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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 18, 2012

Metrô tucano põe população em risco

Por Maurício Caleiro, no blog Cinema & Outras Artes:

O Metrô de São Paulo foi, durante anos, modelo de transporte urbano na América do Sul. Tenho um tio que desempenhou um papel de alguma importância na concepção e implementação da primeira linha, inaugurada em 1972, e, embora eu fosse muito pequeno para lembrar, sei que ele viajara anos antes ao México para estudar o metrô da capital daquele país, que teria sido a principal referência para seu similar paulistano.


Piora sensível

No decorrer de pelo menos duas décadas, “pegar o metrô” em São Paulo era não apenas usufruir de um meio de transporte rápido e eficiente, mas vivenciar uma experiência urbana que tinha até um certo charme, advindo do ar futurista do trem e das estações, da atmosfera clean, da sensação de frescor proporcionada pelo sistema de ventilação, da civilidade de quase sempre viajar sentado, lendo um livro ou vendo as moças, sem qualquer preocupação com acidentes ou assaltos.

O tom saudosista do parágrafo acima não é gratuito. O caráter idílico-modernista das viagens de metrô pertence a um passado distante, e há tempos que fazer uso de tal meio de transporte corresponde, na mais das vezes, a vivenciar uma experiência que oscila do penoso ao insuportável.

Denúncias e mortes
A passagem de um passado modelar para um presente infernal é reflexo direto do descaso com que os governos peessedebistas – no poder há mais de 17 anos – vêm tratando os serviços essenciais à população, seja no transporte, na saúde ou na educação.

No caso do Metrô, a situação se agrava a partir da primeira eleição de Geraldo Alkmin, que para governador, seguida da temerária gestão Serra. No período, iniciam uma queda de braço com o sindicato e com a Justiça por quererem impor um modelo de privatização do tipo UPP em que o Estado não só garante um faturamento mínimo (e o cobre, com dinheiro do contribuinte, se não alcançado), como ainda investe cerca de 73% do custo das obras, mais melhorias eventuais.

O resultado não demora a aparecer: em meio a denúncias acerca da qualidade do material empregado na construção e das condições de insegurança dos trabalhadores, em janeiro de 2007 ocorre um desabamento de grandes proporções em um dos canteiros de obra da Via Amarela, na Marginal Pinheiros, gerando uma cratera enorme (foto), no maior acidente em obras de transporte da história da cidade, que matou sete pessoas, interditou 55 casas, sete das quais tiveram de ser demolidas. Blindado pela mídia, como de costume, a reação de Serra foi se esconder e fingir que não era com ele. O caso dorme na letárgica Justiça paulista.

Lata de sardinha
A partir daí, o sucateamento do metrô é cada dia mais visível, até chegar ao caos de nosso dias: há uma redução drástica de bilheterias abertas, provocando enormes filas; todas as linhas pioram, particularmente a linha Vermelha (Leste-Oeste), que atinge um ponto de saturação, fazendo com que viajar em seus trens entre as eis e as nove da manhã e entre as cinco da tarde e oito da noite, em vagões muito mais lotados do que o humanamente tolerável, signifique enfrentar um desconforto extremo, correndo risco de asfixia, torções e fraturas.

Em épocas eleitorais, o governo inaugura, com muito marketing e carnaval da mídia amiga, um par de estações, enquanto achata os salários dos trabalhadores (do que foi, um dia, um setor trabalhista cobiçado pelo funcionalismo estadual). Fora isso, a única coisa que tem avançado no metrô paulistano é o preço da passagem, que há anos não conta mais com os bilhetes múltiplos que aliviava o bolso dos usuários. Na outra ponta, o sindicato vem há tempos fazendo alertas a repeito de sobrecarga de trabalho, pessoal insuficiente e riscos iminentes.

Crônica de uma tragédia anunciada
O acidente de hoje, que feriu 107 pessoas, era, portanto, uma possibilidade no ar, perceptível por qualquer pessoa com senso de atenção, e prenunciado repetidas vezes por sindicalistas, experts e por aqueles minimamente familiarizados com a derrocada do metrô. E é importante ter-se claro que a batida entre os trens só não resultou em uma tragédia de proporções maiores graças à destreza de um dos condutores, que colocou o sistema no manual a tempo de frear (quando o sistema automático dera um comando para o trem acelerar em direção a outro à sua frente).

Porém, que sirva como um alerta: se nada de realmente efetivo, para além das maquiagens, panaceias e truques eleitorais for feito, se o porquê de não ter sido verificada a denúncia sobre falhas que o diretor do sindicato alega ter recebido, o risco de tragédia continua, infelizmente, iminente.
*Miro

Quem é quem no banquete da OTAN


 


17/5/2012, M K Bhadrakumar*,  Asia Times Online
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu


Nota do pessoal da Vila Vudu e da redecastorphoto
Hoje, 17/5/2012, um influente blog de soldados veteranos norte-americanos sobreviventes das guerras da OTAN-EUA, publica editorial intitulado Veterans For Peace exigem o fim da OTAN, onde se lê:
“Depois de fazer guerras de agressão na Yugoslávia, no Iraque, no Afeganistão e na Líbia, a OTAN permanece no Afeganistão, ilegalmente e imoralmente, para nenhum objetivo conhecido. O povo dos EUA, das demais nações que fornecem soldados à OTAN e do próprio Afeganistão, exige a saída da OTAN do Afeganistão, enquanto os presidentes Obama e Karzai, contra o desejo manifesto dos povos, trabalham para manter soldados dos EUA-OTAN no Afeganistão por, no mínimo, os próximos 12 anos e meio. (...)
A matança e a destruição da Líbia, pela qual EUA-OTAN são responsáveis, foram ilegais, imorais e contraproducentes, tanto quanto o é a agressão da OTAN ao Afeganistão. As guerras da OTAN não levaram democracia, paz ou direitos humanos a lugar algum do planeta. (...) A Líbia tampouco é modelo para futuras ações da OTAN.

Não há nem pode haver modelo para futuras ações da OTAN. A OTAN perdeu sua razão de ser.
Os Veterans For Peace unem-se aos nossos irmãos e irmãs na Europa e em todo o mundo, que se mobilizam em manifestações pacíficas para exigir o imediato desmonte da OTAN.”
No mesmo dia, o jornal O Estado de S.Paulo publica, requentado do New York Times, artigo do secretário-geral da OTAN, É imperativo armar a OTAN, no qual o muito sinistro Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da OTAN, pede dinheiro ao mundo para armar ainda mais a OTAN.
Em linguajar cifrado-sinistro, para engambelamento da opinião pública – que o sinistro O Estado de S.Paulo endossa e subscreve, ao requentar e repetir o que escreve aquele (mais um!) sinistro colunista do sinistro Estadão – Rasmussen fala da necessidade de “equipar adequadamente a OTAN”.
Assim se veem, bem claramente, os dois lados: de um lado, a OTAN-EUA e seus veículos de jornalismo de repetição pelo planeta, a pregar guerras e mais guerras. De outro lado, os cidadãos, sobreviventes precários de todas as guerras, que se organizam para resistir à fúria desse aparelho bélico-jornalístico.
Como tradutores militantes, nos alinhamos firmemente ao lado dos Veterans for Peace, contra a OTAN, contra as guerras dos EUA em todo o mundo e contra o jornalismo obsceno que desgraça o Brasil-2012.
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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ainda está imprimindo os cartões de identificação para sua Conferência em Chicago no próximo domingo. Imprimiram um cartão para o presidente do Paquistão Asif Zardari na 4ª-feira. O Paquistão tornou-se “elegível”, depois de dar sinais de que baixará a crista e reabrirá as rotas de passagem para os comboios militares que seguem para o Afeganistão – apesar de os EUA continuarem obcecadamente a recusar-se a pedir desculpas formais pelo massacre de soldados paquistaneses em novembro e a suspender os ataques mortais, com aviões-robôs, os drones, contra aldeias paquistanesas.
O Paquistão receberá da OTAN US$1 milhão/dia, à guisa de taxa de pedágio. E é bom negócio? Um convite para o banquete da OTAN em Chicago, em troca de reabria as rotas de passagem? Os principais partidos da oposição paquistaneses entendem que não. Mas... O partido governante é sempre quem decide onde está o melhor negócio. Além do mais, os militares paquistaneses querem que assim se faça. E assim será feito.
Zardari ainda não confirmou presença, mas só para fazer-se mais esperado. Mostrar-se numa festança daquelas é questão de prestígio nacional. A OTAN não convida Zé ninguéns: nem o presidente da China nem o presidente da Índia foram convidados àquele congresso de bruxas em Chicago. (A Rússia foi sondada, mas respondeu niet [em russo ‘Não!”], mas essa é outra história complicada; e OTAN-EUA sonharam com convidar Israel, mas a Turquia bateu pé e disse haver [em turco: ‘Não e não!”]).
A lista de convidados da OTAN mostra a ingenuidade (ou a arrogância) do ocidente e é como um mapa do caminho das estratégias globais ocidentais para o século 21. Que cara tem a tal lista de convidados? O mais espantoso é que, mais ou menos como no Inferno de Dante, há “círculos”, “estações”.
No núcleo mais hardcore, estão os 28 países-membros da OTAN. O círculo seguinte é dos 13 países considerados “parceiros globais” da OTAN – Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, do Pacífico Asiático; Qatar, Emirados Árabes Unidos e Marrocos, do Oriente Médio; a Geórgia, da Eurásia; e Áustria, Suíça, Suécia e Finlândia, do velho bom quintal europeu.
Esse é o crème de la creme dos aliados da OTAN. As mais luminosas omissões são a Indonésia e as Filipinas (essa última, apesar de “estado-de-frente” no Pacífico Asiático e desejosa de espetar o dragão chinês), a Arábia Saudita (apesar de ser a bomba de gasolina n.1 das economias ocidentais há bem mais de meio século), o Egito, a África do Sul, o México, o Brasil e a Argentina (que são prima-donas nas respectivas regiões). No geral, parece que a OTAN sente-se meio desconfortável com o Grupo dos 20, que luta para constituir-se.
Jogo de “amor-bandido”
Marchando avante, há outro círculo mais externo formado dos países que são partícipes ou colaboradores na guerra da OTAN no Afeganistão. São os verdadeiros “VIPs” (ou “heróis”, dependendo do ponto de vista de cada um sobre a sangrenta guerra afegã), porque põe a cara a tapa e atraíram a atenção da al-Qaeda para resgatar a OTAN do atoleiro afegão. São (em ordem alfabética, não em termos das respectivas quotas de suor e lágrimas): o Azerbaijão, a Armênia, o Bahrain, El Salvador, a Irlanda, Montenegro, a Malásia, a Mongólia, Cingapura, a Ucrânia e Tonga.
Detalhe sensacional nisso tudo é que, se algum dia alguém vencer a guerra do Afeganistão, o mérito pode ser todo de Tonga e sua contribuição, mas fato é fato.
A lista está incompleta. Esse círculo tem um subcírculo, em cujo centro está o Afeganistão (principal tópico de discussão da Conferência da OTAN), cercado por seus vizinhos da Ásia Central. Parece que a Rússia foi acomodada sob essa subchefia. Zardari, certamente, encaixa-se nesse nicho.
A Rússia designou um simples chefe do comitê afegão do Ministério de Relações Exteriores em Moscou para declarar alto e claro que está ressentida por ter sido excluída das reuniões chaves da OTAN sobre a condução da guerra afegã, que acontecem regularmente, faça chuva faça sol, em Bruxelas. Mas também é ressentimento “nuançado”. A Rússia não tem qualquer objeção à guerra da OTAN no Afeganistão e é, até, ardorosamente favorável. Mas a Rússia ressente-se, sim, de a OTAN monopolizar a guerra; a guerra deveria ser “democratizada”.
Os estados da Ásia Central designaram os ministros de Relações Exteriores, porque, tecnicamente, são membros também da aliança rival, chamada “a OTAN do Leste” – a Organização do Tratado de Segurança Coletiva [ing. Collective Security Treaty Organization (CSTO)].
Essa CSTO está atada num jogo de “amor-bandido” com a OTAN: é rival da OTAN na disputa pelo título de principal aliança militar no espaço pós-soviético, mas também sonha com que a OTAN a reconheça como igual, para que, assim, a própria CSTO possa convencer-se de que, sim, existe (reconhecimento o qual, como se pode bem imaginar, a OTAN lhe recusa, obediente aos desígnios de Washington, porque os EUA preferem tratar com as ex-repúblicas soviéticas individualmente, não como parceiras ‘júnior’ de Moscou). 
As dificuldades da aliança CSTO são quase imagem especular das da Rússia – anseia por teto e cama quente no lar europeu comum, mas é insistentemente mantida à chuva, condenada a espiar de longe, enquanto os EUA continuam a engajar-se seletivamente nas áreas que interessam às estratégias norte-americanas. (É bem possível que a OTAN também, algum dia, engaje seletivamente a CSTO, para, por exemplo, caçar traficantes de drogas na Ásia Central, que muito atrapalham a economia afegã). A aliança CSTO é formada de Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão.
Mas, também é verdade que Moscou sente-se pouco segura por a OTAN ter convidado líderes da Ásia Central ao banquete em Chicago. Desconfia das intenções da OTAN na Ásia Central, sobretudo no contexto do possível estabelecimento, ali, de bases militares dos EUA.
Afinal, um dos objetivos da conferência de Chicago é avançar na construção da “estratégia inteligente” [ing. “smart strategy”] da aliança, aprovada na Conferência de Lisboa, em 2010, para projetar a OTAN como a única verdadeira organização de segurança global que poderia eventualmente operar mesmo sem mandado da ONU nos “pontos quentes” [orig.“hot spots”] do mundo.
Moscou preocupa-se, ante a evidência de que a OTAN já está pegando o gosto por forçar “mudança de regime” em terras estrangeiras, como o comprova a guerra contra a Líbia – e também no caso de as tendências perversas que se veem na Síria levarem a idêntico resultado.
Além do mais, a OTAN está lançando iscas na direção de estados da Ásia Central, sob a forma de ofertas cada dia mais irresistíveis. A dura realidade é que os regimes da Ásia Central têm visto aumentar seus interesses na guerra afegã, com a OTAN gerando generosamente contratos lucrativos para fornecimento de bens e serviços, que chegam, abundantes, a empresas de propriedade das elites regionais.
Os EUA pagam quantia interessante ao Quirguistão, pelo aluguel da base aérea Manas. Agora, fala-se que parte das armas e equipamentos usados no Afeganistão podem ser doados a países da Ásia Central, ao longo da retirada, até 2014.
Não há dúvida de que grossas mamatas, sob direção da OTAN, alastram-se pelas estepes da Ásia Central e muito incomodam a Rússia. Seja como for, é interessante: os estados da Ásia Central decidiram, coletivamente, que seus presidentes manter-se-ão bem longe da Conferência da OTAN e da deliciosa Chicago, cidade dos ventos. Mas também se pode supor que não passe de supremo ato de autonegação, nos líderes da Ásia Central, em deferência à sensibilidade de Moscou.
Pergunta ao chef
Verdade é que um país chave, vizinho do Afeganistão, foi escrupulosamente mantido longe da conferência da OTAN, embora ainda mantenha considerável capacidade para influenciar a maré da guerra afegã: o Irã. 
Desperdiçou-se grande oportunidade ao não engajar construtivamente o Irã. Mas o presidente Barack Obama, dos EUA, decidiu que a hora não está para jogadas de risco.
O presidente Mahmud Ahmadinejad é personalidade mercurial, muitíssimo carismático e poderia acabar roubando o show que Obama cuidadosamente, dolorosamente coreografou para proclamar ao mundo que é líder de estatura planetária. Seria arriscado demais, para Obama, sim, num ano eleitoral carregado de percalços. E o Republicano Mitt Romney ajudado por todo o lobby israelense lhe criariam terríveis dificuldades, obrigando-o a explicar tanta “softness” em relação ao Irã.
Outro dos círculos em que se divide a relação de convidados da OTAN é o dos quatro candidatos que esperam na antessala, pela inclusão como membros da aliança – a Bósnia-Herzegovina, a Geórgia, Montenegro e Macedônia.
A Geórgia ostenta a medalha de ser o único estado que figura em três círculos: é aliado global da OTAN, é parceiro na guerra afegã e é elegível ao posto de membro pleno. A mensagem cifrada na atenção extraordinária dedicada à Geórgia não passaria despercebida em Moscou. Não por acaso, os primeiros governantes “estrangeiros” que o presidente Vladimir Putin recebeu depois de eleito vinham de Abecásia e Ossétia do Sul, regiões da Geórgia.
Não implica dizer que Moscou tenha qualquer apreensão quanto à Geórgia ser admitida como membro pleno da OTAN. Putin tem parceiros europeus importantes, como Alemanha, França e Itália, para garantir que a OTAN não entre em confronto direto com a Rússia. Putin está satisfeito com a saída de Nicolas Sarkozy e a emergência do governo socialista em Paris.
E Obama também já sabe que a prioridade de seu segundo período de trabalho no Salão Oval – se chegar lá – terá de ser reiniciar o reinício das relações entre EUA e Rússia, e conseguir que fazer da parceria Rússia-EUA instrumento previsível e maximamente útil para as estratégias globais dos EUA – sobretudo ante o desafio muito complexo que vem da China.
Não há dúvidas de que a lista de convidados da OTAN oferece bom quadro do que os marxistas-leninistas chamariam “a correlação de forças” na política internacional hoje. O que aqui se lê não é o quadro completo da política global, mas é mais da metade do cenário num panorama muito fluido.
Permitam-me concluir com um raro toque de húbris, e perguntar: o que é uma conferência da OTAN, quando China e Índia estão ambas cuidando da própria vida e arando as próprias searas independentes?
No mínimo, Bruxelas deveria ter incluído uma categoria de convidados chamados “OTAN + BRICS”. Os países BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – com certeza não são menos importantes que a União Europeia, para a configuração do mundo de amanhã. Por que não foram convidados, é pergunta que o grand chef do banquete de Chicago – Obama – terá de responder. 
MK Bhadrakumar* foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The HinduAsia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.

Movimento Ocupemos Chicago continua com protestos


Durante CPI, Vaccarezza é flagrado enviando SMS a Sérgio Cabral

Cândido-VaccarezzaO deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado enviando uma mensagem pelo celular ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira na tarde desta quinta-feira.
No texto, o ex-líder do governo no Congresso diz que as relações do PT com o PMDB podem azedar. "A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos 'teu' (sic)", escreveu Vaccarezza. As informações são do Jornal do SBT.
A mensagem, escrita durante a sessão em que os parlamentares discutiam se Cabral e os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) seriam chamados a depor, seria um aviso de que a convocação poderia rachar a base de apoio que tem o PMDB e o PT com os principais pilares de sustentação.
Pelo Twitter, Vaccarezza se defendeu. "Sou amigo do PMDB e nossas relações nunca serão azedadas. O SBT filmou uma troca de mensagens entre eu e o Cabral num momento de irritação", disse o deputado.
*Ocarcará

Dedo na Ferida

[para visualizar melhor clique na ilustração]



*notaderodapé

O OVO DA SERPENTE

Este artigo do Mauro Santayana revela as origens do udenismo midiático que norteou a oposição ao segundo governo de Getúlio Vargas, à JK, a Jango e o apoio ao golpe militar, à ditadura e, depois, a Sarney, Collor e FHC, bem como a oposição sistemática aos governos Lula e Dilma. E depois eles ainda se acham supermoderninhos...   

O golpe da informação
Historiador a serviço da CIA revela como ideias e recursos dos Estados Unidos seduziram a imprensa brasileira nos anos 1950 e semearam o golpe
Por Mauro Santayana, na Revista do Brasil
Há 48 anos, quando o Brasil vislumbrava reformas constitucionais necessárias a seu desenvolvimento, os Estados Unidos financiaram e orientaram o golpe militar. E interromperam uma vez mais um projeto nacional proposto em 1930 por Vargas. Os acadêmicos podem construir teses sofisticadas sobre a superioridade dos países nórdicos para explicar o desenvolvimento da Europa e dos norte-americanos e as dificuldades dos demais povos em acompanhá-los, mas a razão é outra. Com superioridade bélica, desde sempre, impuseram-se como conquistadores do espaço e saqueadores dos bens alheios, os quais lhes permitiram o grande desenvolvimento científico e militar nos séculos 19 e 20 e sua supremacia sobre o resto do mundo.
Podemos ver a origem do golpe de 1964 mais próxima uma década antes. Em 1953, diante da resistência de Getúlio, que quis limitar as remessas de lucros e criou a Petrobras e a Eletrobrás para nos dar autonomia energética, a ação “diplomática” dos Estados Unidos cercou o governo. Com o aliciamento de alguns jornalistas e dinheiro vivo distribuído aos grandes barões da imprensa da época, construiu a crise política interna. Entre a lei que criou a Petrobras e a morte de Getúlio, em 24 de agosto de 1954, o Brasil viveu período conturbado igual aos três anos entre a renúncia de Jânio e 1964.
A propósito do projeto de Getúlio, seria importante a tradução no Brasil de um livro no qual essa operação é narrada em detalhes: The Americanization of Brazil – A Study of US Cold War Diplomacy in The Third World, 1945-1954. Um estudo sobre a diplomacia americana para o Terceiro Mundo em tempos de Guerra Fria. O autor, Gerald K. Haines, é identificado pela editora SR Books como historiador sênior a serviço da CIA, o que lhe confere toda a credibilidade.
Haines mostra como os donos dos grandes jornais da época foram “convencidos” a combater o monopólio estatal, até mesmo com textos produzidos na própria embaixada, no Rio. E lembra a visita ao Brasil do secretário de Estado Edward Miller, com a missão de pressionar o governo a abrir a exploração do petróleo às empresas norte-americanas. O presidente da Standard Oil nos Estados Unidos, Eugene Holman, orientou Miller a nos vender a ideia de que só assim o Brasil se desenvolveria. Mas o povo foi às ruas e obrigou o Congresso a impor o monopólio.
A domesticação dos meios de informação do Brasil começara ainda no governo Dutra. Os americanos usaram as excelentes relações entre os intelectuais e jornalistas e o embaixador Jefferson Caffery, nos meses em que o Brasil decidira por aliar-se aos Estados Unidos na luta contra o nazifascismo, em benefício de sua expansão neocolonialista.
A criação da Petrobras levou os ianques ao paroxismo contra Vargas, e os meios de comunicação acompanhavam a histeria americana. A estatal era vista como empresa feita com o amadorismo irresponsável dos ignorantes.
A morte de Vargas não esmoreceu os grupos que tentaram, em 11 de novembro do ano seguinte, impedir a posse de Juscelino. O golpe de Estado foi frustrado pela ação rápida do general Teixeira Lott. Em 1964, a desorganização das forças populares favoreceu a vitória dos norte-americanos, que voltaram a domesticar a imprensa e o Parlamento e manipularam os chefes militares brasileiros.
Os êxitos do governo atual e a nova arregimentação antinacional contra a Petrobras – agora com o pré-sal – devem mobilizar os trabalhadores que não estão dispostos a viver o que já conhecemos. Sabem que a situação internacional tende para a direita, e não podemos repetir apenas que o povo esmagará os golpistas. É necessário não só exercer a vigilância, mas agir, de forma organizada e já, para promover a unidade nacional em defesa do desenvolvimento de nosso país.


Mexicanos em alerta por atividade vulcânica

As très gaiolas

Difícil rotular Salvatore Brizzi.

Pode ser considerado um filósofo, um escritor, um divulgador.
Brizzi trabalha para uma nova sociedade, para que o Homem não continue a seguir ídolos. Para que possa ser um monge-guerreiro numa sociedade tradicional, onde o Sagrado (não em termos religiosos) volte a acompanhar o desenvolvimento cultural e tecnológico do planeta.


Brizzi é várias vezes hospede do Blog de Beppe Grillo, o mesmo Grillo que está na base do Movimento Cinque Stelle, o mesmo que abalou o castelo de papel partidário nas últimas eleições italianas.

As Três Gaiolas do Homem

O Homem vem ao mundo com uma expressão surpreendida. logo aprende a gostar desta nova realidade: mas nós sabemos, desde a infância.
Acontece que lhe será negada esta grande obra-prima da Natureza, este espantoso mistério que é o ser humano: será implacavelmente, violentamente desmantelado e reduzido a um papel, será apenas um contabilista, um estudante, um marido, um funcionário, um Papa, um presidente, na procissão dos papéis que mantêm prisioneiros todos os seres humanos.

Deve ser dito que é por isso que este homem ainda não foi capaz de habitar o planeta. É importante que todos saibam quais são as gaiolas mortais que todas as formas de poder construíram para conseguir demolir este enorme mistério que é o ser humano.

A primeira gaiola é cresce-lo num espaço pequeno, numa pequena prisão que é o apartamento, a casa.

A segunda gaiola é exigir, quando ele teria apenas necessidade de correr, de brincar, de ser ele mesmo, que se sente para aprender nada menos do que escrever. Porquê? Porque aprender a escrever com 5 ou 6 anos?

Normalmente, os humanos aprenderiam a escrever de forma perfeita uma vez atingidos os 11/12 anos: mas o que importa é mantê-lo bloqueado, para que não brinque, não corra, porque se ele jogar, correr até aos 18 anos depois já não iria parar e teria uma vida de jogo, de criação, demonstraria a sua singularidade, pois cada ser é único e irreplicável, não apenas no DNA, não apenas nas impressões digitais, mas numa criatividade que se pudesse exercer que daria a cada vez uma nova versão da realidade.

A terceira gaiola, talvez a mais mortal, é o trabalho, cuja obsessão começa aos 13 anos de idade, quando o menino diz: "Mas eu não gosto de escola, eu não quero ir ..." e depois começa a ouvir "Olha que sem diploma depois não consegues encontrar trabalho, olhar que sem a faculdade é difícil encontrar trabalho".

Mas o que significa encontrar trabalho? O ser humano não precisa de trabalhar, precisa de boa comida, um lugar seco para dormir. Poderia dar como presente uma casa para cada uma dos 7 biliões de pessoas com apenas 1/5 do que é gasto a cada ano para as forças armadas, as despesas militares, para não mencionar as coisas maravilhosas que seria possível fazer com todos os investimentos que são feitos nas drogas, nas prisões, nos hospitais.
Esta gaiola do trabalho lentamente convence todos de que, infelizmente, não resulta sem trabalhar 8/9 horas por dia, não é possível, e aqueles que trabalham 8/9 horas por dia bem sabem que conseguem existir, mas certamente não viver.

O interessante é que os sistemas de poder, que forçam nos seres humanos estas ideias absolutamente insana, que é inevitável trabalhar 8/9 horas por dia, mesmo agora que as máquinas estão a substituir cada vez mais o esforço e o ser humano poderia, finalmente, livrar-se de boa parte do trabalho, sabem que especialmente aqueles que trabalham 3 horas por dia e ainda têm 21 para viver, têm uma capacidade produtiva muito, muito mais forte daqueles que são forçados a trabalhar 8/9 horas por dia, todos os dias.

Têm"? Teriam, pois são realmente poucos os que podem trabalhar apenas 3 horas por dia. Mas quem conseguir sabe que com um trabalho de 3 horas por dia sobram 21 horas nas quais são inventadas tantas coisas que tornam mais produtivas aquelas 3 horas.

Por exemplo, é possível finalmente conhecer os próprios filhos, porque se consegue não ficar presos na terceira gaiola-bis: a coexistência ou seja, o facto de ser forçados a viver na mesma casa, pequena ou grande tanto faz, com as pessoas que amamos, sem ter a possibilidade de conhece-las verdadeiramente, sem ter a possibilidade de ficar um pouco connosco, apenas connosco, sem perceber, principalmente no caso das mulheres, que ficar na mesma casa com o parceiro não nasce apenas duma necessidade de afecto mas duma necessidade "de construção".

E isso talvez explique porque 70% dos assassinatos e das violências ocorrem na gaiola três-bis, na convivência dentro da mesma casa.

Não confundir a existência com a vida

Vimos anteriormente que seria suficiente reduzir em 1/5 os gastos militares para dar uma casa a todos os 7 biliões de pessoas e até mesmo duas refeições quentes por dia, mas há uma gaiola que é ainda mais feroz: é vender, sem sequer reparar nisso, a própria criatividade, incluída a própria visão de mundo.

Um pode pensar "Mas para que presta uma visão de mundo?".
Como assim? A humanidade teria 7 mil milhões de pontos de vista diferentes acerca da realidade, uma imagem poderosa, algo extraordinário, pode até dizer-se: divino.

Dito isto, é preciso perceber que o destino de 7 biliões de pessoas está em mãos de um grupo muito pequeno de pessoas, um grupo de nem sei quantas pessoas, certamente abaixo de 100, que utilizam 80% de todos os bens da terra apenas para defender os seus privilégios: e quais são os seus privilégios? Jogar com o mundo, decidir a guerra, defender o comércio das armas, das drogas, da prostituição, difundir falsa informação, prejudicial.

É suficiente pensar que um rapaz de 21 anos nascido em New York terá já testemunhado 130 mil assassinatos na televisão, e esta é a pedagogia da morte, porque você pode reparar que desde a inscrição nos cigarros "este produto irá matá-lo" até a história assombrosa dos assassinato na televisão, a preocupação central do pequeno grupo de monstros que comandam o mundo é regular a mortalidade, não para produzir a vitalidade, simplesmente regular a mortalidade.

Então construíram um sistema onde 35.000 crianças morrem diariamente enquanto em Italia, por exemplo, são destruídas 400.000 toneladas de alimentos por ano porque fora do prazo.

No entanto, desde 1960 são cerca de 1.000.000.000 de crianças que morreram de fome, este peso está em todas as nossas consciências, mesmo na consciência de quem não sabe.

É preciso viver, não existir, e viver significa desfrutar a eternidade dia após dia, nascer pela manhã e morrer no sono da noite para renascer e levantar-se no dia seguinte!


Fonte: Beppe Grillo
*InformaçãoIncorrecta

Estudante protesta na Estação Sé contra Metrô “sussa” de Soninha Francine

 


Um estudante de música levou um cartaz de protesto à Estação Sé do Metrô em São Paulo na noite de quarta-feira, dia 16. Com um pedaço de cartolina, Gilberto Ferreira ironizou os comentários da pré-candidata à Prefeitura de São Paulo Soninha Francine (PPS) a respeito da batida entre dois trens na Linha 3-Vermelha. O acidente feriu 49 pessoas.

“Metrô em SP é #sussa”, escreveu o estudante.

Na manhã da quarta-feira, dia 16, a ex-vereadora postou no serviço de microblog Twitter:

“Metro caótico, é? Nao fosse p TV e Tuíter, nem saberia. Peguei Linha Verde e Amarela sussa”.
Após centenas de críticas de internautas, Soninha tentou se explicar:

“Helloooo, metro zoadaço mas, apesar do M.Vila Madá avisar velocidade reduzi da, estava normal qdo peguei. Q eu posso fazer?”.

“É um absurdo o tratamento que o poder público dá ao transporte em São Paulo”, disse Ferreira, a caminho de um ensaio no centro da cidade.

A Linha Vermelha do Metrô paulista, que atende 3,7 milhões por dia, é a maior (22 km) e mais exigida (1,1 milhão de passageiros/dia útil) do sistema.

Inaugurada em 1979, a Linha 3-Vermelha faz a ligação entre as zonas oeste e leste da cidade de São Paulo, unindo as estações Palmeiras-Barra Funda (zona oeste) e Corinthians-Itaquera (zona leste).

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