e assim também deveria se proceder para compartilhar o conhecimento.

Tibiriçá

Umuntu ngumuntu nagabantu

 

A jornalista e filósofa Lia Diskin no Festival Mundial da Paz em Floripa (2006) nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.
Ela contou que:

Um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo então, propôs uma brincadeira pras crianças que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse “já!”, elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado.

Quando ele disse “Já!” instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto.
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.
Elas simplesmente responderam:

"Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Fonte: http://www.mortesubita.org/blog/copyright-racismo-diga-nao e
http://burgos4patas.blogspot.com/2012/02/umuntu-ngumuntu-nagabantu.html

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